Archive for Julho, 2012
30 de Julho de 2012
Todos nós ao longo dos anos, temos oportunidade de provar vinhos únicos, vinhos que se diferenciam dos demais por apresentarem equilíbrio notável, aromas e sabores raros, persistência aromática acima da média, e principalmente por serem provados na hora certa, no lugar certo e com as pessoas certas. São momentos mágicos e frequentemente nos pegam de surpresa. Geralmente, quando criamos espectativas superlativas, esses momentos não acontecem, ao contrário, é quando estamos desprevenidos que os grandes vinhos revelam-se.
Passados pouco mais de vinte e cinco anos em degustações, começo a pensar na caixa perfeita, aquelas doze garrafas que marcaram para sempre a memória gustativa, nomes muitas vezes relevantes que conquistaram respeito e prestígio não por acaso, mas fruto de um terroir diferenciado que é manifestado em vinhos singulares. Evidentemente, não são garrafas vitalícias, insubstituíveis, mas que pelo menos momentaneamente devem ser lembradas e descritas.

Caixa do Século: Wine Spectator
Este tema já foi explicitado recentemente com a famosa caixa do século XX da Wine Spectator. São vinhos e escolhas respeitáveis, mas muitos deles, não tive oportunidade de degustar, sobretudo as safras específicas. Dentro deste contexto, cada qual pode montar sua caixa, levando em conta experiência e gosto pessoais. Sendo assim, aqui vai a minha até o presente momento. Numa escala de pontuação pessoal, são todos vinhos entre 96 e 100 pontos, intervalo próximo à perfeição. Vide artigo neste blog: Critérios de Pontuação.
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Angelo Gaja dos seus três magníficos vinhedos (Costa Russi, Sori Tildin e Sori San Lorenzo). Qualquer um dos três em inúmeras safras são vinhos irrepreensíveis. Lembro-me da frase um grande degustador francófico: “Esses vinhos são tão bons, que nem parecem italianos”.
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Etienne Guigal Côte Rôtie de um de seus três vinhedos mágicos (La Landonne, La Moline e La Turque). São vinhos que conquistaram inúmeras vezes os cem pontos de Parker. Apesar de mais de quarenta meses em carvalho, o equilíbrio e finesse são notáveis.
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Chateau Mouton-Rothschild 1982. Já provei vários 82 de peso, mas este é para beber de joelhos. Como ainda não provei o 1945, fico com esta safra que alia potência e finesse no mais alto nível.
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Chateau Margaux 1983. Safra particularmente especial para a comuna, suplantando inclusive a própria safra de 82. Soberbo, misterioso e com muita vida pela frente.
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Porto Taylor´s Vintage 1994. Em todas as oportunidades, um completo infantícidio. Contudo, não estarei vivo para ver seu esplendor. Quem sabe, amparado por uma bengala.
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Domaine Trimbach Riesling Clos Sainte-Hune. A perfeição em Riesling no estilo seco, absolutamente mineral. Tenha paciência em guardá-lo e estará diante de uma obra-prima.
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Champagne Salon ou Krug Clos de Mesnil. Aqui existe um empate técnico. No fotochart, Salon por uma cabeça. Para quem gosta do estilo Blanc de Blancs, não há nada perto dessas maravillhas.
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Vega-Sicilia Unico safra 1970. Degustado com consistência em duas oportunidades e épocas bem distintas. Continua uma maravilha, fazendo deste mito o maior tinto da Espanha.
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Williams Selyem Russian River Pinot Noir. Enfim, um representante do Novo Mundo. Não é o melhor Pinot Noir do mundo, mas engana qualquer aficionado pela Borgonha no mais alto nível.
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Henri Jayer Cros Parantoux 1988. Degustado recentemente, conseguiu aliar delicadeza e personalidade sem que o tempo suplantesse seu frescor. Uma maravilha!
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Hermitage Paul Jaboulet Aîné La Chapelle 1990. Com todo respeito a Jean-Louis Chave, ainda não provei um Hermitage com a grandiosidade de La Chapelle. Um vinho monumental, com uma estrutura tânica invejável e extremamente longevo.
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Domaine Huet Vouvray Le Clos du Bourg Première Trie. Aqui está a delicadeza levada ao extremo. Chenin Blanc de rara pureza, aparentemente frágil, mas com uma estrutura e longevidade inacreditáveis. Além de Le Clos du Bourg, seus outros dois vinhedos são impecáveis: Le Haut-Lieu e Le Mont.
Revelados os personagens, inúmeras injustiças, faltas, esquecimentos e principalmente, dúvidas. Certamente, não é a caixa perfeita, mas são vinhos jamais indiferentes, que passam desapercebidos. São vinhos que tocam, mesmos os mais insensíveis.
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26 de Julho de 2012
Sempre é bom atualizar os números da Itália, consistentemente em segundo lugar na produção mundial de vinhos dos últimos anos. Há uma clara tendência na redução do volume de produção e também na redistribuição do vinho entre suas vinte regiões vinícolas. Os números abaixo mostram as regiões do Veneto e Emilia-Romagna assumindo a liderança de produção outrora liderada pelas produtivas regiões da Sicilia e Puglia. Nestas duas últimas regiões a ordem é modernização e busca pela qualidade em detrimento da quantidade. Há fortes investimentos nessas regiões de produtores consagrados em regiões famosas no centro e norte da Itália, sobretudo Veneto, Piemonte e Toscana.
De todo modo, a disputa entre Norte e Sul continua acirrada, e muito superior à produção das regiões centrais italianas (Toscana, Umbria, Molise, Abruzzo, Marche e Lazio).

Quadro atual das regiões italianas
Quanto às denominações mais nobres, há um decréscimo visível nos chamados Vdt (vino da tavola), e um aumento consistentes das DOCG/DOC, juntamente com a crescente IGT. A tendência ainda maior de queda dos chamados Vino da Tavola é reforçada pelo incentivo de produção de vinhos DOCG/DOC e IGT nas regiões sulinas, sobretudo Puglia, Calabria, e Basilicata.

O gráfico acima mostra claramente esta equalização entre as principais denominações a despeito da forte tendência de queda na produção total de vinhos nos últimos anos, desde 2005.
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23 de Julho de 2012
Pappardelle é aquela massa larga, também chamada de fita, conforme figura abaixo. Pappardella alla Lepre é um dos mais tradicionais pratos toscanos. Infelizmente, Lepre ou Lebre em português é um animal cada vez mais difícil, por se tratar de caça. Normalmente, seu substituto imediato é a carne de coelho criado em cativeiro, em italiano, coniglio. Seu sabor não é tão marcante, mas apresenta resultados satisfatórios, principalmente se for adicionado funghi porcini na receita.

Pappardelle alla Lepre: Sabores da Toscana
Massas de um modo geral, não necessitam de vinhos muito espessos. Em particular, o pappardelle resulta numa textura mais rica. Além disso, o molho tem sabor marcante e aí estamos falando de tintos. Tanto no caso da lebre de caça, como do coelho com funghi porcini, tintos com certo envelhecimento encontram eco nos sabores do prato. Um Chianti Classico é a opção natural da Toscana. Mas atenção, precisa ser um Chianti Classico de verdade. Nomes como Castello di Ama, Fontodi, Fonterutoli e Castello dei Rampolla são altamente confiáveis. Esses vinhos com algum envelhecimento fornecem aromas defumados, de ervas e especiarias, muito apropriados ao prato. Um Rosso di Montalcino de um grande produtor também é uma bela opção. O importante é que sejam vinhos elegantes, de sabores marcantes sem serem pesados, criando uma sinergia com o prato. As importadoras dos vinhos acima citados são Mistral, Vinci, Expand e Cellar, respectivamente.
http://www.mistral.com.br
http://www.vinci.com.br
http://www.expand.com.br
www.cellar-af.com.br
Saindo da Itália, portugueses do Dão ou espanhóis de Rioja apresentam textura compatível, desde que devidamente envelhecidos. Riojas entre as categorias Crianza e Reserva são os ideais. Vinhos do sul da França de Languedoc ou Provence, mesclando uvas como Carignan, Cinsault e Mourvèdre, podem ser boas alternativas.
Por fim, cuidado com vinhos do Novo Mundo. Dificilmente, envelhecem bem, além de apresentarem textura dominadora. Geralmente, são muito frutados, potentes, e com a madeira muitas vezes sobressaindo.
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19 de Julho de 2012
Segundo dados da OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho) no último congresso na Turquia, os números de 2011 para a vitivinicultura mundial são os seguintes:

Os principais países europeus na última década diminuiram suas áreas de vinhedos, conforme gráfica acima. É a menor área de vinhedos desde o ano 2000, perfazendo um total de 7.585.ooo hectares. A Espanha hoje, possui pouco mais de um milhão de hectares, número este que já foi superior a um milhão e trezentos mil hectares. Contudo, o Novo Mundo mantem um ritmo de crescimento, com atenção especial à Nova Zelândia. Este país, que já foi modelo para vinhos surpreendentes, sobretudo o famoso Sauvignon Blanc, mostra grande expansão de área cultivada, compremetendo seriamente a noção de terroir, com muitos vinhos atualmente diluídos.

Quanto à produção de uvas frescas (consumo in natura), a China deu um salto monumental, com mais de sessenta milhões de quintais produzidos (um quintal equivale a 100 quilos), bem acima de seus concorrentes como Índia, Turquia, Iran e Itália.

Na produção mundial de vinhos, os cinco primeiros países permanecem inalterados; França, Itália, Espanha, Estados Unidos e Argentina. Mas olha aí a China chegando gente! Já é o sexto produtor mundial, superando países como Austrália, Chile, África do Sul e Alemanha. Hoje a produção mundial de vinhos gira em torno de 265 milhões de hectolitros, com França e Itália perfazendo um terço desta produção.

No consumo mundial de vinhos, a França ainda lidera, bastante incomodada com os Estados Unidos. Da mesma forma, Itália e Alemanha sentem a força da China, chegando forte em quinto lugar.

Nas exportações mundiais em termos de volume, a Itália como sempre segue absoluta. A Espanha toma o segundo lugar da França, num salto extremamente expressivo. Austrália e Chile, sempre na briga ferrenha pela quarta colocação.
Maiores informações: OIV (www.oiv.org)
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16 de Julho de 2012
Na cozinha do dia a dia, este é um dos pratos mais pedidos e executados, adorado por adultos e crianças. É um prato farto, comunitário, acompanhado geralmente por batatas fritas e arroz branco. O bife pode ser mais ou menos nobre (depende do bolso de cada um), relativamente fino, pois é feito à milanesa, e afogado em bastante molho de tomate, além de farto queijo derretido, normalmente muçarela e/ou parmesão. A origem não tem nada a ver com Parma, na Itália.

Boa alternativa ao hamburger da criançada
Para a harmonização, vamos pensar em vinhos simples, de acordo com a tipologia do prato. Nada de medalhões, vinhos sofisticados, que podem ser muito delicados para o prato, ou potentes e cheios de madeira. Neste caso, o vinho precisa ter acidez, pois temos uma técnica de fritura no bife (à milanesa) e queijo derretido, envolvendo muita gordura. O próprio molho de tomate também agradece uma certa acidez. Tratando-se de carne bovina e a própria textura e corpo do prato, vamos falar de vinhos tintos relativamente encorpados. É importante também ser um vinho jovem, com bastante fruta, para haver uma boa ligação com o sabor do tomate. Esta juventude normalmente é acompanhada de um natural frescor ou em outras palavras, uma acidez suficiente para o prato. Esta acidez é mais facilmente atingida com vinhos do Velho Mundo, sobretudo italianos. Montepulciano d´Abruzzo, Merlots da Úmbria ou Toscana e Aglianico da Campania, são as primeiras escolhas. Uma boa dica é o Montepulciano d´Abruzzo Nicodemi da importadora Decanter (www.decanter.com.br). Um Valpolicella Classico mais concentrado, ou um Dolcetto d´Alba de vinhedo como do produtor Bruno Rocca da importadora World Wine (www.worldwine.com.br), são boas alternativas.
Outras opções européias podem ser um Tempranillo de Toro (vinhos com força, acidez e rusticidade adequada ao prato), ou um vinho do Douro como Crasto, da Quinta do Crasto, importado pela Qualimpor (www.qualimpor.com.br). Vinho de bom corpo, boa fruta e sem interferência da madeira.
Se a opção for pelo Novo Mundo, prefira Malbecs, Merlots ou Syrahs jovens, de bom corpo e levemento amadeirados, se for o caso. Um Catena Malbec ou Merlot da Salentein cumprem bem o papel. Respectivamente, são importados pela Mistral (www.mistral.com.br) e Zahil (www.zahil.com.br).
Todas essas indicações referem-se a vinhos de média gama dentro de suas respectivas vinícolas, ou seja, boa concentração de fruta, tanicidade moderada e boa adequação em madeira, mas sem exageros. Madeira e taninos em demasia podem gerar amargor desagradável, além de sabores abaunilhados e tostados não casarem com os sabores do prato.
No mais, vinhos para os adultos e guaraná para a criançada.
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12 de Julho de 2012
Degustações históricas promoveram vinhos mundo afora, revelando rótulos como o australiano Grange Hermitage, o neozelandês Cloudy Bay, o supertoscano Sassicaia, e tantos outros. Entretanto, um vinho pouco lembrado é o sul-africano Edelkeur, lançado em 1969 pelo famoso enólogo alemão Günter Brözer da vinícola Nederburg. Em 1972, este vinho venceu um concurso em Budapeste concorrendo com grandes vinhos doces, incluindo Sauternes e Tokaji. Günter, um apaixonado pelos grandes Trockenbeerenauslese alemães, desenvolveu com competência vinhedos propícios ao ataque da Botrytis Cinerea com a casta Chenin Blanc na região de Paarl.

Rótulo original que deu origem à saga
Ao longo do tempo, Edelkeur abriu caminho para outros vinhos doces com outros castas, além da Chenin Blanc, na própria vinícola Nederburg, a qual batizou suas seleções como Winemaster´s Reserve Special Late Harvest e Winemaster´s Reserve Noble Late Harvest. A primeira envolvendo uvas como Chenin Blanc, Riesling, Muscat de Frontignan e Gewürztraminer. Já a segunda, com grande proporção de Chenin Blanc, complementada por Muscat de Frontignan, uvas estas botrytisadas.
Nova roupagem para o Edelkeur
Em 2001, o bastão é passado para o competente enólogo romeno Razvan Macici, após 33 anos sob a batuta de Günter Brözel. O rótulo mais atual acrescenta a expressão Private Bin, conforme foto abaixo. São vinhos de baixíssima produção, nem mencionados no próprio site da vinícola, www.nederburg.com.
Última versão na rotulagem
Tecnicamente, é um vinho muito bem equilibrado no tripé básico dos grandes vinhos de sobremesa, ou seja, álcool, acidez e açúcar. O grau alcoólico, geralmente baixo, gira em torno de 10 graus. A acidez total, frequentemente atinge 10 gramas por litro, e o açúcar residual às vezes passa de 200 gramas por litro. Além de ser elaborado totalmente com Chenin Blanc, aproxima-se de belos vinhos do Loire, principalmente das apelações Bonnezeaux e Quarts de Chaume. Um vinho delicado e de grande personalidade. Ótimo com tortas levemente cremosas com frutas frescas (pêssegos, por exemplo).
A safra 2005, uma das melhores dos últimos tempos, apresenta 9,75% de álcool, incríveis 12,49 gramas por litro de acidez total, e 240,50 gramas por litro de açúcar residual absolutamente balanceados, num final muito equilibrado e expansivo.
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9 de Julho de 2012
O mais emblemático queijo espanhol produzido em boa parte de La Mancha, região central e árida da Espanha. Juntamente com o Roquefort (França) e Serra da Estrela (Portugal), forma a trilogia dos mais famosos queijos de leite de ovelha. Evidentemente, as condições de terroir permitem uma textura mais rija em La Mancha, região seca e árida, e mais cremosa, na fria e úmida região de altitude em Serra da Estrela, já comentada em recente artigo anterior.

Selo de origem com a figura de Don Quixote
Dentro de uma área de aproximadamente quatro milhões e meio de hectares, compreendida nas províncias de Albacete, Ciudad Real, Cuenca e Toledo, um enorme rebanho de ovelhas da raça manchega, adaptada há séculos neste clima inóspito, fornece a matéria-prima ideal para elaboração deste prestigioso queijo enquadrado na categoria DOP (Denominacíon de Origen Protegida) desde 1996. Maiores detalhes, consultar site do Conselho Regulador (www.quesomanchego.es).
Depedendo do processo de cura, o queijo adquire sabores e textura diversos e consequentemente, harmonizações distintas. Começando pelo Manchego Fresco, maturado somente por duas semanas, é produzido em quantidades mínimas e dificilmente encontrado fora de sua região de origem. Já o Manchego Curado, o de maior produção, matura entre três e seis meses geralmente, lembrando um delicado aroma de nozes. Por fim, o intenso Manchego Viejo, maturado entre um e dois anos, com aromas mais pungentes e picantes.

Zona de Produção
Para o Manchego Fresco, dificilmente encontrado, um Rioja Blanco baseado na uva Viura (também conhecida como Macabeo) pode ser interessante. Até a categoria Crianza, onde o vinho tem um contato relativamente curto com a madeira (geralmente seis a oito meses), o vinho apresenta força e acidez suficientes para enfrentar o queijo e sua gordura mais evidente e levemente cremosa. Um Chardonnay com leve passagem por madeira surte o mesmo efeito.
No caso do Manchego Curado, se a opção for ainda um branco, podemos optar por um Rioja Reserva ou Gran Reserva, observando a calibragem de aromas e sabores entre vinho e queijo. Neste caso, a preferência são por tintos de categoria Reserva ou Gran Reserva tanto de Rioja, como de Ribera del Duero. O importante é que o vinho tenha força suficiente e taninos bem moldados. Opções de outros países como Itália, Portugal ou França; podem ser Chianti Clássico Riserva, Douro Reserva ou Bandol envelhecido (tinto marcante da Provença), respectivamente. Uma outra bela opção é um Jerez Amontillado ou um raro Manzanilla Pasada (Manzanilla com notas oxidativas). A importadora Mistral (www.mistral.com.br) tem um ótimo da Bodega Hidalgo.
Por fim, o potente Manchego Viejo pede vinhos de muita personalidade. Jerez Oloroso pode ser sublime. Outros fortificados da península ibérica cumprem bem a missão a exemplo de um Madeira Verdelho ou um Porto Tawny 20 anos. Se a opção for por tintos, reserve os mais potentes com bom grau de envelhecimento, como os grandes Amarones.
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5 de Julho de 2012
Abrir um garrafa de Porto envelhecido não é tarefa das mais fáceis, sobretudo tratando-se de um grande vintage de várias décadas. As rolhas de cortiça geralmente não são as melhores e nem as mais longas. A recomendação oficial é que as garrafas de Vintage devem ser adegadas na posição horizontal a exemplo da grande maioria dos vinhos. Quando deitada, a ação do álcool (lembrar que Porto é um vinho fortificado) é mais danosa para a rolha embora o objetivo principal seja evitar o ressecamento da mesma.

Vintage Port: Uma grande casa num grande ano
Nesta situação, a abertura tradicional com um bom saca-rolhas fica comprometida diante da evidente fragilidade da rolha. Para isso, uma ferramenta singular chamada tenaz (semelhante à uma tesoura de jardineiro com a extremidade forjada para abraçar o gargalo da garrafa) é utilizada com sucesso, conforme vídeo abaixo. O choque térmico provocado pela água gelada em cima da área aquecida pela tenaz propicia esta cena.
http://youtu.be/8p0-gJF65q8
Outros dois detalhes chamam a atenção neste vídeo, sendo um consequência do outro. Como as garrafas de Porto Vintage são absolutamente escuras, torna-se difícil a visualização do sedimento no ato da decantação. Tanto é verdade, que apesar da vela acesa, efetivamente a mesma não é utilizada. Portanto, a recomendação oficial é utilizar um pedaço de tecido limpo, sem vestígio de detergente ou amaciante, preferencialmente musselina ou musseline (versão francesa), a fim de servir como filtro dentro de um funil apropriado.
O tempo de decantação depois da garrafa aberta é extremamente variado. Depende de uma série de fatores tais como: idade do vinho, potência da safra, tipo de decanter, condições de armazenamento, histórico da garrafa, entre outros. Em linhas gerais, para Vintages tomados em idade jovem, por volta de dez anos (aliás, um completo infanticídio), recomenda-se uma decantação de oito a doze horas. Conforme a idade vai aumentando, o tempo deve diminuir à razão de duas horas por década. Um Vintage por volta de sessenta anos não deve ser decantado por mais de três horas. Uma hora muitas vezes, é tempo suficiente. De todo modo, são apenas referências de tempo que podem ser ajustadas caso a caso, de acordo com peculiaridades específicas.
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2 de Julho de 2012

Gerard Basset: atual campeão mundial
Nos dias 20 e 21 deste mês (julho/2012), a ABS-SP (Associação Brasileira de Sommeliers) realizará o tradicional concurso paulista de sommeliers. Maiores informações no site da associação (www.abs-sp.com.br).
http://youtu.be/RHFmFKGpYKI
Clique no vídeo acima e observe pontos importantes para decantar um vinho maduro. Para aqueles que pretendem participar do concurso, é sempre bom estabelecer regras e prioridades para esta cena clássica sempre simulada neste tipo de evento e tão tradicional da sommellerie. Em artigos anteriores deste blog, já comentamos a real utilidade do cesto de vinho (sommellerie: wine basket), os principais motivos que nos levam a decantar um vinho (noções básicas de sommellerie), dentre outros procedimentos importantes neste métier.
O concurso engloba inicialmente uma prova teórica eliminatória envolvendo questões diversas sobre vinicultura, viticultura, enogastronomia, serviço do vinho, entre os temas mais importantes. Os classificados para a prova prática no dia seguinte, independente do campeão, teoricamente entram com boas chances no concurso brasileiro a ser realizado neste segundo semestre.
Aos candidatos, boa sorte a todos!
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