Não é de hoje que falamos neste blog sobre a versatilidade dos espumantes à mesa. Além de festas e comemorações, os espumantes são perfeitos para iniciar um jantar, aperitivar em qualquer momento, e são altamente gastronômicos. A razão é simples, acidez e borbulhas que aguçam o paladar, o álcool é sempre comedido, e não há presença de taninos. Condições mais que suficientes para acompanhar uma série de pratos.
Em degustação didática, seguida por um belo almoço no restaurante Evvai, a equipe da Chandon de São Paulo, liderada por François Hautekeur, nos mostrou detalhes da produção de toda a linha Chandon, além de harmonizações interessantes à mesa.
É bom sempre enfatizar que os espumantes Chandon são elaborados exclusivamente pelo Método Charmat, nunca pelo Método Tradicional. E não há nenhum demérito nisso, pois seu processo Charmat é longo e muito bem executado, procurando sempre a espumatização perfeita. O que pouca gente sabe é que os espumantes Chandon passam longo tempo sur lies, além de um período considerável em garrafa, antes da comercialização. Isso adiciona complexidade, maciez e estabilização ao conjunto, buscando sempre um espumante harmonioso.
a sutileza dos aromas
Foram degustados os quatro espumantes básicos da linha, enfatizando sobretudo os aromas principais de cada tipo. O carro chefe da Casa é o Brut Réserve com algo em torno de dois milhões de garrafas por ano, utilizando 35% dos vinhos de reserva para garantir perfeita uniformidade e qualidade, safra após safra. Este patrimônio valioso que são os estoques de vinhos de safras passadas é um dos pontos chaves para o sucesso, seguindo os preceitos das grandes Casas de Champagne como a Moët & Chandon, sua matriz.
O assemblage desta linha básica prevê três uvas principais, assim como em Champagne. As duas mais importantes como Pinot Noir e Chardonnay com a terceira uva como Riesling Itálico, fazendo a vez da Pinot Meunier em Champagne. Isso dá um toque de brasilidade e personalidade ao blend.
Brut Réserve
35% Pinot Noir, 35% Riesling Itálico, 30% Chardonnay
Seus aromas principais são: maça verde, flor de laranjeira, e pão tostado. Fica perfeito com sushis, assim como pratos da cozinha chinesa.
Na harmonização acima, fregula com manteiga levemente defumada, polvo grelhado, e vieiras cruas, a textura delicada do prato casou perfeitamente com a mousse agradável do vinho. Os sabores do prato e das vieiras realçaram o vinho, resultando num conjunto harmonioso.
Brut Rosé
45% Pinot Noir (sendo 10% vinificado em tinto), 30% Riesling Itálico, 25% Chardonnay
Seus aromas principais são: morango, framboesa, flor de Ibiscus. Acompanha muito bem atum e salmão, além de pratos com cogumelos.
Na harmonização acima, atum fresco, creme de tomates, muçarela de búfala, e azeite com manjericão. A textura do atum e sabor dos tomates ficaram perfeitos com o vinho. A muçarela, o azeite, e um toque salino, foram abraçados pelo frescor do espumante.
Passion: ótimo também com drinks
Chandon Passion
Malvasia Cândia e Moscato Canelli em partes iguais com 5% de Pinot Noir em tinto, conferindo a cor rosada.
Seus aromas principais são: lichia, rosas, e pêssegos. Vai muito bem com sobremesas delicadas e pratos agridoces. Fica ótimo também com drinks, utilizando frutas cítricas e ingredientes picantes.
Chandon Riche
70% Riesling Itálico, 15% Pinot Noir, 15% Chardonnay
Seus aromas principais são: baunilha, abacaxi, e manga. O termo Riche é o equivalente ao demi-sec, ou seja, um espumante doce. A doçura é muito bem equilibrada pela acidez, acompanhando com competência torta de maça com sorvete ou crêpe suzette, por exemplo.
Na harmonização acima, rosquinhas fritas levemente açucaradas, mergulhadas em mousse de avelãs. O açúcar comedido da sobremesa realçou a acidez do espumante sem perder sua doçura delicada e bem balanceada. A delicadeza da mousse foi fundamental para a textura do vinho. Um grande final de refeição!
Excellence em duas versões
A estrela da Casa, Chandon Excellence Brut
Como todo o produto de excelência, para o Chandon Excellence são utilizadas as melhores uvas Pinot Noir e Chardonnay, sem a participação da Riesling Itálico. Outro diferencial é o longo trabalho sur lies que eles chamam de bâtonnage. Consiste em revolver as leveduras mortas após a fermentação em tanques modernos com pressurização por mais de doze meses. Isso confere ao produto final grande complexidade aromática e maciez extra. Por esse motivo, não há necessidade da utilização do Método Tradicional, pois o trabalho e resultado são idênticos, ou seja, é um Charmat longo e detalhado com a melhor tecnologia possível.
O blend propõe geralmente 65% Pinot Noir e 35% Chardonnay com 20% vinhos de reserva. É um espumante gastronômico, para ser levado à mesa, pois a Pinot Noir em maior porporção, confere corpo e estrutura ao conjunto.
Existe a versão Rosé, lançada em 2010 com maior proporção da Pinot Noir (74% sendo 24% vinificado em tinto, conferindo a cor salmonada). Ainda com mais corpo e estrutura, é extremamente versátil à mesa.
Enfim, agradecimentos a toda equipe Chandon, desde a degustação didática, até à bela acolhida no restaurante Evvai com menu muito bem montado e executado. Parabéns por toda linha apresentada, sempre com produtos de excelência, buscando ao longo de sua rica história na Serra Gaúcha, o aperfeiçoamento na elaboração de espumantes de alta qualidade e consistência.