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Top Ten Wine Spectator 2019

16 de Novembro de 2019

Todo final de ano a famosa revista americana lança sua lista Top 100 e dentro dela temos os dez melhores vinhos do ano, segundo seus critérios que além da qualidade, é levado em consideração preços e quantidades de caixas produzidas. A lista sempre é polêmica e tendenciosa para uma legião que não levam muito a sério a revista. De todo modo, sempre há um impacto na mídia e estamos aqui para comentar os dez mais.

wine spectator almaviva

10° lugar – Almaviva Puente Alto 2016 – 95 pontos

Um dos ícones chilenos do nobre terroir de Puente Alto, especialmente para Cabernet Sauvignon. O toque chileno é dado por uma pequena proporção de Carmenère e às vezes, Cabernet Franc. É um vinho consistente safra após safra, merecendo sempre lugar de destaque.

wine spectator penfolds RWT

9° lugar – Penfolds Shiraz Barossa Valley RWT Bin 798 2017 – 96 pontos

O vinícola australiana Penfolds sempre tem vinhos especiais de grande destaque a começar pelo famoso Grange. Seu concorrente direto, o eleito Shiraz RWT (Red Winemaking Trial), tem a mesma força e classe, amadurecido em carvalho francês, enquanto o Grange amadurece em carvalho americano. Sempre um vinho sedutor e muito bem construído. 

wine spectator pichon baron

8° lugar – Chateau Pichon Baron 2016 – 96 pontos

Pichon Baron é um dos bem pontuados da bela safra 2016 em Bordeaux. Costuma ser um pouco sisudo em comparação a seu rival, Pichon Lalande. Nesta safra temos 85% Cabernet Sauvignon e 15% Merlot. Neste caso, um vinho elegante, bem desenhado, e com boa estrutura para envelhecimento. Um clássico de Pauillac.

Wine spectator ramey

7° lugar – Ramey Chardonnay  Carneros Hyde Vineyard 2016 – 95 pontos

O vinhedo Hyde fica na entrada da Baia de San Pablo na AVA Carneros, beneficiando-se das frias brisas marinhas enevoadas. O vinho é feito à maneira bourguignonne com fermentação, bâtonnage e amadurecimento em barricas. São barricas francesas com baixa porcentagem de madeira nova. Tem um estilo mais elegante, fugindo dos padrões potentes de Chardonnay americano.

wine spectator chateau de beaucastel

6° lugar – Chateau de Beaucastel 2016 – 97 pontos

Um dos mais afamados e consistentes vinhos da apelação Chateauneuf-du-Pape. Um dos poucos que costuma trabalhar com as treze cepas autorizadas. As que dão mais caráter ao vinho são Grenache, Syrah, e Mourvèdre. Sua cuvée Hommage a Jacques Perrin, elaborada só em safras excepcionais, está na elite dos melhores Chateauneufs, juntamente com Henri Bonneau e Chateau Rayas.

wine spectator roederer l´ermitage brut5° lugar – Roederer Brut Anderson Valley L´Ermitage 2012

Espumante da Maison Roederer que faz o champagne Cristal, em sua famosa filial na Califórnia, no vale frio chamado Anderson Valley. Com as melhores seleções de Chardonnay e Pinot Noir em proporções iguais, o vinho base passa em grandes toneis de madeira francesa. O vinho fica em contato sur lies por cinco anos antes do dégorgement. Aromas e sabores  complexos, além de rica textura em boca.

wine spectator groth cabernet sauvignon

4° lugar – Groth Cabernet Sauvignon Oakville Reserve 2016 – 96 pontos

Cabernet tradicional de Oakville, uma das mais prestigiadas AVAs americanas, onde temos vinícolas do porte de Harlan Estate, Screaming Eagle, e Opus One. Este Groth Reserve faz um Cabernet rico em aromas e apto a envelhecimento prolongado. Passa 22 meses em barricas de carvalho francês novas. A safra 85 é lendária com 98 pontos.

wine spectator chianti classico San giusto a rentennano

3° lugar – San Giusto a Rentennano Chianti Classico 2016 – 95 pontos

O único italiano da lista, este Chianti Classico é da sub-região de Gaiole in Chianti. Terra de grandes vinícolas com Castello di Ama e Castello di Brolio. Neste exemplar temos 95% Sangiovese e 5% Canaiolo. Passa 10 meses em vários tipos de madeira: Botti, tonneaux e barricas. Taninos refinados e notas minerais. Bela expressão da Sangiovese.

wine spectator mayacamas Cabernet Sauvignon2° lugar – Mayacamas Cabernet Sauvignon Mount Veeder 2015 – 96 pontos

É um Cabernet de altitude para padrões de Napa com vinhedos entre 600 e 800 metros em solo vulcânico. Fica na sub-região de Mayacamas Moutains bordeando as comunas de Rutherford e Oakville. Passa 32 meses em madeira inerte, grandes toneis. Tem bom frescor e mineralidade.

wine spectator leoville barton

1° lugar – Chateau Leoville Barton Saint-Julien 2016 – 97 pontos

Embora a safra 2016 tenha sido muito boa para os Bordeaux, Leoville Barton, o vinho do ano pela Wine Spectator, não está no time de cima entre os melhores. O próprio Leoville Las Cases, o mais famoso da trilogia tem 100 pontos Parker nesta safra. No entanto, pelos critérios da revista que leva em conta além da nota, o preço e a disponibilidade em termos de quantidade, este chateau é um belo representante da comuna de Saint-Julien. Neste caso, o blend ficou com 86% Cabernet Sauvignon e 14% Merlot. É um vinho bem estruturado com taninos finos e firmes, garantindo uma boa longevidade. Apogeu previsto para 2046.

Como todo ano, a seleção é sempre polêmica, mas acho que poderia ter menos americanos e apenas um bordalês. No geral foram quatro americanos, três franceses, um chileno, um australiano e um italiano. Espanha e Portugal mereciam ter ao menos um representante. O foco neste ano foram os bordaleses e os grandes Cabernets da Califórnia. 

Logo mais, falaremos sobre os TOP 100 da revista que serão divulgados dia 18 de novembro. Vamos ver se há um equilíbrio maior numa amostragem mais ampla.

California Wine Regions: Parte III

27 de Fevereiro de 2014

Ainda dentro da Costa Norte, vamos abordar em detalhes o condado de Sonoma com vinte e quatro mil hectares de vinhas em treze AVAs. Dentre as principais uvas francesas, Chardonnay e Pinot Noir destacam-se no cenário. O mapa abaixo mostra as principais AVAs:

Sonoma: AVAs famosas como Russian River e Alexander Valley

Sonoma County conta com 24000 hectares de vinhas, sendo 29% Chardonnay, 22% Cabernet Sauvginon, 18% Pinot Noir, 14% Merlot, 9% Zinfandel e 4% Sauvignon Blanc e 4% outras. As quatro maiores AVAs de Sonoma County são: Russian River, Alexander Valley, Dry Creek e Sonoma Valley, as quais serão comentadas a seguir.

Russian River

Se há um lugar onde os vinhos elaborados com Pinot Noir se aproximam da Borgonha, este lugar é Russian River, sobretudo pelos produtores Rochioli e Williams Selyem. A influência da neblina marítima contribui muito para as condições climáticas ideais (relativamente frias) quanto ao cultivo da Pinot Noir. Os brancos à base de Chardonnay também costumam ser bastante elegantes. Em resumo, pode ser considerada a Borgonha da Califórnia com as devidas ressalvas.

Alexander Valley

Região mais quente que Russian River, com belos exemplares de Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnays maduros, Zinfandel (a típica casta norte-americana) e Sauvignon Blanc. O Cabernet da vinícola Silver Oak é um dos destaques da região.

Dry Creek Valley

Pensar em tomar um grande Zinfandel de vinhas velhas é pensar no terroir de Dry Creek Valley. São vinhos concentrados, cheios de sabor e belos companheiros com pratos de caça guarnecidos com molhos de frutas vermelhas. Os Cabernets encorpados também são destaques. 

Sonoma Valley

Esta é a região limítrofe com Napa Valley separada pela cadeia de Montanhas Mayacamas. Seu clima é relativamente frio com chuvas moderadas. A boa influência fria de Los Carneros, imediatamente ao sul do vale, fornece condições para belos Chardonnays bem equilibrados.

Dispersão da neblina pela famosa ponte

O esquema acima mostra a entrada do nevoeiro pela Golden Gate, invadindo as baías de San Francisco e San Pablo. Esta última, porta de entrada para a AVA Los Carneros. A foto abaixo ilusta o esquema.

Golden Gate: fenda estratégica para o famoso nevoeiro

Los Carneros

Além das quatro AVAs citadas, não poderíamos deixar de falar em Los Carneros, AVA importante que divide-se entre Sonoma e Napa Valley defronte à Baía da San Pablo. A influência direta de todo o nevoeiro do Pacífico provoca um clima relativamente frio, muito propício ao cultivo das cepas Chardonnay e Pinot Noir. O Chardonnay se sai melhor, quase sempre com uma acidez destacada. Já a Pinot Noir, apesar de bons exemplares, não tem o mesmo nível de Russian River.

Com isso, finalizamos os principais pontos da Costa Norte, partindo no próximo artigo para a Costa Central, imediatamente ao sul de São Francisco.

Napa Valley: Parte IV

29 de Outubro de 2012

Voltando ao nosso mapa original, notamos que outras AVAs de Napa Valley não têm a mesma importância que as já citadas em artigos anteriores. Uma que merece menção especial é Los Carneros, bem ao sul da região, com toda a influência das brisas frias da baía de San Pablo. É fonte de bons Chardonnays e Pinot Noir.

Napa Valley: aproximadamente 18.000 hectares de vinhas

Nos três artigos anteriores, tentamos mostrar o pioneirismo e a supremacia da Califórnia, especialmente Napa Valley, na elaboração de grandes vinhos do chamado bloco dos países do Novo Mundo. O clássico corte bordalês tão reproduzido em várias regiões e países, parece ter encontrado em Napa Valley sua cópia mais fiel. Evidentemente, a classe e elegância francesas não estão em xeque, mas os tintos de Napa baseados em Cabernet Sauvignon chegam muito perto em refinamento e também em preços. Na maioria das vezes, os americanos pecam por serem um tanto potentes, amadeirados e com um toque mentolado característico. Entretanto, os grandes exemplares mencionados nos artigos descritos, corrigem estes “defeitos crônicos”, deixando os melhores “grand cru classé” com a pulga atrás da orelha, e são um tormento para degustadores experimentados quando degustados às cegas.

Por razões de preço e baixa oferta, poucas importadores trazem vinhos americanos. Entretanto, citaremos alguns endereços abaixo onde podem ser encontrados alguns dos vinhos citados nesses artigos específicos sobre Napa Valley. Como dissemos, não são vinhos baratos, mas para aqueles viajam ou estão acostumados a adquirir vinhos ícones, vale a pena a experiência. Além disso, podem surgir gratas surpresas  para aqueles que veneram os grandes bordeaux.


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