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Bacalhau e suas Alternativas

9 de Abril de 2020

Com a aproximação da Semana Santa e várias lives sobre o assunto, resolvi fornecer uma diretriz para este assunto recorrente. Primeiramente como o próprio português diz sabiamente: “Bacalhau não é peixe, Bacalhau não é carne, Bacalhau é Bacalhau”. De fato, o processo de salga e a perda de água durante o mesmo, faz com que o peixe perca a textura de tal e concentre seu sabor para algo defumado e oxidado. Portanto, admite brancos e tintos, tomando seus devidos cuidados.

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um branco diferente á base de Sémillon

Chardonnay e outras uvas na Madeira

Esse é o caminho clássico e sem erro. Um vinho branco encorpado e com destacada passagem por barrica. Esse branco geralmente tem estrutura e corpo para pratos de bacalhau, além da madeira fazer a ponte com os aromas do prato. Sempre uma boa pedida.

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a famosa bacalhoada de forno em família

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bela alternativa para o bacalhau

Brancos e Madeira da Terrinha

Essa é uma outra solução caseira que funciona muito bem. A uva Encruzado do Dão, a Antão Vaz do Alentejo, e os blends de uvas branca do Douro, todas elas com alguma passagem por barricas, podem surpreender e dar uma nova roupagem ao prato. Elas podem vir sozinhas ou acompanhadas de uvas internacionais como Chardonnay ou Sémillon.

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o grande tinto espanhol

Tintos Espanhóis ou Tempranillos

Quando o assunto são tintos, devemos tomar os devidos cuidados quanto aos taninos sobretudo. De fato, se não forem bem polimerizados e amaciados, podem nos causar problemas na harmonização. E aí entra os grandes Riojas Gran Reserva, prinipalmente La Rioja Alta com seus números 904 e 890, que são maravilhosos com o prato. Seus taninos delicados, toques de evolução com balsâmicos, baunilha, caramelo, e outras especiarias, parecem dar as mãos com os perfumes do prato. Neste caso, a Tempranillo oferece uma delicadeza extrema e aromas compatíveis ao prato. Quanto mais polimerizados os taninos, tanto mais o prazer em harmonizar.

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uma bela alternativa para o prato

Garrafeiras e vinhos antigos da Terrinha

Outra solução caseira e segura para tintos de Portugal. O famoso Dão Garrafeira, parece ser a primeira escolha entre tintos portugueses, quer pela elegância, quer pela delicadeza de seus taninos no envelhecimento em garrafa. Outra bela alternativa original é a uva Ramisco da denomição Colares com taninos bem evoluídos. Seus aromas de evolução casam muito bem com pratos de bacalhau ao forno, por exemplo.

É lógico que tintos evoluídos do Douro, e outras partes de Portugal costumam dar certo. Tomar cuidado com a uva Baga, mesmo que o tinto da Bairrada seja evoluído, seus taninos são ferozes, a não ser os grandes tintos do Palácio Buçaco, que incluem Baga no Blend de seus vinhos longamente envelhecidos. Vale a pena provar os brancos que são igualmente geniais.

É evidente que a solução para tintos tem que ser ibérica, pois os tintos portugueses e espanhóis tem a tão esperada “rusticidade” para o prato, não havendo necessidade de buscar alternativas no chamado Novo Mundo, tintos geralmente muito potentes e de muita fruta madura, o que destoa de certa forma com os aromas do prato.

Diretrizes para o prato

Existem muitas receitas para o bacalhau. Contudo, é um prato geralmente encorpado e de muita personalidade. É logico que receitas que puxam mais para um molho branco, em natas, noz moscada, creme de leite, direciona mais para os brancos amadeirados citados acima.

Da mesma forma, receitas de forno onde haveram ingredientes como azeitonas pretas, pimentão, tomates,  e outros temperos, mesmo ervas, de sabores mais acentuados, a ideia é direcionar mais para os tintos acima citados. É tudo um questão de bom senso. Próximo artigo: “Páscoa, Cordeiro e Chocolate”.

Tempranillo: Solos e Climas

19 de Fevereiro de 2020

A mesma uva Tempranillo que assume vários nomes na península ibérica molda vinhos diferentes, dependendo da região onde é cultivada. Vamos neste artigo nos concentrar em dois grandes vinhos que beiram o Douro com solos e climas distintos, Ribera del Duero e Douro, ou seja, Espanha e Portugal, respectivamente.

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Ribera del Duero

São pouco mais de 20 mil hectares de vinhas onde em 1999 só chegava a 10 mil hectares. A Tempranillo é amplamente plantada com mais de 95% das vinhas, sobrando muito pouco para uvas como Cabernet Sauvignon, Merlot, Garnacha, Malbec, e a branca Albillo.

Em termos das quatro províncias, Burgos domina amplamente o plantio com 17 mil hectares, seguido por Valladolid com quase 5 mil hectares de vinhas. Segóvia e Soria são plantios bem abaixo. As plantações mais expressivas de vinhas ficam entre os anos 90 até 2010.

ribera del duero zonas importantes

zonas nobres da região

Os maiores inconvenientes na região são excesso de madureza das uvas e abuso da madeira. Neste sentido, vamos falar de algumas áreas nobres da vasta região, começando por Burgos. Nesta zona em rosa, temos uma expressão de fruta notável, acompanhada por certo frescor nos vinhos. Como exemplo, temos a viña Pedrosa.

img_7282Destaques na região pela importadora Clarets

Aalto é uma das mais destacadas bodegas de Ribera del Duero, trabalhando entre Burgos e Valladolid, alinhando potência e elegância como poucos. O projeto tem à frente Mariano Garcia, enólogo responsável  por 30 anos pelo mítico Vega-Sicilia. Os vinhedos PS (Pagos Selecionados) ainda são mais exclusivos. Preços bem competitivos.

Na zona em azul da província de Soria, temos vinhos mais elegantes com vinhas de mil metros de altitude, além de idade avançada. São vinhos complexos e de muito frescor. Dominio de Atauta é seu grande destaque. Nos vinhedos de Segovia, zona pintada em verde, a exploração é recente e ainda muito tímida. Segue aproximadamente o padrão de Soria com vinhos elegantes. Um destaque seria a bodega Severino Sanz.

Por fim, a zona mais nobre de Ribera del Duero, pintada em laranja no mapa, conhecida também como a milla d´oro, pertencente a Valladolid, um trecho de aproximadamente 15 quilômetros que vai de Quintanilla de Onésimo até Peñafiel. A altitude gira em torno de 800 metros e o solo argilo-calcário tem destacada predominância de solo pedregoso mais branco. Os vinhos aliam potência e elegância com muita propriedade. Bodegas como Vega-Sicilia, Domínio de Pingus, Alion, e Abadia Retuerta, um pouco fora do limite da milla de oro, estão lá. 

douro região mapa

Douro – Vinhas

Em termos de sub-região, o Baixo corgo é menos prestigiada, pois há chuvas em excesso e os solos não são tão nobres. O maior destaque da região é a famosa Quinta do Côtto.

A sub- região do Douro Superior é a menos explorada, a mais seca e quente de todas elas. Perto do chamada Cima Corgo, esta sub-região tem sua área mais nobre. Na fronteira com a Espanha, o clima tende a ser muito quente.

Por fim, a nobre sub-região do Cima Corgo onde os fatores de terroir são mais precisos. Vinhas antigas, localização mais eficiente quanto às altitudes e exposição dos vinhedos no que tange a insolação e ventos. As áreas de xisto, solo pedregoso, são mais nobres. Aqui estão localizadas as melhores quintas do Douro.

Em termos de solo, aqui falamos de granito, xisto, e altitudes de 400 a 500 metros. No verão o clima é bem quente, podendo chegar perto de 50 graus centígrados. 

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exemplar confiável da Qualimpor

Não é feito todos os anos, dependendo das condições climáticas. Segue os mesmos padrões do varietal Touriga Nacional. Respeita três terroir de exposição distintas à mesma altitude (300 metros) e condições de solo com reserva hídrica.

Tempranillo – Tinta Roriz

Conhecida como Tinta Roriz no Douro e Aragonês no Alentejo, é a casta mais plantada em Portugal. Muito cultivada na região do Douro, ela inspira cuidados para seu plantio. O sítio ideal para seu cultivo é o Cima-Corgo, sub-região não muito fria como o Baixo-Corgo, nem muito quente como Douro Superior. Sob baixos rendimentos e maturação adequada, costuma gerar vinhos equilibrados, elegantes, e com bom potencial de taninos. Conserva muito bem a cor e participa de lotes, dando alta contribuição, sobretudo no envelhecimento. Seu casamento com a madeira  é notável e de muita harmonia.

Alguns produtores como Quinta do Crasto e Casa Eufêmia fazem varietais deste tinto, respeitando as condições de terroir, sobretudo em termos de altitude e exposição dos vinhedos.

alentejo sub-regiões

Alentejo

Falando um pouco do Alentejo, região sul de Portugal onde  a dupla Trincadeira e Aragonês molda os principais tintos da região, vamos comentar de solos e suas adaptações.

Solos de textura franco-argilosa e de cor avermelhada é encontrado em Reguengos e Granja Amarejeda. Solos pardos de textura franco-arenosa com quartzo é encontrado em Redondo, Reguengos, Vidigueira, e Évora.

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outra grafia da Aragonês

Um vinho muito confiável, feito no terroir alentejano, sempre com o aporte de madeira que a Tempranillo tanto gosta. É preciso um clima mais ameno no Alentejo para que as condições de cultivo e o bom afluxo de polifenóis tenham êxito na colheita. Importado pela Adega Alentejana.

Nas regiões de Portalegre, Évora, Redondo e Reguengos, podemos encontrar um solo arenoso com fragmentos de xisto.

Um solo vermelho ou amarelo de fragmentos de xisto é encontrado praticamente em toda a região. Em Moura, Borba ou Vidigueira, pode-se encontrar algum calcário.

Quanto às castas, as internacionais Cabernet Sauvignon e Syrah estão presentes e se adaptam bemem clima quente, principalmente a Syrah, enquanto a Alicante Bouschet é mais importante em Portalegre, notadamente o Mouchão. As castas Castelão e Alfroucheiro não são das mais nobres, preferindo entrar no eventuais cortes. Já a estrela Touriga Nacional tem seu prestigio em baixos rendimentos. Costuma entrar em cortes com pequenas porcentagens para conferir equilíbrio e elegância. 

A Trincadeira, também conhecida como Tinta Amarela no Douro, é uma casta vigorosa que se adaptou bem aos solos e clima alentejanos. Participa dos cortes com bom volume. 

Por fim, a Aragonês, conhecida como Tinta Roriz no Douro. Em solos e climas alentejanas só trabalha bem com baixos redimentos devido ao calor excessivo. É uma boa uva de corte, conferindo elegância e poder de longevidade aos vinhos. Alguns exemplares varietais como da vinícola Cortes de Cima.

Em resumo, em solos argilo-calcários e em altitudes convenientes, a Tempranillo pode se expressar melhor como varietal, tornando os vinhos potentes e bem equilibrados. Já em solos arenosos e de xisto, seu cuidado deve ser redobrado quanto aos rendimentos e adequação de altitude e exposição do terreno. Ela se presta muito mais ao corte, dando elegância e equilíbrio ao conjunto, além de poder de longevidade aos vinhos.

Sugestões para as Festas

22 de Dezembro de 2019

Inúmeros restaurantes preparam seus menus para esta época do ano com o Natal e Ano Novo inspirando pratos diferentes ou então as receitas clássicas. Tomando como exemplo o renomado Vinheria Percussi, vamos harmonizar alguns pratos sugeridos que podem ser encomendados com antecedência. http://www.percussi.com.br

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Caponata Siciliana

Uma entrada típica italiana parecida com a versão francesa de Ratatouille. São vários legumes harmonizados com um lado realtivamente ácido e picante. Azeitonas e alcaparras fazem parte deste prato. Ótima opção para o verão.

Aqui podemos ficar nos espumantes, tão comuns nestas festas e que deveriam ser comuns em todo o ano. Podem ser pelo método Charmat, frutados, florais e com ótima acidez. É evidente até pelo caráter provençal do prato que um belo rosé do sul da França cai muito bem, embora a Itália tenha exemplares na Toscana e também em Abruzzo. Só para exemplificar, Cerasuolo d´Abruzzo.

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Pansotti in salsa di Noci

Massa típica recheada com ricota e espinafre envolta em molho cremoso de nozes. Um caso clássico para vinhos brancos, sobretudo os Chardonnay com textura mais rica e com aromas harmonizado com as nozes. O vinho deve ser jovem e com madeira comedida para encarar a acidez da ricota. Um bom Vermentino da Toscana pode ir muito bem. Como exemplo, Antinori tem um ótimo exemplar de Bolgheri importado pela Winebrands.

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Grande elegância com a uva Garganega no Veneto

Baccalà ao forno con patate dolci e porri

Brandade de bacalhau com allho-poró sobre purê de batatas doces. Um prato de textura rica, toques adocicados e os sabores do bacalhau. Um bom alvarinho de textura mais rica com Soalheiro da Mistral ou alguns exemplares do produtor Anselmo Mendes da importadora Decanter podem acompanhar muito bem. Do lado italiano, o excelente produtor do Veneto, Roberto Anselmi, faz um branco de rica textura com a uva Garganega chamado Capitel Croce. Vale a pena provar. Importado pela Decanter.

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um dos mais confiáveis Chianti Classico

Arrosto di maialino ao forno

Um pernil de leitãozinho assado no forno com mel e castanhas. Pode ser acompanhado com farofa e eventualmente arroz também. É um prato que pode ir com brancos, mas vamos dar opções de tintos neste caso. Acho que um bom Rioja mais tradicional com a uva Tempranillo é uma boa pedida. A importadora Vinci traz o Viña Real Crianza que tem bom poder de fruta e toques elegantes de barrica. Do lado italina, eu iria para um confiável Chianti Classico do produtor Fonterutoli, importado para Grand Cru.

Outras dicas

Nessa época do ano a carne de porco é muito versátil e muito consumida. Para aquela leitoa de forno com pele crocante e pururucada, Portugal nos ensina que os espumantes vão bem cortanto a gordura do prato. Vá de espumantes elaborados pelo método clássico, pois são mais estruturados e ricos para o prato. Espumantes portugueses da Bairrada ou de Lamego, encostado no Douro, são ideais.

Para as bistecas e outras carnes defumadas de porco, os alemães e alsacianos vão de Riesling com seus característicos traços minerais. Conforme os acompanhamentos do prato em termos de doçura, esses vinhos calibram bem os açucares, conforme sua classificação no rótulo: Kabinett, spatlese, auslese, beerenauselse, em ordem crescente de doçura.

img_7149pernil com farofa de castanhas e chutney de abacaxi

Quando o assunto é pernil ao forno, podemos admitir tantos tintos como brancos. A fibrosidade da carne do pernil e seu intenso sabor permite uma ampla gama de vinhos. Pessoalmente, acho que a península ibérica sai na frente. Tintos espanhóis com as uvas Tempranillo e Garnacha vão muito bem. Do lado português, Tintos do Douro e do Dão são ótimos parceiros. O Dão gera vinhos mais elegantes para receitas mais sutis, enquanto o Douro vai melhor com sabores mais intensos. No caso do pernil acima, acompanhei com um Garnacha que se mostrou muito versátil. Embora houvesse o chutney de abacaxi, o mesmo estava muito equilibrado se acomodando bem com o lado macio e frutado da Garnacha.

Para os vinhos brancos, os bons exemplares do Douro, Dão e Alentejo, fazem grandes parcerias. No caso espanhol, uma combinação sensacional é um belo branco da Viña Tondonia com seus aromas complexos e elegantes.

No mais é sempre adequar o prato com a estrutura do vinho. Vale sobretudo o gosto pessoal e arriscar de vez em quando combinações mais ousadas. Mais do que acertar é aprender com os erros. O resto é pura diversão. Boas Festas!

 

Melhores vinhos de 2019

6 de Novembro de 2019

Ao longo do ano provei muita coisa boa entre vinhos de sonhos, inacessíveis, seja pelo preço, seja pela dificuldade em encontra-los. Paralelamente, provei os vinhos terrenos, mais acessíveis e disponíveis no mercado brasileiro. Com a aproximação do final de ano, ficam algumas dicas para festas, presentes, e mesmo para seu consumo pessoal. São doze indicações, formando uma caixa de 2019 nos mais variados estilos.

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1 – Champagne Agrapart Mineral Extra-Brut Grand Cru 2012

Uma das mais badaladas e reputadas Maisons de Champagne na atualidade, muito bem pontuada nos melhores guias. Este provado e nomeada Cuvée Mineral, já o nome diz tudo. Extremamente mineral, seca, acidez incisiva, um autêntico Blanc de Blancs. Vale experimentar todos os outros champagnes da Casa trazidos com exclusividade pela importadora Juss Millesimes (www.juss-millesimes.com.br).

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2 – Nicolas Joly Coulée de Serrant 2011

Nicolas Joly dispensa comentários. Pai da Biodinâmica e exímio enólogo, faz um dos brancos mais espetaculares de toda a França dentro de Savennières no Vale do Loire com apelação própria Coulée de Serrant, um monopole com sete hectares de vinhas de cultivo esmerado. O vinho com a uva Chenin Blanc precisa ser decantado com horas de antecedência, antes do serviço. Vinho de grande complexidade e persistência aromática. Os outros vinhos de Nicolas Joly são igualmente de grande distinção. Trazidos pela importadora Clarets (www.clarets.com.br).

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 3 – Chateau Le Bon Pasteur 2007

Um Bordeaux relativamente pronto para ser tomado. Um dos clássicos de Pomerol onde a uva Merlot e Cabernet Franc moldam vinhos elegantes e macios. A safra 2007 ajuda na precocidade do vinho com taninos afáveis e aromas já desenvolvidos. Trazido pela importadora Clarets, muitos outros Bordeaux interessantes podem ser apreciados. Uma especialidade da Casa (www.clarets.com.br).

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4 – Chateau Gloria Saint-Julien 2010 

Um dos clássicos Crus Bourgeios de Saint-Julien, embora esta classificação seja um tanto polêmica. De fato, o chateau tem uma consistência muito boa, safra a após safra. Nesta 2010, uma safra clássica de grande longevidade. No momento, precisa ser devidamente decantado, mas já apresenta belos aromas e boa harmonia em boca, embora possa ser adegado por pelo menos mais dez anos. Dá uma boa ideia de um belo Grand Cru Classe. Importadora Mistral (www.mistral.com.br).

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5 – Benjamin Romeo La Viña de Andrés Romeo 2012 

Não é um vinho barato, mas é um baita Tempranillo. Um estilo moderno e extremamente elegante, sem exageros. Uma boa extração de frutas com muito cuidado e sutileza. A madeira empregada é francesa da mais alta qualidade, escolhida pessoalmente por Benjamin Romeo. Boca harmônica e longa persistência aromática. Trazido esse e outros da bodega pela importadora Premium (www.premiumwines.com.br). 

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6 – Porto Quinta do Noval LBV Unfiltered 2012 

Quinta do Noval, Casa de elite no cenário de vinhos do Porto. Esta talvez seja sua maior pechincha. Um LBV não filtrado que tem nível de muitos Vintages por aí. Extrema concentração, pureza de frutas, e muito expansivo em boca. Deve ser obrigatoriamente decantado e pode durar por longos anos em adega. Difícil bate-lo nesta categoria. Trazido pela Adega Alentejana (www.alentejana.com.br).

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7 – Maison Roche de Bellene Chambolle-Musigny Vieilles Vignes 2014 

Por ser um vinho comunal, impressiona muito bem. São vinhas entre 50 e 70 anos na comuna de Chambolle-Musigny. Um tinto robusto de frutas escuras e um toque terroso. Sai um pouco daquela feminilidade de Chambolle, mais muito elegante. Taninos muito finos e destacada persistência aromática. Um belo exemplar da Borgonha. Trazido pela importadora Premium (www.premiumwines.com.br).

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8 – Chateau Calon-Ségur 2009 

Um das safras históricas deste Chateau de Saint-Estèphe com 96 pontos Parker. Baseado em 90% Cabernet Sauvignon, complementado com Merlot e Petit Verdot. O vinho tem uma estrutura magnifica com taninos muito finos e uma bela acidez. Fatores estes que lhe conferem enorme longevidade. Os aromas ainda são um tanto tímidos, mas de muita classe. Uma das melhores pedidas desta bela safra. Importadora Mistral (www.mistral.com.br).

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9 – Casa Marin Pinot Noir Litoral 2013 – Vinci

Como é difícil encontrarmos um Pinot Noir fora da Borgonha. Na zona fria do Vale San Antônio no Chile, Casa Marin elabora algo interessante. Um Pinot Noir com frescor e aromas elegantes desta casta. Madeira bem colocada, vinho ainda jovem, mas com bom poder de fruta e notas defumadas bem mescladas ao conjunto. Bem equilibrado em boca. Uma opção segura e uma das referências na América do Sul. Seu Sauvignon Blanc também é ótimo. Importadora Vinci (www.vinci.com.br). 

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10 – Travaglini Gattinara 2013 – World Wine

Travaglini é um dos destaques na denominação Gattinara do Piemonte. Um Nebbiolo de clima alpino, menos encorpado que os clássicos Barbarescos e Barolos. Contudo, um vinho muito elegante e com toques terciários típicos da casta. Muito equilibrado e com boa persistência aromática. Boa pedida para pratos com trufas. Importadora World Wine (www.worldwine.com.br). 

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11 – Domaine Ferret Pouilly-Fuissé 2011 – Mistral

Domaine Ferret é referência absoluta na apelação Pouilly-Fuissé com vinhos muito equilibrados e de grande classe. Este provado é dos mais simples e já muito bem construído. Suas outras tantas cuvées, uma melhor que a outra. Tem perfil para enfrentar um bom Premier Cru das famosas apelações de Beaune. Sempre um porto seguro. Importadora Mistral (www.mistral.com.br). 

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12 – Zind-Humbrecht Muscat Goldert Grand Cru 2011

Muscat é uma das quatro castas nobres da Alsace, mas é a menos prestigiada. Neste exemplar do ótimo produtor Zind-Humbrecht ela alcança outra dimensão, dificilmente encontrada na maioria dos vinhos concorrentes. Trata-se de um vinhedo Grand Cru de solo calcário, o qual confere extrema elegância e mineralidade ao vinho. Tem um leve açúcar residual muito bem equilibrado por uma acidez vibrante. Seus aromas são típicos da casta, mas com muitas nuances. Vai muito bem com comidas asiáticas com toques agridoces. Importadora Clarets (www.clarets.com.br). 

Sempre que fazemos uma seleção, alguma injustiça, alguma falta, pode ser notada. Alguns outros vinhos poderiam ter entrado nesta caixa, mas os que estão aí são bem diversificados e devidamente testados. Tenho certeza que cada leitor irá em alguns deles ter seu gosto pessoal atendido. Que outros bons vinhos venham em 2020, já batendo em nossa porta!

 

 

Espanha x Italia, será?

21 de Maio de 2018

Lamentavelmente nas vésperas da Copa na Rússia, não teremos este embate, já que a esquadra Azzurra vacilou em sua classificação. Contudo, no restaurante Parigi, foi show de bola com direito à prorrogação. Os Ais do lado  italiano e Vegas do lado espanhol, mediram forças num jogo cheio de variações. Ao final, a plateia (nós confrades) é que se deliciou em várias fases da partida num confronto de gigantes, um verdadeiro clássico.

times em campo

Logo de cara, Pingus x Masseto da calorosa safra 2003. Que embate de titãs! Os dois com uma força e conservação incríveis. Masseto com um frescor vibrante, 100% Merlot, mas com a marca da Itália. Não tem o perfil dos granes Pomerols, pelo menos nesta safra, mas ainda com muito vigor e se soltando e crescendo a cada instante na taça. Já o Pingus, um Tempranillo puro sangue de Ribera del Duero do craque dinamarquês Peter Sisseck com a primeira safra em 1995. Um vinho musculoso, elaborado a partir de parreiras muitos antigas de baixíssimos rendimentos (em  torno de 15 hl/ha). Da mesma maneira que mostrava potência, tinha uma suavidade em boca e taninos de rolimã. Grande persistência aromática, sendo de fato, um dos mitos da Espanha. Os dois com notas altíssimas, em torno de 94 pontos. A torcida ficou dividida, mas Masseto encantou por estar mais pronto.

IMG_4649.jpgdisputa acirrada

Em um nível um pouco abaixo de potência, os Aias da Toscana se confrontaram. Um da Itália central, Solaia, região do Chianti Classico, e outro de Maremma, Ornellaia, região litorânea da Toscana, ambos supertoscanos. Os dois foram vinhos do ano na revista Wine Spectator. Solaia no ano 2000, e Ornellaia no ano seguinte, 2001.

Um embate equilibrado, mas com vantagem para o Solaia, tendo mais vigor e vida pela frente. Ornellaia é um típico corte bordalês de Bolgheri, terra também do grande Sassicaia. O vinho atingiu seu apogeu com toques e nuances de belos Bordeaux. Naturalmente, não tem a força de um Premier Grand Cru Classé, mas briga bem no time de cima de margem esquerda. Já o Solaia, tem a espinha dorsal baseada na Cabernet Sauvignon, mas com o charme da Toscana onde 20% de Sangiovese entram no blend. Belo frescor, taninos bem moldados, e boa presença em boca. Deve evoluir bem por mais dez anos em adega, embora possa  ser provado no momento com a devida decantação. Solaia desta vez mostrou-se superior.

IMG_4650.jpgdois vinhos premiados em anos seguidos

Nesta sucessão de partidas, a boa mesa deve estar presente. Nada melhor que a clássica cozinha do Fasano para nos confortar em um de seus restaurantes, no caso, Parigi. Risoto de Codorna no vinho tinto e o emblemático Filé Rossini, fotos abaixo. A delicadeza e sabores dos pratos casaram bem com a complexidade dos vinhos. Destaque também para o sommelier Fábio Lima, pelo belo serviço de todos os vinhos com precisão e eficiência.

pratos para vinhos finos

Neste último confronto entre Vegas, o nível subiu absurdamente. São Reservas Especiais antigas, mesclando as melhores safras de suas épocas respectivas em lindas garrafas foscas. É um trabalho longo em cantina, mais de dez anos, até a comercialização. A comparação é sempre cruel, os dois estavam espetaculares. O vinho da esquerda na foto abaixo, é uma mescla das safras 91, 94, e 95, com apenas 15298 garrafas. A safra 91 aporta complexidade, a 94 em maior quantidade, a estrutura, e a 95, a elegância. O vinho tem 99 pontos Robert Parker e bem merecidos. Seu apogeu está previsto para 2035, mas já está uma maravilha. Seus aromas balsâmicos, rico em especiarias, cedro, quase uma loja da L´Occitane. Boca maravilhosa, componentes perfeitamente integrados, não sobrando, nem faltando nada, e uma persistência longa e expansiva.

IMG_4653.jpgnovamente, a escolha de Sofia

Agora, o que falar do vinho à direita, uma poesia liquida de apenas 9880 garrafas. Segundo o site cellartracker, este release de 1987 engloba as safras de 65, 73, e 75, com uma pontuação acima de 95. De fato, é um vinho de silenciar. Tem um aroma muito fino de grãos de café, alcaçuz, cardamomo, algo de curry, é sensacional. São aromas etéreos e de difícil identificação. Na boca, o vinho é um deslumbre, totalmente macio e harmônico. Não dá par dar nota neste caso …

Soldera: apresentação Solo

Como a conversa estava muito boa, resolvemos fechar a tarde com o Brunello de pureza extrema, o grande Soldera Riserva 2000. É considerado com méritos, o Borgonha da Toscana. Cor clarinha, aromas etéreos, mas com uma força e presença extraordinárias. Um vinho de muita tradição, trabalhado com longa maceração e envelhecido em Botti (grandes toneis eslavônios). O chamado “vino di meditazione¨. Com este queijinho Grana Padano da foto, o entardecer ficou mais bonito …

Agradecimentos a todos os presentes nesta tarde memorável, lamentando sempre a falta dos demais confrades que por razões diversas não cumpriram suas orações com Bacco. Que Deus os perdoem! 

Comidinhas e Vinhos

27 de Abril de 2017

Nos últimos goles e garfadas, alguns momentos interessantes na enogastronomia. Em Uberlândia, destacada cidade de Minas Gerais, o restaurante Akkar com ênfase em pratos de acento árabe, propõe esfirras originais tendendo para uma espécie de pizza. A foto abaixo, elucida melhor o fato.

a chamada esfirra / pizza

estilos e texturas diferentes

O branco da esquerda, Roero Arneis, é uma das mais tradicionais denominações do Piemonte. Arneis a uva, Roero o terroir, região a norte de Alba, do outro lado do rio Tanaro que corta as principais denominações. O detalhe deste vinho é seu produtor Bruno Giacosa, um dos pilares da viticultura piemontesa. Vinho de muito frescor, elegância, fruta exóticas e toques florais bastante harmônicos. Embora sem passagem por madeira, mostra certa textura e maciez. Bela pedida com a esfirra margherita, foto acima à esquerda. O manjericão, os tomates, dão leveza ao prato, bem de acordo com o caráter do vinho.

Já o segundo branco, é uma proposta diferente da bodega chilena Undurraga no Vale Limari, bem ao norte de Santiago, aproximadamente 400 quilômetros. A linha T.H. (Terroir Hunter) propõe vinhedos e solos específicos ligados a determinadas uvas no mais puro conceito de terroir. Neste caso, o vinhedo com destacado calcário no solo, se beneficia das brisas frias advindas do Pacifico, devido à sua proximidade. O vinho passa parcialmente por barricas, num eficiente trabalho de bâtonnage (revolvimento das borras). A fruta é bem balanceada com a madeira, apresentando textura interessante, com certa untuosidade, sem perder o frescor. Vai bem com a esfirra da direita (foto acima), onde o frango e palmito cremosos pedem mais textura no vinho. O frescor do palmito fica na medida para a acidez do vinho.

costela de chão

fogo de chão

Mudando a conversa, agora numa festança (casamente de minha filha), costela de boi assada lentamente em fogo de chão. Prato de muito sabor, textura, e gordura condizente com a carne. Os tintos mais robustos, um tanto rústicos conversam bem aqui.

Carignan em ação

O tinto da esquerdo é o segundo vinho da bodega Cims de Porrera, uma das lendas da denominação de origem Priorato, região montanhosa ao sul da Catalunha. Neste blend, temos 70% Cariñena e 30% Garnacha. Apesar de seus quase dez anos de idade, o vinho mostra-se com muito vigor, potente, taninos muito bem delineados, e grande persistência aromática. Agradavelmente quente, é um tinto típico de inverno. Seus aromas concentram fruta, toques minerais e defumados. Muito elegante para castas naturalmente rústicas. Passa cerca de 14 meses em barricas francesas de segundo uso, as quais integram-se perfeitamente na essência do vinho.

No vinho da direita, outra bela expressão de Carignan, no caso italiano, Carignano. Um vinho diferenciado da melhor vinícola da Sardenha em termos de tinto, Santadi, haja vista seu topo de gama, o aclamado Terre Brune, Carignano de parreiras muito antigas. Neste caso, as videiras não são tão antigas, mas o vinho mostra muita personalidade com a típica rusticidade italiana, envolvida num vinho de presença e muito bem balanceado. Sob a denominação Carignano del Sulcis, este tinto passa entre 10 e 12 meses em barricas francesas de segundo uso. Novamente, muito bem balanceado entre fruta e madeira, seus toques defumados, balsâmicos e de ervas secas, resultam num vinho extremamente gastronômico, moldado para pratos substanciosos como rabada, carnes de longo cozimento com molhos bem temperados.

corrientes carmenere e rioja

tintos para churrasco

Para finalizar, dois belos tintos para acompanhar carnes bem grelhadas, evento na casa de carnes Corrientes 348. O Carmenère Winemaker´s Lot é um dos belos Carmenères elaborados pela gigante chilena Concha Y Toro. Seu frescor e taninos potentes são muito bem rechaçados pela suculência de um bife de chorizo devidamente grelhado ao ponto. A fibrosidade deste tipo de carne é um dos melhores contrapontos aos taninos mais presentes. Em contrapartida, o elegante Rioja da direita, Luis Cañas, baseado na casta Tempranillo, apresenta a acidez e frescor necessários para driblar a gordura entremeada de um belo ojo de bife (parte nobre do bife ancho). A delicadeza da carne casa muito bem com os Riojas da sub-região Alavesa, destacada pela elegância de seus Tempranillos. A madeira no caso dos dois vinhos acima é bem proporcionada com a estrutura de seus respectivos vinhos.

Vegetarianos ou ainda mais complicado, veganos, fica para uma próxima. Abraços,

World Wine: Encontro Ibérico I

4 de Abril de 2017

Mais um interessante painel de vinhos proposto pela World Wine, importadora de destaque no cenário nacional. Desta feita, só vinhos ibéricos com marcas consagradas entre Portugal e Espanha, nos mais variados estilos.

Marques de Murrieta

Bodega tradicional de Rioja, trabalhando a Tempranillo com muita elegância. Seus Reservas e Gran Reservas são famosos e bem pontuados. Dois vinhos mereceram destaques quando se pensa em grandes Riojas.

murrieta gran reserva 2009

Este Gran Reserva Limited Edition 2009 são lotes especiais dos Reservas com potencial para maior envelhecimento em bodega. Passam cerca de 25 meses em carvalho americano, mais 36 meses em garrafa, antes da comercialização. Concentrados, elegantes, com perfeita interação entre fruta e madeira. Um clássico da denominação.

murrieta gran reserva especial 2005

O grande tinto da bodega, Castillo Ygay Gran Reserva Especial 2005, elaborado só em grandes safras. Proveniente de vinhedos bem localizados, o vinho passa cerca de 30 meses em barricas americanas, mais 36 meses em garrafa, antes de ser comercializado. Ainda mais elegante que o anterior e de larga persistência aromática. Deve ser decantado para o consumo como também, pode ser guardado por longos anos em adega.

murrieta pazo barrantes albarino

Por fim, um branco de Rias Baixas, Pazo Barrantes 2014, elaborado com 100% Albariño. Vinho de muito frescor e destacada maciez, dada por breve contato sur lies. Aromático, elegante, e muito bem acabado. Um destaque da denominação.

Vivanco

Outra bodega riojana com vinhos clássicos e bem equilibrados. Destaques para as novidades chamadas parcelas Colección Vivanco, mostrando vinhos diferentes e muito didáticos.

vivanco mazuelo 2009

Começando pelo 100% Mazuelo safra 2009, produzindo cerca de mil e quinhentas garrafas, o vinho passa 14 meses em carvalho francês novo. Percebe-se bem o aporte de acidez, frescor, que esta casta dá ao corte riojano. Vinho de bom corpo, já com aromas balsâmicos, terciários, e muito equilibrado.

vivanco graciano 2007

A outra uva do corte riojano é a Graciano, elaborada nesta parcela com cerca de mil e seiscentas garrafas. Passa 18 meses em barricas de várias tostagens e origens, sem trasfegas, mantendo um contato sur lies com bâtonnage para domar seus taninos selvagens. Vinho de grande corpo, estrutura, e textura mastigável. Aromas intensos de frutas escuras, cacau e defumados. Vinho de longa guarda.

vivanco dulce de invierno

O vinho mais exótico sem dúvida, é este acima de colheita tardia, elaborado com quatro uvas tintas (Tempranillo, Graciano, Garnacha e Mazuelo) vinificadas em branco. As uvas tem super maturação e são atacadas pela Botrytis. O mosto sem a participação das cascas é fermentado em barricas francesas com posterior amadurecimento por 12 meses. Um vinho muito interessante, sem aquela acidez habitual das uvas brancas, mas bem equilibrado. Vale a pena prova-lo, nem que for só pela curiosidade. O açúcar e o álcool são comedidos.

Quinta Vale Dona Maria

Sou suspeito para falar desta vinícola do Douro com seus tintos macios e sedutores. O clássico Quinta Vale Dona Maria 2014 provado confirma sua consistência. A surpresa foi o branco abaixo chamado Three Valleys com vinhas antigas fermentado em barrica. Frescor, complexidade e harmonia, resumem bem a presença deste branco.

quinta vale dona maria branco 2016

Voltando aos tintos, dois vinhos topo de gama, provindos de quintas específicas. O primeiro abaixo, Vinha da Francisca 2012 com pouco mais de quatro hectares. Plantada com a casta local Tinta Francisca, em homenagem à filha, o vinho amadurece em barricas francesas novas cerca de 18 meses. Tinto de muita concentração e frescor, bem casado com a madeira, e longa persistência.

quinta vale dona maria vinha francisca 2012

Encerrando em grande estilo, temos a minúscula Vinha do Rio com menos de dois hectares de vinhas centenárias. O vinho passa cerca de dois anos em barricas francesas novas. Este tinto é quase mastigável, tal a concentração de sabores e taninos. Falta só a fortificação para se tornar um Vinho do Porto. Deve ser decantando por longas horas para um consumo imediato. Está no mesmo nível dos maiores do Douro como Vinha da Ponte e Vinha Maria Teresa, da Quinta do Crasto.

quinta vale dona maria vinha do rio 2012

De fato, Cristiano Van Zeller, um dos “Douro Boys”, faz um belíssimo trabalho em sua Quinta, passando esse talento para seus familiares. Seu Porto Vintage 2011 provado nesta oportunidade, confirma concentração, classe e profundidade, de quem conheceu de perto e tão intimamente a histórica Quinta do Noval.

Quinta da Falorca

Vinícola tradicional da região do Dão, molda vinhos bastante originais e de grande tipicidade. Os vinhos apresentam muito frescor e provavelmente é o berço da Touriga Nacional, a tinta mais badalada do moderno Portugal.

quinta da falorca encruzado

Apesar do destaque para os tintos, o branco com a uva Encruzado merece ser provado. Normalmente com passagem em madeira (neste caso, só uma pequena parcela), é um branco estruturado, complexo e com uma notável mineralidade. Grande pedida para o irresistível bacalhau da Semana Santa.

quinta da falorca touriga nacional

Esse é um clássico do Dão com a queridinha casta Touriga Nacional. Gera vinhos elegantes, de boa estrutura e de longa guarda. Os aromas florais (violeta) e resinosos (eucalipto) são bastante típicos.

quinta da falorca vinhas velhas 2009

Encerrando esta vinícola, o grande tinto de vinhas velhas. Misturando Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz, Rufete, entre outras, este vinho tem a profundidade que só as vinhas antigas são capazes de fornecer. Bem balanceado em álcool, taninos e acidez. Um grande parceiro para carnes de caça.

O evento mostrou mais vinhos interessantes que continua no próximo artigo. Brancos, tintos e principalmente os Portos. Até breve!

Maiores informações sobre preços,safras e outros vinhos do portfólio: http://www.worldwine.com.br

Top 100 Wine Spectator 2016

6 de Dezembro de 2016

Analisando os Top Ten recém-anunciados com seis vinhos americanos, ficamos induzidos a pensar que o mundo divide-se em americanos e o restante, incluindo a Europa. Já frisamos várias vezes que puxar a sardinha para sua brasa é algo normal e compreensivo. Portanto, temos que raciocinar com isenção e posicionar os Estados Unidos no seu devido lugar no mundo dos vinhos. A força vinícola deste país é inquestionável. É o quarto produtor mundial, um dos principais importadores da bebida, e faz vinhos espetaculares. Neste sentido, cabe a nós respeitá-los e ao mesmo tempo, estarmos também conscientes do habitual exagero americano, ou seja, um pouco menos …

Vamos pinçar  e comentar alguns vinhos interessantes da lista, inclusive o vinho do ano. Uma espécie de Top Ten pessoal, dando já algumas dicas para o final do ano que se aproxima.

lewis-cabernet-sauvignon

Vinho do Ano, Number 1

Lewis Cabernet Sauvignon Napa Valley 2013 é um dos ótimos Cabernet Sauvignon de Napa Valley, região extremamente famosa, e um dos melhores terroirs para esta casta. Mais do que o vinho do ano, ele está representando um grupo de ótimos concorrentes  como Screaming Eagle, Harlan Estate, Insignia, Abreu, entre outros. E aqui certamente, entra o lado promocional de um nome que não tem o peso e a tradição dessas feras citadas. Ele nem sequer é o top da própria vinícola. Seja como for, aqui vão seus atributos.

As uvas são colhidas em seu ponto ótimo de maturação, desengaçadas, e vinificadas em aço inox com longa maceração. O vinho amadurece por cerca de 19 meses em carvalho francês novo, e é engarrafado sem filtração. Muita concentração, maciez e balanço, num final longo.

Os outros nove pessoais

Nesses demais vinhos, fiz questão de não colocar mais nenhum americano, já que no Top Ten eles abusaram um pouco. Em compensação a Espanha entrou em peso, notadamente a região de Ribera del Duero na safra 2012.

Todos os vinhos são bem pontuados, encontrados no Brasil, e com a indicação das respectivas importadoras. São vinhos que pessoalmente tenho familiaridade, e portanto, podem valer como dicas para presentes neste final de ano.

Hamilton Russell Chardonnay Hemel-en-Aarde Valley 2015 – 94 pontos

Esse é um velho conhecido, exemplo de um bom Chardonnay fora da Borgonha. Hamilton Russell foi aprender in loco como se faz Borgonha (branco e tinto), e escolheu Walker Bay, litoral muito frio da Áfrical do Sul, para formar seu terroir. Ele tem uma preocupação absurda com vinificação em barricas e o uso da madeira. Trabalha com baixíssimos rendimentos (23 hl/ha). O resultado é um vinho com incrível balanço entre fruta e madeira. Importadora Mistral (www.mistral.com.br).

Abadia Retuerta Selección Especial Sardon de Duero 2012 – 93 pontos

Os tintos da Abadia Retuerta são sempre muito bem feitos. Localizada em Castilla y León, está fora da denominação Ribera del Duero. Este Selección Especial é um corte com predomínio de Tempranillo, utilizando os melhores vinhedos. É complementado com Cabernet Sauvignon e Syrah, principalmente. Amadurece entre 16 e 22 meses em barricas de carvalho (francês e americano). Mescla muito bem o vigor da fruta com os toques de madeira. Importadora Peninsula (www.peninsulavinhos.com.br), especializada em vinhos espanhóis de alta qualidade.

Condado de Haza Ribera del Duero 2012 – 93 pontos

Quando se pensa em Ribera del Duero, exceto Vega-Sicilia, se pensa em Pesquera do grande bodegueiro Alejandro Fernandez. Seus tintos calcados na Tempranillo (Tinto Fino na região) são cheios de personalidade. O grupo Pesquera em uma de suas bodegas tem o Condado de Haza, tintos de muita consistência e preços competitivos. Mais de três mil barricas para brincar com as uvas Tempranillo. Importadora Mistral.

Bodegas y Viñedos Maurodos Toro San Roman 2012 – 95 pontos

Por trás desta bodega está Mariano Garcia, talvez o melhor enólogo de toda Castilla y León, trabalhando por décadas no Vega-Sicilia. Este projeto em Toro, denominação vizinha à Ribera del Duero, trabalha com 100% Tempranillo (localmente conhecida por Toro) em solos pobres e de baixos rendimentos. Passa cerca de dois anos em barricas francesas e americanas, entre novas e usadas. Importadora Grand Cru (www.grandcru.com.br).

don-melchor-2012

Concha Y Toro Cabernet Sauvignon Puente Alto Don Melchor 2012 – 95 pontos

Cabernet Sauvignon consagrado do Alto Maipo, Don Melchor procura aprimorar-se a cada ano com vinhos sedosos e acessíveis, mesmo jovens. Uma pitada de Cabernet Franc e o uso criterioso de carvalho francês, molda um dos tintos mais consistentes do Chile. Lojas Ville du Vin (www.villeduvin.com.br).

Fattoria di Fèlsina Chianti Classico Berardenga 2013 – 92 pontos

No mar de Chiantis espalhados em lojas e importadoras, consegue-se pinçar alguns exemplares de grande personalidade. Fattoria de Fèlsina é o grande nome de Castelnuovo Berardenga, sub-região do Chianti Classico, perto de Siena. Seus Chiantis com 100% Sangiovese são de uma pureza e tipicidade extraordinárias. Sempre um porto seguro. Importadora Mistral.

Fournier Père & Fils Sancerre Les Belles Vignes 2015 – 92 pontos

Um clássico do Loire com a uva Sauvignon Blanc. De estilo cítrico, bem mineral, seus vinhos são típicos, bem secos, quase austeros. Vinificação tradicional com maturação sur lies (sobre as borras), sem passagem por madeira. Ótimo com produtos do mar in natura (ostras, sashimis, carpaccio, …). Importadora Premium (www.premiumwines.com.br).

La Rioja Alta 904 Gran Reserva 2007 – 93 pontos

É o clássico dos clássicos em Rioja. Elaborado com Tempranillo e uma pitada de Graciano, este tinto permanece por pelo menos quatro anos em barricas de carvalho americano de fabricação própria, e mais um bom tempo em garrafa, antes de ser comercializado. Aromas sedutores, equilíbrio fantástico, um verdadeiro Borgonha da Rioja. Importadora Zahil (www.zahil.com.br).

Quinta Vale Dona Maria Douro 2013 – 94 pontos

Se você procura um vinho tinto do Douro sofisticado, ei-lo aqui. Partindo de um vinhedo antigo com mais de 60 anos, as uvas foram plantadas todas misturadas com mais de 40 variedades (tinta Francisca, tinta Roriz, rufete, sousão, …). As uvas são pisadas em lagares de granito e fermentadas com longa maceração. O vinho estagia em barricas de carvalho francês de várias marcas renomadas (Seguin Moreau, Taransaud, …) por cerca de 20 meses. A maciez, profundidade e persistência deste tinto são notáveis. Importadora World Wine (www.worldwine.com.br).

Entre Tintos e Brancos

22 de Agosto de 2016

Nas últimas provas realizadas entre amigos, brancos e tintos destacaram-se numa diversidade de propostas, uvas, regiões e estilos.

meursault perrieres

safra prazerosa e acessível

O vinhedo Perrières expressa de forma magnifica toda a essência de um Meursault, sobretudo nas mãos de Michel Bouzereau. Com vinhas plantadas em 1960, 78 e 97, seus vinhos têm estrutura e equilíbrio notáveis. A fermentação e amadurecimento são feitos em barricas, sendo 25% novas. Medida certa para não marcar o vinho. Notas de mel, frutas brancas maduras, e um elegante tostado em meio a um toque mineral, somam-se a uma textura macia, prolongando o final de boca. Já muito agradável, vai bem com vitela, peixes, e frutos do mar em molhos brancos, além de ostras gratinadas. Importadora Cellar.

malvasia eslovenia

branco exótico

Os vinhos eslovenos de Marko Fon são sensação no momento pelo seu exotismo. Ele trabalha com as brancas Vitovska e Malvazija Istarska, ambas uvas locais. Na foto acima, trata-se da Malvazija, também conhecida como Malvasia Istriana, própria do nordeste italiano (Friuli). Suas vinhas de quatro hectares são de idade avançada, algumas centenárias, num solo calcário no Carso (Kras), sub-região eslovena bem próxima do mar adriático, sofrendo sua influência salina.

O mosto é fermentado com algum contato com as cascas em toneis de madeira inerte com leveduras naturais. Esse tipo de Malvasia confere grande acidez ao vinho e pureza em fruta. Um branco vibrante, bastante austero e fechado logo que aberto, necessitando de decantação por pelo menos uma hora. Aromas exóticos lembrando pêssegos, damascos e carambola, além de um fundo mineral e ervas. Ele lembra de maneira sutil um vinho Laranja. Pode acompanhar bem bacalhau, pratos com aspargos, e numa combinação ousada, ostras frescas com geleia de estragão. Importadora Decanter.

aldo conterno colonnello

o inimitável Aldo Conterno

Todos aqueles que já tomaram bons Barolos precisam ter a experiência com um Aldo Conterno. O homem consegue fazer um Borgonha dentro do Piemonte, tal a delicadeza de seus Nebbiolos. Este do vinhedo Colonnello com vinhas entre 40 e 45 anos prima pela elegância numa escola tradicionalista. Seus 28 meses em carvalho da Eslavônia promovem a micro-oxigenação certa para seus aromas etéreos com notas de alcaçuz, cerejas negras, alcatrão e especiarias. Seus taninos são um capitula à parte. E olha que taninos de Nebbiolo não são fáceis. Muito equilibrado e um final extremamente harmônico. Importadora Cellar.

matetic 2007

foge do estilo Novo Mundo

O que encanta de cara neste vinho é o frescor, apesar de seus quase dez anos (safra 2007). A cor é escura, muito intensa. Melhorou muito com o tempo em taça, ratificando que os vinhos com a uva Syrah são muito redutivos, merecendo longa decantação. Frutas negras em geleia, toques defumados, de chocolate escuro, e especiarias, além de toques mentolados e minerais. Corpo de médio a bom, taninos de rara textura, e um final fresco e longo. As vinhas situam-se em Rosario, setor nobre da vinícola com grande influência do Pacifico no Valle San Antonio. Muito agradável no momento, embora vislumbre ainda bons anos de guarda. Uma verdadeira referência de Syrah no Chile. Importadora Grand Cru.

rioja alta ardanza 2001

safras espetaculares: 1964, 1973 e 2001

Viña Ardanza Reserva Especial 2001

A bodega Rioja Alta dispensa comentários com seus ótimos vinhos cheios de personalidade. Viña Ardanza é o terceiro na hierarquia, atrás dos estupendos Gran Reserva 904 e 890. Costuma mostrar o caminho do estilo da casa com seus toques balsâmicos, de especiarias, caramelo, cevada, além de um equilíbrio gustativo notável. Contudo, neste ano 2001 superou em todos os sentidos, merecendo a menção Reserva Especial. Já na cor, percebemos a alta concentração do vinho, nem de longe denotando seus 15 anos de vida. Mais encorpado que o normal, taninos ultra finos e uma expansão de boca marcante. Definitivamente, um grande ano para esta bodega. Importadora Zahil.

madeira verdelho

o equilíbrio dos Madeiras

Cossart Gordon Madeira Verdelho 5 Years Old

Os Madeiras costumam relacionar suas uvas mais nobres com o grau de doçura do vinho. Portanto; Sercial para o seco, Verdelho para o meio seco, Boal para o meio doce, e finalmente, Malmesy para o doce. Este Medium Dry degustado, surpreendeu pela doçura e complexidade apresentadas. Acompanhou muito bem um Partagas E2, finalizando um belo almoço. Suporta bem sobremesas levemente adocicadas como bolos e tortas de frutas secas. Belo equilíbrio em boca, sustentado por uma acidez marcante e agradável. Expansivo, álcool na medida certa, e final de grande frescor. Bela opção no mercado. Importadora Decanter.

Encontro Mistral: Parte I

9 de Junho de 2016

Atualmente, é muito comum as grandes importadoras de vinho promoverem encontros entre suas principais marcas e seus clientes ou potenciais consumidores. Quem começou tudo isso, bem lá atrás, foi a importadora Mistral, referência em grandes rótulos no cenário mundial.

Sempre com grande público, é difícil pinçar um grupo de vinhos em meio a tantos expoentes. Em todo caso, sob alguns critérios como novidade, curiosidade, bom preço, além da qualidade do produto, separamos alguns rótulos em destaque.

Gaía

Não confundir com Gaja, o grande nome do Piemonte também importado pela Mistral. Neste caso, estamo falando da Grécia, terra dos vinhos lá na Antiguidade. Quem já leu o livro do grande sommelier italiano, Enrico Bernardo, campeão mundial em Atenas na Grécia, pode verificar sua menção ao belo Vinsanto da ilha de Santorini. Elaborado com a uva autóctone Assyrtiko, é um vinho que deve ser conhecido. Original, concentrado, muito equilibrado, e longo em boca. Precisa ser um toscano muito bom para poder ombreá-lo. E digo mais, em termos de qualidade e com preço bem menor, é o que mais se assemelha aos Vinsantos do consagrado produtor toscano de Montepulciano (não a uva e sim, o vilarejo), o excepcional Avignonesi, também trazido pela Mistral.

vinsanto gaia

Ilha de Santorini (Santa Irene)

Não deixe de provar o exótico branco Thalassitis, 100% Assyrtiko, totalmente seco. Proveniente de parreiras antigas cultivadas num sistema peculiar em forma de cesto, é um branco extremamente seco, mineral, e de grande frescor. Lembra por esta mineralidade, os brancos de Chablis e alguns Rieslings. Ótimo com peixe in natura (sashimi) e caviar.

anima negra

Ànima Negra

O nome é estranho, exótico e misterioso, como os vinhos deste produtor espanhol da ilha de Mallorca. Trabalhando com várias uvas autóctones, os vinhos têm distinção e caráter. Em especial, o vinho Àn, isso mesmo, Àn, é elaborado com a tinta Callet de parreiras muito antigas. Com rendimentos baixíssimos (300 gramas por planta), o vinho apresenta grande concentração, força, mineralidade, além de muito equilíbrio. Quem diz que passa 18 meses em barricas francesas novas? Uma beleza! e na adega, vai longe … Prove, arrisque, saia da casinha.

quarts de chaume

Domaine des Baurmard

Baumard é um dos grandes nomes do Loire na sub-região de Anjou, elaborando brancos da casta Chenin Blanc, tanto secos como doces. Secos, na apelação Savennières e doces botrytisados, especialmente na apelação Quarts de Chaume. Vinho de bom corpo, mas não tão invasivo como Sauternes. Bela acidez, muito equilibrado e delicado. Pode envelhecer por décadas. Seus Savennières também são confiáveis.

brundlmayer

Weingut Bründlmayer

Produtor austríaco de exceção com brancos muito bem cotados. A casta típica do país é a agradável Grüner Veltliner, além de Rieslings surpreendentes. Os dois brancos provados com Grüner Veltliner provêm da mesma região, em torno da cidade de Langelois a 70 km de Viena. O primeiro denominado Berg Vogelsang, tem os vinhedos situados em baixas altitudes, proporcionando vinhos mais macios. Já o segundo, sob a DAC Kamptal, parte de vinhedos em terraços com maior altitude, gerando vinhos mais frescos, mais agudos. É bem perceptível esta diferença. A propósito, DAC é uma espécie de denominação de origem austríaca.

O terceiro branco é um Riesling de Kamptal. Com aromas bem típicos da casta (toque mineral), sua textura fica entre os rieslings alemães, um pouco mais magros, e os alsacianos, mais encorpados. Pode ser uma boa descoberta para quem gosta de Riesling. Foto acima dos três vinhos.

brundlmayer riesling

Riesling com doçura peculiar

Agora falando em vinhos doces, o da foto acima, é um Riesling de vinhedo (Heiligenstein) cujo solo é de origem vulcânica. Trata-se de um Beerenauslese (uvas botrytisadas) com 11º de álcool e pouco mais de 160 gramas de açúcar residual. Elegante, delicado e super equilibrado. Divino com torta de maçã.

kracher eiswein

Eiswein: vinho do gelo

Fechando os vinhos doces, temos o rótulo acima, um Eiswein do produtor Kracher, referência em vinhos botrytisados austríacos na região de Burgenland. Esta região é a maior concentração de Botrytis do planeta devido a um lago raso e de grandes dimensões (área de exposição) que aliado a condições climáticas especificas, proporcionam o bom desenvolvimento da Botrytis com uma consistência invejável, ano após ano. Este exemplar mescla as uvas Grüner Veltliner e Welschriesling (riesling itálico) num vinho de ótima acidez e álcool equilibrado, combatendo bem o destacado açúcar residual. Especificamente no Eiswein, não há botrytis. As uvas são colhidas congeladas com alta concentração de açúcar. Na prensagem das mesmas, o gelo fica na prensa e temos um mosto intensamente doce e ácido para a fermentação.

pesquera reserva

Pesquera Reserva

Durante muito tempo, os vinhos de Alejandro Fernandez ficaram à sombra do mito Vega-Sicilia, também importado pela Mistral. Ribera del Duero de grande categoria, a bodega Pesquera molda tintos elegantes, bem equilibrados em todas as categorias; Crianza, Reserva e Gran Reserva. A uva é a onipresente Tempranillo, conhecida localmente como Tinto Fino. Este Reserva Especial provado esbanja classe e equilíbrio. Um verdadeiro clássico da “Milla do Oro” (região nobre de Ribera).

pesquera dehesa

grande pedida em Tempranillo

Saindo um pouco da badalação, o grupo Pesquera é proprietário da bodega Dehesa La Granja, situada fora da zona de Ribera del Duero, sob a denominação Vinos de la Tierra de Castilla y León. Este Cosecha 2006 provado no encontro, mostrou-se com muita fruta, madeira equilibrada e final persistente. 100% Tempranillo com 24 meses de roble americano, e mais 12 meses em repouso na bodega. Praticamente, as exigências de um Reserva. Bela compra.


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