Archive for the ‘Diversos’ Category

Borbulhas não apenas para o fim do ano

3 de Dezembro de 2020

O consumo de espumantes ainda está muito ligado às festas de fim de ano, mas cabe aqui sempre repetir a máxima de Lilly Bollinger sobre Champagne. “Bebo-a quando estou feliz e quando estou triste. Algumas vezes, também quando estou só. Quando tenho companhia a considero obrigatória. Brinco com ela quando estou sem apetite e a bebo quando estou com fome. Fora isso, nunca a toco, a menos que esteja com sede”.

Versatilidade ímpar, da entrada às sobremesas, apenas mudando a dosagem de açúcar, os espumantes vão muito bem com as entradas, das mais simples às mais complexas, como salgadinhos, canapés de salmão defumado, vieiras grelhadas. Nos pratos principais, dependendo de safras e qual a uva é a principal no corte (pinot noir vai muito bem com aves; chardonnay faz maravilhas com boa parte dos frutos do mar), eles também escoltam excepcionalmente bem.

Ferrari Perle 2006

Dito isso, quais são as opções existentes no mercado brasileiro? (As champagnes ganharão post específico na próxima semana)

Brasil

Você quer um espumante brasileiro versátil, bem feito, com bom preço? A preferência recai sobre Adolfo Lona, cujos rótulos são coringas à mesa,sendo boa parte abaixo de R$ 80. Argentino, Lona veio para o Brasil na década de 1970 trabalhar com as multinacionais que começavam a investir no terroir gaúcho. Ficou por lá. Produz bons espumantes, talvez os melhores do Brasil. Diego representa os vinhos em SP: 11.95133.4000 diego_graciano@hormail.com

Espanha

Se você estiver procurando uma opção estrangeira de boa relação qualidade preço, a Clarets traz as melhores borbulhas espanholas: Juvé Camps, situada em Sant Sadurní d´Anoia, a melhor região de Cavas, controla todo o processo de elaboração, desde vinhedos próprios, até todas as fases de vinificação. A Cinta Purpura sai por cerca de 100 reais.

Portugal

Na Bairrada, terra do famoso leitão, Luis Pato elabora com a casta local Maria Gomes um dos bons espumantes da terrinha. Na Mistral, por cerca de R$ 170.

Itália

Em Trento, a italiana Ferrari faz excelentes espumantes, em todas as gamas de preços. Às cegas,é duro dizer que não se trata de Champagne. Gosto é subjetivo, mas não troco um Ferrari por uma básica Moet nem por uma Veuve Clicquot. Na Decanter.

França

Alsace

Quem tem terroir tem tudo. Não se vive apenas de Champagne na França. Olho nos crémants. Os mais famosos estão na Alsace, terroir mais conhecido pela produção dos melhores rieslings franceses. São elaborados com as uvas Pinot Blanc, Pinot Gris, Pinot Noir, Riesling, Auxerrois e Chardonnay. Existe a versão rosé, elaborada com Pinot Noir. O vinho permanece pelo menos nove meses sur lies antes do dégorgement (expulsão dos sedimentos e colocação da rolha definitiva). Na ótima importadora franco-carioca Taste Vin, o bom espumante de René Muré para entradas e para abrir os trabalhos: https://www.tastevin.com.br/produto/cremant-d-alsace-brut/

Languedoc

Blanquette Antech Réserve Brut, 2017 - Espumante - Rótulo de garrafa de vinho da França da região Languedoc

Elaborado na região do Languedoc, perto de Carcassonne. As uvas para o Crémant são: Chardonnay e Chenin Blanc, as principais, complementadas por Mauzac e Pinot Noir. Permanece pelo menos quinze meses sur lies. A importadora Delacroix traz o Blanquette Antech Réserve Brut, 2017, um corte de 90% Mauzac, 5% Chenin e 5% Chardonnay. https://www.delacroixvinhos.com.br/products/blanquette-antech-reserve-brut-2017-1295-940-espumante

Bourgogne

A terra do pinot noir e do chardonnay, berço de Romanées e Montrachets, tem opções de borbulhas. São os crémants de Bourgogne, apelação da Borgonha com as uvas Pinot Noir e Chardonnay, podendo ter eventualmente as uvas Gamay e Aligoté. Permanece pelo menos nove meses sur lies.Uma opção na Cellar é o crémant do domaine Edouard. https://www.cellarvinhos.com/cremant-de-bourgogne-nature.

Em tempo: As champagnes ganharão post específico na próxima semana

Garimpo: R$161 a R$ 320

26 de Agosto de 2020

Espumantes – Champagne nessa faixa de preço não se encontra mais, infelizmente, mas dá para enganar alguns convidados se você servir às cegas as melhores borbulhas do mundo que não vêm da região de Reims. Em Trento, a italiana Ferrari faz excelentes espumantes, em todas as gamas de preços. Gosto é subjetivo, mas não troco um Ferrari por uma básica Moet nem por uma Veuve Clicquot. Na Decanter.
https://www.decanter.com.br/ferrari-maximum-brut-750ml

Como visitar a vinícola Ferrari, que produz o melhor espumante da Itália

Rosés – A Provence tem a fama de fazer os melhores rosés do mundo, ótimas pedidas quando o assunto é combinar vinho e paella. Se quiser fugir um pouco do óbvio, experimente uma garrafa de Etna rosato. Esse terroir siciliano tem uma mineralidade bem expressa, quaisquer as cores da taça. O vulcão faz toda a diferença. Esse aqui de Girolamo Russo é um dos melhores exemplares de rosados no mercado: https://www.wines4u.com.br/tipo/rose/etna-rosato-doc-2018-girolamo-russo.html

Etna – Wikipédia, a enciclopédia livre

Bordeaux – Dá para ser feliz gastando pouco? Garimpando e ficando de olho nas promoções, sim.

Château Magence, 2010

Château Magence 2010 – Custa R$ 210. Esse bordeaux de dez anos, de uma ótima safra, feito em Graves, margem esquerda do Garonne, é uma pechincha. Bem feito, elegante, tem tudo o que um bordeaux enseja com dez anos de vida. Um escalope ao funghi aqui funciona muito bem. Na Delacroix Vinhos. https://www.delacroixvinhos.com.br/bordeaux/chateau-magence-2010-bordeaux.html

Esse Péssac Leógnan, da excelente safra 2015, importado pela Taste Vin é outra boa pedida da margem esquerda de Bordeaux. https://www.tastevin.com.br/produto/chateau-coquillas-2015/

Gargone 2011 – O Domaine du Bouscat faz vinhos de excelente qualidade-preço. Quem disse isso? Robert Parker, que deu 91 pontos para esse rótulo aqui. https://www.delacroixvinhos.com.br/bordeaux/gargone-2011-bordeaux.html

Chateau Magence (Bordeaux) | Les Grappes

Viu Vieux Château Saint-André a bom preço? Compre algumas garrafas, principalmente quando for de safras como 2015 e 2016. Por quê? O sobrenome Berrouet, que está por trás desse rótulo, participou de 44 safras do mítico Château Pétrus. Desde sua aposentadoria no Pétrus, em 2007, ele tem ajudado seu filho, Jean-François, a produzir vinhos em uma apelação não tão badalada. Um dos trunfos é a idade das vinhas: 40 anos. Montagne-St-Emilion é uma região satélite ao redor de Pomerol e Saint Émillion. Neal Martin, que substituiu Parker na avaliação de Bordeaux, é sintético no seu comentário sobre o vinho: “se você não tiver dinheiro para comprar um Pétrus esse ano, mas ainda quer sentir o toque de Berrouet no vinho, esse é o lugar para começar.” Importadora World Wine.

Hotéis B&B económicos na região da Borgonha: reserva e booking de hotéis na  Borgonha

Borgonha – Dá para comprar um borgonha abaixo de R$ 200? Dá, sim. Roger Luquet é um confiável produtor artesanal que faz vinhos em terroirs muito menos badalados que Pulignys, Chassagnes e Meursaults. Esse aqui da safra 2017 é uma excelente pedida. https://www.animavinum.com.br/produto/macon-villages/

Dá para beber um bom chablis? Na mesma beba esse 2014 dos Dampt. importadorahttps://www.animavinum.com.br/produto/chablis-controlee/
Mais caro, na faixa dos R$ 300, na Govin, veja com o Gilmar se ele tem algumas garrafas do premier cru do Jean Dauvissat, o Côte de Lechet, da safra 2016.

Burgundy Wine Cellars - Our Producers - Jean-Claude Rateau

E abaixo dos R$ 200 ainda tem o Jean Claude Rateau, que é craque, mas produz pouco e seus vinhos são disputados a tapas. Tente esse aqui com escargots ou molhos mais provençais e menos delicados: https://www.delacroixvinhos.com.br/bourgogne/haute-cotes-de-beaune-blanc-2017.html

E Borgonha tinto abaixo de R$ 300?
Com vários em falta (os Givrys de Masse na Anima Vinum, os Givrys de Mouton na Cellar, o Gravel de Marechal na Delacroix, os vinhos de Antoine Lienhardt também na Delacroix), está difícil achar uma garrafa nessa categoria e tudo indica que será raridade porque, quando os em falta forem respostos, os preços serão outros. Uma opção é o Ladoix Vieilles Vignes 2017 do Edmond Cornu, um especialista nesse terroir menos badalado da Côte d´Or. https://govin.com.br/produto/ladoix-vieilles-vignes-2017/

Riesling abaixo de R$ 300?

Tem, sim, senhor e ainda vem do Mosel, onde nascem os mais delicados, elegantes e vibrantes rieslings do planeta. Aqui a uva branca produz rótulos espetaculares, quando bem feitos. Uma opção mais em conta são dois rótulos da Reichsgraf von Kesselstatt, que produz vinhos há sete séculos, em um total de 36 hectares (12 hectares em cada um dos três importantes vales da região do Mosel: Mosel, Saar e Ruwer).
https://www.vindame.com.br/rk-riesling.html
Num nível mais seco, tem esse outro aqui:
https://www.vindame.com.br/rk-riesling-trocken.html

Garimpo: R$50 a R$ 160

19 de Agosto de 2020

Semana passada. Uma mensagem na caixa de emails. Má notícia. A alta do euro nas últimas semanas fará com que novos reajustes venham por aí, já que os preços estavam calculados com um euro a R$ 5,75 e a moeda agora está acima dos R$ 6,30. Algumas importadoras que ofereciam garrafas abaixo de R$ 80 já estão com gôndolas vazias nessa seleção. Garimpar garrafas de bom custo benefício tem virado um passatempo árduo, embora a seleção de bons rótulos esteja cada vez maior.

Feita a introdução, vamos a um passeio por algumas opções de brancos, tintos, espumantes e vinhos de sobremesa.

Galeria Empresa 4

Abaixo de R$ 70,00

Pizzato
A linha da vinícola gaúcha é tiro certeiro. São vinhos corretos, frutados e bons para o dia a dia, sejam brancos, tintos, rosés ou espumantes. Podem ser comprados em supermercados ou em sites. Vale procurar quem vende por preço mais baixo.

Adolfo Lona

A primeira vez que me deparei com um espumante de Adolfo foi no saudoso e mítico Locanda della Mimosa, do grande Danio Braga. Era oferecido nos brunchs e cafés da manhã de quem por lá se hospedava. Adolfo e Danio são amigos de longa data. Argentino, Lona veio para o Brasil na década de 1970 trabalhar com as multinacionais que começavam a investir no terroir gaúcho. Ficou por lá. Produz bons espumantes, talvez os melhores do Brasil. Diego representa os vinhos em SP: 11.95133.4000 diego_graciano@hormail.com


De R$ 71 a R$ 120

Bordeaux Château Cleyrac 2016 Por R$ 90, esse é um bordeaux de dia a dia. Um corte de 40% Merlot, 30% Cabernet Sauvignon, 30% Cabernet Franc. Na https://www.tastevin.com.br/
Vale a pena dar uma olhada na seleção de ótimos vinhos que a importadora traz: destaque também aos Macons do Domaine Eloy, abaixo de R$ 120.

Beaujolais rosé Les Griottes, 2017. Existe beaujolais tinto, branco e rosé. Quem vinifica é o Domaines Chermette, novo nome do de Domaine du Vissoux. Os franceses consideram esse um dos melhores produtores da região, tem duas estrelas no guia da revista de vinhos da França, que se desmancha nos elogios. (https://www.larvf.com/,domaine-du-vissoux,10448,400964.asp). Toda a gama é boa e o preço é um trunfo. Quando vejo um Beaujolais de R$ 400, miro num Bourgogne.
Na https://www.wines4u.com.br


Anjou Blanc 2019 (Domaine de Mihoudy) – Esse chenin blanc de videiras de 25 anos vem de uma das regiões mais famosas do Loire. Fácil de beber. O rosé também é uma boa pedida. Na uvavinhos.com.br . Por R$ 99,00.

Ventoux Château Pesquié Édition 1912M 2017 – Uma das maiores propriedades do Ventoux, Château Pesquié faz vinhos acessíveis e gostosos. Bons para churrascos descompromissados. Aqui vai um corte de Grenache 70%, Syrah 30%, por R$ 105 na Nova Fazendinha. https://www.novavinhos.com/

Domaine du Bouscat Caduce – Robert Parker é um fã desse chateau que produz um ótimo bordeaux de dia a dia, ótimo para pratos de carne, como um escalope ao molho de shitake. Por R$ 118 a safra 2017 na https://www.delacroixvinhos.com.br/

Muros antigos 2018, Anselmo Mendes – Um dos melhores produtores de vinhos brancos de Portugal. Seu vinho de entrada é uma delícia. Não erra.
https://www.decanter.com.br/

De R$ 121 a R$ 160

Marjosse – Vira e mexe, a World Wine faz promoção do Château Marjosse em branco e tinto. Na última, a garrafa saía a R$ 139. Assinatura de Pierre Lurton em um vinho de comprar de caixa. Sou fã de carteirinha, principalmente, do branco, excelente para aperitivar ou para início de uma bela refeição. Um dos meus favoritos abaixo dos R$ 250.

Unilitro Costa Toscana IGT, 2018 – O nome chama a atenção ao fato de que aqui você está com uma garrafa de tamanho inusitado: 1 litro. Um corte de alicante nero, alicante bouschet e carignano. Fácil de beber, gastronômico, bom parceiro de molhos vermelhos. Por R$ 155 na https://www.wines4u.com.br/produtores/ampeleia/unlitro-costa-toscana-igt-2018-ampeleia-100-cl.html

2014 Gutswein Knyphausen – Esse kit, de R$ 299 reais, vem com 3 garrafas do mesmo vinho. A vinícola Baron Knyphausen foi criada originalmente em 1141 por frades do monastério Eberbach. Rieslings alemães com a águia no rótulo e esse preço não podem passar em branco. Na https://www.vindame.com.br/kit-03-gf-2014-gutswein-knyphausen.html

Blanquette Antech Réserve Brut, 2017 – O Domaine Antech se dedica há seis gerações à produção de vinhos espumantes em Limoux, um dos mais privilegiados terroirs franceses para espumantes fora da Champagne. Na http://www.delacroixvinhos.com.br

Facetas da Sauvignon Blanc

5 de Julho de 2020

Na metade da década de 1980, a Nova Zelândia ganhou destaque nas cartas de vinhos e nas gôndolas de importadoras. Uma das forças por trás desse sucesso foi a uva sauvignon blanc, que no terroir dos hobbits enseja um vinho com personalidade bastante frutada, com aromas de frutas (maracujá ou de limão), acidez marcante.

Bem distinto da escola francesa. Ao contrário da variedade plantada na França, que atinge seu ápice no Loire nas mãos de Didier Dagueneau, esse é um vinho expansivo, frutado, que vai bem com ceviche ou saladas em que o queijo de cabra dá um toque mais ácido.

Estilo mineral, o Loire

No centro do Loire, as apelações Sancerre e Pouilly-Fumé se destacam num clima mais continental com a uva Sauvignon Blanc, que adquire características difíceis de reprodução em outro terroir do mundo e que a colocam em um mundo à parte dos rótulos frutados do Novo Mundo. Aqui o solo dá as cartas e a mineralidade é expressa ao máximo. Os dois vinhos são muito frescos e minerais, mas Pouilly-Fumé costuma ser mais incisivo sobretudo por boa parte da área possuir solos de Sílex e do tipo Kimmeridgiano, o mesmo solo de Chablis.

São vinhos próximos ao estilo Chablis, minerais e cortantes, acompanhando peixes e frutos do mar in natura como sashimi e ostras frescas. O ápice é Didier Dagueneau e seu Silex, importados pela casa Flora. Dagueneau morreu há alguns anos em um acidente de ultraleve, a vinícola agora é comandada por seu filho, Benjamim, um dos mais talentosos vinicultores do Loire, notadamente da apelação Pouilly-Fumé, que seu pai fazia questão de nominá-la Blanc Fumé de Pouilly.

A cuvée Silex faz menção a um dos famosos terroirs da apelação com solo pedregoso de nome homônimo. A safra 2004, bebida há três anos, ainda tinha muita vida pela frente, com mineralidade extremamente elegante. A tensão, a grande marca dos grandes brancos, está em cada gole. Aqui no Brasil dois outros produtores fazem bons vinhos nesse estilo: Alphonse Mellot, cujos sancerres vêm pela Cellar (www.cellarvinhos.com.br), e Vacheron, vindo pela Clarets (www.clarets.com.br).

vacheron taças zalto

O estilo mineral na América do Sul

É difícil reproduzir este estilo mundo afora, pois as questões de solo e clima são muito específicas. No entanto, algumas versões alcançam sucesso, mesmo parcialmente. É o caso da linha Terrunyo da Concha y Toro no Chile. Este Sauvignon por estar próximo ao oceano Pacifico, região de Casablanca, partilha de um clima bastante frio, além de um sub-solo granítico. Seu perfil mostra mineralidade, grande acidez e fruta mais contida de características cítricas. Em relação ao original, mostra-se um pouco mais encorpado e menos austero.

Estilo Bordeaux

Embora os Bordeaux clássicos envolvam duas uvas, sabidamente Sauvignon Blanc e Sémillon, às vezes com pitadas de Muscadelle, a técnica de elaboração em cantina, além do clima mais ameno em relação ao Loire, molda vinhos mais macios e com toques elegantes da barrica, quando bem feitos. Para aqueles que queiram comprovar este estilo de um Bordeaux 100% Sauvignon Blanc, fato raro, e ainda por cima de custo modesto, basta provar o consistente Chateau Reynon do saudoso mestre Denis Dubourdieu, um dos maiores enólogos bordaleses das últimas gerações. Importadora Casa Flora (www.casaflora.com.br).

Neste caso, embora não haja interferência de barricas, o vinho é protegido até seu engarrafamento em tanques com contato sur lies (com as leveduras) entre cinco e oito meses. Este procedimento confere textura agradável em boca com certa maciez, sem perder o importante frescor da casta. Além disso, o vinho ganha complexidade aromática tendo normalmente uma nota chamada cat´s pee (pipi de gato), bem típica e bem particular desta uva.

Por esta nota de frescor e textura delicada, este estilo de vinho acompanha bem peixes e carnes brancas com molhos delicados, levemente acídulos e/ou gordurosos como beurre blanc, por exemplo. Molhos que envolvam maracujá ou carambola também são apropriados para o vinho.

Cloudy Bay Marlborough Chardonnay

Estilo Tropical

Este é o estilo forjado pela Nova Zelândia quando nos anos 80, Marlbourough (região nordeste da Ilha Sul) mostrou ao mundo um novo estilo de Sauvignon Blanc com o incrível Cloudy Bay.  O clima deste cenário é o ponto chave do sucesso com grande amplitude térmica, ou seja, dias ensolarados e noites frias. Ao mesmo tempo que o vinho mostra um frutado tropical exuberante (o clássico maracujá), sua acidez, seu frescor, é algo notável e fundamental ao equilíbrio do vinho. Uma boa indicação é o Sauvignon Blanc Jackson Estate, trazido pela importadora Premium (www.premiumwines.com.br).

Pratos de sabores mais ricos com toques agridoces, ensopados de peixes como moquecas, sobretudo a capixaba, risotos de camarões com aspargos, por exemplo, são boas indicações para este estilo de vinho.

Estilo Chardonnay

Pode parecer estranho, mas um Sauvignon Blanc com estágio em barricas marcando um estilo amadeirado, lembra o clássico Chardonnay com madeira. Neste caso, a técnica de vinificação e amadurecimento sobrepuja a individualidade da fruta. Este estilo americano criado na Califórnia ficou conhecido como Fume Blanc. As notas tostadas, de baunilha, especiarias, são bem marcadas. O vinho ganha corpo e estrutura com passagem pela barrica. O comentário de uma pessoa degustando este tipo de vinho foi compara-lo a um Meursault, apelação francesa famosa da Côte de Beaune. Eu não chegaria a tanto, embora haja Meursaults e Meursaults …

Um bom exemplo deste estilo de vinho é o chileno Amayna Barrel Fermented trazido pela Mistral (www.mistral.com.br). Como harmonização, valem as mesmas sugestões de um Chardonnay com madeira. Carnes brancas como aves, peixes e frutos do mar com molhos cremosos.

Pères Chartreux: La Tarragone du Siècle

13 de Novembro de 2014

Dos vários licores clássicos, o licor francês “Chartreuse” é conhecido e apreciado mundialmente. Fabricado por monges da ordem de Chartreux na região do Rhône-Alpes, margem esquerda do rio Rhône na altura da cidade de Vienne. Nascido em 1605 como “Elixir de Longa Vida”, foi comercializado em farmácias como um tônico. A partir de seu sucesso, desenvolveu-se uma fórmula que se tornaria uma espécie de digestivo, sendo que em 1764 é lançado o chamado Chartreuse Verte, denominado licor da saúde.

Devido à revolução francesa, a fabricação do licor é interrompida em 1793 e só é retomada em 1838 na versão chamada Jaune, num estilo adocicado. Segue-se também uma versão Blanche. Expulsa da França em 1903, a ordem de Chartreux instala uma destilaria na Espanha, região da Catalunha, mais especificamente em Tarragone. Mantendo a mesma fórmula, a única mudança é a menção em garrafa “Liqueur frabriquée à Tarragone par les Pères Chartreux”. Após desavenças com o governo francês, a marca é recuperada em 1929 com uma destilaria em Marselha sob o nome “Tarragone”. Continuando a saga, terminada a segunda guerra mundial, o governo francês reconhece este patrimônio e é recuperada as antigas instalações de origem numa cidade próxima chamada Voiron. A partir de 1989, o licor é produzido neste lugarejo francês com exclusividade.

 

Garrafa número 46

Hoje em dia, a receita é preparada por dois monges do monastério de Grande-Chartreuse utilizando plantas e ervas. Esta receita não é conhecida por mais de três monges. A complexidade da mesma envolve cento e trinta plantas que posteriormente são maceradas em aguardente vínica. São ainda acrescentados mel e xarope de açúcar. Posteriormente, os licores nas versões Verte e Jaune são amadurecidos em toneis de carvalho russo e húngaro. Mais recentemente, o carvalho procede da nobre floresta francesa de Allier. As respectivas cores verde e amarela provêm de colorantes naturais que são a clorofila e o açafrão, respectivamente.

Os licores verde e amarelo (Verte et Jaune) apresentam as seguintes diferenças: o verde tem teor alcoólico mais acentuado (55º) e é elaborado com cento e trinta plantas onde a clorofila se impõe pela cor. Já o amarelo tem a mesma composição em proporções diferentes com o açafrão determinando a cor final. Seu teor alcoólico é mais brando (40º), além da doçura e textura macia serem mais acentuadas. O chamado Chartreuse Blanche é elaborado com menos plantas sem nenhum colorante natural. Seu sabor apresenta uma doçura acentuada e seu teor alcoólico atualmente baixou de 43º para 37º.

Caixa lacrada em madeira

Apesar de haver várias edições especiais deste licor, não há dúvida que a mais exclusiva é a da foto acima, degustado com amigos dentre os quais, um entusiasta de Chartreuse, o amigo João Camargo que nos apresentou este tesouro. São apenas 512 garrafas produzidas com dez safras de exceção desde 1906 até 1980 (1906, 1910, 1920, 1930, 1948, 1951, 1961, 1967, 1973, 1980). Resume bem o melhor da bebida produzida no século passado. Muito bem equilibrado, doçura na medida certa e uma maciez notável. Sua persistência aromática é expansiva e quase interminável. Grande fecho de refeição.

Vinho Sem Segredo na Band

10 de Março de 2014

A todos que seguem Vinho Sem Segredo, uma novidade! Estaremos na Rádio Bandeirantes a partir desta terça-feira, dia 11 de março, com dois boletins, um pela manhã e outro à tarde. Serão exibidos sempre às terças e quintas-feiras nos programas Manhã Bandeirantes (a partir das 10:00 hs) e no Jornal em Três Tempos (a partir das 15:00 hs).

Nesta segunda-feira, dia 10 de março, estarei no Jornal em Três Tempos, comentando a estreia desta nova coluna. Paralelo a este fato, Vinho Sem Segredo continuará em sua missão escrita, proporcionando aos leitores artigos sérios sobre a matéria com total isenção, liberdade, sempre numa linguagem simples e objetiva, acessível aos vários perfis de seguidores.

Agradeço mais uma vez ao apoio de todos vocês que prestigiam Vinho Sem Segredo, combustível e incentivo para muito mais artigos e informações a serviço do nosso vinho de cada dia em suas inúmeras formas de manifestação.

Os números de 2011

8 de Janeiro de 2012

Caros amigos e leitores,

Mais uma vez só tenho a agradecer o carinho e atenção para com os artigos deste blog. Vinho Sem Segredo conquistou números expressivos em 2011, mostrando que estamos no caminho certo. A meta em dez anos é publicar cerca de mil artigos envolvendo vinhos, enogastronomia e todos os prazeres da boa mesa.

A conduta é a mesma. Publicar artigos técnicos confiáveis, fruto de pesquisa e conhecimento acumulado ao longo dos anos, sem interferências comerciais ou tendenciosas. Conto com vocês para tornar este blog uma fonte segura de consulta aos apaixonados por enogastronomia, profissionais e estudantes da área. Tudo gratuitamente na web por esta plataforma de grande performance chamada WordPress, a quem também deixo meus agradecimentos.

Cliquem abaixo no resumo, e Feliz Ano Novo a todos!

Os duendes de estatísticas do WordPress.com prepararam um relatório para o ano de 2011 deste blog.

Aqui está um excerto:

The concert hall at the Sydney Opera House holds 2,700 people. This blog was viewed about 43.000 times in 2011. If it were a concert at Sydney Opera House, it would take about 16 sold-out performances for that many people to see it.

Clique aqui para ver o relatório completo

Coquetéis para o verão

4 de Janeiro de 2012

Nem só de vinho vive o homem. Às vezes, gostamos de variar as bebidas, embora possam conter vinho ou derivados. É o caso de três coquetéis clássicos, segundo o site oficial da Associação de Bartenders Internacional (IBA) – www.iba-world.com .

Bellini: Criado no lendário Harry´s Bar

Este drinque é elaborado com uma parte de popa de pêssego (o suco nem sempre é possível) e duas partes de prosecco. Coloca-se o suco na flûte e em seguido gentilmente o prosecco. Mexa levemente, apenas para homogeneizar. Podemos variar a proporção original, o tipo de espumante, bem como o pêssego por outras frutas. Evidentemente, não será mais o clássico Bellini.

Spritz: muitas variações

Mais um drink com prosecco difundido em toda a região nordeste da Itália. Pode ser vinho branco ou espumante, um pouco de água tônica ou água com gás e um bitter como Aperol ou Campari. Este da foto é o Spritz Veneziano, catalogado na Associação Internacional. São quatro partes de Aperol, seis de prosecco, gelo, um pouquinho de água com gás antes de uma fatia fina de laranja.

Por último, o clássico Negroni, mistura balanceada de gim inglês, vermouth italiano e Campari. Muito refrescante no verão, podendo inclusive acompanhar bem charutos num after dinner. A sequência de vinhos durante a refeição não atrapalhará em nada a apreciação deste drink antes ou depois da mesma.

Panorama da Vitivinicultura Brasileira

28 de Abril de 2011

O Brasil ainda é um país incipiente no mundo do vinho, quaisquer que sejam os números, parâmetros e índices. Não conseguimos fugir muito do consumo anual de dois litros per capita. Embora nosso progresso nos últimos anos seja inegável, o vinho brasileiro é proporcionalmente caro frente aos importados, notadamente, nossos vizinhos (Chile e Argentina).

No panorama atual, a situação tende a se agravar, já que o dólar encontra-se num consistente e gradual processo de queda. Para piorar, os impostos do vinho nacional tão reclamado por nossos produtores, como tudo no Brasil, tendem a aumentar.

Dados recentes fornecidos peal Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura) mostram números que muita gente não faz idéia:

Produção de uvas no Brasil em toneladas (dados de 2010)

Rio Grande do Sul ………………………………….. 692.692

São Paulo ……………………………………………. 177.538

Pernambuco ………………………………………… 168.225

Paraná ……………………………………………….  101.900

Bahia ………………………………………………….   78.283

Santa Catarina ……………………………………..    66.214

Minas Gerais ………………………………………….  10.590

Brasil ========================     1.295.442

Neste total estão inclusas uvas viníferas e não viníferas, bem como, uvas destinadas à produção de vinhos, consumo in natura, suco de uva e derivados.

Deste mesmo total, 737.554 toneladas (57%) são destinadas ao consumo in natura, ou seja, uvas de mesa. Veja que o vinho no país da cerveja, já começa ficar em segundo plano.

Agora vamos falar de vinhos finos no Brasil. Fino na legislação brasileira, quer dizer que o vinho é elaborado com uvas viníferas, e não que ele seja elegante e de grande categoria. Pode até ser, mas não é essa a idéia.

Como o estado do Rio Grande do Sul responde por cerca de 90% da produção de vinhos e suco do uva do Brasil, segue abaixo um panorama da situação gaúcha em 2010 (produção em litros):

Vinhos de mesa …………………………………….. 195.267.979

Vinho fino ……………………………………………… 24.805.713

Suco de uva ………………………………………….  143.080.684

Portanto, ainda somos o país do suco de uva e do vinho de garrafão, ou seja, de uvas não viníferas.

A briga entre o vinho fino brasileiro e os importados continua bastante desigual em termos de consumo interno. Veja os dados de 2010 em litros:

Chile ……………………………………………………… 26.441.596

Argentina ……………………………………………….  16.965.446

Itália ……………………………………………………..  11.922.944

Portugal …………………………………………………… 8.001.006

França …………………………………………………….. 2.801.073

Espanha …………………………………………………… 1.622.322

Uruguai ……………………………………………………. 1.248.667

Outros países ……………………………………………. 2.006.783

Total de importados =================== 71.009.837

Os vinhos finos brasileiros participam com 20% do mercado, perfazendo um total de 18.288.055 litros. Somente Chile e Argentina respondem por cerca de 60% do nosso mercado de consumo.

Os números acima não levam em conta champagnes e espumantes. Neste cenário, o vinho nacional consegue inverter a situação com 75% do mercado em 2010 (em litros):

Espumantes brasileiros ………………………………. 12.573.114

Importados ……………………………………………….. 4.314.253

Esses números mostram a consolidação do espumante nacional em nosso mercado, com consistência de qualidade e preços relativamente competitivos. Além de nosso terroir ser propício a este tipo de vinho, nossas cantinas estão muito bem equipadas para elaboração de espumantes, sobretudo pelos métodos Charmat e do tipo Asti espumante com a uva Moscatel.

Se na cantina (vinificação) não devemos nada aos principais países vinícolas, no campo (viticultura) há um longo caminho a percorrer. Trocar o manejo do vinhedo de latada para espaldeira, visando um rendimento menor por hectare, menos chances de doenças e um amadurecimento da uvas mais eficiente, é um dos grandes desafios do setor. É uma mudança lenta, necessária e que ainda demorará algumas gerações.

 

O Vinho e as Mulheres

7 de Março de 2011

A percepção do vinho sob a ótica feminina na CBN, Blog Milton Jung:

http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/platb/miltonjung/2011/03/05/as-mulheres-e-o-vinho/


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