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Terroir: Rheingau

12 de Maio de 2011

Para muitos, a Alemanha é o grande terroir da Riesling, uma das uvas mais difíceis de ser cultivada fora de sua região de origem. A disputa em terras germânicas entre Mosel-Saar-Ruwer e Rheingau é milenar na supremacia desta nobre casta.

A região do Mosel por ser muito mais ampla e diversificada em termos de terroir, mereceria uma série de artigos. Já a região do Rheingau, bem menor, apresenta características específicas de terroir, que serão abordadas a partir do mapa abaixo: 

As regiões clássicas concentram-se no sudoeste alemão

Observem no mapa acima o histórico rio Reno caminhando a partir da fronteira francesa (Alsace) na direção norte, entrando em território alemão. Num determinado ponto, observem como o rio faz um curva abrupta para oeste, percorre um certo trecho, e volta para a direção norte. Pois bem, este certo trecho é exatamente a nobre região do Rheingau, na belíssima foto abaixo.

Rheingau na altura de Rüdesheim

Vejam no mapa abaixo o detalhe preciso na direção do Reno, que não é exatamente horizontal. Há uma leve inclinação fazendo com que os vinhedos posicionados na margem norte, sejam perfeitamente alinhados na direção sudeste, recebendo a melhor insolação possível, fato crucial nesta fria região.

A face norte em questão, é uma série de ladeiras contíguas, protegidas nas partes mais altas pela cadeia de montanhas Taunus, dos fortes e gelados ventos que sopram do norte. O rio neste trecho pode atingir oitocentos metros de largura e funciona como um moderador de temperatura, deixando os invernos menos dramáticos e os verões não tão quentes para as vinhas. Dependendo do ano e da altitude do vinhedo (altitude próxima ao rio), pode haver ocorrência da Botrytis Cinerea, dando mais elegância e concentração aos vinhos assim gerados.

Os solos formam um mosaico muito variado com predominância de ardósia e quartzo nas encostas mais altas (em torno de 300 metros de altitude), fornecendo aos vinhos o elegante toque mineral. Nas encostas mais baixas, os vinhos são mais pesados, perdendo em parte, a característica elegância.

Trecho com quase 30 km de exposição perfeita

Neste trecho perfeitamente exposto, várias vilarejos destacam-se como Johannisberg, Geisenheim, Erbach e Kiedrich, com vinícolas explêndidas. Um grande nome encontrado no Brasil é Robert Weil, importado pela Mistral (www.mistral.com.br). A importadora Decanter também traz o produtor Franz Künstler, de grande prestígio (www.decanter.com.br).

Numa sintonia fina, os vinhos do Rheingau costumam ser mais encorpados que os do Mosel, e portanto, mais gastronômicos. Salvo as devidas exceções, devem ser servidos os vinhos do Mosel como aperitivos e pratos leves, deixando os do Rheingau para os pratos principais. Pato, ganso ou porco com molho agridoce são combinações clássicas, além de torta de frutas frescas e também a torta de maçã, para os vinhos do Rheingau mais doces.

No geral, os Rieslings do Rheingau, a principal uva da região, são muito equilibrados, com uma acidez vibrante, longevos e de grande persistência aromática. Seus aromas possuem uma complexidade notável e sempre surpreendente ao longo dos anos em garrafa.


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