A Alemanha é indiscutivelmente a terra dos Rieslings, embora a região francesa da Alsácia tenha seus méritos legítimos. Dentre as regiões alemães, Mosel e Rheingau disputam a primazia no assunto. Numa sintonia fina, podemos dizer que o Rheingau produz Rieslings mais encorpados, mais potentes, enquanto o Mosel pende para a delicadeza e elegância. Sem querer tomar partido entre uma ou outra, mesmo porque não faz nenhum sentido, vamos falar a seguir do belo terroir do Rheingau.
Rheingau: mudança abrupta do Reno
Conforme mapa acima, caminhando pelo Reno do sul da Alemanha para o norte, na altura da cidade de Mainz, o rio faz uma curva acentuada para oeste. Nesta nova trajetória por cerca de trinta quilômetros, a margem direita do Reno é moldada por declives precisos das montanhas Taunus proporcionando uma insolação ideal e uma drenagem perfeita para os vinhedos. Além disso esta cadeia de montanhas nos pontos mais altos oferece uma proteção eficiente para os fortes e frios ventos do norte. Realmente, um terroir de livro. A foto abaixo, ilustra bem este fato.
As imponentes montanhas Taunus moldando os vinhedos
Em termos de solo e altitude, os vinhedos no Rheingau apresentam suas particularidades. As zonas mais altas que podem chegar acima de 250 metros acima do nível do mar, geram vinhos mais elegantes e os solos apresentam um perfil de ardósia erodida. Em partes imediatamente abaixo, solos de marga, argila e loess (solos formados pela ação do vento), tornam os vinhos mais encorpados e estruturados, confirmando as características da região. Já em partes mais baixas ainda, próximas ao rio, o efeito das brumas, e a alternância de temperatura propiciam uma ação eficaz da Botrytis Cinerea, dando origem aos melhores vinhos doces do Rheingau. Tudo isso falando só de Riesling, a soberana nesta região.
Riesling de Hochheim
O vilarejo de Hochheim fica muito próximo a Mainz, antes do Reno fazer sua famosa curva. Os vinhedos são de altitude relativamente baixa e o solo é muito particular. Uma mistura de calcário, areia e loess. Aliado a um clima um pouco mais quente que o restante do Rheingau, seus vinhos são encorpados, porém mantendo uma bela acidez. Este da foto acima, provado recentemente, mostrava toque cítricos e minerais bem marcantes. Hölle é um dos vinhedos de Hochheim. Pode ser consumido já com prazer ou adegado por vários anos. Importado pela Decanter (www.decanter.com.br).
Peixes diversos, sobretudo de rio, carnes suínas, embutidos, são ótimos acompanhamentos para os Rieslings alemães. Dependendo da doçura do prato, pode-se calibrar a doçura dos vinhos, os quais na Alemanha têm uma escala bem graduada em ordem crescente (Kabinett, spätlese, auslese, beerenauslese (BA) e Trockenbeerenauslese (TBA)).
garantia: o símbolo da águia
Como dica para não errar nos vinhos alemães, o logo acima está presente normalmente nas capsulas das garrafas como garantia de qualidade. Este símbolo denota que são vinhos de predicado elaborados por produtores de tradição e respeito. É uma associação com cerca de 200 produtores da mais alta qualidade. Não encontrando este logo na garrafa, vale uma pesquisa mais atenta para não comprar gato por lebre. Para a maioria dos consumidores que não decifram rótulos alemães com facilidade, é importante ter ciência deste fato. Realmente, a lei vinícola e a própria língua alemã são fatores que dificultam a correta avaliação e certeza de compra dos consumidores.
Outro produtor de grande qualidade e fama no Rheingau encontrado no Brasil é Robert Weil. Seus vinhos são importandos pela Mistral (www.mistral.com.br).