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Léoville Las Cases e Alta Gastronomia

11 de Novembro de 2019

A realização de eventos enogastronômicos no Brasil é um fenômeno que foi se firmando pouco a pouco, sobretudo em São Paulo, Capital. Entretanto, unir com maestria os melhores vinhos do planeta e alta gastronomia era tarefa restrita às melhores mesas da Europa e Nova Iorque. A importadora Clarets de São Paulo numa ação pioneira tem mostrado ao longo de vários Wine Dinners com os melhores vinhos franceses sobretudo, que é possível unir comida e vinho no mais alto nível.

Pierre Grafeuille e suas 15 safras

Neste último evento de grande relevância do ano, um almoço muito especial foi realizado com perfeição e sincronismo no emblemático restaurante Fasano, unindo alta gastronomia do Chef Luca Gozzani e as melhores safras do pós-guerra do prestigiadíssimo Chateau Léoville Las Cases, importado pela Clarets. Uma brigada extremamente selecionada de sommeliers e garçons num serviço impecável de precisão e sequência, foi devidamente treinada a servir com perfeição 50 convidados ao mesmo tempo com pratos e vinhos respectivos a cada flight prescrito no menu. Uma verdadeira orquestra!

os bastidores do almoço

O carismático Manoel Beato como Mestre de Cerimônia e a presença ilustre de Monsieur Pierre Graffeuille, CEO do grupo Delon, completaram a perfeita sinfonia.

Chateau Léoville Las Cases é tratado como super deuxième, além do maior e mais regular entre os três Léovilles (temos ainda o Barton e Poyferré). Referência absoluta na comuna de Saint-Julien, disputa a maior reputação deste terroir com o Chateau Ducru-Beaucaillou, embora de estilos totalmente opostos.

a recepção com Blanc de Blancs e todos os flights identificados

Chateau Léoville Las Cases tem um estilo clássico do Médoc com certa austeridade na juventude, mas com um enorme poder de longevidade. Parte destas características se explica pela vizinhança do grande Chateau Latour, fazendo a divisa entre comunas, Pauillac e Saint-Julien. Neste sentido, parte do terreno do “Gran  Enclos”, coração do terroir do Chateau Latour, invade as terras de Léoville, desfrutando parcialmente deste terroir diferenciado. Terreno pedregoso e de excelente drenagem.

A recepção começou com o ótimo champagne Philipponnat Blanc de Blancs Extra-brut 2008 acompanhando alguns canapés como waffle de foie gras e croquetta de porco e mostarda. Um champagne leve e muito delicado que passou nove anos sur lies antes do dégorgement. Apresentava incrível frescor e uma juventude surpreendente. Mousse delicada um final seco e harmonioso. Fotos acima.

img_6951o flight dos vigorosos

Neste primeiro flight,  todo o vigor da juventude com vinhos em tenra idade. A safra 2013, uma safra difícil, era o mais acessível. Corpo médio, aromas delicados e uma estrutura que permite o vinho evoluir mais cedo. Mais alguns anos e já estará muito agradável. Já o 2015, um verdadeiro mamute. Uma concentração impressionante de frutas e taninos em profusão. Percebe-se seu extrato pela longa persistência aromática. Este é para esquecer na adega. E chega finalmente a primeira safra clássica, o ótimo ano 2010. Um vinho superequilibrado com taninos finos e muito harmônico em boca. Longe de seu apogeu, já percebemos todo seu potencial.

img_6950um flight beirando a perfeição

Chega o flight do almoço, safras praticamente perfeitas. Este Leoville 2000 impressiona pela juventude. Um vinho que não mostra a idade com muita fruta e leves traços terciários. Sua acidez e estrutura tânica permitem um longo amadurecimento em adega com apogue previsto para 2060. O vinho mais impressionante do painel. Já a safra 2005 segue o mesmo caminho da 2010. Um safra clássica de lento desenvolvimento. A pouca evolução mostrada no 2005, assegura que 2010 tem muito tempo pela frente. Por fim 2009, outra safra impressionante. A juventude e a acessibilidade deste vinho mostram muita maciez, muita fruta, e taninos de seda. Tem um grande potencial, mas já é delicioso para ser provado. Todos os componentes nivelados por cima numa safra histórica, 99 pontos.

img_6949um flight prazeroso no momento

Finalmente, chega o primeiro vinho claramente evoluído com seus aromas terciários. A safra 90 encontra-se num ótimo momento para ser provada e não deve ser guardada por muito tempo. Já tem uma borda claramente alaranjada, confirmando no nariz e na boca seus componentes perfeitamente integrados. Já a safra 95 tem aquela sisudez esperada. Um pouco fechado nos aromas e com seus taninos ainda indolentes. É um vinho que merece decantação e muita paciência. Seu par comparativo de 96 tem um perfil oposto. Taninos amigáveis e aromas cativantes ainda com muita fruta. Embora jovem, deve evoluir com competência e se tornar um dos grandes Léovilles da história.

img_6948os belos anos 80!

Chega finalmente o 82, safra mítica em Bordeaux. Este é mais um exemplo que a safra 90 apesar de toda a expectativa de amadurecimento, não chegará no mesmo nível de 82. Este Léoville 82 está prazeroso, com toques de evolução, mas conseguimos sentir que ele tem muito mais vida do que o próprio 90, mostrando a grandeza das chamadas safras históricas. O Leoville 86 mostra toda a austeridade deste ano. Com um perfil semelhante ao 95, mas de estrutura muito mais robusta. Um vinho que impressiona pela idade e pelo potencial que ainda tem pela frente. Muita paciência em adega. Por fim o Leoville 88, muito parecido em prontidão com a safra 90, embora não tenha tanta riqueza e complexidade. De todo modo, um belo Leoville para se apreciar no momento.

img_6947toda a experiência da terceira idade

Um flight maduro coroando essa linda degustação. A safra 61 imortaliza alguns vinhos como o Latour, por exemplo. No caso do Leoville, um vinho plenamente evoluído, sem arestas, e muito prazeroso. Neste trio temos aqueles aromas de caixa de charuto, empireumáticos, notas de chá, toques defumados, couro, confirmando sua nobre evolução. A safra de 70 é surpreendente e chega muito inteira para este Leoville. Sem nenhum sinal de decadência, ela tem equilíbrio, meio de boca, um final bastante prazeroso. Por fim o grande 75, uma das safras mais polêmicas em Bordeaux. E esse fica no time dos bons com um vinho claramente viril e masculino. Taninos firmes, como se espera neste ano, muita concentração, notas de café, e longa persistência aromática. Um final de prova que confirma claramente a longevidade de talvez o maior entre os Saint-Juliens, o Grand Vin de Léoville.

pratos especialmente criados para o evento

Falando agora da comida, o Chef Luca Gozzani se esmerou na elaboração do menu. Acima, temos um ótimo crudo de carne com creme de parmesão e cogumelos. Em seguida, o tutano gratinado com creme de açafrão. Ficou muito bem com o Leoville 2000. Na sequência, o gnocchi de batata recheado com stinco bovino, creme de ovos e panceta. Harmonizou muito bem com o Leoville 1990.

pratos sincronizados a cada flight

Continuando o sacrifício, peito de pato com mil folhas de abóbora e em seguida, polpetonne de cordeiro, sformato de foie gras e creme de pimentões. O peito de pato pela fibrosidade da carne foi muito bem com o Leoville 86, domando seus taninos. Já o Polpetonne foi bem com o último flight, especialmente os Leovilles 70 e 61. Adoçando o final do jantar, um canolo de zuccotto ao pistache, morango confitado e tuile de chocolate.

img_6941-1cloches a postos numa sincronia perfeita

Uma organização impecável, pouco vista no Brasil. Um evento deste porte alcança o sucesso nos mínimos detalhes. Ter um garçon para cada convidado com vinhos e pratos servidos no tempo exato, sem aquela preocupação chata do cliente ficar procurando o garçon por algum detalhe não estar sendo cumprido, não tem preço.

harmonização perfeita

Como toda refeição francesa, os queijos têm papel nobre na alta gastronomia. Uma seleção de queijos brasileiros premiados mundo afora foi divinamente acompanhada pelo espetacular Gewurztraminer SGN (Selection de Grains Nobles) de mestre Zind-Humbrecht, referência absoluta em vinhos alsacianos. O grande sommelier Manoel Beato caprichou nesta seleção, coroando de forma brilhante o final do evento.

Faltam palavras de agradecimentos ao simpático casal, Guilherme Lemes e Keren Marchioro, importadora Clarets. Muitos atenciosos, amáveis, e muito atentos a todos os detalhes do evento. A importadora Clarets firma-se cada vez mais no mercado com vinhos altamente diferenciados a preços sempre competitivos. Os muitos Wine Dinners são a cereja do bolo, confirmando sua distinção e relacionamento diferenciado com seus clientes. Uma grande honra estar presente nestes momentos.

Melhores vinhos de 2019

6 de Novembro de 2019

Ao longo do ano provei muita coisa boa entre vinhos de sonhos, inacessíveis, seja pelo preço, seja pela dificuldade em encontra-los. Paralelamente, provei os vinhos terrenos, mais acessíveis e disponíveis no mercado brasileiro. Com a aproximação do final de ano, ficam algumas dicas para festas, presentes, e mesmo para seu consumo pessoal. São doze indicações, formando uma caixa de 2019 nos mais variados estilos.

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1 – Champagne Agrapart Mineral Extra-Brut Grand Cru 2012

Uma das mais badaladas e reputadas Maisons de Champagne na atualidade, muito bem pontuada nos melhores guias. Este provado e nomeada Cuvée Mineral, já o nome diz tudo. Extremamente mineral, seca, acidez incisiva, um autêntico Blanc de Blancs. Vale experimentar todos os outros champagnes da Casa trazidos com exclusividade pela importadora Juss Millesimes (www.juss-millesimes.com.br).

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2 – Nicolas Joly Coulée de Serrant 2011

Nicolas Joly dispensa comentários. Pai da Biodinâmica e exímio enólogo, faz um dos brancos mais espetaculares de toda a França dentro de Savennières no Vale do Loire com apelação própria Coulée de Serrant, um monopole com sete hectares de vinhas de cultivo esmerado. O vinho com a uva Chenin Blanc precisa ser decantado com horas de antecedência, antes do serviço. Vinho de grande complexidade e persistência aromática. Os outros vinhos de Nicolas Joly são igualmente de grande distinção. Trazidos pela importadora Clarets (www.clarets.com.br).

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 3 – Chateau Le Bon Pasteur 2007

Um Bordeaux relativamente pronto para ser tomado. Um dos clássicos de Pomerol onde a uva Merlot e Cabernet Franc moldam vinhos elegantes e macios. A safra 2007 ajuda na precocidade do vinho com taninos afáveis e aromas já desenvolvidos. Trazido pela importadora Clarets, muitos outros Bordeaux interessantes podem ser apreciados. Uma especialidade da Casa (www.clarets.com.br).

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4 – Chateau Gloria Saint-Julien 2010 

Um dos clássicos Crus Bourgeios de Saint-Julien, embora esta classificação seja um tanto polêmica. De fato, o chateau tem uma consistência muito boa, safra a após safra. Nesta 2010, uma safra clássica de grande longevidade. No momento, precisa ser devidamente decantado, mas já apresenta belos aromas e boa harmonia em boca, embora possa ser adegado por pelo menos mais dez anos. Dá uma boa ideia de um belo Grand Cru Classe. Importadora Mistral (www.mistral.com.br).

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5 – Benjamin Romeo La Viña de Andrés Romeo 2012 

Não é um vinho barato, mas é um baita Tempranillo. Um estilo moderno e extremamente elegante, sem exageros. Uma boa extração de frutas com muito cuidado e sutileza. A madeira empregada é francesa da mais alta qualidade, escolhida pessoalmente por Benjamin Romeo. Boca harmônica e longa persistência aromática. Trazido esse e outros da bodega pela importadora Premium (www.premiumwines.com.br). 

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6 – Porto Quinta do Noval LBV Unfiltered 2012 

Quinta do Noval, Casa de elite no cenário de vinhos do Porto. Esta talvez seja sua maior pechincha. Um LBV não filtrado que tem nível de muitos Vintages por aí. Extrema concentração, pureza de frutas, e muito expansivo em boca. Deve ser obrigatoriamente decantado e pode durar por longos anos em adega. Difícil bate-lo nesta categoria. Trazido pela Adega Alentejana (www.alentejana.com.br).

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7 – Maison Roche de Bellene Chambolle-Musigny Vieilles Vignes 2014 

Por ser um vinho comunal, impressiona muito bem. São vinhas entre 50 e 70 anos na comuna de Chambolle-Musigny. Um tinto robusto de frutas escuras e um toque terroso. Sai um pouco daquela feminilidade de Chambolle, mais muito elegante. Taninos muito finos e destacada persistência aromática. Um belo exemplar da Borgonha. Trazido pela importadora Premium (www.premiumwines.com.br).

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8 – Chateau Calon-Ségur 2009 

Um das safras históricas deste Chateau de Saint-Estèphe com 96 pontos Parker. Baseado em 90% Cabernet Sauvignon, complementado com Merlot e Petit Verdot. O vinho tem uma estrutura magnifica com taninos muito finos e uma bela acidez. Fatores estes que lhe conferem enorme longevidade. Os aromas ainda são um tanto tímidos, mas de muita classe. Uma das melhores pedidas desta bela safra. Importadora Mistral (www.mistral.com.br).

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9 – Casa Marin Pinot Noir Litoral 2013 – Vinci

Como é difícil encontrarmos um Pinot Noir fora da Borgonha. Na zona fria do Vale San Antônio no Chile, Casa Marin elabora algo interessante. Um Pinot Noir com frescor e aromas elegantes desta casta. Madeira bem colocada, vinho ainda jovem, mas com bom poder de fruta e notas defumadas bem mescladas ao conjunto. Bem equilibrado em boca. Uma opção segura e uma das referências na América do Sul. Seu Sauvignon Blanc também é ótimo. Importadora Vinci (www.vinci.com.br). 

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10 – Travaglini Gattinara 2013 – World Wine

Travaglini é um dos destaques na denominação Gattinara do Piemonte. Um Nebbiolo de clima alpino, menos encorpado que os clássicos Barbarescos e Barolos. Contudo, um vinho muito elegante e com toques terciários típicos da casta. Muito equilibrado e com boa persistência aromática. Boa pedida para pratos com trufas. Importadora World Wine (www.worldwine.com.br). 

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11 – Domaine Ferret Pouilly-Fuissé 2011 – Mistral

Domaine Ferret é referência absoluta na apelação Pouilly-Fuissé com vinhos muito equilibrados e de grande classe. Este provado é dos mais simples e já muito bem construído. Suas outras tantas cuvées, uma melhor que a outra. Tem perfil para enfrentar um bom Premier Cru das famosas apelações de Beaune. Sempre um porto seguro. Importadora Mistral (www.mistral.com.br). 

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12 – Zind-Humbrecht Muscat Goldert Grand Cru 2011

Muscat é uma das quatro castas nobres da Alsace, mas é a menos prestigiada. Neste exemplar do ótimo produtor Zind-Humbrecht ela alcança outra dimensão, dificilmente encontrada na maioria dos vinhos concorrentes. Trata-se de um vinhedo Grand Cru de solo calcário, o qual confere extrema elegância e mineralidade ao vinho. Tem um leve açúcar residual muito bem equilibrado por uma acidez vibrante. Seus aromas são típicos da casta, mas com muitas nuances. Vai muito bem com comidas asiáticas com toques agridoces. Importadora Clarets (www.clarets.com.br). 

Sempre que fazemos uma seleção, alguma injustiça, alguma falta, pode ser notada. Alguns outros vinhos poderiam ter entrado nesta caixa, mas os que estão aí são bem diversificados e devidamente testados. Tenho certeza que cada leitor irá em alguns deles ter seu gosto pessoal atendido. Que outros bons vinhos venham em 2020, já batendo em nossa porta!

 

 

Zind-Humbrecht: Joias da Alsace

3 de Julho de 2019

Quando falamos dos melhores produtores da Alsácia, obrigatoriamente Zind-Humbrecht deve estar na lista entre os primeiros. Com vinhedos exclusivos e um Master of Wine como enólogo, Olivier Humbrecht faz vinhos que emocionam e traduzem o terroir de parcelas específicas com as castas mais nobres da região. Foi o que aconteceu numa bela degustação promovida pela Clarets (www.clarets.com.br), uma das importadoras mais sofisticadas da atualidade, sempre com vinhos exclusivos e preços bem competitivos no mercado.

prateleiras de grandes rótulos!

Alguns dos detalhes de importação são as caixas exclusivas de madeira do vinhos Zind-Humbrecht, vindas somente para o Brasil. No painel degustado, as quatro castas nobres foram apresentadas com vinhos de grande classe e variados graus de açúcar residual.

Zind-Humbrecht Riesling Turckheim 2016

2fcb4c28-ae31-4e03-b75d-4e4e9f6cf577um belo vinho de entrada

O Riesling acima é um dos vinhos da linha básica de Zind-Humbrecht, sendo o vinho de entrada da importadora Clarets. É um vinho de alto rendimento para os padrões do Domaine, acima de 60 hectolitros por hectare (hl/ha). O vinhedo vem de um setor de Turckheim chamado Herrenweg de solo pedregoso e clima relativamente quente. Portanto, as uvas aqui têm maturação mais precoce, originando vinhos não tão complexos como aqueles de vinhedos mais específicos. Uma boa dica para não errar na doçura do vinho são índices de 1 a 5 que Zind-Humbrecht coloca no rótulo, de acordo com o açúcar residual. Neste exemplar temos o índice 1, significando ser um estilo seco para padrões alsacianos.

Neste exemplar, percebemos claramente o poder de fruta deste vinho com notas de mel. Marca bem o estilo da Casa com uvas extremamente maduras e equilibradas, dando uma sugestão muito peculiar de doçura e grande pureza de aromas. Vai muito bem com comida chinesa, emblematizada pelos típicos molhos agridoces de textura compatível com o vinho.

Zind-Humbrecht Muscat Goldert Grand Cru 2011

f6e5dc19-e410-441c-b835-2a7f62c3f6f7Muscat de alta classe

Aqui começamos a ter vinhedos mais específicos como este Grand Cru de Gueberschwihr chamado Goldert. Terroir de origem calcária em meio à argila em altitudes entre 250 e 350 metros, promovendo uma maturação tardia nas uvas. Temos neste exemplar 90% de Muscat Petits Grains e 10% Muscat Ottonel que exigem plena maturação. Um vinho com 6,5 g/l de açúcar residual, ainda no nível 1. Um branco extremamente delicado e elegante, qualidades difíceis de se atingir num Moscatel seco. Os aromas vão desde um cítrico delicado como lima, passando por ervas refrescantes como manjericão, notas de menta e de chá de camomila. Muito equilibrado em boca com final levemente off-dry. Vai muito bem com comida asiática envolvendo por exemplo, camarões e aspargos.

Zind-Humbrecht Pinot Gris Rangen de Thann Clos Saint Urban Grand Cru 2014

0443fb75-4d03-477b-92c0-9457614468acgrande personalidade

Um dos mais famosos terroirs, Clos Saint Urban vem de um solo vulcânico de altitudes entre 350 e 450 metros em terreno de forte declividade e ótima exposição solar. São apenas 2,7 hectares para a Pinot Gris de vinhas velhas plantadas em 1963 com rendimentos muito baixos de 25 hl/ha. Vinho de grande concentração e poder com 15,5° graus de álcool bem equilibrados. Um branco macio, ainda no índice 1 de doçura, e de longa persistência. Pode enfrentar pratos consistentes como pato, ganso, e receitas com postas de bacalhau. Um vinho altamente gastronômico que merece ser decantado por pelo menos uma hora.

Zind-Humbrecht Riesling Clos Windsbuhl 2014

649a13d6-b149-4f87-94e2-d795bf23a889grande mineralidade

Outro vinhedo notável alsaciano, Clos Windsbuhl dispensa comentários. Um terroir fortemente calcário em altitude de 350 metros com inclinações que podem chegar a 40%. A idade média das vinhas de 40 anos aporta rendimentos de 35 hl/ha. Um branco com 10 g/l de açúcar residual ainda no índice 1, mostra-se o mais seco e o mais mineral do painel. Uma acidez absurda com os toques característicos da Riesling de petrolato. Um branco que enfrenta muito bem pratos defumados como embutidos e salmão e molhos mais picantes. Outro branco que merece decantação.

Zind-Humbrecht Pinot Gris Clos Jebsal Vendange Tardive 2016

img_6260doçura agradável 

Outro terroir histórico da Alsácia, Clos Jebsal de apenas 1,3 hectares de vinhas plantadas em 1983 num terreno de argila e gesso com boa exposição solar e proteção dos ventos do norte. Nesta safra apresenta um rendimento de 45 hl/ha, gerando um vinho de Vendange Tardive com 49 g/l de açúcar residual. A doçura é perfeitamente equilibrada pela acidez num vinho elegante com toques florais, pêssegos, e de talco. Sua doçura e textura delicadas são perfeitas para acompanhar patês de caça, inclusive o foie gras alsaciano. 

Zind-Humbrecht Gewurztraminer Hengst SGN Grand Cru 2008

1aa56fcd-a5fa-48c4-9b3d-68c7b522fec8intensidade e concentração sublimes

Mais um vinhedo Grand Cru, da região de Wintzenheim, Hengst tem solos argilo-calcários de fosseis marinhos com vinhas de 47 anos e rendimentos de apenas 17 hl/ha. Neste exemplar de doçura sublime (166 g/l de açúcar residual), a ação da Botrytis se faz presente com toques de mel, flores e uma lichia bem elegante, fugindo daqueles Gewurzs comuns e sem classe. Nesta categoria máxima de maturação de uvas, Selection de Grains Nobles (SGN), a acidez, intensidade, e persistência aromática são notáveis, num final que lembra os grandes Sauternes. Evidentemente, é um grande companheiro de queijos azuis e mais especificamente do poderoso Munster.

Os preços que variam de 200 a pouco mais de 600 reais por garrafa podem ser consultados no site da importadora que por sua vez, tem uma politica de preços bem convidativa para clientes com forte fidelização. Vale a pena conferir.

Agradecimentos a toda equipe Clarets através do Anderson, Marcelo e demais integrantes, além do casal extremamente simpático e acolhedor, Guilherme Lemes e Keren Marchioro. Que venham outras tantas degustações de grandes rótulos!

 

Masterchef Profissionais 2018

13 de Dezembro de 2018

Como de costume, sempre na final Masterchef, Vinho Sem Segredo dá seus palpites de harmonização para os menus dos finalistas. Embora bastante polêmico, é um programa de grande audiência, nos dando a oportunidade de comentar sobre harmonizações.

Nesta última edição, Rafael Gomes sagrou-se campeão com uma cozinha e um menu mais clássico, utilizando alguns ingredientes brasileiros nas receitas. Já Willian Peters, partiu para uma cozinha extremamente ousada, cujo resultado é sempre de alto risco. A escolha do vencedor invariavelmente tem  um lado de subjetividade e gosto pessoal.

Para ser democrático e ao mesmo tempo não estender todas as harmonização para um número de pratos exagerados, vamos nos ater a uma entrada, um prato principal, e uma sobremesa, de cada um dos finalistas. Assim teremos a mescla do classicismo e ousadia.

 

Entradas

masterchef 2018 carpaccio vieirasCarpaccio de Vieiras com Rabanete Melancia e Creme de Caviar

Aqui temos o lado da maresia das vieiras e sabor marcante de caviar. O creme de leite e o mel tentam contrabalançar a acidez do limão. O rabanete e a quinoa dão certa crocância ao prato.

O vinho escolhido é um Champagne Barnault Blanc de Noirs Brut Grand Cru. Ele tem força para os sabores do caviar, textura cremosa e mineralidade para as vieiras, além de fruta para o lado agridoce do molho. Champange encontrado na importadora Decanter. http://www.decanter.com.br

masterchef 2018 tom yum e leite de cocoTom Yum Laksa servido no coco com Foie Gras de Avocato

Aqui uma entrada bastante exótica com ingredientes e sabores instigantes. O sabor do coco está presente na água de coco, no leite de coco, e no polpa do próprio coco servido. Os sabores de maresia estão nos camarões e no ouriço. O toque tailandês está no molho quente servido dentro do coco que tem notas picantes e agridoces bem balanceados, advindos da pasta de tom yum.

Para um prato tão exótico, um vinho de certo exotismo também. Um Pinot Gris alsaciano do excelente produtor Zind-Humbrecht. Ele tem estrutura e presença para o prato com toques de frutas exóticas e certo off-dry no final de boca. Sua mineralidade e frescor equilibram os demais sabores do prato, inclusive o toque de coco. Este produtor é importado pela Clarets, embora não especificamente este vinho no momento. http://www.clarets.com.br

 

Pratos Principais

masterchef 2018 pato laqueado e pure de cenoura.jpgPato Laqueado com Melho de Cenoura e Cevadinha

Um prato clássico com o toque do creme de cenoura e mascarpone. O sabor de mel é bem sutil, balanceado pela pimenta e especiarias. O ponto do pato deve ser perfeito com muita suculência. Esse tipo de carne pede vinhos com boa estrutura tânica, mas ao mesmo tempo, com muita elegância e aromas delicados. Um Côte-Rôtie já de certa evolução seria perfeito. Um dos La, La, Las, de Guigal, a glória. O ótimo produtor Rostaing também tem belos exemplares. Esses vinhos são importados pela Belle Cave. http://www.bellecave.com.br

masterchef 2018 polvo ao romesco.jpgPolvo ao Romesco de Tinta de Lula com Purê de Batata-Doce e Crocante

O polvo deve estar cozido no ponto e bem macio. O molho romesco tem origem na Catalunha para acompanhar peixes. É um molho que envolve amêndoas, avelãs, alho assado, tomates, pimentas, e pão seco. Todos esses ingredientes são processados e emulsionados em azeite e vinagre ou vinho branco. Além do sabor do polvo, o prato mistura sabores agridoces e apimentados.

Com um certo toque espanhol de ousadia, este prato merece um Tondonia Reserva Blanco. Um Rioja tradicional elaborado com a casta Viura, majoritariamente. Tem uma passagem prolongada na vinícola, tanto em madeira, como em garrafa. Um branco com alma de tinto, capaz de envolver todos os sabores do prato. Tem frutas exóticas no aroma, toques elegantes de madeira, e um belo frescor. Importado pela Vinci com estoques limitados. http://www.vinci.com.br

 

Sobremesas

masterchef 2018 tangerina e espuma de mel.jpgTangerina e Espuma de Mel de Cacau com Bolo de Castanha do Pará

A sobremesa campeã com ingredientes como mel, açafrão, castanha do pará, tangerina, e textura cremosa, merece um grande Sauternes. Somente atenção para que não seja um Sauternes muito evoluído. O lado da fruta mais vibrante faz a ponte com os toques cítricos da tangerina. Para aqueles que Yquem é apenas um sonho, uma bela pedida é o Chateau Haut-Bergeron da importadora Cellar, sempre confiável e de preços atraentes. http://www.cellar-af.com.br 

masterchef 2018 kimchi, morangos e ruibarbo.jpgKimchi com Morangos e Ruibarbo com Creme de Chocolate Branco

Talvez o mais exótico dos pratos de Willian Peters nesta final, esta sobremesa é realmente desafiadora. O kimchi é um tempero coreano a base de hortaliças que se deixa fermentar. Tem sabores picantes e agridoces bastante exóticos. Os morangos e ruibarbo são marinados no kimchi. É feito um creme inglês adicionado ao kimchi e chocolate branco com mais alguns temperos. A sobremesa é relativamente leve e com pouca doçura, mas uma diversidade de sabores intensa onde a acidez e picância são relevantes. 

Para esse cenário, vamos de icewine (canadense) ou eiswein (a versão original alemã). É um vinho raro de extrema acidez e açúcar comedido. Seus aromas delicados e de grande personalidade vão bem com os morangos e ruibarbo, além de equilibrar bem o molho e o creme. Esses vinhos são menos difíceis de serem encontrados no exterior. Por aqui, quando se acha, custa um fortuna. Em todo caso, a importadora Vindame, tem uma boa e diversificada seleção de vinhos alemães. http://www.vindame.com.br

Já quase encerrando o ano, além das harmonizações, fica mais algumas sugestões de vinhos para as festas, inclusive para presentear.

A DOCG Aldo Conterno

1 de Junho de 2018

No reputado terroir de Barolo, um clássico DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita) do Piemonte, existe um Barolo à parte de nome Aldo Conterno, especialmente sua cuvée especial, Granbussia. Com vinhas localizadas em Monforte d´Alba, Granbussia nasce da mescla das vinhas Romirasco (70%), Cicala (15%) e Colonnello (15%), somente nas grandes safras.

e9959437-0890-4434-8296-db257fb448aca cúpula reunida em Magnum 

As vinhas Romirasco, espinha dorsal do blend, são plantadas em solo argilo-calcário rico em ferro, um dos terroirs mais austeros para Barolos de grande longevidade. A idade das vinhas gira entre 50 e 55 anos.

As vinhas Cicala e Colonnello complementam o blend, onde Cicala confere mais músculo, mais potência ao vinho, enquando Colonnello fornece certa delicadeza, finesse ao conjunto.

Normalmente, um Granbussia passa cerca de três anos em botti (toneis grandes) e mais seis anos em garrafa, antes de ser liberado ao mercado. A herança de Aldo Conterno é de manter a tradição dos grandes Barolos sem perder de vista a dosada modernidade que o tempo exige. Percebe-se em seus vinhos, a austeridade e estrutura de seus grandes Barolos, mas ao mesmo tempo, uma fruta bem presente, taninos bem trabalhados, e um equilíbrio somente encontrado nos grandes vinhos.

onze anos sur lies

Num belo almoço realizado na Fazenda Sertão, o champagne acima, um Dom Pérignon Oenothéque 1995, abriu os trabalhos. Ele equivale atualmente à nomenclatura P2, conhecida também como segunda plenitude. Trata-se de um envelhecimento prolongado sobre as borras (sur lies) antes do dégorgement. Um champagne complexo, muito fresco, mesclando aromas de brioche, frutas tropicais, e fino tostado. O contato sur lies conserva as borbulhas e uma intensa mousse de maneira admirável, além de conferir uma textura macia ao conjunto. Acompanhou bem ovos levemente cozidos com gema mole e caviar.

harmonização de delicadeza

Para manter o alto nível das borbulhas, em seguida foi servido um champagne Cristal safra 2005. Já com toques envelhecidos, mas com incrível frescor, a maciez e as notas adocicadas do Cristal deram as mãos para um prato de vieiras levemente chapeadas com manteiga e ervas. Aí sim, já estávamos prontos para os Barolos …

img_4703Angelo Gaja não podia faltar

Já estava esquecendo de Angelo Gaja, imperdoável. Um dos melhores brancos italianos, se não for o melhor. De estilo francês e extrema elegância, esse Chardonnay prima pelo equilíbrio e acabamento fantásticos. Embora já com mais de dez anos, seu frescor é incrível. As vinhas de Gaia & Rey localizam-se em Treiso, região do Barbaresco, em solo calcário com 3,6 hectares de área, plantadas em 1979. A fermentação ocorre com leveduras naturais e o vinho amadurece num mix de barricas francesas por seis a oito meses. O resultado é um branco de fruta delicada com perfeita conjunção com a madeira. Esta no nível dos bons Puligny-Montrachet da Borgonha. 

img_4711diferentes momentos de evolução

O trio acima deu o pontapé inicial. O mais antigo, safra 1985, já estava no seu limite de evolução. Não foi das grandes safras deste ícone, mas manteve a classe de sempre. Seus aromas alcatroados e de chocolate escuro (cacau) imperavam num conjunto harmonioso. Não tinha grande persistência, mas seu equilíbrio e final de boca bem acabado eram notáveis.

Agora o 99 e 2005 eram vinhos de grande estrutura em momentos diferentes de evolução. O 99 tinha taninos extremamente finos e lindos toques de alcaçuz. Um Barolo de alta costura. Já o 2005, um tanto arredio, inquieto, próprio de sua juventude. Melhorou muito na taça, necessitando de decantação. Será certamente, um dos grandes Granbussia nas próximas décadas.

img_4712o ponto alto da degustação

Aqui, o ponto alto da degustação. O Granbussia 1989 é considerado pelo Gambero Rosso, o melhor Granbussia de toda a história. De fato, quando fizeram este vinho, jogaram a fórmula fora. Sua juventude se equipara ao 99 degustado acima. Um fresco, uma riqueza de fruta, taninos de rara textura para um Barolo. Enfim, uma maravilha. 

Já o 1990, outro grande vinho, ficou um pouco prejudicado com a comparação, além de uma garrafa de evolução um pouco avançada. De todo modo, outro Barolo de destaque. Taninos finos, aromas terciários bem delineados, e um final marcante e etéreo. Estávamos neste momento, no auge dos pratos e dos vinhos.

img_4713irmãos de estilos diferentes

Briga de titãs e dois gênios do Piemonte, os dois irmãos Aldo e Giacomo Conterno. O Granbussia 1988 é um monstro de vinho ainda não totalmente pronto. Muita estrutura, camadas de taninos, mas uma finesse que só Angelo Gaja consegue nessas terras. Monfortino é a personificação da mais austera tradição piemontese, cheio de virilidade, tensão, uma acidez incrível, e uma montanha de taninos. Seu processo de construção passa por longa maceração na vinificação e longo envelhecimento em botti (grandes toneis). O resultado é um Barolo indestrutível. Embate sem vencedores, a despeito do gosto pessoal que deve ser sempre respeitado.

pratos de resistência

Para enfrentas essas feras, um menu reforçado se fez necessário. Entre vários pratos como Rabada, cabrito, polenta, lasanha, a foto acima, ilustra uma polenta com molho de calabresa e um cabrito com batatas. Aqui se separam os homens dos meninos …

img_4714Alsace em alto nível

Para celar este magnifico almoço, somente um vinho exótico, de presença marcante, como o Vendange Tardive do excepcional produtor alsaciano Zind-Humbrecht. No caso, um Pinot Gris do vinhedo Heimbourg safra 1994. Este é um dos melhores vinhedos de Zind-Humbrecht com ótima exposição solar e grande declividade. Na parte alta do vinhedo de solo pedregoso e de natureza argilo-calcária são somente 1,6 hectare de vinhas da cepa Pinot Gris com baixíssimos rendimentos (menos de 20 hl/ha). O amadurecimento das uvas é lento e de grande concentração. Um vinho de ótima textura em boca e um equilíbrio fantástico entre açúcar e acidez. As notas delicadas de frutas brancas maduras, de flores e de mel, são notáveis. Um final de tarde delicioso!

Mais uma vez, os agradecimentos a todos os confrades, em especial ao nosso Maestro, que proporcionaram esse encontro com vinhos tão distintos e de safras maiúsculas. Depois deste banquete nababesco, é hora de temperança, já pensando nas próximas orgias. Saúde a todos!

Final MasterChef: Harmonização

6 de Dezembro de 2017

Como de costume, toda a final MasterChef, Vinho Sem Segredo tenta harmonizar alguns vinhos com os pratos propostos pelos finalistas, desta feita, profissionais.

A diversidade de pratos foi imensa num menu com quatro entradas, quatro pratos principais e quatro sobremesas. Achei um pouco de exagero ter quatro sobremesas e tempo de execução de apenas uma hora para cada finalista. Enfim, vamos às harmonizações.

Imaginando um menu desses para oito pessoas, são mais que suficientes dois vinhos de entrada, dois vinhos para os pratos principais, e duas meias garrafas para os vinhos de sobremesa. Portanto, as sugestões de vinhos serão por duplas de pratos, supondo uma situação real sem exageros.

Entradas

mexilhão à esquerda e linguiça de camarão à direita

Nada melhor que iniciar uma refeição com um Riesling da Alsace, sobretudo se for um Zind-Humbrecht da importadora Clarets (www.clarets.com.br). Esse Riesling costuma ter um off-dry bem balanceado por uma bela acidez, certa textura em boca, além de toques cítricos, minerais, e florais. Os aromas marinhos e a gordura do creme de leite são bem contrastadas pela mineralidade e acidez do vinho. A riqueza de sabores de ambos os pratos encontra eco nos múltiplos sabores e aromas do vinho. O toque de bacon e a fritura nesta linguiça de camarão são bem criativas. Um harmonização que mantem a boca fresca para a sequência de pratos.

foie gras com abóbora e nhoque de calda de ameixa

Nesta sequência de entradas, os sabores se intensificam e se tornam bem exóticos. Aqui precisamos um vinho de caráter e personalidade. Um distinto Amontillado da região de Jerez pode ser uma bela surpresa. Se for da bodega Lustau, melhor ainda. A sugestão é o Amontillado Los Arcos, importado pela Ravin (www.ravin.com.br). Esse vinho apresenta sabores interessantes com o foie gras grelhado e abóbora cabotiá ao forno. A calda de ameixa com temperos e especiarias, quase um consomé, encontra eco nos sabores multifacetados do vinho com frutas secas, especiarias e toques empireumáticos. A preparação do fígado de galinha que é incorporado no nhoque, conta com redução de vinho do Porto e conhaque, o que aumenta a ligação com o vinho em questão.

Pratos Principais – peixes

truta no vapor e robalo grelhado

Os sabores dos dois pratos são delicados, sobretudo no robalo onde as três versões de couve-flor são apresentadas (purê, picles delicado, e assado). Temos ainda o pistache na composição. Na truta ao forno, temos um recheio de pralina com castanha de caju. O peixe é coberto com lâminas de pupunha e folhas de capiçoba, uma planta típica de Minas Gerais. Para todos esses sabores pouco comuns, a sugestão é Hermitage branco, vinho pouco conhecido com as uvas Marsanne e Roussanne. Costuma ser um vinho que valoriza as harmonizações por ser pouco invasivo. Normalmente, não se percebe a madeira, além de envelhecer muito bem. Não tenha medo de compra-lo com alguns anos de garrafa. Seus aromas evocam frutas e flores delicadas, um fundo de mel, e com o tempo, toques minerais e de frutas secas. Certamente, irá realçar os sabores da couve-flor e no caso da truta, um prato de sabores relativamente mais marcantes, tem mineralidade para o peixe e sintonia com a castanha de caju. Existem belos exemplares na importadora Mistral (www.mistral.com.br). Um vinho também da própria mistral como alternativa, é o Domaine Ferret em várias versões de Pouilly-Fuissé. Um vinho delicado e de muita mineralidade.

Pratos Principais – carnes

costeleta de vitela à esquerda e língua à direita

Novamente, carnes delicadas e molhos de alto refinamento. Com essas características, poucas opções fora da Borgonha. Poderia ser até um branco da região, mas vamos colocar um tinto. Aliás, o único do menu. Da principais comunas da Côte d´Or, escolheria um Volnay pela delicadeza e preços não tão abusivos. Num mundo ideal, Domaine Lafarge, não encontrado no Brasil. Voltamos então à Mistral com boas opções. Como sugestão um De Montille 1º Cru Les Champans 2009 na promoção. Esse vinho tem a delicadeza para as carnes propostas, para o morilles, um champignon fino com toques terrosos. Todos os outros sabores de ervas, especiarias e pistache, têm sintonia com o vinho. Harmonização de sutilezas.

Sobremesas – frutas frescas

sorvete de goiaba à esquerda e abacaxi com mascarpone

Aqui o primeiro par de sobremesas com frutas frescas, certa intensidade de sabores e alguma cremosidade. O vinho indicado é um Sainte-Croix-du-Mont, apelação satélite de Sauternes, elaborado com as mesmas uvas botrytisadas. É uma versão mais leve e menos untuosa. Vai bem com as frutas, a cremosidade do mascarpone, os queijo canastra e requeijão, a farofa de castanha, o chocolate branco, e o molho cítrico do abacaxi. Este é um exemplar da importadora Decanter (www.decanter.com.br). Chama-se Chateau de Tours.

Sobremesas – chocolate e café

sorvete de pão com telha de café – mousse de chocolate amargo com caju

Aqui temos sobremesas ricas e de sabores marcantes. A telha de café, o chocolate amargo, o sorvete de pão, leite e manteiga, espuma de caramelo e doce de leite, caju em calda, e espuma de cachaça. Todos esses sabores, texturas, doçuras e gorduras, pedem um belo Madeira Malmsey 10 ou 15 anos, encontrado na Adega Alentejana do produtor H.M. Borges (www.alentejana.com.br). A acidez, a doçura, os toques empireumáticos, cítricos, de especiarias e baunilha, são elementos suficientes para uma boa harmonização. Para quem for mais curioso, tem um raro Carcavelos na mesma importadora. Elaborado nos arredores de Lisboa, é um vinho fortificado quase em extinção. Vale a pena prova-lo como alternativa.

As receitas em detalhes encontram-se no site do MasterChef Profissionais na Uol. Antes que alguém venha comentar sobre a idoneidade do programa, este artigo visa pura e simplesmente um exercício de enogastronomia. Não tenho nenhuma relação com o programa, apenas acompanho como telespectador.

Os finalistas foram os competentes Chefs Francisco Pinheiro e o jovem Pablo Oazen, vencedor da grande final. Em cada foto acima, um duelo entre os dois. Foram testados ao limite. Parabéns!

Clarets, Clube do Vinho

17 de Julho de 2017

Não é de hoje que existem vários clubes de vinho divulgados por todo o Brasil. Normalmente, determinada importadora seleciona alguns vinhos que serão postados aos clientes cadastrados no grupo, acompanhados de informações e histórias sobre os mesmos. Não deixa de ser um bom canal de divulgação, atrelado ao conhecimento da bebida. Até aqui, nenhuma novidade. Agora, que tal ter como mentor deste clube, o sommelier Manoel Beato?. Eis o diferencial!.

clarets clube do vinho

informações: vídeo QR Code, catálogo anexo, e contrarrótulo na garrafa

Manoel Beato, companheiro de mesa e copo, é indiscutivelmente o melhor sommelier do Brasil em atividade. Eu digo aquele sommelier de salão, na essência da profissão. São mais de trinta anos em atividade no grupo Fasano, uma experiência que não tem preço. Eu sei que tem gente boa na praça trabalhando, se formando, mas todos eles ainda tem que comer muito arroz e feijão para chegar perto deste profissional de alto gabarito. Bom, vou parar por aqui, se não o artigo vai perder seu objetivo …

clarets taças

taças adequadas a cada tipo de vinho

Voltando ao tema, vamos falar da importadora de vinhos Clarets. Se você está cansado de comprar vinho por aí pagando um preço alto e muitas vezes se decepcionando, Clarets pode ser um bom porto seguro. Os vinhos selecionados por esta importadora são reconhecidos mundialmente e portanto, verdadeiras referências em suas respectivas denominações de origem. Estou falando de vinhos de Velho Continente, sobretudo os franceses. Contudo, Itália, Portugal e Espanha, têm seu espaço. A ideia é comprar grandes lotes desses vinhos e oferecer ao consumidor final preços bem competitivos dentro do mercado brasileiro.

clarets zind humbrecht riesling

produtor diferenciado

Só para dar um exemplo, compre o Riesling Zind-Humbrecht 2015 por 199 reais. Se você não conhece os vinhos alsacianos, este é um excelente começo. Produtor de alta reputação com vinhos muito peculiares, imprimindo seu estilo inconfundível. Fazendo uma comparação, quantos Chardonnays sem muita graça inundam o mercado com preços entre 120 e 140 reais?. Portanto, saia da casinha!

 informações no contrarrótulo

Agora entrando no assunto de vez, vamos falar da primeira caixa Clarets do Clube do Vinho, sempre com três vinhos, selecionados por Manoel Beato. O preço aparentemente caro, 990 reais a caixa, já se torna uma piada de cara. Senão vejamos, um dos vinhos. Chateau Haut-Bages Liberal 1995, um dos bordaleses classificados em 1855 com mais de 20 anos de idade. Só este vinho já vale a caixa. Ter a oportunidade de provar um Bordeaux deste nível já com seus aromas terciários é uma experiência pra lá de gratificante. Se quiser guardar, sem problemas. O vinho está em plena forma.

clarets saint chinian

sul da França bem lapidado

Saindo deste tremendo clássico, vamos a uma apelação de descoberta para muitos, Saint-Chinian no Languedoc, sul da França. Um tinto que traz toda a tipicidade da região, agregando métodos modernos de cultivo e vinificação. Um vinho macio, de muita fruta, bela presença em boca, um finalzinho agradavelmente selvagem regido pela Carignan, uva local de certa rusticidade, formando o blend com suas parceiras, Mourvèdre e Grenache. Vale a experiência num vinho surpreendente.

clarets hautes cotes de nuits

apelação em maiores altitudes na Côte de Nuits

No último vinho, temos um Borgonha tinto das redondezas de apelações mais sofisticadas da Côte d´Or, Hautes Côtes de Nuits 2012 do produtor Jayer-Gilles. O vinho tem estilo moderno, ainda faltando uma melhor integração com a barrica. Entretanto, pode ser muito convidativo para aquelas pessoas acostumadas com vinhos do Novo Mundo que desejem entrar no sofisticado mundo borgonhês. Com um pouco de aeração, digamos 30 minutos, o vinho fica bem mais equilibrado aromaticamente, sendo bom parceiro para pratos de aves e molhos mais elaborados de redução.

Mais dois vinhos exclusivos da Clarets, um Gevrey-Chambertin e um Condrieu de tirar o fôlego, mostram o cuidado na seleção e na pesquisa de belos produtores. Maiores informações sobre seu portfolio: http://www.clarets.com.br

clarets gevrey-chambertin

Sylvie Esmonin Gevrey-Chambertin 2014

Toda a categoria desta apelação da Côte de Nuits, Gevrey-Chambertin, com nove Grands Crus cadastrados. Neste de apelação comunal safra 2014, fruta típica dos grandes tintos desta comuna com cerejas escuras, toques florais, e ervas finas em profusão. O trabalho de barrica é muito bem feito, dando o suporte exato ao vinho. Equilibrado, fresco, taninos bem trabalhados, e final muito agradável. É um Borgonha que alia virilidade e elegância. Ganhou muito com a aeração.

clarets condrieu

Domaine Georges Vernay Condrieu Les Terrasses de L´Empire 2014

Um branco fora da curva. O produtor Georges Vernay é referência absoluta na apelação Condrieu, protagonizando a uva Viognier. Neste exemplar de cor palha dourada de certa opacidade, mostra a pouca manipulação deste vinho. Os aromas foram abrindo pouco a pouco com notas de pêssegos, damasco, mel resinoso, e um toque floral. A boca é densa, macia, mas ao mesmo tempo, fresca, vibrante. O final é muito equilibrado e longo. É imperativo decanta-lo por pelo menos uma hora e servi-lo não tão gelado. Digamos em torno de 14° de temperatura. Vai muito bem com queijos densos e de certa cura como Reblochon ou Pont L´Eveque, por exemplo.

Enfim, uma degustação de alto nível com vinhos originais, distintos, dignos das melhores mesas. Agradecimentos a Guilherme Lemes, anfitrião e proprietário da Clarets, seus colaboradores, e especialmente ao mestre Manoel Beato.

Zungu do Claude: Que Marravilha!

14 de Agosto de 2014

Aproveitando o restinho de inverno, uma receita quente com frutos do mar. No programa Que Marravilha! do chef Claude Troisgros, um prato saboroso chamado Zungu (versão da polenta na África), conforme vídeo e receita abaixo:

http://gnt.globo.com/receitas/receitas/versao-de-claude-troisgros-do-zungu-quilombola-tem-bouillabaisse.htm

São muitos ingredientes do mar, muitos temperos, e caldos com sabores marcantes. Para iniciar, um belo caldo de bacalhau. Para o caldo da bouillabaisse, mexilhões, camarões e lulas e temperos como gengibre, funcho (nossa erva doce fresca) e coentro, principalmente. Quem não gostar de coentro, pode trocar pela salsinha. O zungu (nossa polenta)  é elaborado com o caldo do bacalhau.

Como preparar o bacalhau:
Ingredientes:
1kg de bacalhau imperial
2L de água

Modo de preparo:
Ferva a água e coloque o bacalhau. Deixe ferver tampado durante 20 minutos e desligue o fogo. Retire o bacalhau e desfie, peneirando com água.

Como preparar o bouillabaisse:
Ingredientes:
1,5kg de mexilhões frescos na casca
200ml de vinho branco
500g de camarões VM (verdadeiros médios) com cabeça
600g de lula
Coentro (a gosto)
1 cebola picada
¼ de pimenta dedo-de-moça
4 dentes de alho picado
1 funcho em cubinhos
1 colher de sopa de gengibre ralado
2 tomates sem pele e sementes cortados em cubos
2 colheres de sopa de tomate concentrado
Estigmas de açafrão (a gosto)
Sal (a gosto)

Modo de preparo:
Coloque os mexilhões numa panela com vinho branco, tampe e espere os mexilhões abrirem. Retire-os da casca e guarde-os. Descasque os camarões e corte em cubinhos. Coloque as cascas no caldo de mexilhão. Cubra com metade da água de cozimento do bacalhau e deixe cozinhar durante 15 minutos. Depois, peneire.

Limpe as lulas retirando a pele, a cartilagem e vire para dentro. Corte em anéis finos e pique as cabeças. Pique o coentro, cortando o talo bem miúdo. Puxe no azeite, cebola, alho, funcho, pimenta dedo-de-moça, gengibre e coentro. Junte os camarões e deixe suar. Coloque as lulas e deixe suar mais. Junte o caldo de camarões com o tomate concentrado, o tomate em cubos e com o açafrão e deixe cozinhar. Verifique os temperos. Junte o bacalhau e os mexilhões e deixe cozinhar mais um pouco, tampado.

Como preparar o angu:
Ingredientes:
1,5L de água do cozimento do bacalhau
250g de fubá
Sal (a gosto)
1 colher de manteiga

Modo de preparo:
Ferva a água. Desmanche o angu com água fria e espátula de madeira. Jogue na água fervendo sem sal e mexa até engrossar. Tampe e deixe cozinhar por 15 minutos, mexendo sempre. Tempere se necessário. Depois, coloque a manteiga.

Toque final:
Coloque mais coentro na bouillabaisse. Leve o angu ao prato e cubra com os frutos do mar.

Vamos agora às opções de vinho. A opção por vinhos brancos é natural, pois trata-se de frutos do mar. Contudo, o vinho precisa ter textura para encarar a polenta e sabores marcantes para enfrentar todos os temperos do caldo. Evidentemente, um Chardonnay elegante com madeira comedida é a alternativa mais óbvia. Se for um Borgonha, um Meursault possui textura compatível para o prato. Um Sauvignon Blanc neozelandês estruturado como Cloudy Bay também pode funcionar. Já se forem os Rieslings, precisamos de um alsaciano como Zind-Humbrecht de bom corpo e macio. Os Alvarinhos ou Albariños com alguma passagem por madeira podem ser bem interessantes.

Para vinhos do Novo Mundo, os bons Chardonnays chilenos dos vales frios podem acompanhar bem o prato. De Martino Chardonnay Quebrada Seca do vale de Limari da importadora Decanter (www.decanter.com.br) e Chardonnay Sol de Sol da importadora Zahil (www.zahil.com.br) são dois exemplos. Chardonnays californianos de Sonoma County ou de Carneros, além dos sul-africanos de Walker Bay, são pedidas certas.

Lembrete: Vinho Sem Segredo na Radio Bandeirantes (FM 90,9) às terças e quintas-feiras. Pela manhã, no programa Manhã Bandeirantes e à tarde, no Jornal em Três Tempos.

Claude Troisgros: Haddock com Maçãs

9 de Janeiro de 2014

Haddock ou Hadoque (aportuguesado) é um peixe de águas frias semelhante ao Cod Fish (mais conhecido como bacalhau). Normalmente, encontramos o mesmo defumado, processo pelo qual expressa-se melhor. Apesar de tratarmos esta receita como de verão, o mais indicado é servi-la no jantar, especialmente para uma noite romântica. O passo a passo é dado pelo endereço abaixo, no programa Que Marravilha! do Chef Claude Troisgros.

http://gnt.globo.com/receitas/Hadoque-confitado-com-macas–anote-a-receita-de-Claude-Troisgros.shtml

Segundo a receita, podemos perceber a oleosidade do prato. Para isto, precisaremos de vinhos de muito boa acidez. Só por este fato, os brancos saem na frente, deixando pouquíssimas opções para os tintos. Outros ingredientes como amêndoas tostadas, o próprio toque de defumação do peixe, limão siciliano e as maçãs, vão de encontro a um bom champagne. Contudo, devemos procurar champagnes relativamente jovens e com muito frescor. Além disso, o toque açucarado e as as uvas passas no preparo das maçãs, aconselham um champagne não muito seco. Pode ser um Brut com açúcar residual próximo ao limite de sua denominação ou então, um Sec ou Extra-Dry. Um Moët Chandon costuma ter estas características. O Taittinger pode ser uma escolha ainda melhor.

Harmonização com acidez e açúcar em equilíbrio

Outra bela opção seria um Riesling alsaciano ou alemão. A ótima acidez desta nobre casta e a comunhão com o aroma das maçãs é perfeita. Um Zind-Humbrecht, um dos melhores nomes da Alsace, possui o equilíbrio de doçura perfeito. Um alemão Halbtrocken (meio seco ou não tão seco) é uma excelente alternativa. Doctor Bürklin-Wolf da importadora Mistral (www.mistral.com.br) é uma referência na região germânica de Pfalz.

Um Chardonnay poderia ser uma alternativa, mas teria que ser da Borgonha, pela elegância e o perfeito equilíbrio da madeira. Poderia ser um Puligny-Montrachet, porém um Chassagne-Montrachet tem mais peso para o prato. Se for do Novo Mundo, apenas alguns podem cumprir os requisitos acima. Por exemplo, alguns americanos de Sonoma Valley, um argentino Catena Alta, um chileno Amelia ou Sol de Sol, um Hamilton Russell sul-africano, ou um australiano Roxburgh da vinícola Rosemount.

Algum desses vinhos são trazidos pelas seguintes importadoras:

  • Mistral (www.mistral.com.br)
  • Interfood (www.interfood.com.br)
  • Zahil (www.zahilvinhos.com.br

Final de Ano: Harmonização Parte II

16 de Dezembro de 2013

Continuando nossa harmonização para o final de ano, vamos agora ao segundo prato e à sobremesa. Após os frutos do mar do primeiro prato, nada melhor que um belo Magret de Canard ao Molho de Mel com Crisps de Risotto.

Quando se faz o magret (peito de pato fatiado) é importante o ponto da carne, malpassado ou no máximo ao ponto. Nesta receita, o magret passa por uma marinda com mel, vinagre de vinho (tinto ou branco, conforme a escolha do vinho), gengibre, suco de laranja e molho de soja. Sele o magret numa frigideira untada de manteiga. Cuidado com a quantidade de manteiga, pois temos a gordura natural do peito do pato. Reserve o magret e usando a mesma frigideira, junte a marinada reduzindo este molho e finalizando com um pouco de manteiga.

Para o risoto, utilize um bom caldo de galinha ou de legumes, incorporando um pouco de queijo parmesão. Deixe esfriar, leve-o à geladeira e depois corte-o no formato que preferir. Em seguida, doure-o numa frigideira untada com manteiga ou azeite e sirva como guarnição do magret, conforme foto abaixo.

magret molho de mel

Magret de Canard: acessível nos tempos atuais

Para a harmonização, há opções de tintos e brancos, mas minha preferência para esta receita é um branco com a uva Gewurztraminer, evidentemente da Alsácia. É um branco de corpo, aromático, com uma bela sintonia para o mel, gengibre e os toques cítricos da laranja. Seu açúcar residual e e uma acidez suficiente para o prato, são componentes importantes para uma boa harmonização. O produtor Zind-Humbrecht faz belos vinhos com esta cepa, com vinhos precisos para as características acima descritas.

Se a opção for pelos tintos, cuidado com os taninos, pois temos a acidez da laranja e o sal do molho de soja. Como o molho apresenta certa doçura, prefira vinhos encorpados e com bastante fruta. Vinhos jovens do Alentejo, Zinfandel da Califórnia e Merlots do Novo Mundo, são as alternativas mais indicadas. Se preferir um tinto de maior acidez além da fruta, o sul da Itália com as uvas Primitivo e Aglianico cumprem bem esta função.

bolo souza leão

Receita caseira

Esta receita é da tradicional família Souza Leão, de Pernambuco. Leva coco ralado, leite de coco, massa de mandioca (encontrada na feira ou em casa de produtos nordestinos), manteiga, gemas de ovos, açúcar e água. Esses ingredientes depois de misturados são aquecidos numa panela, e em seguida levada ao forno numa forma untada. Detalhes do passo a passo da receita, favor consultar no famoso buscador da internet. 

Bolo de textura cremosa

As opções de harmonização vão desde Late Harvest com a uva Sémillon, os botrytisados de Sauternes, até os vinhos doces de Jurançon e Pacheren-du-Vic-Bilh (ambos com a uva Petit Manseng). Este último, do produtor Alain Brumont, é importado pela Decanter (www.decanter.com.br). Tem doçura e textura na medida certa para a receita em questão. Muitos dos Late Harvest encontrados no mercado apresentam um certo toque de madeira que casa bem com o sabor do coco.

Para quem não viu a primeira parte do jantar é só consultar o post anterior. Por fim, boas festas e harmonizações surpreendentes!


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