Archive for Agosto, 2020

Garimpo: R$161 a R$ 320

26 de Agosto de 2020

Espumantes – Champagne nessa faixa de preço não se encontra mais, infelizmente, mas dá para enganar alguns convidados se você servir às cegas as melhores borbulhas do mundo que não vêm da região de Reims. Em Trento, a italiana Ferrari faz excelentes espumantes, em todas as gamas de preços. Gosto é subjetivo, mas não troco um Ferrari por uma básica Moet nem por uma Veuve Clicquot. Na Decanter.
https://www.decanter.com.br/ferrari-maximum-brut-750ml

Como visitar a vinícola Ferrari, que produz o melhor espumante da Itália

Rosés – A Provence tem a fama de fazer os melhores rosés do mundo, ótimas pedidas quando o assunto é combinar vinho e paella. Se quiser fugir um pouco do óbvio, experimente uma garrafa de Etna rosato. Esse terroir siciliano tem uma mineralidade bem expressa, quaisquer as cores da taça. O vulcão faz toda a diferença. Esse aqui de Girolamo Russo é um dos melhores exemplares de rosados no mercado: https://www.wines4u.com.br/tipo/rose/etna-rosato-doc-2018-girolamo-russo.html

Etna – Wikipédia, a enciclopédia livre

Bordeaux – Dá para ser feliz gastando pouco? Garimpando e ficando de olho nas promoções, sim.

Château Magence, 2010

Château Magence 2010 – Custa R$ 210. Esse bordeaux de dez anos, de uma ótima safra, feito em Graves, margem esquerda do Garonne, é uma pechincha. Bem feito, elegante, tem tudo o que um bordeaux enseja com dez anos de vida. Um escalope ao funghi aqui funciona muito bem. Na Delacroix Vinhos. https://www.delacroixvinhos.com.br/bordeaux/chateau-magence-2010-bordeaux.html

Esse Péssac Leógnan, da excelente safra 2015, importado pela Taste Vin é outra boa pedida da margem esquerda de Bordeaux. https://www.tastevin.com.br/produto/chateau-coquillas-2015/

Gargone 2011 – O Domaine du Bouscat faz vinhos de excelente qualidade-preço. Quem disse isso? Robert Parker, que deu 91 pontos para esse rótulo aqui. https://www.delacroixvinhos.com.br/bordeaux/gargone-2011-bordeaux.html

Chateau Magence (Bordeaux) | Les Grappes

Viu Vieux Château Saint-André a bom preço? Compre algumas garrafas, principalmente quando for de safras como 2015 e 2016. Por quê? O sobrenome Berrouet, que está por trás desse rótulo, participou de 44 safras do mítico Château Pétrus. Desde sua aposentadoria no Pétrus, em 2007, ele tem ajudado seu filho, Jean-François, a produzir vinhos em uma apelação não tão badalada. Um dos trunfos é a idade das vinhas: 40 anos. Montagne-St-Emilion é uma região satélite ao redor de Pomerol e Saint Émillion. Neal Martin, que substituiu Parker na avaliação de Bordeaux, é sintético no seu comentário sobre o vinho: “se você não tiver dinheiro para comprar um Pétrus esse ano, mas ainda quer sentir o toque de Berrouet no vinho, esse é o lugar para começar.” Importadora World Wine.

Hotéis B&B económicos na região da Borgonha: reserva e booking de hotéis na  Borgonha

Borgonha – Dá para comprar um borgonha abaixo de R$ 200? Dá, sim. Roger Luquet é um confiável produtor artesanal que faz vinhos em terroirs muito menos badalados que Pulignys, Chassagnes e Meursaults. Esse aqui da safra 2017 é uma excelente pedida. https://www.animavinum.com.br/produto/macon-villages/

Dá para beber um bom chablis? Na mesma beba esse 2014 dos Dampt. importadorahttps://www.animavinum.com.br/produto/chablis-controlee/
Mais caro, na faixa dos R$ 300, na Govin, veja com o Gilmar se ele tem algumas garrafas do premier cru do Jean Dauvissat, o Côte de Lechet, da safra 2016.

Burgundy Wine Cellars - Our Producers - Jean-Claude Rateau

E abaixo dos R$ 200 ainda tem o Jean Claude Rateau, que é craque, mas produz pouco e seus vinhos são disputados a tapas. Tente esse aqui com escargots ou molhos mais provençais e menos delicados: https://www.delacroixvinhos.com.br/bourgogne/haute-cotes-de-beaune-blanc-2017.html

E Borgonha tinto abaixo de R$ 300?
Com vários em falta (os Givrys de Masse na Anima Vinum, os Givrys de Mouton na Cellar, o Gravel de Marechal na Delacroix, os vinhos de Antoine Lienhardt também na Delacroix), está difícil achar uma garrafa nessa categoria e tudo indica que será raridade porque, quando os em falta forem respostos, os preços serão outros. Uma opção é o Ladoix Vieilles Vignes 2017 do Edmond Cornu, um especialista nesse terroir menos badalado da Côte d´Or. https://govin.com.br/produto/ladoix-vieilles-vignes-2017/

Riesling abaixo de R$ 300?

Tem, sim, senhor e ainda vem do Mosel, onde nascem os mais delicados, elegantes e vibrantes rieslings do planeta. Aqui a uva branca produz rótulos espetaculares, quando bem feitos. Uma opção mais em conta são dois rótulos da Reichsgraf von Kesselstatt, que produz vinhos há sete séculos, em um total de 36 hectares (12 hectares em cada um dos três importantes vales da região do Mosel: Mosel, Saar e Ruwer).
https://www.vindame.com.br/rk-riesling.html
Num nível mais seco, tem esse outro aqui:
https://www.vindame.com.br/rk-riesling-trocken.html

Garimpo: R$50 a R$ 160

19 de Agosto de 2020

Semana passada. Uma mensagem na caixa de emails. Má notícia. A alta do euro nas últimas semanas fará com que novos reajustes venham por aí, já que os preços estavam calculados com um euro a R$ 5,75 e a moeda agora está acima dos R$ 6,30. Algumas importadoras que ofereciam garrafas abaixo de R$ 80 já estão com gôndolas vazias nessa seleção. Garimpar garrafas de bom custo benefício tem virado um passatempo árduo, embora a seleção de bons rótulos esteja cada vez maior.

Feita a introdução, vamos a um passeio por algumas opções de brancos, tintos, espumantes e vinhos de sobremesa.

Galeria Empresa 4

Abaixo de R$ 70,00

Pizzato
A linha da vinícola gaúcha é tiro certeiro. São vinhos corretos, frutados e bons para o dia a dia, sejam brancos, tintos, rosés ou espumantes. Podem ser comprados em supermercados ou em sites. Vale procurar quem vende por preço mais baixo.

Adolfo Lona

A primeira vez que me deparei com um espumante de Adolfo foi no saudoso e mítico Locanda della Mimosa, do grande Danio Braga. Era oferecido nos brunchs e cafés da manhã de quem por lá se hospedava. Adolfo e Danio são amigos de longa data. Argentino, Lona veio para o Brasil na década de 1970 trabalhar com as multinacionais que começavam a investir no terroir gaúcho. Ficou por lá. Produz bons espumantes, talvez os melhores do Brasil. Diego representa os vinhos em SP: 11.95133.4000 diego_graciano@hormail.com


De R$ 71 a R$ 120

Bordeaux Château Cleyrac 2016 Por R$ 90, esse é um bordeaux de dia a dia. Um corte de 40% Merlot, 30% Cabernet Sauvignon, 30% Cabernet Franc. Na https://www.tastevin.com.br/
Vale a pena dar uma olhada na seleção de ótimos vinhos que a importadora traz: destaque também aos Macons do Domaine Eloy, abaixo de R$ 120.

Beaujolais rosé Les Griottes, 2017. Existe beaujolais tinto, branco e rosé. Quem vinifica é o Domaines Chermette, novo nome do de Domaine du Vissoux. Os franceses consideram esse um dos melhores produtores da região, tem duas estrelas no guia da revista de vinhos da França, que se desmancha nos elogios. (https://www.larvf.com/,domaine-du-vissoux,10448,400964.asp). Toda a gama é boa e o preço é um trunfo. Quando vejo um Beaujolais de R$ 400, miro num Bourgogne.
Na https://www.wines4u.com.br


Anjou Blanc 2019 (Domaine de Mihoudy) – Esse chenin blanc de videiras de 25 anos vem de uma das regiões mais famosas do Loire. Fácil de beber. O rosé também é uma boa pedida. Na uvavinhos.com.br . Por R$ 99,00.

Ventoux Château Pesquié Édition 1912M 2017 – Uma das maiores propriedades do Ventoux, Château Pesquié faz vinhos acessíveis e gostosos. Bons para churrascos descompromissados. Aqui vai um corte de Grenache 70%, Syrah 30%, por R$ 105 na Nova Fazendinha. https://www.novavinhos.com/

Domaine du Bouscat Caduce – Robert Parker é um fã desse chateau que produz um ótimo bordeaux de dia a dia, ótimo para pratos de carne, como um escalope ao molho de shitake. Por R$ 118 a safra 2017 na https://www.delacroixvinhos.com.br/

Muros antigos 2018, Anselmo Mendes – Um dos melhores produtores de vinhos brancos de Portugal. Seu vinho de entrada é uma delícia. Não erra.
https://www.decanter.com.br/

De R$ 121 a R$ 160

Marjosse – Vira e mexe, a World Wine faz promoção do Château Marjosse em branco e tinto. Na última, a garrafa saía a R$ 139. Assinatura de Pierre Lurton em um vinho de comprar de caixa. Sou fã de carteirinha, principalmente, do branco, excelente para aperitivar ou para início de uma bela refeição. Um dos meus favoritos abaixo dos R$ 250.

Unilitro Costa Toscana IGT, 2018 – O nome chama a atenção ao fato de que aqui você está com uma garrafa de tamanho inusitado: 1 litro. Um corte de alicante nero, alicante bouschet e carignano. Fácil de beber, gastronômico, bom parceiro de molhos vermelhos. Por R$ 155 na https://www.wines4u.com.br/produtores/ampeleia/unlitro-costa-toscana-igt-2018-ampeleia-100-cl.html

2014 Gutswein Knyphausen – Esse kit, de R$ 299 reais, vem com 3 garrafas do mesmo vinho. A vinícola Baron Knyphausen foi criada originalmente em 1141 por frades do monastério Eberbach. Rieslings alemães com a águia no rótulo e esse preço não podem passar em branco. Na https://www.vindame.com.br/kit-03-gf-2014-gutswein-knyphausen.html

Blanquette Antech Réserve Brut, 2017 – O Domaine Antech se dedica há seis gerações à produção de vinhos espumantes em Limoux, um dos mais privilegiados terroirs franceses para espumantes fora da Champagne. Na http://www.delacroixvinhos.com.br

Em destaque: Sylvain Pataille

15 de Agosto de 2020

A vila produtora de vinhos mais próxima de Dijon, quase um subúrbio da maior cidade da Bourgogne, Marsannay ganhou direito de se tornar uma apelação controlada (AC) em 1987. Antes os vinhos podiam ser classificados como Bourgogne, Bourgogne de Marsannay ou Bourgogne de Marsannay la Côte. Sem premiers crus ou grands crus e com 80% da produção colhida por máquinas, Marsannay não despertava muita a atenção dos enófilos. A virada começou nos últimos anos por conta das mãos de Sylvain Pataille, cujos vinhos são importados no Brasil pela https://www.animavinum.com.br/

Sylvain Pataille : Becky Wasserman & Co.

Marsannay também nunca esteve no meu radar, mas tudo mudou ao ouvir uma entrevista em um episódio do excelente podcast de Levi Dalton (https://illdrinktothatpod.com/). Em uma delas, Becky Wasserman, uma das maiores autoridades em Bourgogne do planeta e importadora de algumas das maiores estrelas da região há décadas, se desmanchou em elogios a Pataille. Elogiava a textura dos vinhos, como se eles fossem de veludo. Fazia isso em Marsannay, não em Chambolle ou Vosne-Romanée. Era hora de descobrir mais sobre o enólogo.

Nascido e criado em Marsannay, Pataille fez curso de vinhos em Beaune e Bordeaux e aliou o trabalho no domaine familiar com a vida de consultor para algumas propriedades locais. Começou a vinificar em 1999. Sua primeira safra foi a de 2001. Sua filosofia é simples: “natural, natural e natural”.

Profile: Domaine Sylvain Pataille (Marsannay) – Burgundy-Report

Produz 100 mil garrafas por ano de vinhos brancos (aligoté e chardonnay), tintos e rosés, esses últimos tinham certa fama na vila. Sylvain Pataille faz vinhos exclusivamente do terroir de Marsannay-la-Côte. No inverno de 2013, Pataille pediu a opinião de Becky Wasserman. Ele tinha plantado aligoté em quatro terroirs diferentes e queria saber. “Sou louco de querer vinificá-los separadamente?” Becky degustou e sentiu que as diferenças de terroirs eram facilmente visíveis, os vinhos tinham energia e uma mineralidade que nem a chardonnay conseguia obter. Becky acertou ali mesmo que iria comprar todas as garrafas dos quatro terroirs. Foi aí que a aligoté começou a ganhar mais notoriedade e que Pataille começou a expandir seus experimentos com a uva, que na enogastronomia, com sua acidez, tem versatilidade para acompanhar uma requintada salada de frutos do mar. Em 2018, saíram de suas caves sete parcelas diferentes da uva.

O rosé é outro vinho fora da curva, assim como o rosado do Tondonia, é um capítulo à parte, que ganhou inclusive degustação na ótima La Revue de Vins de France:

https://www.larvf.com/vin-d-ete-coup-de-coeur-pour-un-rose-de-bourgogne-de-gastronomie,4644882.asp

Se com um patinho feio como a aligoté era vista ele faz belos vinhos, com chardonnay e com pinot noir não é diferente. Seus vinhos brancos são elegantes e gastronômicos, os tintos são refinados, elegantes e sinceros. O Marsannay 2014 ( a R$ 385) é um dos melhores tintos da Bourgogne abaixo de R$ 500. Toda vez que eu o bebo eu penso: que esse homem faria em Chambolle-Musigny?

pataille-portrait-full

O Bourgogne le Châpitre, um terroir valorizado, joga em outro nível: ponha-o às cegas contra um bom village de ótimo produtor, um Vosne de um dos Gros, um Volnay de Lafarge, um bom Gevrey. Os seus Marsannays lieux-dits são vinhos caros (o mercado já viu do que ele é capaz), mas também jogam em outra liga, disputada por premiers crus de regiões muito mais badaladas. Experimente um dia o L´Ancestrale e o ponha em uma degustação às cegas com um Gevrey de primeiro time. Poderá provocar surpresas.

Eu não me surpreendo mais. Demorei, mas aprendi. Sylvain Pataille está, definitivamente, no meu radar.


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