Das quatro comunas famosas do Médoc, margem esquerda de Bordeaux, saem os quatro Premier Grand Cru Classé, além de outros vinhos de grande estirpe. A comuna de Margaux tem certas particularidades que não são comuns às outras três: Saint-Estèphe, Pauillac, e Saint-Julien, todas elas praticamente coladas entre si.
No caso de Margaux, os chateaux ficam espalhados em torno das aldeias, ou seja, eles ficam mais pulverizados em relação às outras comunas. Além desta característica, a mão e o estilo do produtor pesam nas condições de terroir.
Margaux, um pouco isolada
Os setores mais longe rio nós chamamos de Haut-Medoc que circundam as outras comunas mais famosas. O cascalho pode aparecer, mas ele é mais escasso e aparece em talhões isolados neste território. Vejam pelo mapa acima que o cascalho presente nas três comunas tem uma parte descontinuada e volta aflorar em Margaux.
Podemos dizer que os vinhos de Saint-Estèphe tem taninos mais firmes, acidez mais destacada e um certa rusticidade em relação às outras comunas. Isso se deve à maior proporção de argila no terreno. Pauillac por vez, tem alta proporção de cascalho e excelente drenagem. Vinhos que aliam potência e elegância, fornecendo três tintos Premier Grand Cru Classe (Latour, Mouton e Lafite). Por fim, Saint-Julien, comuna que não tem o mesmo brilho de Pauillac, mas uma destacada regularidade.
as comunas de Margaux
Das cinco comunas que aparecem no mapa de Margaux, a comuna homônima é a mais importante, dando o mesmo nome ao único Premier Grand Cru Classé da região, Chateau Margaux.
É interessante notar que os tintos de Margaux são marcados pela elegância e finesse, falando-se muito da Merlot no corte. Contudo é prudente notar que os grandes vinhos de Margaux tem alta porcentagem de Cabernet Sauvignon na mistura, a começar pelo grande Margaux. Acontece que o cascalho da comuna de Margaux é diferente. São calhais brancos de grande profundidade num solo acinzentado com alguma proporção de calcário, o que confere extrema finesse ao vinho. Isso é tão relevante que o Cabernet Sauvignon de Margaux parece ser mais leve e fino que o próprio Merlot elaborado num sítio comum.
Notem que as comunas de Margaux, Cantenac e Labarde são as que mais refletem este terroir. Elas têm proximidade do rio e um teor de cascalho maior. Na parte norte em Soussans, o cascalho quase desaparece, aumentando a proporção de argila. Neste cenário os vinhos são mais robustos e pesados, ficando a finesse em segundo plano. Por fim, a comuna de Arsac fica mais no interior da apelação, semelhante às comunas de Listrac e Moulin, no que diz respeito à distância do rio. Os solos contêm algum cascalho, mas há mais presença de areia, o que torna o vinho mais leve. Essa condição a sul de Margaux é uma característica de Macau e Ludon-Médoc. Os exemplos típicos deste tipo de vinho são Chateau Cantemerle e Chateau La Lagune, os quais são considerados Haut-Médoc de destaques.
concentração nas comunas principais
Chateau d´Issan x Chateau Margaux
Se a comparação não vale pela fama e prestígio, em preço e condições de terroir podemos conversar. Notem que a distância do rio em relação aos dois chateaux são idênticas, separada por pouco mais de um quilômetro entre eles.
No Chateau d´Issan, tradicional desde a idade média, temos uma área menor de 44 hectares de vinhas com solo pedregoso, argila e algum calcário. Essas condições de terreno faz a proporção de Merlot aumentar, embora a Cabernet Sauvignon seja ainda majoritária.
sempre em caixas de madeira
No Chateau Margaux temos outra situação. O vinhedo é praticamente o dobro com 80 hectares de vinhas. O solo é mais pedregoso, embora com argila e calcário. Este fato faz com que a Cabernet Sauvigon seja amplamente majoritária com mais de 70% no corte. Portanto temos um vinho muito mais longevo e estruturado. Embora com estas características, Margaux é um vinho de extrema finesse dada pelos calhais de seu terreno, aliada à uma estrutura monumental. A parte mais calcária do terreno temos um fato singular no Médoc. A expressão de um autêntico Sauvignon Blanc de larga tradição. O branco mais prestigiado do Médoc.
Esses vinhos podem ser adquiridos na importadora Clarets com preços competitivos. Os dois chateaux, Margaux e d´Issan, apresentam várias linhas de produção e preços, de acordo com seu bolso. A vantagem do d´Issan além do preço, é sua prontidão mais adiantada neste momento. http://www.clarets.com.br
briga de titãs
Na bela safra 1983 para Margaux, os chateaux acima travam uma batalha acirrada ao longo do tempo. Por enquanto, Palmer está na frente com 98 pontos.
Chateau Palmer
O segundo vinho na hierarquia de Margaux, após a Grand Vin Chateau Margaux. Em algumas safras se rivalizam em alto nível como 1961 e 1983, numa difícil disputa. Os solos de Palmer ficam entre os calhais pedregosos, argila e areia. Aqui o aporte da Merlot é significativo, podendo em alguns anos superar o Cabernet Sauvignon. No entanto, apresenta classe e uma estrutura monumental para envelhecimento em garrafa. É um estilo intermediário, não tem a força do Chateau Margaux, mas tem mais um lado mais feminino desta comuna.
Em linhas gerais, a comuna de Margaux sofre nas safras não tão boas. O solo mais frio de calhais e o próprio calcário não contribuem para o perfeita amadurecimento das uvas em alguns anos. No entanto, nas grandes safras, Margaux costuma fazer os vinhos mais finos de todo o Médoc.