Posts Tagged ‘espumantes’

Borbulhas não apenas para o fim do ano

3 de Dezembro de 2020

O consumo de espumantes ainda está muito ligado às festas de fim de ano, mas cabe aqui sempre repetir a máxima de Lilly Bollinger sobre Champagne. “Bebo-a quando estou feliz e quando estou triste. Algumas vezes, também quando estou só. Quando tenho companhia a considero obrigatória. Brinco com ela quando estou sem apetite e a bebo quando estou com fome. Fora isso, nunca a toco, a menos que esteja com sede”.

Versatilidade ímpar, da entrada às sobremesas, apenas mudando a dosagem de açúcar, os espumantes vão muito bem com as entradas, das mais simples às mais complexas, como salgadinhos, canapés de salmão defumado, vieiras grelhadas. Nos pratos principais, dependendo de safras e qual a uva é a principal no corte (pinot noir vai muito bem com aves; chardonnay faz maravilhas com boa parte dos frutos do mar), eles também escoltam excepcionalmente bem.

Ferrari Perle 2006

Dito isso, quais são as opções existentes no mercado brasileiro? (As champagnes ganharão post específico na próxima semana)

Brasil

Você quer um espumante brasileiro versátil, bem feito, com bom preço? A preferência recai sobre Adolfo Lona, cujos rótulos são coringas à mesa,sendo boa parte abaixo de R$ 80. Argentino, Lona veio para o Brasil na década de 1970 trabalhar com as multinacionais que começavam a investir no terroir gaúcho. Ficou por lá. Produz bons espumantes, talvez os melhores do Brasil. Diego representa os vinhos em SP: 11.95133.4000 diego_graciano@hormail.com

Espanha

Se você estiver procurando uma opção estrangeira de boa relação qualidade preço, a Clarets traz as melhores borbulhas espanholas: Juvé Camps, situada em Sant Sadurní d´Anoia, a melhor região de Cavas, controla todo o processo de elaboração, desde vinhedos próprios, até todas as fases de vinificação. A Cinta Purpura sai por cerca de 100 reais.

Portugal

Na Bairrada, terra do famoso leitão, Luis Pato elabora com a casta local Maria Gomes um dos bons espumantes da terrinha. Na Mistral, por cerca de R$ 170.

Itália

Em Trento, a italiana Ferrari faz excelentes espumantes, em todas as gamas de preços. Às cegas,é duro dizer que não se trata de Champagne. Gosto é subjetivo, mas não troco um Ferrari por uma básica Moet nem por uma Veuve Clicquot. Na Decanter.

França

Alsace

Quem tem terroir tem tudo. Não se vive apenas de Champagne na França. Olho nos crémants. Os mais famosos estão na Alsace, terroir mais conhecido pela produção dos melhores rieslings franceses. São elaborados com as uvas Pinot Blanc, Pinot Gris, Pinot Noir, Riesling, Auxerrois e Chardonnay. Existe a versão rosé, elaborada com Pinot Noir. O vinho permanece pelo menos nove meses sur lies antes do dégorgement (expulsão dos sedimentos e colocação da rolha definitiva). Na ótima importadora franco-carioca Taste Vin, o bom espumante de René Muré para entradas e para abrir os trabalhos: https://www.tastevin.com.br/produto/cremant-d-alsace-brut/

Languedoc

Blanquette Antech Réserve Brut, 2017 - Espumante - Rótulo de garrafa de vinho da França da região Languedoc

Elaborado na região do Languedoc, perto de Carcassonne. As uvas para o Crémant são: Chardonnay e Chenin Blanc, as principais, complementadas por Mauzac e Pinot Noir. Permanece pelo menos quinze meses sur lies. A importadora Delacroix traz o Blanquette Antech Réserve Brut, 2017, um corte de 90% Mauzac, 5% Chenin e 5% Chardonnay. https://www.delacroixvinhos.com.br/products/blanquette-antech-reserve-brut-2017-1295-940-espumante

Bourgogne

A terra do pinot noir e do chardonnay, berço de Romanées e Montrachets, tem opções de borbulhas. São os crémants de Bourgogne, apelação da Borgonha com as uvas Pinot Noir e Chardonnay, podendo ter eventualmente as uvas Gamay e Aligoté. Permanece pelo menos nove meses sur lies.Uma opção na Cellar é o crémant do domaine Edouard. https://www.cellarvinhos.com/cremant-de-bourgogne-nature.

Em tempo: As champagnes ganharão post específico na próxima semana

É disso que o Polvo gosta!

12 de Março de 2020

Voltando aos assuntos de enogastronomia, temos o Polvo, um molusco sofisticado encontrado facilmente em nosso mercado. Para tanto, temos unúmeras receitas caseiras, clássicas e vários pratos em restaurantes. Neste caso, o vinho é parte importante do processo, dirigindo a um prazer maior à mesa.

O polvo se bem cozido, tem uma carne tenra de certa textura e um sabor peculiar que combina muito bem com a acidez e mineralidade dos vinhos. Pode ter eventualmente os mesmos problemas da lula em cozimento de poder ficar rijo ou borrachudo. É um prato que admite vinhos brancos nas preparações mais leves, passando por rosés, e eventualmente até tintos de certa leveza. Vamos a eles!

polvo salada

Salada de Polvo

Uma receita muito variada com ingredientes e a gosto do freguês. Em linhas gerais, tempos o polvo cozido com águas, caldos e temperos. As batatas corretamente cozidas, além de ervas como salsinha, coentro, cebolinha, pimentões, ceboba e azeitonas pretas. O ovo é opcional. Tempera-se com bastante azeite, acrescentando-se o limão, vinagre, ou balsâmico. Deve ser servida fria ou gelada. Um prato de entrada ou verão.

Na foto, uma versão sem batatas e ovos, mas com muito frescor. Neste caso, pela leveza do prato e por ser uma entrada, vinhos brancos frescor à base de Sauvignon Blanc vão bem. Procure por Sauvignons chilenos de vales frios, preservando a mineralidade e de textura mais rica. Combina melhor com a carne do polvo.

Voltando a Portugal, o Alvarinho da região do vinhos verdes é um bom parceiro, sobretudo de certa textura e com um leve toque de madeira. A uva Encruzado no Dão tem boa mineralidade e textura para o prato. Os espumantes portugueses de Tavora-Varosa de estilo Brut  pelo método clássico vão bem, sobretudo os rosés, um pouco mais encorpados.

polvo a lagareiro

Polvo a Lagareiro

Uma versão aproximada da salada de polvo, só que desta vez quente com as batatas assadas e muito azeite. O polvo é cozido da mesma maneira acima com temperos e depois e cortado. As batatas pequenas são cozidas com as casca em água e sal grosso. Posteriormente são secas e feitas ao murro. Além de ervas, temperos, alho e eventualmente azeitonas pretas, as batatas ao murro é adicionada na mesma travessa com temperos, polvo cortado e muito azeite antes do tudo ser servido.

Uma receita rica, de forno, que ainda deve ser acompanhada de vinho branco mais estruturado. Os brancos do Douro e Dão com alguma passagem por madeira vão muito bem. Se você gosta de mais acidez, os tradicionais Bucelas com a casta Arinto cumprem bem o papel com muita personalidade.

Se quiser algo mais para o tinto, um bom rosé estruturado pode cair bem. Os novos rosés de Portugal e a turma do Rhône mais ao sul são boas pedidas. Para os tintos, os taninos podem atrapalhar e para escolher vinhos de baixos taninos, falta personalidade ao vinho de uma maneira geral.

polvo arroz

Arroz de Polvo

Essa é a versão que não vai batatas na receita e sim, arroz. Ela não tem tantos temperos e acidez como a salada, mas é muito saborosa. Tem mais textura em boca e uma sugestão de vinho tinto em sua preparação. O polvo é cozido como nas outras vezes e o arroz é puxado no próprio molho do polvo. De todo modo, a umidade do prato para cada um é absolutamente individual. Pessoalmente, gosta de sentir uma certa umidade no conjunto.

Como trata-se de um prato principal, aqui podemos admitir certos tintos para a harmonização, sobretudo se eles fizerrem parte da receita. Os tintos do Dão um pouco mais jovens, sem passagem por madeira, podem ir bem por sua elegância, frescor, e taninos comedidos. Alguns tintos modernos da denominação Lisboa tem frescor para o prato. Entretanto, acho que rosés mais encorpados chegam melhor ao resultado final. Um bom rosé Bruto da Bairrada pode cair muito bem, assim como os rosés de Navarra na Espanha são boas pedidas.

Se a opção for brancos, que eles sejam um pouco mais estruturados e ricos em textura. A turma do Alentejo tem na casta Antão Vaz, a Chardonnnay local, com breve passagem por barrica, respostas seguras. Chardonnays de um modo geral vão bem com farta oferta no mercado. Desde que sejam equilibrados e com madeira elegante, podem cumprir o papel. Se a opção ainda for local e portuguesa, um belo Alvarinho das regiões de Monção e Melgaço com alguma passagem por barrica,tem força para o prato e a tão bem vinda mineralidade.

Enfim, o Polvo gosta de vinhos frescos, minerais e de certa textura em boca. A carga de madeira deve ser comedida, conforme a receita exija mais estrutura. Os rosés sâo muito bem vindos, desde que tenham certa estrutura e não sejam muito leves. Alguns tintos podem ser  admitidos, mas com muito cuidado. À medida em que sublimamos os taninos, o vinho pode ficar muito leve, atrapalhando a harmonização.

Sugestões para as Festas

22 de Dezembro de 2019

Inúmeros restaurantes preparam seus menus para esta época do ano com o Natal e Ano Novo inspirando pratos diferentes ou então as receitas clássicas. Tomando como exemplo o renomado Vinheria Percussi, vamos harmonizar alguns pratos sugeridos que podem ser encomendados com antecedência. http://www.percussi.com.br

vinheria percussi caponata siciliana

Caponata Siciliana

Uma entrada típica italiana parecida com a versão francesa de Ratatouille. São vários legumes harmonizados com um lado realtivamente ácido e picante. Azeitonas e alcaparras fazem parte deste prato. Ótima opção para o verão.

Aqui podemos ficar nos espumantes, tão comuns nestas festas e que deveriam ser comuns em todo o ano. Podem ser pelo método Charmat, frutados, florais e com ótima acidez. É evidente até pelo caráter provençal do prato que um belo rosé do sul da França cai muito bem, embora a Itália tenha exemplares na Toscana e também em Abruzzo. Só para exemplificar, Cerasuolo d´Abruzzo.

vinheria percussi pansotti com nozes

Pansotti in salsa di Noci

Massa típica recheada com ricota e espinafre envolta em molho cremoso de nozes. Um caso clássico para vinhos brancos, sobretudo os Chardonnay com textura mais rica e com aromas harmonizado com as nozes. O vinho deve ser jovem e com madeira comedida para encarar a acidez da ricota. Um bom Vermentino da Toscana pode ir muito bem. Como exemplo, Antinori tem um ótimo exemplar de Bolgheri importado pela Winebrands.

anselmi capitel croce

Grande elegância com a uva Garganega no Veneto

Baccalà ao forno con patate dolci e porri

Brandade de bacalhau com allho-poró sobre purê de batatas doces. Um prato de textura rica, toques adocicados e os sabores do bacalhau. Um bom alvarinho de textura mais rica com Soalheiro da Mistral ou alguns exemplares do produtor Anselmo Mendes da importadora Decanter podem acompanhar muito bem. Do lado italiano, o excelente produtor do Veneto, Roberto Anselmi, faz um branco de rica textura com a uva Garganega chamado Capitel Croce. Vale a pena provar. Importado pela Decanter.

fonterutoli chianti classico

um dos mais confiáveis Chianti Classico

Arrosto di maialino ao forno

Um pernil de leitãozinho assado no forno com mel e castanhas. Pode ser acompanhado com farofa e eventualmente arroz também. É um prato que pode ir com brancos, mas vamos dar opções de tintos neste caso. Acho que um bom Rioja mais tradicional com a uva Tempranillo é uma boa pedida. A importadora Vinci traz o Viña Real Crianza que tem bom poder de fruta e toques elegantes de barrica. Do lado italina, eu iria para um confiável Chianti Classico do produtor Fonterutoli, importado para Grand Cru.

Outras dicas

Nessa época do ano a carne de porco é muito versátil e muito consumida. Para aquela leitoa de forno com pele crocante e pururucada, Portugal nos ensina que os espumantes vão bem cortanto a gordura do prato. Vá de espumantes elaborados pelo método clássico, pois são mais estruturados e ricos para o prato. Espumantes portugueses da Bairrada ou de Lamego, encostado no Douro, são ideais.

Para as bistecas e outras carnes defumadas de porco, os alemães e alsacianos vão de Riesling com seus característicos traços minerais. Conforme os acompanhamentos do prato em termos de doçura, esses vinhos calibram bem os açucares, conforme sua classificação no rótulo: Kabinett, spatlese, auslese, beerenauselse, em ordem crescente de doçura.

img_7149pernil com farofa de castanhas e chutney de abacaxi

Quando o assunto é pernil ao forno, podemos admitir tantos tintos como brancos. A fibrosidade da carne do pernil e seu intenso sabor permite uma ampla gama de vinhos. Pessoalmente, acho que a península ibérica sai na frente. Tintos espanhóis com as uvas Tempranillo e Garnacha vão muito bem. Do lado português, Tintos do Douro e do Dão são ótimos parceiros. O Dão gera vinhos mais elegantes para receitas mais sutis, enquanto o Douro vai melhor com sabores mais intensos. No caso do pernil acima, acompanhei com um Garnacha que se mostrou muito versátil. Embora houvesse o chutney de abacaxi, o mesmo estava muito equilibrado se acomodando bem com o lado macio e frutado da Garnacha.

Para os vinhos brancos, os bons exemplares do Douro, Dão e Alentejo, fazem grandes parcerias. No caso espanhol, uma combinação sensacional é um belo branco da Viña Tondonia com seus aromas complexos e elegantes.

No mais é sempre adequar o prato com a estrutura do vinho. Vale sobretudo o gosto pessoal e arriscar de vez em quando combinações mais ousadas. Mais do que acertar é aprender com os erros. O resto é pura diversão. Boas Festas!

 

Taças: Champagne e Espumantes

26 de Julho de 2016

Até a década de setenta do século passado, as taças de champagne abertas, conhecidas como Maria Antonieta, eram comuns nas mesas de restaurantes, eventos e filmes de Hollywood. De certo modo, havia coerência neste modelo, visto que os champagnes não eram totalmente secos. O estilo Brut como conhecemos hoje e amplamente consumido foi criado nos anos 30. Portanto, esta secura e alta acidez evidenciadas não eram apreciadas em outras épocas. Atualmente, este modelo de taça é indicado pela marca Riedel para o consumo de Moscato d´Asti ou champagnes e espumantes doces. De fato, a borda mais aberta favorece a apreciação da acidez, do frescor, contrastando com a evidente doçura da bebida, e portanto, promovendo um ótimo equilíbrio em boca.

A flute de certo modo, revolucionou um novo estilo de taça, muito mais de acordo com o estilo Brut. A área de contato com o ar  é bem menor, preservando o perlage, e a borda mais fechada, favorece os sabores frutados e mais delicados da bebida, frente a uma acidez extremamente presente. Com isso, a apreciação da acidez é mais comedida, dando equilíbrio ao conjunto. Para espumantes elaborados pelo método Charmat, onde os aromas de frutas e flores são mais evidentes e ao mesmo tempo, sem grande complexidade, a flute parece ser a taça ideal.

taça champagne

taças: belle époque e tulipe

No caso de champagnes e espumantes elaborados pelo método Tradicional (champenoise), as taças tulipas sempre foram as opções mais corretas. Inclusive, a Riedel oferece modelos bem apropriados. Contudo, há forte tendência para uma nova mudança. Utilizar taças a princípio para vinhos brancos na apreciação de champagnes, principalmente nas cuvées especiais. No caso do Dom Pérignon, o próprio chef de cave Richard Geoffroy, sugere a taça Spiegelau linha Authentis para vinhos brancos bordaleses na apreciação de seu champagne, sobretudo para o P2, champagne de envelhecimento prolongado e de grande complexidade aromática.

Para esta nova tendência, é importante que a escolha de taças seja para vinhos brancos de estilo bordalês, Sauvignon Blanc, Riesling, entre outros, onde a boca mais fechada restrinja a percepção exacerbada da acidez. Afinal, o champagne principalmente, tem neste componente sua mais importante característica. Taças muito abertas como as dos borgonhas brancos, evidenciariam demais a acidez, tornado seu equilíbrio em boca comprometido. Como exceção, champagnes muito antigos, onde o perlage é bastante deficiente e quase inexistente, a acidez normalmente está bem mais contida, restando apenas a eventual qualidade do chamado vinho-base. Neste caso, para levantar um pouco mais o frescor da bebida, essa taças borgonhesas mais abertas, podem funcionar a contento.

taças espumantes

prosecco, champagnes, cuvée de luxo, respectivamente

Em resumo, sugiro a flute para o Prosecco e todos os espumantes elaborados pelo método Charmat. Para os champagnes e outros espumantes elaborados pelo mesmo método, tradicional ou clássico (champenoise), a taça tulipa é pessoalmente minha melhor opção. Entretanto, é bom atentar para o tamanho do bojo. Estou falando em tulipas com capacidade em torno de 300 ml, similares à linha Sommelier da Riedel.

Em casos excepcionais de grandes cuvées de champagne envelhecidas, a taça estilo bordalês proposta por Richard Geoffroy podem ser muito interessantes. De fato, nestes casos, a qualidade do vinho-base é tão superior, que vale a pena uma câmara de expansão de aromas mais ampla, sobretudo se as borbulhas já estiverem um tanto comprometidas.

No caso dos cavas, por definição, método clássico, aqueles de menor contato sur lies com a designação reserva, as flutes ainda são aceitáveis. Já para a categoria gran reserva, a tulipa é primordial. Voltando aos champagnes, se a ideia é servi-los em taças do tipo bordalês, atentem para a complexidade dos mesmos. À medida em que o champagne torna-se mais complexo, é preciso aumentar o bojo da taça paulatinamente.

É sempre bom lembrar, que o serviço de vinhos de uma maneira geral depende muito da escolha da taça adequada, além da correta temperatura de serviço. Esta por sinal, nunca muito baixa quando o corpo, a estrutura, e a distinção de um grande espumante está presente.

O destino das uvas

5 de Fevereiro de 2016

Quando pensamos em vinho, não nos atentamos ao produto original chamado uva. Pois bem, como o planeta trabalha este produto e seus diversos fins na agricultura e consumo? Veja quadro abaixo, num estudo idôneo elaborado pela OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho).

produção mundial 2015

Esquema Mundial

Temos um vinhedo mundial com aproximadamente sete milhões e quinhentos mil hectares de vinhas (7573 mha). Neste vinhedo é gerada uma produção de setecentos e trinta e seis milhões de quintais de uva (736 Mqx). Só para saber, um quintal (medida antiga) é equivalente a cem quilos. Portanto, fazendo as contas, temos um rendimento médio mundial de aproximadamente nove mil e setecentos quilos de uva por hectare (97 ql/ha). Evidentemente, um número muito acima para vinhos de qualidade, por exemplo.

areas de vinhas

As cinco maiores áreas de vinhas

Efetivamente, trabalha-se com setecentos milhões de quintais de uva (699 Mqx), pois cerca de trinta e sete milhões são desperdiçados no processo (uvas inadequadas, podridão, perdas na colheita, etc …).

Continuando no esquema, quatrocentos milhões de quintais  (399 Mqx) são destinados à produção de vinhos e sucos, sendo 358 Mqx para vinhos e o restante para sucos. O volume mundial de vinhos gira em torno de 270 Mhl (duzentos e setenta milhões de hectolitros). Isso transformado em garrafas, nos dá um número astronômico de 36 bilhões de garrafas por ano. Pouco menos de seis garrafas por ano para cada habitante do planeta. Ainda bem que estamos acima da média. Eu, pelo menos …

É importante notar que as uvas são computadas em peso. Já o mosto de uvas e o próprio vinho são computados em volume. Nesta conversão existe uma perda natural, ou seja, precisamos em média de 1,3 Kg (um quilo e trezentos gramas) de uvas para produzir um litro de vinho. Neste processo, após espremermos as uvas, o peso da engaço (estrutura ramificada que dá sustentação aos grãos de uva), das cascas, do bagaço, e das sementes, são descartados. Conforme esquema, 358 Mqx de uvas geram 270 hectolitros de vinho.

O restante da produção mundial (300 Mqx), trezentos milhões de quintais, são destinados ao consumo in natura de uvas frescas, e uma pequena parte, de uvas passas. Respectivamente, 248 Mqx (frescas) e 52 Mqx (passas). Lembrando que precisamos de 4 Kg de uvas frescas para fazer 1 Kg de uvas passas. Daí, o preço bem maior do produto.

vinhos e uvas

utilização da uva no mundo (2000 a 2014)

Em resumo, aproximadamente pouco mais da metade das uvas (55%) do planeta são destinadas para o vinho, 35% para consumo de uvas de mesa, e o restante, entre sucos e uvas passas. Se levarmos em conta o rendimento para se fazer uvas passas, em peso efetivamente, a produção mundial não chega a dois por cento (2%).

Os cinco primeiros países na produção de uvas para consumo in natura (uvas frescas) são: China, Índia, Turquia, Irã e Itália. Só a China produz mais do que todos os outros quatro concorrentes juntos. São quase 85 Mqx (milhões de quintais) dos 247 Mqx do mundo.

Outra observação do gráfico acima é o acréscimo de consumo de uva in natura e o consequente decréscimo na produção de suco em termos mundiais. Entretanto, a indústria de suco de uva no Brasil atualmente vai de vento em popa. Um mercado em expansão e com forte caráter para a exportação.

Só para completar, os espumantes responde por cerca de 7% (sete por cento) da produção mundial de vinhos, enquanto os vinhos rosés giram em torno de 8% da produção mundial.

Panorama Vitivinícola Mundial

18 de Junho de 2015

Em recente congresso da OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho) realizado em Mendoza (Argentina), no final do ano passado (2014), foram expostas as principais tendências da vitivinicultura mundial.

Aproximadamente são sete milhões e meio de hectares de vinhas plantadas no mundo. Metade desta área está concentrada em cinco países (França, Itália, Espanha, China e Turquia). Evidentemente o trio de ferro tradicional concentra-se no vinho, enquanto China (produção de uvas para consumo in natura) e Turquia (produção de uvas passas) têm outros objetivos. Há forte tendência no decréscimo de área plantada tanto na França, como na Itália e principalmente, Espanha. O acréscimo substancial dá-se atualmente no “continente” chinês, conforme mapa abaixo.

superficie mundial 2015

Crescimento expressivo chinês

No que diz respeito à produção mundial de uvas para consumo in natura, atualmente estamos em um número próximo de duzentos e cinquenta milhões de quintais (um quintal = cem quilos). Só a China responde por 34% desta produção, sendo que a Ásia como um todo, perfaz cerca de 62% da produção mundial. O Brasil contribui com 3% desta mesma produção. Já o consumo de uvas in natura concentra-se em cinco países (China, Índia, Turquia, Irã e Egito) com 60% do total mundial.

Agora falando de uvas passas, a produção mundial em torno de treze milhões de quintais, já que o rendimento comparado às  uvas frescas é bem menor, é concentrada em países como Estados Unidos, Turquia, Irã e Chile. 65% desta produção é exportada.

Quanto à produção mundial de vinhos, estamos falando em aproximadamente 270 milhões de hectolitros (um hectolitro = cem litros), sendo que só a França e Itália respondem por cerca de um terço desta produção. Aliás, 80% da produção mundial concentra-se em dez países (França, Itália, Espanha, Argentina, Estados Unidos, Chile, África do Sul, Alemanha, Austrália e China). Os decréscimos de produção são constatados em França, Itália, Espanha, principalmente, enquanto os acréscimos são vistos em países como Estados Unidos, Argentina, Chile e China. Já o consumo mundial de vinhos mostra crescimento expressivo nos Estados Unidos, China, Inglaterra e Austrália, conforme gráfico abaixo. Em linhas gerais, a Europa vem perdendo terreno no consumo mundial de vinhos tanto para a Ásia, como para as Américas.

consumo mundial de vinho 2015

Expressivo crescimento: Estados Unidos e China

Passando para as exportações mundiais de vinho, os volumes de vinho a granel têm aumentado, embora em termos de valores estejam cada vez menos expressivos. Em resumo, de tudo o que é exportado mundialmente em valores, os vinhos a granel respondem por quase 12 % do total, enquanto os vinhos engarrafados dão conta de quase 72%. O restante, aproximadamente 17%, estão no grupo dos espumantes.

A França com aproximadamente 7,8 bilhões de euros lidera as exportações mundiais. A Itália com sólida segunda colocação embolsa cerca de 5 bilhões de euros. Seguem países como Espanha, Austrália e Chile. Veja o gráfico abaixo. O Chile parece querer assumir e solidificar a quarta posição mundial, tornando-se o líder exportador do Novo Mundo.

exportação mundial 2015

Liderança sólida do trio de ferro

Do lado da importações mundiais, outro trio de ferro formado por Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, domina este setor não necessariamente nesta ordem, conforme os critérios avaliados. Em valores, a ordem acima prevalece com números de 3,9 bilhões de euros, 3,7 bilhões e 2,6 bilhões, respectivamente. Já em volume, as posições se invertem. Seguindo a fila, França e Rússia vão mais para os volumes, enquanto Canada e Japão preferem os valores. A China fica em sexto lugar nesta briga, tanto em volumes, como em valores.

Um capitulo à parte são os espumantes com expressiva tendência de expansão na produção e consumo. São atualmente de 17 milhões de hectolitros produzidos mundialmente, concentrados em cinco países (França, Itália, Alemanha, Espanha e Rússia), perfazendo 74% da produção mundial. Quanto ao consumo, a Alemanha lidera o ranking, seguida por França, Rússia, Estados Unidos e Itália, conforme gráfico abaixo.

consumo mundial espumantes 2015Rússia: consumo expressivo

Com relação ao comércio exterior, a França lidera as exportações com 50% (pouco mais de 2,3 milhões de euros) do total mundial de espumantes, seguida pela Itália com 21%. Espanha e Alemanha têm participações mais tímidas em termos de valores. Quanto aos países importadores, mantêm-se o trio de ferro: Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha. Japão e Bélgica também têm sua importância. Metade das importações (pouco mais de 2,2 milhões de euros) é fragmentada em diversos países.

Apesar do consumo, produção e importação de vinhos no Brasil, continuamos bem fora das estatísticas mundiais, quaisquer que sejam os critérios. Afinal, tradição, foco, e apoio governamental, levam décadas para serem conquistados e implantados.

Os Gigantes das borbulhas

17 de Outubro de 2011

O espumante nacional continua sendo nosso melhor representante no mercado interno e também nas exportações. A produção está estimada em mais de doze milhões de garrafas para este ano de 2011. Contudo, em termos globais, os gigantes europeus apresentam números impressionantes e de forma consistente, ano após ano.

Produção de Espumantes na Europa Central

A França lidera as estatísticas com mais de 500 milhões de garrafas por ano, sendo só na região de Champagne, mais de 300 milhões. Os demais espumantes, chamados Mousseux, apresentam expressiva produção nas apelações Crémant d´Alsace, Crémant de Bourgogne e Vouvray.

Produção de Espumantes na França (Exceto Champagne)

Na Alemanha, o famoso Sekt, sinônimo de espumante, é responsável por mais de 350 milhões de garrafa, com a maciça maioria elaborada pelo método Charmat. Das cinco maiores empresas na produção de espumantes no mundo, três estão na Alemanha. As outras duas são o poderoso grupo francês LVMH e a gigante espanhola do Cava, o grupo Freixenet. Os alemães consomem praticamente tudo, além de importar mais alguns milhões de garrafas da França, Itália e Espanha.

Henkell: um dos gigantes do Sekt

A Itália aparece em seguida, com forte produção em sua porção setentrional. Asti Spumante com 85 milhões de garrafas e Prosecco (somente a DOCG Conegliano Valdobbiadene pela nova lei) com 70 milhões de garrafas apresentam grande destaque em termos de volume. Franciacorta, a excelência do método Champenoise italiano, tem grande prestígio, mas produz pouco mais de dez milhões de garrafas por ano. Piemonte, Oltrepò Pavese e Trentino, são grandes referências. A Itália praticamente exporta metade de sua produção.

A grande referência espanhola é o Cava, com sua produção baseada na Catalunha. É a quarta força em borbulhas no planeta, com mais de 200 milhões de garrafas por ano. Pouco mais da metade é destinada à exportação. Os grupos Freixenet e Codorníu somam mais de 75% na produção total de Cava.

Outros gigantes deste mundo de borbulhas são Estados Unidos, Rússia, Tailândia, Ucrânia, Polônia e Austrália. 


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