Archive for Fevereiro, 2014

California Wine Regions: Parte III

27 de Fevereiro de 2014

Ainda dentro da Costa Norte, vamos abordar em detalhes o condado de Sonoma com vinte e quatro mil hectares de vinhas em treze AVAs. Dentre as principais uvas francesas, Chardonnay e Pinot Noir destacam-se no cenário. O mapa abaixo mostra as principais AVAs:

Sonoma: AVAs famosas como Russian River e Alexander Valley

Sonoma County conta com 24000 hectares de vinhas, sendo 29% Chardonnay, 22% Cabernet Sauvginon, 18% Pinot Noir, 14% Merlot, 9% Zinfandel e 4% Sauvignon Blanc e 4% outras. As quatro maiores AVAs de Sonoma County são: Russian River, Alexander Valley, Dry Creek e Sonoma Valley, as quais serão comentadas a seguir.

Russian River

Se há um lugar onde os vinhos elaborados com Pinot Noir se aproximam da Borgonha, este lugar é Russian River, sobretudo pelos produtores Rochioli e Williams Selyem. A influência da neblina marítima contribui muito para as condições climáticas ideais (relativamente frias) quanto ao cultivo da Pinot Noir. Os brancos à base de Chardonnay também costumam ser bastante elegantes. Em resumo, pode ser considerada a Borgonha da Califórnia com as devidas ressalvas.

Alexander Valley

Região mais quente que Russian River, com belos exemplares de Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnays maduros, Zinfandel (a típica casta norte-americana) e Sauvignon Blanc. O Cabernet da vinícola Silver Oak é um dos destaques da região.

Dry Creek Valley

Pensar em tomar um grande Zinfandel de vinhas velhas é pensar no terroir de Dry Creek Valley. São vinhos concentrados, cheios de sabor e belos companheiros com pratos de caça guarnecidos com molhos de frutas vermelhas. Os Cabernets encorpados também são destaques. 

Sonoma Valley

Esta é a região limítrofe com Napa Valley separada pela cadeia de Montanhas Mayacamas. Seu clima é relativamente frio com chuvas moderadas. A boa influência fria de Los Carneros, imediatamente ao sul do vale, fornece condições para belos Chardonnays bem equilibrados.

Dispersão da neblina pela famosa ponte

O esquema acima mostra a entrada do nevoeiro pela Golden Gate, invadindo as baías de San Francisco e San Pablo. Esta última, porta de entrada para a AVA Los Carneros. A foto abaixo ilusta o esquema.

Golden Gate: fenda estratégica para o famoso nevoeiro

Los Carneros

Além das quatro AVAs citadas, não poderíamos deixar de falar em Los Carneros, AVA importante que divide-se entre Sonoma e Napa Valley defronte à Baía da San Pablo. A influência direta de todo o nevoeiro do Pacífico provoca um clima relativamente frio, muito propício ao cultivo das cepas Chardonnay e Pinot Noir. O Chardonnay se sai melhor, quase sempre com uma acidez destacada. Já a Pinot Noir, apesar de bons exemplares, não tem o mesmo nível de Russian River.

Com isso, finalizamos os principais pontos da Costa Norte, partindo no próximo artigo para a Costa Central, imediatamente ao sul de São Francisco.

California Wine Regions: Parte II

24 de Fevereiro de 2014

Tendo como base nosso mapa abaixo, vamos explorar a nobre sub-região de North Coast, abrigando os excepcionais condados de Sonoma e Napa Valley. A região de Napa foi esmiuçada numa série de artigos neste mesmo blog intitulada Napa Valley (Partes I, II, III e IV).

North Coast: influência oceânica

Ampliando um pouco o mapa da Costa Norte californiana, observamos os condados de Mendocino e Lake no esquema abaixo. Evidentemente, os mesmos não têm a notoriedade de Sonoma e Napa, mas elaboram vinhos bem feitos em suas especialidades.

Mendocino e Lake: sem as brisas do Pacífico

Lake County

São três mil e duzentos hectares de vinhas distribuídos em cinco AVAs (Benmore Valley, Clear Lake, Guenoc Valley, High Valley e Red Hills Lake County). Clear Lake, o maior lago da Califórnia é fator moderador de temperatura, mantendo noites frias e arrefecendo o forte calor no verão. Sauvignon Blanc na AVA homônima é um dos destaques da região. As AVAs High Valley e Red Hills produzem bons tintos à base de Cabernet Sauvignon, Zinfandel e Merlot em altas colinas de solos vulcânicos.

Anderson Valley e a famosa neblina (fog)

Mendocino County

São dez AVAs distribuídas em pouco mais de seis mil hectares de vinhas. Região protegida da influência do Pacífico por uma cadeia de montanhas que podem chegar a novecentos metros de altitude. Exceto sua AVA mais famosa, Anderson Valley, é capaz de sugar as brisas frias do Pacífico através do rio Navarro, fazendo deste local um destaque para a Pinot Noir, castas brancas como Gewurztraminer e Riesling, além de bons vinhos-bases na elaboração de espumantes. Não é à toa que Maison Roederer (Cristal) tem raízes neste vale. A vinícola Eike Vineyards é uma bela referência para Pinot Noir.

Bons tintos baseados em Cabernet Sauvignon e Zinfandel vêm da AVA Redwood Valley. A parcial influência marítima prolonga a estação de amadurecimento das uvas, gerando vinhos finos e complexos.

Terroir da costa californiana

Nos condados de Sonoma e Napa é fundamental a compreensão do terroir acima, mostrando a influência benéfica e refrescante das neblinas que adentram pelo continente. De fato, a fria corrente marítima da Califórnia provoca ventos gelados na faixa litorânea. Os mesmos em contato com o ar quente do continente formam as famosas neblinas. Qualquer fenda no continente é capaz de sugar o nevoeiro, refrescando as vinhas e promovendo notável amplitude térmica. Em Sonoma, o rio Russian (Russian River) é uma das fendas importantes. Entretanto, a mais destacada encontra-se na baía de San Pablo através do ponte Golden Gate. Por esta fenda, a neblina inunda a famosa AVA de Los Carneros e propaga-se pelos condados de Sonoma e Napa, dissipando seus efeitos ao longo do continente.

Continuamos no próximo artigo com Sonoma County.

California Wine Regions: Parte I

20 de Fevereiro de 2014

Iremos falar de vinhos americanos a partir deste artigo, explorando os vinhos californianos. A razão é muito simples, noventa porcento dos vinhos produzidos neste país vêm deste estado localizado na costa oeste, junto ao Pacífico. Como os Estados Unidos são o quarto maior produtor de vinhos do mundo, a Califórnia sozinha produz mais que qualquer país do chamado Novo Mundo. Vejam alguns números recentes abaixo:

  • 3.540 vinícolas
  • 543.000 acres (aproximadamente 220.000 hectares de vinhas)
  • US$ 19,9 bilhões de dólares (vendas nos Estados Unidos)
  • 211,9 milhões de caixas de 12 garrafas (vendas nos Estados Unidos)
  • US$ 1,39 bilhões de dólares (exportações)
  • 51 milhões de caixas de 12 garrafas (exportações)

O mapa abaixo mostra as principais sub-regiões da Califórnia, seu relevo montanhoso e a proximidade do Pacífico. O chamado Vale Central é o maior responsável pelos números acima. Evidentemente, a qualidade fica em segundo plano.

Os  badalados condados de Sonoma e Napa na Costa Norte

No mapa abaixo, mais alguns condados famosos como Santa Bárbara e Santa Ynes no sul da Costa Central. O Pacífico banha cerca de mil e trezentos quilômetros de costa californiana desde o Oregon a norte, até o México, ao sul. Cada uma destas sub-regiões é dividida em condados (county), e estes por sua vez, são divididos em AVAs (American Viticultural Areas), uma espécie de Denominação de Origem européia. Atualmente, são cento e onze AVAs em todo o estado.

Califórnia e os estados limítrofes 

http://mappery.com/maps/California-Wine-Map.jpg

Clique no endereço acima e vejas detalhes de todas as AVAs nos vários condados californianos.

O esquema abaixo mostra aspectos do terroir californiano sob a influência do oceano, sobretudo nas sub-regiões da costa. A alta temperatura e a insolação no continente chocam-se com as brisas frias do oceano nesta região, formando as famosas neblinas à noite, que serão dissipadas no dia seguinte, à medida em que sol volta a brilhar forte.

Próxima parada: Costa Norte (North Coast) com os condados de Lake, Los Carneros, Mendocino, Sonoma e Napa Valley. Seus badalados vinhos fazem a fama deste grande estado.

Riesling: Alsácia x Alemanha

17 de Fevereiro de 2014

A nobre Riesling coleciona cada vez mais admiradores pelo mundo. Quem já provou, costuma virar fã. Quem ainda não provou, dificilmente decepciona-se. O grande problema é que esta casta exige condições muito específicas de terroir. Sendo assim, além da Alemanha, seu país de origem, praticamente só a região francesa da Alsácia (Alsace), limítrofe com a Alemanha, pode fazer um embate à altura. E para realizar uma degustação às cegas tecnicamente viável, é primordial equalizar os níveis de açúcar residual dos vinhos em questão.

Alsace: quase integrada aos vinhedos alemães

No mapa acima, percebemos a latitude do vinhedo alsaciano claramente mais baixa em comparação aos vinhedos alemães. Somado a este fator, o bloqueio de chuvas pela cadeia montanhosa dos Vosges a oeste, garantem dias ensolarados na Alsácia, sobretudo na época de maturação das uvas. Via de regra, as safras alsacianas são muito mais consistentes que as safras germânicas.

Os brancos alsacianos costumam ser secos e com bons níveis de álcool (normalmente entre 12 e 14ºC). Uma minoria encontra-se nas categorias VT (Vendage Tardive) e a rara SGN (Sélection de Grains Nobles), conferindo destacados níveis de açúcar residual. 

Marcel Deiss: Filósofo do terroir alsaciano

Do lado alemão, os estilos são muito mais diversos e sútis em termos de açúcar residual. Temos o clássico estilo que vem perdendo terreno ao longo do tempo denominado lieblich (meio doce em alemão), onde os chamados vinhos de predicado (QmP) exibem as denominações Kabinett, Spätlese e Auslese, por exemplo. Esse estilo é facilmente reconhecível, pois o açúcar é evidente e o vinho apresenta um corpo mais leve.

Robert Weil: Produtor de elite do Rheingau

Portanto, para um degustação de real confronto, é necessário que busquemos nos rótulos alemães a palavra Trocken (seco em alemão). Dependendo do nível de acidez deste tipo de vinho, podemos ter até nove gramas de açúcar residual por litro. Sabemos que a alta acidez mascara a sensação de doçura, haja vista os champagnes que mostram níveis de açúcares residuais nominalmente altos para o estilo Brut, por exemplo. Eventualmente, podemos admitir um estilo Halbtrocken (meio seco), se for muito bem escolhido, respeitando o balanço entre acidez e açúcar residual.

Os dois rótulos acima, Alsace e Alemanha, respectivamente, são importados pela Mistral (www.mistral.com.br). Belos exemplares para a inspiração de um grande painel de provas. Provavelmente, não há perdedores.

Sorvete e Vinho

13 de Fevereiro de 2014

Em verões quentes como o nosso, não há quem não tenha pelo menos pensado em consumir sorvetes em profusão, embora seja um produto calórico. Ao contrário de países europeus onde o consumo per capita anual de sorvetes é muito maior que o brasileiro, só nos lembramos deles quando a temperatura aumenta. Neste contexto, existe harmonização entre sorvete e vinho? É o que veremos a seguir.

O sorvete é um daqueles ingredientes ditos ardilosos, ou seja, de difícil harmonização. O maior problema está na baixa temperatura do produto, deixando as papilas gustativas anestesiadas. Com isso, a percepção dos sabores do vinho fica prejudicada. Portanto, para combater este efeito da temperatura, normalmente buscamos vinhos mais alcoólicos, preferencialmente os fortificados (Porto, Jerez, Madeira, Moscatel de Setúbal, entre outros). Se aliarmos a textura cremosa dos sorvetes à base de leite, podemos ter resultados satisfatórios.

Sorvetes de massa

Seguindo este raciocínio, podemos indicar como boas harmonizações os sorvetes de creme, baunilha, ameixa e banana, com o Jerez Pedro Ximenez, ou também aqueles produzidos em Málaga, região próxima a Jerez, todas no sul da Espanha. As texturas do sorvete e vinho acomodam-se bem, embora haja um certo predomínio do vinho. Os sabores sim, complementam-se e fundem-se agradavelmente. Já os sorvetes de massa à base de frutas vermelhas e escuras (mirtillo, framboesa, amora, cereja, entre outras) podem ir bem com Portos de estilo Ruby, caminhando até o LBV (Late Bottled Vintage). Outra alternativa clássica seria o fortificado francês, Banyuls, elaborado com a uva Grenache. Aliás, este vinho como também o Porto, acompanham bem os sorvetes à base de chocolate.

Bela harmonização com Porto

Sorvetes que envolvam  calda de caramelo ou adição de frutas secas (amêndoas, caju, avelãs, …) podem ser acompanhados por Porto do estilo Tawny e vinhos da Madeira, preferencialmente Boal ou melhor ainda, Malmsey. Outro fortificado português de grande prestígio é o Moscatel de Setúbal, que apresenta doçura suficiente para esta harmonização. Se houver um toque cítrico e confitado no sorvete, lembrando os belos doces mineiros (casca de laranja, cidra ou limão), estes Moscateis são imbatíveis.

Vinhos da Madeira e bananas: harmonização clássica

Agora abordando um outro campo, para os sorvetes à base de frutas que não envolvam leite em sua elaboração, podemos partir para vinhos mais delicados. No campo dos cítricos e de ervas frescas como o manjericão, por exemplo, os moscateis mais leves como o Moscato d´Asti podem fazer boa parceria. É bem verdade, que falta um pouco de corpo para estes vinhos, mas a união de sabores na harmonização é bastante satisfatória. Esta falta de corpo pode ser compensada com certos Late Harvests (colheita tardia) mais delicados. O Concha Y Toro Late Harvest do vale de Maule é um bom exemplo (VCT Brasil – fone: 3132-9180). Vinhos delicados do vale do Loire como Vouvray Moelleux com a uva Chenin Blanc ou vinhos alemães do Mosel com graduação de açúcar suficiente para o sorvete podem ser boas alternativas. Uma boa indicação são as expressões nos rótulos alemães: Spätlese ou Auslese, na ordem crescente de doçura.

De resto, é só curtir o verão!

Sekt Sparkling Wine

10 de Fevereiro de 2014

Um dos destaques da vinicultura alemã é a maciça produção de vinhos espumantes denominados Sekt. Dentre os cinco maiores grupos de espumantes no mundo, três são alemães, juntamente com os poderosos LVMH (França) e Freixenet (Espanha). O trio de ferro é formado pelas empresas  Henkell & Söhnlein Sektkekkereien (detêm 37% do mercado alemão de espumantes), Rotkäppchen-Mumm Sektkellereien (20% do mercado), e Sektkellereie Scholss Wachenheim (20% do mercado). Nos anos 90 a produção alemã chegou a passar de quinhentos milhões de garrafas por ano, perfazendo um consumo per capita de mais de cinco litros, conforme tabela abaixo:

Atualmente consumo per capita de 3,9 litros

A definição de Sekt é baseada numa espumatização de qualidade. Já os espumantes gaseificados artificialmente são denominados Schaumwein. Mais de noventa por cento da produção de Sekt é elaborada pelo método Charmat ou método de tanque. Uma minoria passa pelo método tradicional, com a tomada de espuma na própria garrafa. Também a grande maioria do Sekt produzido na Alemanha parte de vinhos-base de outros países, notadamente a Itália, Espanha e França. Os Sekts de origem alemã, portanto mais autênticos, são denominados Deutscher Sekt. Os mais categorizados partem das uvas Riesling, Pinot Blanc, Pinot Gris e Pinot Noir.

O nome Sekt vem do latim Siccus (seco ou dry) e foi adotado na Alemanha no século XIX devido à proibição do termo champagne fora de sua região de origem na França. Aliás, originalmente a grafia era com C e não com K (Sect). Como os padrões de vinho alemão são quase inteiramente idênticos na Áustria, existem também Sekts austríacos.

O chamado Deutscher Sekt com uvas de origem alemã podem exprimir características diversas, conforme a composição das uvas. Por exemplo, a Riesling fornece acidez e longevidade ao espumante, a Silvaner é relativamente neutra, a Weissburgunder (Pinot Blanc) fornece corpo e um certo toque floral, a Gewürztraminer fornece bouquet muito pronunciado, e a Spätburgunder (Pinot Noir) é utilizada na elaboração dos rosés.

Rheingau: região confiável para Sekts de qualidade

Atualmente no Brasil, a importadora Decanter (www.decanter.com.br) apresenta uma bela seleção de vinhos alemães, paixão de seu proprietário Adolar Hermann. Dentre os vinhos, há um bom exemplar de Sekt: Franz Künstler (produtor do Rheingau) com um Sekt Brut somente com a uva Riesling.

Pratos de Verão: Lulas Recheadas

3 de Fevereiro de 2014

Dando prosseguimento aos pratos de verão, vamos harmonizar a receita da foto abaixo, Lulas Recheadas com Shimeji. Um prato simples de executar, muito apropriado para dias e noites quentes do verão brasileiro. Para começar, refogue o shimeji numa frigideira com manteiga sem sal. Após o mesmo perder quase toda a água, junte cebolinha picada, saquê e shoyu, e rofogue por mais dez minutos. Em seguida, você pode processar este recheio num mix, formando uma pasta. Se preferir, deixe o refogado do jeito que está.

Prato rico em proteínas

Em seguida, recheie as lulas com esta mistura, feche-as com palitos e refogue-as na frigideira com manteiga sem sal. Adicione o saquê, o shoyu e um pouco de Ajinomoto, reduzindo este molho para uma consistência agradável. Corte as lulas em rodelas e sirva-as com um acompanhamento neutro de sua preferência (arroz, purê de batata, etc …). A receita completa passo a passo está no endereço abaixo:

http://epoca.globo.com/regional/sp/comida-e-bebida/noticia/2013/11/aprenda-fazer-blula-recheada-com-shimejib.html

Para a harmonização, precisaremos de um vinho branco ou rosé, pois o shoyu, muito presente na receita, provocará o clássico choque tanino x sal, provocando adstringência e amargor desagradáveis no caso da escolha por um tinto. Tanto é verdade, que a manteiga utilizada na receita deve ser sem sal para um melhor equilíbrio. A textura do prato predominante é macia com leve rigidez da lula. Se a receita for executada com o recheio sem o processador, a maciez do conjunto diminui. Portanto, precisamos de um vinho de certa maciez sem abrir mão de uma ótima acidez. Esta acidez é fundamental para combater o sal da receita (shoyu) e casar com o toque de maresia da lula, principalmente se houver mineralidade no vinho.

Uma ótima opção para esta época do ano seria um belo espumante elaborado pelo método tradicional. Pode ser um nacional, um bom Cava, um bom Crémant ou evidentemente um Champagne. Digo método tradicional, pois os aromas advindos deste tipo de elaboração (contato relativamente prolongado com as borras, ou seja, sur lies) casam perfeitamente com os aromas e sabores do cogumelo. Contudo, é importante dosarmos bem este envelhecimento, pois espumantes com longa permanência sur lies ganham muita maciez e fortes aromas redutores. Penso que um contato de dois a três anos é  mais que suficiente. Que tal um bom Cava Reserva? ele alia as condições acima citadas com muito frescor e boa mineralidade. 

Outras possibilidades podem ser testadas. Um bom Savennières do vale do Loire (França), branco de excepcional acidez e mineralidade com a uva Chenin Blanc, pode funcionar bem, sobretudo se houver um certo envelhecimento, proporcionando toques amendoados que também casam a contento com os cogumelos. Um Vouvray espumante, outro branco de grande categoria do Loire elaborado com a mesma cepa (Chenin Blanc), é uma boa opção. Por que não um branco bordalês? desde que haja um certo equilíbrio entre as uvas Sauvignon Blanc (acidez com grande frescor) e Sémillon (estrutura e maciez), a harmonização pode ser perfeita. Neste contexto, o bordalês do mestre Denis Dubourdieu, importado pela Casa Flora (www.casaflora.com.br), é uma bela alternativa, principalmente pelo preço convidativo. Ainda na linha francesa, o Champagne Pol Roger Blanc de Blancs é um tiro certeiro para uma harmonização mais sofisticada. Sua cremosidade, acidez e mineralidade, com um leve toque amanteigado, são requisitos mais que suficientes para este casamento.

Enfim, opções não faltam. A praticidade da receita e as várias possibilidades enogastronômicas podem ser  ingredientes extremamente motivadores para nos aventurarmos na cozinha.


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