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Harmonização: Alcachofras

26 de Setembro de 2019

Nesta época do ano começam a surgir nos restaurantes pratos com alcachofras. De gosto peculiar, são irresistíveis para seus amantes. Na hora da harmonização é bom lembrar que as alcachofras têm uma substância chamada cinarina que confere um gosto levemente amargo. É bem verdade que no preparo das mesmas, os temperos, azeites, encobrem um pouco este sabor. No entanto, para combater este leve amargor é bom termos vinhos de boa acidez e evitar tintos com taninos mais presentes.

Como sugestão e exercício de harmonização, vamos mostrar quatro exemplos de pratos em importantes restaurantes de São Paulo. As variações de receitas com alcachofras são amplas, valendo a criatividade nas harmonizações.

bruschetta de alcachofraBruschetta com coração de alcachofras (revista Menu)

Uma bela entrada do restaurante Barolo nos Jardins, pede um vinho relativamente leve, fresco, e de ótima acidez. Um bom Sauvignon Blanc procedente de vários locais como Nova Zelândia, África do Sul, ou mesmo dos vales frios do Chile, nosso vizinho, dão conta do recado. Os aromas herbáceos do vinho, além de frutas cítricas e ótima acidez, casam perfeitamente com o prato, estimulando o paladar para a sequência da refeição.

salada de polvo com alcachofraSalada de polvo e alacachofras (revista menu)

Uma entrada saborosa do restaurante Piselli no Jardins,  envolvendo polvo, alcachofras, tomate cereja e agrião. A textura e o sabor mais pronunciado do polvo sugere um vinho com certa textura, presença em boca, e com toques elegantes acompanhando o refinamento do prato. Para isso, um belo Bordeaux branco de Pessac-Leognan (Graves) deve casar perfeitamente. O Blend envolvendo a Sémillon e Sauvignon Blanc fornece a textura desejada, além de toques de madeira sutis e sabores exóticos. Um bom Hermitage branco também faria um papel adequado.

pizza com alcachofraPizza com alcachofras e tomate seco (revista menu)

A pizzaria Soggiorno da Vila no agitado bairro da Vila Madalena sugere a pizza acima com coração de alcachofras, tomate seco e muçarela de búfala. Esse toque provençal e de certa descontração vai de encontro aos bons rosés da Provence. Sempre muito frescos e equilibrados, seus aromas e sabores envolvendo flores, ervas e especiarias, completam o cenário mais casual. Rosés do Rhône ou os rosés espanhóis de Navarra podem ser boas opções. Se fizer questão de um italiano, Cerasuolo d´Abruzzo é um rosé saboroso com a uva local Montepulciano.

penne com carciofiniPenne ai carciofini pomodori secchi e rucola (revista menu)

Neste último prato, a tradicional Vinheria Percussi em Pinheiros, sugere a massa acima com alcachofras. Os sabores não fogem muito do exemplo da pizza, mas neste caso o prato é menos casual, pedindo um vinho um pouco mais formal. Podemos pensar num tinto leve como um bom Dolcetto do Piemonte de safra recente, fresco, e com muita fruta. Um Dolcetto DOCG Dogliani é sempre mais seguro, sobretudo de um bom produtor. Da mesma forma, um bom Valpolicella Classico de safra recente cumpre bem a missão. Nestes dois casos, a carga tânica deve ser sempre moderada, de acordo com o estilo dos vinhos.

pettirosso-carciofiCarciofi alla Giudia (foto Magari Blu)

Lembrando de um último prato da excelente Osteria del Pettirosso nos Jardins, a foto acima ilustra a deliciosa alcachofra frita, saborosa e crocante. Esta leveza e crocância pedem os melhores espumantes italianos de Franciacorta ou do Trento. Minha preferência é para o elegante Ferrari, fazendo jus ao nome. Um dos pratos imperdíveis do Chef romano Marco Renzetti.

De resto, é experimentar e se divertir, sempre procurando prestar atenção ao que se come e ao que se bebe. Só assim, o universo enogastronômico de cada um pode ser despertado e desenvolvido. Buon Appetito!

Os vinhos de 2017

1 de Dezembro de 2017

Fazendo um apanhado das várias degustações realizadas na ABS-SP em 2017, seguem algumas dicas e lembranças de vinhos nos seus mais variados estilos e preços, até já pensando nas festas de fim de ano que se aproximam. São avaliações estritamente pessoais que seguem abaixo, separadas por estilos e tipos de vinhos.

Espumantes     

Esse é o tipo de vinho que não pode faltar nesta época do ano, embora em várias oportunidades, lembramos sempre de sua versatilidade e compatibilidade gastronômica nas mais variadas situações.    

grand cru tasting 2017 geisse cuvee sofia magnum

Dos nacionais: Cave Geisse com larga vantagem. Não importa qual, um espumante de alta qualidade com informações úteis de safra e data de dégorgement. Importadora Grand Cru.

Dos Internacionais: num preço intermediário, os Cavas apresentam boas ofertas em várias importadoras. Menção especial aos Gramonas, importados pela Casa Flora.

Dos Champagnes: as opções são imensas, sobretudo se preço não for problema. Em todo caso, Deutz da Casa Flora, Jacquesson da Franco Suissa, e  Pierre Gimonnet para quem não abre mão de um delicado Blanc de Blancs, são belas opções. Este último, da importadora Premium.

Brancos leves

Aqui, fugindo totalmente daquele tipo de branco do “inho”. Levinho, gostosinho, equilibradinho, e assim vai. São brancos que possuem leveza, elegância, mas com profundidade e equilíbrio. 

Henri Bourgeois Sancerre Le MD de Bourgeois 2014 – Grand Cru

Fritz Haag Riesling Trocken 2015 – Grand Cru 

Brancos estruturados

abs tondonia blanco 2000

Lopez de Heredia Viña Tondonia Reserva 2000 – Vinci

Baseado na casta Viura ou Macabeo, este branco passa por um trabalho de barrica excepcional. Embora longamente amadurecido, a madeira se funde completamente ao vinho, protegendo-o da oxidação e enaltecendo a fruta e riqueza aromática. Pessoalmente, esta bodega elabora os melhores brancos de longa guarda de toda a Espanha. O melhor branco degustado em 2017.

Rosés

Quando se fala em rosés, fala-se em Provence. Não há nada que se compare à elegância e tipicidade desses vinhos. Portanto, qualquer compra desses rosés entre 100 e 150 reais, dificilmente não satisfará. 

antinori scalabrone

Antinori Scalabrone Rosé 2015 – Winebrands

Aqui temos uma das poucas exceções de rosés que valem a pena. Belo trabalho da Tenuta Guado al Tasso mesclando Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah, sem interferência da madeira. Um rosé de presença em boca, muito gastronômico, um pouco mais encorpado que os provençais, mas muito bem feito. Um salada de polvo com toques de ervas e especiarias é uma bela harmonização.

Tintos leves

Novamente aqui, aquela conotação de profundidade, meio de boca, embora com graça e delicadeza.

Marziano Abbona Dolcetto di Dogliani Superiore Papà Celso 2013 – Mistral

Não é um Dolcetto barato, mas está longe de ser comum. Parreiras antigas, rendimentos baixos, são fatores determinantes para um tinto de grande concentração de sabor. Tanicidade moderada, muito macio, mas com ótimo frescor. É perfeitamente comparável ao Dolcetto do Roberto Voerzio, outro grande produtor piemontês.

Antonio Saramago Risco tinto 2013 – Vinissimo

Um vinho relativamente barato e sem grande sofisticação, mas extremamente bem feito. Equilibrado, fruta bem colocada, frescor na medida certa. Vinho de destaque para o dia a dia e muito gastronômico.

Tintos estruturados

Cantine Cellaro Due Lune IGT 2013 – Casa Flora

Um italiano da Sicilia que mescla as uvas Nero d´Avola e Nerello Mascalese com muita fruta, taninos bem moldados, e bom contraponto de acidez. Bom corpo, persistente, e bem equilibrado.

Rupert & Rothschild Classique 2012 – Zahil

Para quem gosta do estilo bordalês clássico, este sul-africano tem elegância e equilíbrio. De corpo médio, é um vinho normalmente pronto para o consumo e muito gastronômico.

Clarendon Hills Bakers Gully Syrah 2009 – Vinissimo

Eta australiano bom!. Sempre com vinhos muito equilibrados, este Syrah não foge à regra. Bela fruta, taninos polidos, e muito frescor. Vinho com profundidade e persistência.

Quinta Vale Dona Maria VVV Valleys 2013 – World Wine

Um exemplo de elegância e robustez no Douro. Taninos abundantes, mas muito bem trabalhados, além do belo frescor. Bom corpo, sem ser cansativo. Um belo tinto para os assados de fim de ano.

Chateau Haura Graves 2014 – Casa Flora

Uma homenagem acima de tudo a Denis Dubourdieu, grande enologista bordalês, falecido recentemente. Muita tipicidade de Graves com seus toques terrosos e balsâmicos. Belos taninos, elegante, e muito equilibrado. Tudo que um bom cordeiro espera.

abs zambujeiro

Terra do Zambujeiro 2012 – Casa Flora

Um dos grandes tintos do Alentejo sem ter que pagar uma fortuna por isso. Blend bem balanceado com Alicante Bouschet, Trincadeira, Aragonês, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon. Tem o toque na medida de barricas francesas. Grande concentração, maciez, e persistência aromática. 

Pesquera Crianza 2013 – Mistral

Para aqueles que não podem ter um Vega-Sicilia, Pesquera é muito mais que um consolo. Tempranillo elegante de escola tradicional de Ribera del Duero. Toques balsâmicos com a maestria exata da barrica. Fino, elegante, e muito consistente a qualquer safra.

grand cru tasting 2017 bodegas mauro

Bodegas Mauro 2014 – Grand Cru 

Mariano Garcia sabe dar o toque exato de modernidade num vinho que está fora da nobre denominação de Ribera del Duero, sem perder suas raízes. Longe da rusticidade taxada para este tipo de vinho, seu Tempranillo é pura elegância, profundidade, e muita personalidade. Sempre um porto seguro.

Pulenta Estate XI Gran Cabernet Franc 2013 – Grand Cru 

Este produtor argentino apresenta uma consistência impressionante em seus vinhos, desde os mais simples, até seus ícones, como este belo Cabernet Franc. Embora seus Malbecs sejam dignos de nota, uma homenagem a esta cepa sempre relegada a segundo plano. Vinho elegante, equilibrado, fugindo do lugar comum.

abs stonyridge 2008

Stonyridge Larose 2008 – Premium 662 reais

Não é um vinho barato, mas vale cada centavo. Em termos de Brasil, é difícil um autêntico Bordeaux de margem esquerda batê-lo nesta faixa de preço (seiscentos reais). Um nariz complexo, taninos muito finos, e longa persistência. Apesar da idade, tem muita vida pela frente. É imperativo decanta-lo para uma boa apreciação. Um neozelandês de peso. Sem dúvida, o vinho do ano.

Vinhos doces

abs carcavelos

Villa Oeiras Carcavelos Branco Blend 10 anos – Adega Alentejana      

Carcavelos é uma denominação nos arredores de Lisboa quase extinta. Graças a alguns visionários como Villa Oeiras, temos uma faísca de esperança em sua manutenção. O fortificado preferido de Marques de Pombal, embora sua contribuição para o Vinho do Porto seja imensa. Este 10 anos apresenta concentração, frescor, e longa persistência aromática. Lembra de certo modo alguns Madeiras.

Domaine Paul Mas Maury Mas des Mas 2011 – Decanter

Os fortificados franceses se apegam muito ao Banyuls, esquecendo de um concorrente ilustre chamado Maury, de localização mais interiorana na área de Roussillon. Também elaborado com Grenache, segue o mesmo padrão de vinificação do famoso vinho do chocolate. Com certa passagem por madeira, lembra os típicos Tawnies portugueses da linha Reserva. Bela alternativa às opções cotidianas.

Quando se vê já se passou um ano, quando se vê já se foram vinte e sete anos de ABS-SP. Agora é tarde demais para ser reprovado. Mário Quintana estava certo …

Sutilezas da cozinha italiana

20 de Abril de 2017

Normalmente, quando se pensa em Itália, pensamos em muita fartura, molhos densos, temperos marcantes, e assim por diante. É uma comida que afaga a alma. Entretanto, há exceções como a Osteria del Pettirosso, comandada pelo chefe romano Marco Renzetti. Não que não seja saborosa, pelo contrário, seus sabores são bem definidos, mas de uma delicadeza e precisão pouco usuais. Você termina a refeição de maneira leve, satisfeito, pronto para continuar um trabalho, se for o caso. Vamos então a alguns pratos.

pettirosso carne cruda

entrada instigante

Na foto acima, temos carne cruda com morangos marinados no aceto e tempero de salsão, além de lascas de parmesão. A textura é delicada, o morango perfeitamente integrado no vinagre, onde um complementa o outro aparando as arestas (fruta do morango esmaecida quebrando a acidez do vinagre). O tempero com salsão levanta o sabor do prato.

É uma entrada que admite tantos brancos, como tintos. Um Dolcetto, por exemplo, bem leve, frutado, novo, seria um belo par. Do mesmo modo, um Fiano di Avellino, branco da Campania, acompanharia bem a delicadeza do prato. Um rosé da Toscana como do Castello di Ama é outra opção interessante.

massa e carne de intensidades surpreendentes

Os pratos principais com expectativas contrastantes. O maccheroncini com molho picante de linguiça toscana (foto à esquerda) tinha força para encarar um Barolo, o que é surpreendente para uma massa. Já o Saltimbocca de vitela tinha uma apresentação pra lá de original. A delicadeza do prato era tal, que poderia perfeitamente ser acompanhado por um vinho branco. Por exemplo, um Greco di Tufo (Campania), ou um Soave de bom produtor (Pieropan ou Anselmi).

pettirosso barolo vajra

um Barolo de estilo macio

Um Barolo elaborado na comuna homônima com características semelhantes a La Morra. Estilo mais denso, macio, embora com seus aportes de acidez e taninos. Bricco delle Viole é um terreno de vinhas antigas, plantadas inicialmente em 1949 com replantações em 1963, 1968 e 1985. Amadurce por três anos em botti (grandes toneis) de carvalho eslavônio. Seus aromas de cacau, alcaçuz e os típicos toques defumados permeiam a taça. Ótimo momento para ser tomado, embora possa ser adegado por mais alguns anos.

sobremesas impecáveis

Tanto a Panna Cotta, como o Tiramsu, muito bem executadas e com sabores bem definidos. A Panna Cotta de uma delicadeza incrível, inclusive o mel que a acompanha. Aqui um Belo Recioto di Soave faria um par perfeito. Já o Tiramisu, autêntico, com sabores marcantes de café, biscoito embebidos corretamente, e um mascarpone super delicado. Aqui um Maury (fortificado do sul da França, concorrente do Banyuls) de estilo rancio, mais amadeirado, de certa oxidação, seria um gran finale.

Havana e Bourbon: forças equivalentes

Gran finale mesmo foi a dupla acima. Montecristo nº 2, peça de destaque no tabernáculo dos Havanas. De estilo mais potente do que normalmente a casa entrega, este Puro mostra toda a sua força e caráter no terço final, sobretudo acompanhado pelo Bourbon Woodford. A intensidade do Whiskey e suas notas de coco e baunilha, complementam de forma magnifica a potência do charuto. Talvez, pela delicadeza da comida um Hoyo de Monterrey Double Corona fosse mais adequado. Quem sabe, duma próxima vez …

Presunto Cru: Parte I

4 de Março de 2013

Cada país têm sua grafia e pronúncia específicas para o termo. Prosciutto na Itália, Jamón na Espanha e Jambon na França. Além de Portugal, os três países citados elaboram belos exemplares e são também, grandes países vinhateiros. Portanto, a harmonização embora polêmica, é praticamente obrigatória com seus erros e acertos. Na França, o famoso Jambon de Bayonne é uma indicação geográfica protegida na região sudoeste deste país, conhecida também por país basco. Como todo presunto cru, seu processo de elaboração passa por uma salga regulamentada e posterior maturação. Este é um dos produtos onde o sal é intrínseco ao alimento e portanto, indissociável ao mesmo. A lição número um para a harmonização correta é evitar o choque tanino x sal, no caso de vinhos tintos. Voltando ao Jambon de Bayonne, as indicações clássicas e locais para a harmonização são um vinho rosé (irouléguy, um rosé local. rosés da provence ou rhône), um vinho tinto (novamente o local irouléguy. um beaujolais ou um tinto do languedoc), ou um branco doce (um colheita tardia local sob a denominação Pacherenc de vic-bilh). Convenhamos, são indicações diversas, polêmicas e fundamentalmente, pessoais. A equação se complica quando entra em jogo o grau de maturação do presunto, ou seja, quanto mais curado for, maior a concentração de sabor do mesmo. No caso do exemplo acima, um rosé de Tavel pode ser interessante para um certo grau de cura. Já um Beaujolais, embora de baixa tanicidade, pode não ter força suficiente para o presunto. A opção pelo vinho licoroso só tem sentido se for um presunto intensamente curado e neste caso, pode ser sublime (a acidez combatendo a gordura, o sal contrapondo o sabor doce, e a intensidade e textura de ambos sendo semelhantes).

Jambon de Bayonne

Partindo agora para a Itália, temos inúmeras denominações de presunto cru porém, as denominações Parma e San Daniele sobressaem-se. Para o prosciutto di Parma, mais intenso, as recomendações locais em termos de harmonização são Malvasia dei Colli di Parma, um vinho branco,  além de indicações como Lambrusco e o espumante Prosecco, do Veneto. Pessoalmente, com um presunto de média cura, um Dolcetto novo e frutado ou um Valpolicella de mesmas características pode ser uma boa indicação. Quanto ao San Daniele, para mim o mais delicado entre os presuntos crus, um branco aromático da região do Friuli é a escolha certa. Sendo da mesma região, pode ser a uva local Tocai Friulano, agora simplesmente Friulano, ou um Pinot Grigio.

Prosciutto San Daniele

Para finalizar esta primeira parte, a indicação da apelação francesa Beaujolais para embutidos ou charcutaria é clássica. Ocorre, que não se trata apenas de salames, mortadelas ou presuntos cozidos. O presunto cru fornece uma presença de sal muito particular e uma enorme variação de maturação no portfólio de cada produtor. Portanto, não é sempre que os vinhos de Beaujolais combinam perfeitamente com essas iguarias. No caso do San Daniele, muito delicado, Beaujolais é a primeira escolha para os tintos.

Próxima parada, presuntos da península ibérica.

Tintos para o Verão: Parte II

17 de Janeiro de 2013

Neste artigo, vamos explorar alguns tintos do continente europeu, exceto França, já abordada na primeira parte. Começando pela Itália, temos a região de Valpolicella no Veneto. Aqui o próprio Valpolicella em versões mais simples, enquadra-se bem ao nosso propósito. Fuja dos Valpolicellas pelo método “Ripasso” que apresentam características de maior densidade e estrutura. O leve Bardolino, elaborado com vinhas próximas ao lago de Garda, tem todas as características de um tinto de verão. Na região do Piemonte, as uvas Grignolino e Freisa ganham destaque neste contexto com vinhos leves e muitas vezes frizantes. Os Dolcettos mais simples também cumprem bem este papel. Falando em frizantes, os renegados Lambruscos da região de Emilia-Romagna são vinhos emblemáticos. Prefira as versões secas das denominações Grasparossa di Castelvetro e da denominação Sorbara. São mais autênticos e equilibrados. Descendo um pouquinho pela Toscana, os genéricos Chianti são boas fontes de vinhos leves. São relativamente baratos e não trazem nenhuma denominação específica. Como já vimos em artigos anteriores neste mesmo blog, há nove denominações de Chianti. Para uma das denominações específicas, fique com a denominação Chianti Colline Pisane, sempre em estilo leve, podendo acompanhar até alguns pratos à base de peixe. Pendendo agora para o mar Adriático, temos alguns vinhos em Abruzzo sob a denominação Montepulciano d´Abruzzo com a uva Montepulciano. Geralmente os mais simples apresentam este estilo mais leve. Na região vizinha de Marche, a denominação Rosso Conero mesclando as uvas Sangiovese e Montepulciano, também moldam tintos de certa leveza. As regiões sulinas italianas pelo próprio clima, costumam elaborar tintos mais estruturados e alcoólicos, fugindo um pouco das características do que buscamos. Entretanto, há sempre casos pontuais que devem ser considerados. Por exemplo, alguns Nero d´Avola da Sicilia apresentam características de frescor, sendo muitas vezes o vinho tinto de entrada para uma refeição.

Ricasoli: Chianti leve de um produtor confiável

www.inovini.com.br

Partindo agora para Portugal, vamos abordar algumas regiões não tão famosas e que inclusive, sofreram modificações em suas respectivas nomenclaturas, conforme mapa abaixo. A antiga Estremadura, agora é Lisboa. O antigo Ribatejo, é simplemente Tejo e por fim, Terras do Sado, agora é Península de Setúbal. Nestas regiões é comum o cultivo da uva Castelão que gera vinhos de boa acidez e fruta vibrante, além das chamadas castas internacionais. Sobretudo na região de Lisboa, a influência marítima do Atlântico proporciona um clima ameno, preservando a acidez das uvas. Na Península de Setúbal, serras como Arrábida causam o mesmo efeito, gerando vinhos mais frescos. Quem quiser porvar um ótimo tinto elaborado com a uva Castelão, a dica é o produtor Antônio Saramago trazido pela Vinissimo (www.vinissimo.com.br). Agora falando de uma região mais clássica, o Dão pode proporcionar vinhos relativamente simples e frescos baseados na casta Jaen. Dificilmente, encontraremos um varietal, mas quando sua proporção é importante, teremos presente este frescor mesmo que o corte acompanhe um pouco de Alfrocheiro e/ou Touriga Nacional.

Em terras espanholas, vamos priorizar regiões vinícolas mais ao norte do país. Como sabemos, o clima seco e solo árido permeiam muitas regiões no centro e sul da Espanha. A uva Tempranillo em Rioja, dependendo da sub-região, pode proporcionar vinhos frescos e agradáveis, sobretudo na versão “sin crianza” ou simplesmente ” cosecha”. Em Ribera del Duero, a nomenclatura sugere a palavra “jóven”. De todo modo, são vinhos frescos, sem nenhum contato com madeira ou se houver, apenas alguns meses. Vizinha à Rioja, temos a região de Navarra, não tão badalada como sua rival. Na mesma linha de raciocínio temos os vinhos mais frescos que não passam por barrica. O produtor Chivite importado pela Mistral é sempre uma referência segura (www.mistral.com.br). Um pouco mais ao norte, próxima aos Pirineus, temos a moderna região de Somontano com uvas locais e internacionais. As versões mais simples com a menção “jóven” vêm de encontro ao nosso objetivo. No extremo nordeste espanhol, temos a região da Catalunha, terra do Cava. É uma região banhada pelo Mediterrâneo onde o calor e o sol são arrefecidos pela altitude mais interiorana. Denominações como Penedès e Costers del Segre são as mais indicadas na busca por vinhos mais frescos e leves, embora haja versões mais encorpadas e estruturadas. Como regra, fuja das versões crianza, reserva e gran reserva, se a opção for vinhos para o verão. Nas duas denominações existem uvas locais e as chamadas internacionais.

Harmonização: Bife à parmegiana

16 de Julho de 2012

Na cozinha do dia a dia, este é um dos pratos mais pedidos e executados, adorado por adultos e crianças. É um prato farto, comunitário, acompanhado geralmente por batatas fritas e arroz branco. O bife pode ser mais ou menos nobre (depende do bolso de cada um), relativamente fino, pois é feito à milanesa, e afogado em bastante molho de tomate, além de farto queijo derretido, normalmente muçarela e/ou parmesão. A origem não tem nada a ver com Parma, na Itália.

 

Boa alternativa ao hamburger da criançada

Para a harmonização, vamos pensar em vinhos simples, de acordo com a tipologia do prato. Nada de medalhões, vinhos sofisticados, que podem ser muito delicados para o prato, ou potentes e cheios de madeira. Neste caso, o vinho precisa ter acidez, pois temos uma técnica de fritura no bife (à milanesa) e queijo derretido, envolvendo muita gordura. O próprio molho de tomate também agradece uma certa acidez. Tratando-se de carne bovina e a própria textura e corpo do prato, vamos falar de vinhos tintos relativamente encorpados. É importante também ser um vinho jovem, com bastante fruta, para haver uma boa ligação com o sabor do tomate. Esta juventude normalmente é acompanhada de um natural frescor ou em outras palavras, uma acidez suficiente para o prato. Esta acidez é mais facilmente atingida com vinhos do Velho Mundo, sobretudo italianos. Montepulciano d´Abruzzo, Merlots da Úmbria ou Toscana e Aglianico da Campania, são as primeiras escolhas. Uma boa dica é o Montepulciano d´Abruzzo Nicodemi da importadora Decanter (www.decanter.com.br). Um Valpolicella Classico mais concentrado, ou um Dolcetto d´Alba de vinhedo como do produtor Bruno Rocca da importadora World Wine (www.worldwine.com.br), são boas alternativas.

Outras opções européias podem ser um Tempranillo de Toro (vinhos com força, acidez e rusticidade adequada ao prato), ou um vinho do Douro como Crasto, da Quinta do Crasto, importado pela Qualimpor (www.qualimpor.com.br). Vinho de bom corpo, boa fruta e sem interferência da madeira.

Se a opção for pelo Novo Mundo, prefira Malbecs, Merlots ou Syrahs  jovens, de bom corpo e levemento amadeirados, se for o caso. Um Catena Malbec ou Merlot da Salentein cumprem bem o papel. Respectivamente, são importados pela Mistral (www.mistral.com.br) e Zahil (www.zahil.com.br).

Todas essas indicações referem-se a vinhos de média gama dentro de suas respectivas vinícolas, ou seja, boa concentração de fruta, tanicidade moderada e boa adequação em madeira, mas sem exageros. Madeira e taninos em demasia podem gerar amargor desagradável, além de sabores abaunilhados e tostados não casarem com os sabores do prato.

No mais, vinhos para os adultos e guaraná para a criançada.

Harmonização: Gnocchi al Ragù di Manzo

25 de Junho de 2012

Gnocchi ou nhoque (aportuguesado) al ragù di manzo, mais conhecido como molho de carne, lentamente elaborado, é sempre um prato de sucesso. Cada um tem a sua receita e seus segredos, mas trata-se de uma das paixões nacionais, normalmente lembrada no dia 29 de cada mês, simbolizando fortuna ou bons presságios.

Nhoque: Uma das paixões nacionais

Nesta harmonização devemos ter especial atenção à textura da massa, muito macia e generosa. O molho de carne fornece sabores marcantes, reforçado pela opção do queijo parmesão ralado. Estamos falando de tintos, sobretudo italianos. O importante é que o vinho tenha textura compatível com o prato. A acidez não é tão relevante.

Neste contexto, um bom Dolcetto da região do Piemonte pode ser interessante, mas um Dolcetto de vinhedo e com certa estrutura. No Veneto, um bom Valpolicella Classico com predominância da uva Corvina é um parceiro tradicional. Outra boa escolha é um Montepulciano d´Abruzzo de procedência confiável. O produtor Nicodemi da importadora Decanter (www.decanter.com.br) é um porto seguro. Vinhos da Campania e Basilicata calcados na uva Aglianico podem ser boas escolhas. Não precisa ser os mais estruturados e envelhecidos, basta apresentarem força e juventude para o prato. Novamente, calibrando bem a força dos vinhos, tintos da Puglia baseados nas uvas Primitivo e Nogroamaro têm possibilidades. Mas atenção, esses vinhos podem ser dominadores e extremamente concentrados. Não é o caso do nosso prato. Cosimo Taurino é um belo produtor da Puglia importado pela Mistral (www.mistral.com.br).

Saindo um pouco da Itália, a uva Merlot costuma gerar vinhos com textura apropriada ao prato. Califórnia, Chile e África do Sul apresentam bons exemplares. Vinhos com força suficiente para o prato e sem excessos de madeira. Tintos do Alentejo (Portugal) com a dupla de uvas Argonês/Trincadeira, e do sul da França baseados na uva Grenache são escolhas interessantes. Bastam ter força aromática e o vigor da juventude para uma boa harmonização.

Evidentemente, dependendo do molho e da matéria-prima (batata-doce, ricota, semolina, espinafre, …) na confecção do gnocchi, a escolha do vinho pode ser bastante diversa, inclusive caminhando para os brancos. De todo o modo, a textura deste tipo de massa sempre pedirá vinhos mais macios e volumosos, com taninos (se for o caso) e acidez dosados de acordo com a gordura intrínseca ao molho.

Vinhos de Verão

4 de Fevereiro de 2011

Pode parecer estranho esta expressão, mas em nosso país se faz necessária. Infelizmente, ligamos o consumo de vinho à temperatura da estação, como se não tivéssemos ambientes climatizados, vinhos bem adegados, temperatura de serviço correta e comida adequada para harmonizá-los. Aliás, as pessoas pedem feijoada fumegante, massas com molhos vigorosos, carnes assadas, sem o menor constrangimento no verão, rejeitando os vinhos que combinariam perfeitamente com esses pratos numa estação mais fria, optando então, por uma cerveja bem gelada. Esta é mais uma prova que o pessoal toma vinho nas refeições sem o menor comprometimento com os pratos escolhidos.

Voltando ao tema, o que seria um vinho de verão? Primeiramente, um vinho de corpo leve a medianamente encorpado. Um vinho de boa acidez e tanicidade baixa no caso de tintos, podendo assim resfriá-los para um consumo mais agradável. Neste perfil, podemos apontar brancos das uvas Sauvignon Blanc e Riesling, Vinho Verde (Portugal), Rueda da Espanha com a uva Verdejo, Albariño (Espanha), Pinot Grigio (Norte da Itália), Roero Arneis (Piemonte), Sancerre (Loire), Muscadet (Loire), entre outros.

Os rosés da Provence e também os de Navarra (Espanha) são bastante refrescantes e equilibrados, além de muito gastronômicos. Cuidado com rosés do Novo Mundo. Muitas vezes, são pesados e alcoólicos.

Os espumantes se enquadram perfeitamente neste cenário, como os Cavas (Espanha) mais simples, Proseccos (espumante regulamentado na região do Veneto), os nacionais elaborados pelo método Charmat (são mais leves e diretos), Crémants do Loire e da Alsace. A perfeição seriam os champagnes Blanc de Blancs. Evitem espumantes e champagnes com predominância de Pinot Noir, por serem encorpados e estruturados. As cuvées especiais também devem ser evitadas pelo mesmo motivo.

A luminosidade e brilho denotam uma bela acidez

Por fim, os tintos. Chiantis leves, Dolcettos mais simples, Tempranillo Joven,  Chinon e Bourgueil do Loire (ambos são Cabernet Franc), Gamay (uva do Beaujolais) e Pinot Noir, são algumas das opções. Tomem cuidado com Pinot Noir! Muitos do Novo Mundo são pesados e amadeirados. Quanto aos borgonhas, evitem Grands Crus da Côte de Nuits. Eles costumam ser estruturados, complexos, pedindo pratos e ocasiões de maior requinte. Escolham borgonhas mais genéricos de bons produtores. A Côte de Beaune apresenta um terroir mais favorável ao tema.

Com todas essas opções acima, precisamos ser coerentes com o verão. Saladas, lanches, entradas leves, carpaccios, ceviche,  peixes, frutos do mar e carnes brancas, não terão dificuldades de harmonização, bastando contornar pequenas arestas, caso a caso. Deixem a feijoada de lado por enquanto, além de ser complicadíssima com vinho.

Harmonização: Vitello Tonnato

26 de Janeiro de 2011

Mais uma boa opção no verão para aqueles que não dispensam carne, e fazem questão que não seja crua (carpaccio). É um prato típico do Piemonte, tradicionalmente servido como entrada e de fácil execução.

A harmonização com vinhos está muito mais ligada ao molho do que propriamente à carne, já que seu sabor é relativamente neutro, sobretudo se for de vitela. A carne (lagarto ou girello em italiano) é levemente marinada com algumas ervas, legumes e especiarias, e depois cozida lentamente em água com um pouco de vinho branco. Fica com o aspecto de nossa carne louca sem os temperos.

Entrada clássica do Piemonte

Já o molho é que vai dar sabor ao prato. Basicamente, é uma maionese incorporada com atum sólido, um pouco de alici e alcaparras. Com esses ingredientes e lembrando que a maionese tem como base ovos e óleo, os brancos são o caminho natural. A carne fria reforça ainda mais esta tese.

O vinho precisa ter certa textura, boa acidez sem exageros, e presença aromática de fruta, própria de brancos jovens. As escolhas locais ficam entre duas DOCG importantes de vinho branco, Roero Arneis (Arneis é uma uva autóctone) e Gavi (outra uva autóctone chamada Cortese). É evidente que um Chardonnay moderno e fresco, sem presença de madeira, pode harmonizar com sucesso. Entretanto, um leve toque de madeira, não chega a comprometer o conjunto. Um Sauvignon Blanc do Novo Mundo, de boa textura e com a força da juventude é outro opção segura.

Se você não abre mão de um vinho tinto, tente um  típico Dolcetto, com muita fruta e baixa tanicidade. Um Valpolicella ou um Chianti Colli Senesi são alternativas interessantes. O importante é a acidez do vinho estar presente, na qual os italianos são mestres.

Em resumo, tanto brancos como tintos, devem ser jovens, frescos e relativamente simples. Sempre temos que ter em mente, que trata-se de uma entrada. Os pratos de fundo sim, precisarão naturalmente de vinhos mais complexos e estruturados. Mesmo que não tenhamos outros pratos na sequência por ser verão, e optarmos por uma refeição mais leve, a lógica deve ser mantida. Afinal, todos esses vinhos sugeridos são a cara desta estação ensolarada.

DOCG: Piemonte dispara na liderança

9 de Setembro de 2010

 

Mapa em constante mudança

Não perca a conta! Até agora são catorze DOCGs (Denominazione di Origine Controllata e Garantita), ou seja, o dobro da Toscana, e quase um terço das DOCGs italianas. Maiores detalhes, consultar site www.vinealia.org com a lista completa.

Como geralmente o Piemonte trabalha com varietais, é comum a intersecção de áreas das DOCGs e das DOCs. É bom lembrar também, que o Piemonte e Valle d´Aosta não possuem legislação para as IGTs (Indicazione Geografica Tipica). Seguem abaixo as DOCGs atuais em vermelho por varietal:

Nebbiolo

Barolo, Barbaresco, Ghemme e Gattinara

Barolo e Barbaresco dispensam comentários. Já Ghemme e Gattinara, são menos conhecidas. São denominações interessantes e rivais das mais famosas já citadas. A Nebbiolo é conhecida localmente como Spanna. Normalmente, os vinhos não apresentam grande profundidade, mas podem ser boas escolhas se os produtores forem referências. Travaglini e Antoniolo para Gattinara. Para Ghemme não temos referência no Brasil.

Barbera

Barbera d´Asti, Barbera del Monferrato

Barbera d´Asti é o berço do chamado Barbera Barricato, embora tenha uma corrente mais tradicionalista. É um estilo moderno, às vezes demasiado extraído e notadamente marcado pela madeira. O Barbera del Monferrato é mais leve e geralmente mais simples. Neste caso, a categoria DOCG é designada apenas para a versão Superiore.

Dolcetto

Dolcetto di Dogliani, Dolcetto di Ovada, Dolcetto di Diano d´Alba

São Dolcettos diferenciados, com uma concentração acima da média. Ovada costuma ser mais encorpado que o Dogliani e existe também a versão Riserva. Já o Diano d´Alba pode ter um estilo intermediário com menção do vinhedo. Tanto Dogliani, como Ovada, a categoria DOCG vale apenas para a versão Superiore. Nestes casos, um mínimo de 13º e 12,5º de álcool, respectivamente.

Brachetto

Brachetto d´Acqui

Tinto de estilo Claret ou Chiaretto elaborado com a uva Brachetto. É mais conhecido na versão espumante doce. Uma espécie de Lambrusco local, embora um pouco mais encorpado e persistente que as DOCs Freisa d´Asti e Freisa di Chieri. Nestes casos, Freisa é mais uma uva tinta autóctone.

Cortese (uva branca)

Gavi ou Cortese di Gavi

Branco medianamente encorpado, com eventual passagem por madeira. Costuma fazer a vez do Chardonnay local.

Ruchè (uva tinta)

Ruchè (área de Castagnole Monferrato)

Tinto relativamente leve, elaborado próximo à província de Asti, na região de Castagnole Monferrato. Geralmente, na versão secco ou amabile, embora exista a versão passito.

Moscato

Asti (engloba Moscato d´Asti e Asti Spumante)

Elaborados com a uva Moscato Bianco, são vinhos doces frisantes e espumantes, respectivamente, bem conhecidos do público em geral.

Nebbiolo e Arneis (tinta e branca, respectivamente)

Roero (Roero para o tinto e Roero Arneis para o branco)

Roero tinto é um Nebbiolo de estilo mais leve e pode perfeitamente anteceder vinhos como Barbaresco e Barolo. Roero Arneis é um branco delicado com a uva autóctone Arneis.

 


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