No Brasil
Há duas décadas, a literatura sobre vinho era escassa. Resumia-se à revista Gula, a poucos livros e a ênfase absoluta recaía sobre Bordeaux e Borgonha. Hugh Johnson e Clive Coates foram precursores. A Wine Advocate, criada por Robert Parker, ensaiava os primeiros passos para ser enviada on-line. A internet não era o que é hoje, nem o sms era o whatsapp.
O avanço das redes sociais, a melhoria dos celulares e o maior interesse das pessoas sobre o vinho aumentou tanto o número de livros e guias quanto o de sites dedicados a vinhos e bebidas. Muitos me perguntam: onde se buscam informações? O que é confiável? Que livro vale a pena investir?
Uma das fontes mais confiáveis é Jorge Lucki, que escreve às sextas-feiras no Valor Econômico (www.valor.com.br). No início do jornal, em 2000, ele tinha coluna às quintas-feiras. Mantém ainda o “Momento do Brinde”, uma coluna na rádio CBN (https://m.cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/jorge-lucki/JORGE-LUCKI-MOMENTO-DO-BRINDE.htm). Jorge Lucki foi um dos primeiros professores da ABS-SP e um dos que iniciaram o Nelson na arte da comida e da bebida. Viaja (bem, viajava no mundo antes da covid-19), conhece produtores e seleciona vinhos para algumas importadoras, como a Zahil, ou participa de eventos de outras, como a Anima Vinum. Apesar do pendor comercial, tem rigor muito mais alto que a média dos que por aqui escrevem e opinam e falam.
Manoel Beato (https://www.instagram.com/manoelbeato/), sommelier do Fasano, bebe bem há décadas, desde quando começou no métier. É rigoroso e, em seu instagram, publica muitas dicas de bons rótulos. No restaurante, tem ótimas dicas de enogastronomia, saindo do padrão comum. Seus livros de bolso também são um orientador de quem começa a gostar de vinhos.
No mundo das redes sociais, vale também conferir dois perfis. Um é Danio Braga (@danio_braga), um dos mais importantes nomes da enogastronomia brasileira há décadas. No fim dos anos 70, acompanhando a seleção italiana de futebol, esse italiano se apaixonou pelo Rio de Janeiro. Criou o Enotria, fez o saudoso e mítico Locanda della Mimosa em Petrópolis e ajudou a difundir vinho e comida. Poucos sabem dessa arte como ele.

O outro perfil é de Cris Beltrão (@crisbeltrao), que vira e mexe dá dicas de restaurantes e vinhos em seu instagram ou em seus textos. É dona de restaurante (o Bazzar), mas escreve como muito poucos. Tem veia de escritora e sede de enófila.
Exterior
O maior crescimento dos últimos anos foram as publicações on-line. Há de tudo, de especialistas em Champagne, como Peter Liem (https://www.champagneguide.net/), ao Rhône (http://drinkrhone.com/). Ambos são pagos. Uma dica do mundo gratuito é sobre Riesling alemão, ou seja, o ápice da mais versátil uva. Jean Fisch e David Rayer publicam, de graça, desde 2008, em pdf, um amplo boletim trimestral sobre vinhos alemães: http://www.moselfinewines.com/
No mundo gratuito, vale a pena o podcast de Levi Dalton – https://illdrinktothatpod.com/ . Transcritas fossem as mais de 450 entrevistas feitas em quase dez anos, seriam o velho e o novo testamento do vinho. É absolutamente imperdível se seu inglês é bom. Ele entrevistou quase todo mundo. Aubert de Villaine, o dono do mítico Domaine de la Romanée Conti, foi ao apartamento de Levi ser entrevistado. Conternos, Rinaldis, Gajas, Roulot, Becky Wasserman e companhia foram alguns dos episódios míticos.

Entre os pagos, há o robertparker.com, com todas as resenhas do homem que criou novos paradigmas na crítica de vinhos, o Vinous (www.vinous.com), de Galloni e edição de Stephen Tanzer, o Burghound, focado em Bourgogne escrito por Allen Meadows, e John Gilman com seu arquivos trimestrais em pdf. Todos mantêm assinaturas anuais que giram por volta de US$ 150, não é barato, mas os textos e as críticas são profundas. Para o meu gosto, Allen Meadows e John Gilman são as duas referências em Bourgogne e Champagne. Gosto bastante da opinião de Gilman fora dessas duas regiões. O dono da Krug, Olivier, diz que o maior nerd do mundo é Gilman, cuja newsletter tem um respaldo conquistado por poucos: os quase vizinhos e líderes de Chambolle, donos de alguns dos rótulos mais elegantes do planeta, Christophe Roumier e Frédéric Mugnier, dão seu aval ao paladar de Gilman.