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Garimpo: R$50 a R$ 160

19 de Agosto de 2020

Semana passada. Uma mensagem na caixa de emails. Má notícia. A alta do euro nas últimas semanas fará com que novos reajustes venham por aí, já que os preços estavam calculados com um euro a R$ 5,75 e a moeda agora está acima dos R$ 6,30. Algumas importadoras que ofereciam garrafas abaixo de R$ 80 já estão com gôndolas vazias nessa seleção. Garimpar garrafas de bom custo benefício tem virado um passatempo árduo, embora a seleção de bons rótulos esteja cada vez maior.

Feita a introdução, vamos a um passeio por algumas opções de brancos, tintos, espumantes e vinhos de sobremesa.

Galeria Empresa 4

Abaixo de R$ 70,00

Pizzato
A linha da vinícola gaúcha é tiro certeiro. São vinhos corretos, frutados e bons para o dia a dia, sejam brancos, tintos, rosés ou espumantes. Podem ser comprados em supermercados ou em sites. Vale procurar quem vende por preço mais baixo.

Adolfo Lona

A primeira vez que me deparei com um espumante de Adolfo foi no saudoso e mítico Locanda della Mimosa, do grande Danio Braga. Era oferecido nos brunchs e cafés da manhã de quem por lá se hospedava. Adolfo e Danio são amigos de longa data. Argentino, Lona veio para o Brasil na década de 1970 trabalhar com as multinacionais que começavam a investir no terroir gaúcho. Ficou por lá. Produz bons espumantes, talvez os melhores do Brasil. Diego representa os vinhos em SP: 11.95133.4000 diego_graciano@hormail.com


De R$ 71 a R$ 120

Bordeaux Château Cleyrac 2016 Por R$ 90, esse é um bordeaux de dia a dia. Um corte de 40% Merlot, 30% Cabernet Sauvignon, 30% Cabernet Franc. Na https://www.tastevin.com.br/
Vale a pena dar uma olhada na seleção de ótimos vinhos que a importadora traz: destaque também aos Macons do Domaine Eloy, abaixo de R$ 120.

Beaujolais rosé Les Griottes, 2017. Existe beaujolais tinto, branco e rosé. Quem vinifica é o Domaines Chermette, novo nome do de Domaine du Vissoux. Os franceses consideram esse um dos melhores produtores da região, tem duas estrelas no guia da revista de vinhos da França, que se desmancha nos elogios. (https://www.larvf.com/,domaine-du-vissoux,10448,400964.asp). Toda a gama é boa e o preço é um trunfo. Quando vejo um Beaujolais de R$ 400, miro num Bourgogne.
Na https://www.wines4u.com.br


Anjou Blanc 2019 (Domaine de Mihoudy) – Esse chenin blanc de videiras de 25 anos vem de uma das regiões mais famosas do Loire. Fácil de beber. O rosé também é uma boa pedida. Na uvavinhos.com.br . Por R$ 99,00.

Ventoux Château Pesquié Édition 1912M 2017 – Uma das maiores propriedades do Ventoux, Château Pesquié faz vinhos acessíveis e gostosos. Bons para churrascos descompromissados. Aqui vai um corte de Grenache 70%, Syrah 30%, por R$ 105 na Nova Fazendinha. https://www.novavinhos.com/

Domaine du Bouscat Caduce – Robert Parker é um fã desse chateau que produz um ótimo bordeaux de dia a dia, ótimo para pratos de carne, como um escalope ao molho de shitake. Por R$ 118 a safra 2017 na https://www.delacroixvinhos.com.br/

Muros antigos 2018, Anselmo Mendes – Um dos melhores produtores de vinhos brancos de Portugal. Seu vinho de entrada é uma delícia. Não erra.
https://www.decanter.com.br/

De R$ 121 a R$ 160

Marjosse – Vira e mexe, a World Wine faz promoção do Château Marjosse em branco e tinto. Na última, a garrafa saía a R$ 139. Assinatura de Pierre Lurton em um vinho de comprar de caixa. Sou fã de carteirinha, principalmente, do branco, excelente para aperitivar ou para início de uma bela refeição. Um dos meus favoritos abaixo dos R$ 250.

Unilitro Costa Toscana IGT, 2018 – O nome chama a atenção ao fato de que aqui você está com uma garrafa de tamanho inusitado: 1 litro. Um corte de alicante nero, alicante bouschet e carignano. Fácil de beber, gastronômico, bom parceiro de molhos vermelhos. Por R$ 155 na https://www.wines4u.com.br/produtores/ampeleia/unlitro-costa-toscana-igt-2018-ampeleia-100-cl.html

2014 Gutswein Knyphausen – Esse kit, de R$ 299 reais, vem com 3 garrafas do mesmo vinho. A vinícola Baron Knyphausen foi criada originalmente em 1141 por frades do monastério Eberbach. Rieslings alemães com a águia no rótulo e esse preço não podem passar em branco. Na https://www.vindame.com.br/kit-03-gf-2014-gutswein-knyphausen.html

Blanquette Antech Réserve Brut, 2017 – O Domaine Antech se dedica há seis gerações à produção de vinhos espumantes em Limoux, um dos mais privilegiados terroirs franceses para espumantes fora da Champagne. Na http://www.delacroixvinhos.com.br

Pessoas, Vinhos e Festas

12 de Dezembro de 2019

As pessoas que gostam de vinho geralmente têm seus limites para compra-los. Nesta época do ano, Natal e Ano Novo são momentos que permitem provar algo novo, algo diferente, às vezes acima daquilo que bebemos no dia a dia. Pensando na questão, vamos imaginar três tipos de pessoas que efetivamente existem  e movimentam este mercado de vinhos cada vez mais pungente.

P1 – pessoas que têm certa dificuldade em comprar vinhos caros que podem comprometer seu orçamento. Vez por outra, se arriscam numa garrafa mais sofisticada.

P2 – pessoas que estão acostumadas a comprar bons vinhos, mas não podem comprar os ícones mundiais ou vinhos que atingem grande prestígio com preços alarmantes.

P3 – pessoas que buscam alta qualidade sem se importar com preços. Normalmente, frequentam grandes leilões internacionais e negociam grandes adegas particulares.

Feitas as descrições, vamos a algumas sugestões para as festas, sugerindo os tipos de vinhos mais procurados para estas ocasiões.

flutes-de-champagne

Borbulhas

Para o grupo P1, a melhor dica é ficar com os espumantes nacionais. É o nosso melhor tipo de vinho e tem preços interessantes comparados à concorrência. Cave Geisse, Pizzato, Valduga, e Chandon, são produtos seguros. Saindo um pouco do comum, o Chandon Excellence é uma boa experiência com preços um pouco mais elevados.

Para o grupo P2, Cavas mais sofisticados com longo tempo sur lies (contato com as leveduras) são muito interessantes. O espumante Ferrari, pessoalmente o melhor da Itália, é sempre uma pedida certa. Os belos Franciacorta, italianos da Lombardia, também devem ser lembrados.

Para o grupo P3, vamos falar só de champagne, a perfeição das borbulhas. E aí as opções são muitas. Nas cuvées de luxo, Dom Perignon, Cristal, todos da Krug, e Bollinger RD, são perfeitos. Dos champagnes fora do circuito conhecido, Jacquesson e Agrapart merecem ser conhecidos. Para os mais exóticos, Jacques Selosse dá um banho de enogastronomia.

tender de natal

Para o Tender

Tradicional nas mesas brasileiras, esta iguaria é uma peça de pernil cozida e defumada. Geralmente ele é servido com molho agridoce e frutas no acompanhamento. De todo modo, é uma entrada, um prato relativamente leve, mas saboroso. É claramente um cenário para vinhos brancos de certa doçura. 

Para o grupo P1, os moscatéis nacionais, tipo Asti Spumante, são os mais certeiros, bom e barato. Como o Brasil dispõe de alta tecnologia na vinificação, estes espumantes são muito bem feitos, não devendo nada aos comerciais e originais italianos, na maioria das vezes.

Para o grupo P2, podemos pensar nos belos Torrontés argentinos, especialmente os de Salta. Alguns vinhos da casta Viognier com toques florais podem dar certo. Uruguai e Argentina tem bons exemplares. Gewurztraminer é outra pedida, embora a baixa acidez seja um problema. Procure por safras mais novas.

Para o grupo P3, os Riesling alemães com vários graus de doçura são ótimos, especialmente os do Mosel, mais leves. A Alsace é a opção francesa mais confiável. No vale do Loire, os Vouvray com vários graus de doçura são muito interessantes, incluindo os espumantes, Fines Bulles ou Péttilant com a uva Chenin Blanc. O produtor Huet é referência absoluta.

peru de natal

Para o Peru

Peru, Chester, e todas as aves natalinas de carnes brancas e macias se incluem neste contexto. A carne em si é relativamente neutra. O molho e acompanhamentos são o que calibram melhor a escolha do vinho. Tanto branco como tinto podem acompanhar este prato. 

Para o grupo P1. Um bom Chardonnay nacional como da Pizzato é uma bela opção. Na Argentina e Chile também há opções em conta. Como a carne tem pouca gordura, um bom Chardonnay fornece maciez ao conjunto. O grande problema são o molho e os acompanhamentos que podem ser agridoces. Neste caso, o Chardonnay deve ser bem frutado ou partir para um intenso Gewruztraminer. Se a opção for por um tinto, um bom Pinot Noir resolve o problema. A serra Catarinense tem bons exemplares, assim como no Chile. Alguns bons Cabernet Franc nacionais são opções interessantes. Em resumo tintos de certa leveza e taninos moderados.

Para o grupo P2, podemos pensar em Chardonnay um pouco mais sofisticados do Chile. Sol de Sol da Viña Aquitania e Amelia do grupo Concha Y Toro são bem confiáveis. Os Chardonnay tops da Catena, Argentina, ficam no mesmo nível. Um bom Cava com pelo menos 24 meses sur lies é outra bela opção. A importadora Clarets traz o confiável Juves y Camps. Do lado dos tintos, Pinot Noir chileno dos vales frios são ótimos, especialmente os da Casa Marin importado pela Vinci. A Nova Zelândia prima por bons Pinot Noir. A importadora Premium é especialista no assunto.

Para o grupo P3, a Borgonha é a glória. Berço espiritual das duas uvas, Chardonnay e Pinot Noir, temos várias e ótimas opções. No caso dos brancos, Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet e Meursault, são as melhores pedidas de acordo com o peso do prato. No caso dos tintos, comunas de vinhos mais leves como Volnay e Chambolle-Musigny são mais adequadas. Como alternativa ao Chardonnay, um ótimo Pinot Gris da Alsace é divino.

Para o Panetone, Rabanada e Frutas Secas

Para o grupo P1, novamente os moscateis nacionais fazem bonito com o panetone. Para a rabanada e as frutas secas, nada melhor que um bom vinho do Porto. Há muitas ofertas no mercado, dando preferência aos Tawny que vão melhor com a canela da rabanada e tem tudo a ver com as frutas secas.

Para o grupo P2, os moscateis continuam de pé com o panetone. Uma escolha mais sofisticada seria um bom Cava Sec com doçura adequada. Não estranhem, eu disse Sec. No caso do Porto, podemos partir para um Reserva, de nível e concentração maiores. Um Passito di Pantelleria para as rabanadas e frutas secas é uma opção original.

Para o grupo P3, o panetone é acompanhado de champagne Sec pelos mesmos motivos acima. Quanto ao Porto, podemos pensar na gama mais sofisticada de Tawny que são os de datas declaradas (10, 20, 30, 40 anos) ou o Porto Colheita com longo envelhecimento em pipas. Evidentemente os grandes Madeiras não estão de fora. Os Melhores Boal ou Malmsey são os de doçura mais adequada.

Enfim, tudo é festa e o que vale mesmo são os amigos e a família. Essas são apenas algumas sugestões neste vasto universo do vinho. Além disso, há outros pratos nas festas não abordados neste artigo como bacalhau, leitoa, pernil de cordeiro, e outras iguarias. Seguem alguns links deste blog para consulta: Espumante Brut, Carne de Porco, Arroz de Pato  / Harmonização: Ano Novo  /  Bacalhau e seus Vinhos

Boas Festas!

Uvas Brasileiras

13 de Setembro de 2018

Muito se fala do vinho brasileiro, mas poucos sabem a realidade nua e crua da viticultura brasileira. Em termos de área plantada, o estado do Rio Grande do Sul responde por mais de 60% de um total de 80 mil hectares de vinhas brasileiras.

Dados de 2015 mostram que o Brasil produziu um milhão e quinhentas mil toneladas de uvas. Metade destas uvas são para consumo in natura. Portanto, uvas não viníferas. A outra metade é dividida conforme esquema abaixo.

vinho brasileiro

destinação das uvas

Muitas pessoas têm a ideia de que as parreiras de uvas americanas (não viníferas), aquelas que dão origem ao vinho de garrafão, estão gradativamente sumindo, dando lugar a vinhas de uvas viníferas. Isso está longe de ser verdade por vários motivos.

ranking das uvas 

No quadro acima, a produção de Cabernet Sauvignon, a mais importante uva vinífera do nosso país, é menor que a décima no ranking das uvas não viníferas. Estas duas tabelas só ratificam o primeiro gráfico acima.

Um dos motivos é o forte crescimento no setor de suco de uvas, inclusive para exportação. Evidentemente é um produto elaborado com uvas americanas. Outro motivo, é de cunho social. Centenas de famílias dependem deste cultivo, já que os vinhedos são extremamente fracionados em pequenas parcelas. Este é um segmento muito forte com boa rentabilidade.

Some-se a isso, a baixa renda da população brasileira que culturalmente não tem o habito de consumir vinho e quando consome, precisa de um produto extremamente barato para caber em seu bolso. E aí os vinhos de uvas não viníferas apresentam preços bem reduzidos em comparação com os mais simples vinhos finos no mercado. Entenda-se por finos, uvas viníferas.

A faixa da população brasileira de maior renda tem nos vinhos importados sua fonte de consumo, já que o preço dos vinhos finos nacionais não são competitivos, sobretudo com a turma do Mercosul (Chile e Argentina).

Para aqueles que querem se aventurar nos tintos nacionais, as uvas Merlot e Tannat têm apresentado bons resultados. Alguns Cabernet Franc como Valmarino são boas pedidas também. Em geral, os vinhos da vinícola Pizzato entre tintos, brancos e espumantes, são bem vinificados.

A nossa grande vantagem está nos espumantes. Além da boa e constante qualidade, os preços são competitivos frente ao Champagne, ao Prosecco, e aos Cavas, as mais expressivas borbulhas internacionais. Champagne por questões de preço/qualidade. Prosecco e Cava com preços equivalentes aos nacionais, é sempre uma briga equilibrada, muitas vezes com vantagem para os brasileiros. Mesmo o nosso Moscatel espumante compete muito bem com o Asti, denominação italiana do Piemonte, com ótima qualidade.

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Como sugestão de espumantes nacionais, Cave Geisse pessoalmente, são os melhores de nosso país, sempre informando no contrarrótulo a data de dégorgement. Um cuidado importante quanto ao frescor da bebida.

Por essas razões envolvendo preços altos e baixa renda per capita em nosso país, é que há décadas estamos estagnados no consumo brasileiro de vinhos na ordem de dois litros por habitante/ano. Uma equação difícil de resolver!

Vinhos do Peru

23 de Dezembro de 2017

Nesta época do ano aparecem nas mesas aquelas aves quase artificiais como Peru, Chester, e outros descobertas de laboratório. Elas vem com apito, um temperinho secreto, e um Feliz Natal!

peru de natal

mesa natalina

Pois bem, que vinho pode acompanha-las?. Certamente um branco, mas qual branco?. Normalmente, a carne é branquinha, sabores relativamente neutros, e com tendência de pouca suculência. O forno ajuda a promover esta secura. As características básicas para o vinho em questão são bom poder de fruta e uma textura agradável e macia. De cara, um bom Chardonnay com inúmeras ofertas no mercado. Como normalmente este tipo de vinho passa por madeira, convém que a mesma seja discreta, privilegiando o lado frutado. Há bons exemplares brasileiros com destaque para os vinhos da vinícola Pizzato, sempre bem equilibrados.

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eis um Chardonnay com madeira bem dosada!

Alvarinhos maduros, brancos do Rhône, Soaves da região do Veneto, são boas alternativas aos onipresentes Chardonnays.

No caso de haver molhos ou temperos agridoces, o branco deve acompanhar esta doçura. Neste contexto, os alemães são a solução ideal. Conforme a categoria, Kabinett, Spätlese ou até mesmo, Auslese, calibram com perfeição o açúcar desejado. Os alsacianos podem cumprir bem o papel, embora não tenham esta sintonia fina do açúcar residual.

Tintos

Se você não abre mão de tintos, o vinho precisa ser delicado, com bom poder de fruta, e textura macia. Pinot Noir, Gamay e Dolcetto, costumam dar certo. Sempre de safras maduras com textura mais agradável.

grand cru tasting 2017 nero d´avola passivento

fruta intensa sem ser pesado

Os vinhos do sul da Itália costumam ter bom poder de fruta, mas podem ser um tanto dominadores. Os varietais de Nero d´Avola da Sicilia são bem dosados neste sentido. Os Tempranillos jovens de Rioja e Ribera del Duero têm fruta e madeira bem dosadas. Não convém ir além da denominação Crianza. Bons Côtes-du-Rhône frutados, de safra recente, têm suculência para o prato.

Rosados

Pensando em vinhos rosés, eles precisam ter fruta, corpo e maciez. Um dos melhores italianos é o Scalabrone da Tenuta Guado al Tasso, região de Bolgheri. Uma mescla de Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah. Cheio de aromas e textura, amolda-se bem à ave. Importadora Winebrands (www.winebrands.com.br).

antinori scalabrone

rosé bem temperado

Outro rosé original é o Pinotel da Bodegas RE, um corte de Pinot Noir e Moscatel. Aromático, gastronômico, e de sabores marcantes com muita fruta.

Se você fizer questão dos espumantes, continue nos rosados. Eles são mais macios, com mais fruta e corpo. O Excellence da Chandon é muito bem feito. Alguns Cavas rosados como Gramona e Raventós são bem gastronômicos.   

Em resumo, uns bons goles de vinho macio, frutado, e com frescor na medida, são componentes ideais para enfrentar a secura da carne e da farofa, equilibrando o sabor e a doçura das frutas. Taninos e alta acidez dos vinhos são inconvenientes neste caso.

Por fim, para quem gosta de uma fatia de panettone de frutas, uma taça de espumante Moscatel é a pedida certa. Feliz Natal!   

Descorchados: Impressões Finais

16 de Abril de 2017

Prosseguindo com o evento Descorchados, não foi possível degustar todos os vinhos. Na verdade, faltaram muitos. De qualquer modo, dando uma última pincelada, vamos aos comentários finais.

Espumantes brasileiros

Além obviamente da Cave Geisse, vinícola comentada em artigo anterior, temos de destacar os espumantes da vinícola Décima, Pizzato e Casa Valduga, com vinhos bem equilibrados e uma linha ampla de escolhas. Pizzato e Décima, nem sempre são vinhos fáceis de encontrar. Já a Casa Valduga, tem normalmente uma distribuição mais pulverizada.

Argentina

Como falar da Argentina sem falar em Catena. Esta vinícola pioneiramente colocou o país no mapa dos grandes vinhos do mundo. Além disso, ao longo do tempo não se acomodou, continuou e continua trazendo belas novidades como os dois brancos abaixo.

descorchados catena brancos

a expressão do terroir

A foto acima mostra dois brancos do vinhedo Adrianna, uma espécie de Grand Cru argentino no Valle de Uco, mais especificamente em Gualtallary a 1450 metros de altitude. São duas parcelas de pouco mais de dois hectares cada uma, lado a lado com solos morfologicamente formado por pedras diversas. O vinho da esquerda, White Bones, apresenta na composição de solo, fósseis marinhos junto ao calcário, transmitindo uma particular mineralidade. Já o da direita, é rico em pedras calcárias ovaladas, também aportando mineralidade. Embora os dois passem por barricas francesas e tenham o mesmo trabalho de bâtonnage, White Bones é mais gracioso, flutua mais em boca, pendendo para um estilo mais feminino. Do outro lado, White Stones mostra mais densidade, embora com equilíbrio fantástico. Questão muito mais de gosto pessoal do que preconizar superioridade de um, ou de outro. Esses brancos foram pontuados acima de 95 pontos, safra 2013 para ambos.

descorchados nicolas catena

Um dos grandes Cabernets argentinos

Muita gente toma este vinho pensando tratar-se de um Malbec. Ledo engano, aqui temos 80% Cabernet Sauvignon e 20% Malbec de quatro vinhedos distintos e mais de 200 micro vinificações. O Cabernet em sua maioria vem de Agrelo dando força e estrutura. Já o Malbec e parte do Cabernet vem de Valle de Uco dos distritos de Gualtallary, Villa Bastias e La Consulta com altitudes entre 1000 e 1400 metros. Estas parcelas transmitem um frescor incrível ao vinho. A fermentação em barricas de carvalho francesas, além do amadurecimento nas mesmas por 24 meses amaciam e integram os taninos de uma maneira muito harmoniosa com a fruta. Persistente, estruturado e com grande poder de guarda. Um clássico.

destaques no Valle de Uco

O vinho da esquerda é um Malbec bem temperado com Cabernet Sauvignon (25%) e Cabernet Franc (5%) na zona de Altamira, pela bodega Chakana. Os Cabernets lhe dão a estrutura sem tirar a essência da Malbec e o incrível frescor deste terroir frio do Valle de Uco. Fruta com vibração. No vinho da direita, Ayni, topo de gama da vinícola, é um Malbec mastigável com muita estrutura e frescor. Seu solo em Altimira apresenta calcário ativo, refletido de maneira inequívoca no caráter do vinho. 95 pontos pelo guia Descorchados.

descorchados enemigo

referência em Cabernet Franc

Com 85% Cabernet Franc e 15% Malbec, este tinto honra a tradição de Agrelo, zonal alta do rio Mendoza. Com poucos meses em toneis grandes de madeira, apenas para micro-oxigenar  o vinho, este tinto apresenta toda a elegância da Cabernet Franc com a graciosa fruta da Malbec. O talento do enólogo Alejandro Vigil é refletido em todos seus vinhos por sua paixão, sobretudo pela Cabernet Franc.

Chile

Neste passeio pelo Chile, o vale do Maule teve um destaque especial, mostrando seu clima bem temperado e um patrimônio precioso de vinhas antigas. Um clássico destas terras é seu Sauvginon Blanc Laberinto, foto abaixo.

descorchados laberinto sauvignon blanc

aromas selvagens

Este Sauvignon Blanc sempre mostrou bela acidez e toques marcantes de ervas, evidenciando um lado mais selvagem no vinho. Não há interferência de madeira e seu contato sur lies confere mais complexidade ao conjunto. Seu par tinto, um Pinot Noir da mesma região, é outro destaque na foto abaixo.

boa expressão da casta

Apesar de latitudes diferentes, Maule e Colchagua são vales relativamente frescos elaborando esses equilibrados tintos com a difícil Pinot Noir. Laberinto faz um vinho mais nervoso com esse lado selvagem, mas bem dosado com a barrica. Já o Casa Silva mantem a elegância da vinícola com fruta bem expressiva, frescor interessante e madeira na medida certa. Não são vinhos de alta complexidade, mas cumprem bem o papel de fazer um Pinot equilibrado, o que já é um grande mérito.

Carmenère: varietal e corte

Finalizando, esses dois tintos de alta pontuação. Os dois trabalham com a uva Carmenère, mas de maneiras diferentes. Maquis Viola, o da esquerda, é elaborado no Valle de Conchagua, terroir muito propicio para esta casta, complementado por 15% de Cabernet Franc. Um Carmenère de destaque bem trabalhado em barricas francesas, respeitando a maturação ideal desta indomável casta.

A apoteose fica para o Almaviva 2014, o melhor e mais clássico tinto chileno, de alta categoria e de respeito internacional. Um vinho que ronda sempre a casa dos 95 pontos, independente da safra. Para não deixa-lo muito afrancesado, a ideia da vinícola é sempre mesclar este tremendo Cabernet Sauvignon com uma boa dose de Carmenère, além de pitadas de outras cepas. A Carmenère acaba dando a personalidade chilena desejada. O vinho é magistralmente educado em barricas francesas novas, nunca invasivas. Além de tudo, envelhece bem por uns bons dez anos pelo menos.

Como última observação, o destaque apenas para os espumantes brasileiros, pode dar ao público menos informado que o Brasil só faz este tipo de vinho. Embora os espumantes sejam realmente nossa grande bandeira, atualmente temos tintos que mereceriam destaque, sobretudo com a casta Merlot. Sem entrar em marcas específicas, temos pelo menos um vinho de categoria internacional chamado Sesmarias (vinícola Miolo). Um blend feito na região da Campanha de alta classe, equilibrado, podendo ser comparado a muitas feras do Chile e Argentina, evidentemente às cegas. No mais, a América do Sul segue firme seu caminho em melhorar seus vinhos, definir terroirs, e descobrir novos rumos. A liderança de Chile e Argentina é indiscutível e merecida.

Festas: sugestões de vinhos

10 de Dezembro de 2015

Nesta época do ano é normal as pessoas procurarem dicas, conselhos, informações sobre vinhos. Seja para consumo próprio ou presentear, as opções são inúmeras. Infelizmente, os preços não ajudam. Com a alta do dólar e também de impostos, a equação está cada vez mais difícil de ser resolvida. Portanto, vinhos que realmente valem a pena indicar estão na faixa entre R$ 100,00 e 200,00 reais.  E olha que não estou falando em sofisticação, pois nesta área o céu é o limite.

Segue abaixo uma relação para vários tipos da bebida, desde entrada até sobremesas, cafés, charutos, etc …

Cave Geisse: bela surpresa

Espumantes e champagnes

  • Cave Geisse (espumante nacional entre os melhores, se não for o melhor). veja site abaixo, na própria vinícola, ou na Ville du Vin.
  • Chandon Brasil (sempre consistente, fácil de encontrar e preços razoáveis). Várias lojas de bebidas em São Paulo.
  • Cava (tradicional espumante espanhol). Raventós da Decanter e Gramona da Casa Flora, sempre confiáveis.
  • Champagnes (é uma questão de gosto e estilo. Louis Roederer, Gosset, Deutz e Larmandier têm preços honestos. Evidentemente, acima da faixa de preço no início do artigo). Importadoras Franco-Suissa, Grand Cru, Casa Flora e Cellar, respectivamente.

Um dos grandes alemães da Decanter

Vinhos brancos

  • Rieslings alemães (importadora Decanter tem boas opções).
  • Chablis William Fèvre (importadora Grand Cru).
  • Sauvignon Blanc (Terrunyo da Concha Y Toro, vinícola Pericó de Santa Catarina e Jackson Estate da Nova Zelândia, importadora Premium). A linha Concha Y Toro é encontrada na Ville du Vin.
  • Chateau Reynon e Clos Floridene (dois bordeaux da Casa Flora)
  • Chardonnay (Catena Alta da Mistral  e De Martino Quebrada Seca da Decanter)

Bierzo e a uva Méncia

Vinhos tintos

  • Rioja de vários tipos (Crianza, Reserva e Gran Reserva). Rioja Alta da importadora Zahil, CVNE da Vinci e Luis Cañas da Decanter).
  • Tintos de Bierzo (região espanhola pouco conhecida. Boas opções na Decanter e Grand Cru).
  • Chianti Classico (Castello di Ama da Mistral, Fontodi da Vinci, e Felsina Berardenga da Mistral).
  • Tintos do Douro (Quinta do Crasto, Quinta do Noval, Niepport).
  • Malbecs da Argentina (Catena da Mistral, Viña Cobos da Grand Cru, Noemia da Vinci e Achaval Ferrer da Inovini).
  • Merlots nacionais (Miolo Terroir, Pizzato DNA 99 e Desejo da Salton). Encontrados em boas lojas de bebidas.
  • Chateau Giscours 2009 Margaux – Grand Cru Classe – importadora Cellar
  • Chateau Sociando-Mallet 2009 – Haut-Médoc – importadora Cellar
  • Vinícola Rippon (grande Pinot Noir da Nova Zelândia). Importadora Premium.

Tawnies e Charutos

Portos, fortificados e colheita tardia

  • Porto Fonseca Bin 27 (Mistral ou Casa Santa Luzia)
  • Burmester Tawny Jockey Club (Adega Alentejana)
  • Quinta do Noval LBV Unfiltered (Grand Cru)
  • Jerez: Emilio Lustau da Ravin e Hidalgo da Mistral
  • Morandé Late Harvest da Grand Cru
  • Chateau Haut-Bergeron Sauternes da Cellar

Se você pensar em vinhos franceses ou italianos, a escolha natural é a importadora Cellar. A seleção é ótima e os preços não são abusivos. Responsável: Amauri de Faria.

Porto Fonseca e champagne Louis Roederer são encontrados na Casa Santa Luzia. Os nacionais acima mencionados, também.

Importadoras

Considerações da Serra Gaúcha

31 de Maio de 2015

É sempre bom atualizar o panorama do vinho nacional, especialmente da serra gaúcha, embora os vinhos de altitude da serra catarinense tenham continuamente boas novidades. O Brasil ainda está no fatídico consumo de dois litros per capita por ano, sendo que deste total, o consumo de vinhos finos (viníferas) ronda a marca de 700 ml (quase uma garrafa) per capita por ano. Não sei se vou viver para chegarmos a um número diferente.

O Rio Grande do Sul responde por cerca de noventa por cento do total de vinho produzido, sendo que oitenta por cento deste vinhos são elaborados por uvas não viníferas com grande predominância da uva Isabel. Felizmente, o mercado atual vem dando uma ótima solução para estas uvas com o crescimento exponencial na produção de suco de uva de ótima qualidade. É sem dúvida, uma bela solução para continuar os vinhedos de grande produção conduzidos pelo sistema de latada, bastante arraigado na viticultura durante várias gerações na serra gaúcha.

Salas de degustações modernas nas principais vinícolas

Para aqueles que não querem perder tempo na procura de bons vinhos finos, apresentamos a seguir algumas dicas e diretrizes na busca do que vale a pena ser provado.

Os espumantes que são a grande bandeira do vinho nacional com significativa aceitação pelo mercado doméstico, de fato mostram boa regularidade. Aqueles produzidos pelo método Charmat (segunda fermentação em tanques) têm um porto seguro na idônea Chandon do Brasil. Capitaneada pelo experiente Philippe Mevel, apresentam uma espumatização perfeita, sempre com um toque elegante e bem acabado, fruto de extremos cuidados em todas as fases de produção, desde o trabalho de campo até os detalhes na cantina. Toda a linha mostra um ótimo padrão, satisfazendo gostos dos mais variados.

No que diz respeito ao método tradicional (champenoise), Casa Valduga, Pizzato, e Miolo, oferecem exemplares bem feitos nos mais variados tempos sur lies (contato com as leveduras). Atualmente, não podemos deixar de mencionar a vinícola Cave Geisse localizada em Pinto Bandeira, setor da serra gaúcha propicio para este tipo de vinho. Uma região de maior altitude, boa amplitude térmica, fornecendo um bom suporte de acidez (frescor) aos vinhos.

Para os vinhos brancos, a grande casta é a Chardonnay, normalmente com passagem por barricas. Casa Valduga, Salton e sobretudo as vinícolas Pizzato e Miolo, sobressaem neste estilo de vinho. Sauvignon Blanc é sempre uma casta complicada com um ou outro destaque bem pontuais. As demais castas ou cortes geralmente não apresentam grandes atrativos. Como exceção, a Miolo mostra um interessante Viognier e Alvarinho (casta portuguesa da região dos vinhos verdes), ambos fermentados em barricas de carvalho.

No setor de tintos, o destaque fica para uva Merlot, embora a Tannat surpreendentemente apresente bons resultados. Três Merlots de destaques são: Salton Desejo, Pizzato DNA 99 e o ótimo Miolo Terroir. Muitos dos cortes mesclam uvas de variedades e regiões de origem bastante diversificadas, sem nenhum termo de comparação com exemplares europeus. Um tinto de corte já consagrado é o Quinta do Seival Castas Portuguesas da vinícola Miolo.

Principais regiões vinícolas

Serra Gaúcha

Principal região vinícola do Rio Grande do Sul e também do Brasil. Região úmida, com pluviosidade ao redor de 1700 mm/ano e altitudes entre 600 e 800 metros. A principal casta vinífera é a Chardonnay, enquanto as tintas disputam terreno entre a Cabernet Sauvignon e Merlot. Pelas condições de terroir a Merlot sai na frente. A casta Tannat surpreendentemente mostra bons resultados também.

Campos de Cima da Serra

Região de altitude (900 a 1000 metros acima do nível do mar) Com grande amplitude térmica. Neste contexto, uvas brancas como Chardonnay e Sauvignon Blanc apresentam boas perspectivas. A casta tinta Pinot Noir acompanha este caminho. Embora as condições não favoreçam aparentemente, as uvas Cabernet Sauvignon e Merlot são cultivadas. A grande referência deste corte é o vinho RAR da vinícola Miolo.

Campanha

Região limítrofe com o Uruguai, está a aproximadamente 500 quilômetros a sul da serra gaúcha. Região de clima seco e altitudes de 250 metros na média. Essas condições propiciam o bom cultivo das uvas tintas como Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat (uva ícone do Uruguai) e castas portuguesas. Aliás o Quinta do Seival Castas Portuguesas já é um clássico da vinícola Miolo. É uma região ainda a ser explorada com grande potencial.

Serra do Sudeste

Inserida como um prolongamento da Campanha a leste, este região guarda algumas semelhanças com o terroir da Campanha, embora com altitudes mais elevadas (450 metros acima do nível do mar). Chove menos em relação à serra gaúcha e variedades tintas amadurecem muito bem com destaque para a casta Tannat. Entres as brancas, Sauvignon Blanc e Alvarinho (casta portuguesa da região do Minho) se destacam.

Serra Catarinense

Um parêntese deve ser feito nesta região catarinense de grande altitude. Estamos falando em mais de mil metros, num limite entre 1200 e 1300 metros acima do nível do mar. Esta altitude compensa com folga a diferença de latitude desfavorável em relação à serra gaúcha. A amplitude térmica (diferença de temperaturas entre o dia e a noite) é notável na região e a dificuldade de maturação de cepas de ciclo tardio é imensa. Os vinhos brancos acabam se destacando com belos Chardonnays e Sauvignon Blanc. No campo das tintas, a casta Pinot Noir apresentam um promissor potencial, gerando vinhos elegantes e delicados.

Pericó: Rosé com toques provençais

Vale a pena comentar sobre a filosofia de implantação de vinhedos nesta localidade. Ao contrário da serra gaúcha com uma região de longa tradição no cultivo da vinha, empresários com grande poder de investimento, contrataram equipes de campo e enologia com profundos conhecimentos e uma visão mais moderna no assunto. Com isso, os antigos costumes e vícios que não cabem mais num mundo moderno foram naturalmente neutralizados, partindo de um panorama mais contemporâneo. É claro que a região ainda está por ser desbravada, conhecida, mas com os conhecimentos atuais de vitivinicultura fica mais fácil e rápido atingir os objetivos. Neste sentido, uma das vinícolas de destaque é a Pericó. Seus vinhos surpreendem pelo frescor, originalidade e equilíbrio. Só para citar alguns exemplos, temos um belo Sauvignon Blanc de clima frio mostrando grande tipicidade, frescor e persistência aromática. No seguimento de rosés, um vinho  de difícil elaboração, a Pericó mostra um exemplar de estilo provençal, fugindo dos padrões do Novo Mundo onde os rosés de sangria são a tônica. Por último, um belo Pinot Noir de altitude com elegância, frescor e bom acabamento. Chega até sugerir um caráter europeu, lembrando borgonhas de categorias mais simples. Belo trabalho do enólogo Jefferson Nunes.

Dicas: Espumantes e Champagnes

18 de Dezembro de 2014

Nesta época do ano, a procura pelo vinho das comemorações, festas e datas especiais, é o espumante de uma maneira geral, dentro de uma vasta gama de denominações, culminando no maior de todos, o reverenciado champagne. Dos vinhos nacionais, nosso melhor embaixador é o espumante com expressivo consumo interno quando se trata de vinhos finos. Neste contexto, seguem algumas dicas deste tipo de vinho tão procurado para a ocasião.

Nacionais

Para aqueles que não querem complicações e nem perder tempo com experiências, o Chandon nacional é tiro certo. Pode ser o básico ou o Excellence. Este último, mais gastronômico. Tecnicamente, o mais conceituado na atualidade é o espumante da Cave Geisse. Não são baratos para padrões nacionais e nem são tão fáceis de encontrar, mas vale a pena prova-los. Em qualquer um de sua linha, a qualidade e a personalidade são notáveis. Outro espumante que foge dos rótulos mais óbvios é o Pizzato, conforme foto abaixo. Apesar da vinícola ter a merecida fama por seus Merlots, seus espumantes são bastante versáteis, equilibrados e até surpreendentes.

Versão Clara e Rosé

Proseccos

Esta é uma denominação de origem italiana do Veneto. A uva não se chama mais Prosecco e sim, Glera. Procure pelas palavrinhas no rótulo: Conegliano-Valdobbiadene. É a região de origem onde a tipicidade é mais fiel e autêntica. Esses não são baratos. Costumam competir em preço com os melhores nacionais e alguns Cavas (Espanha). Bisol, Nino Franco e Ruggeri costumam ser apostas seguras. Esses três são encontrados nas importadoras Mistral, Inovini do grupo Aurora de bebidas, e importadora Grand Cru, respectivamente. O destaque abaixo vai para a importadora Decanter (www.decanter.com.br) com seus Proseccos da Case Bianche. Bem equilibrados e confiáveis, conforme foto abaixo:

Vigna del Cuc: Vinhedo especifico

Cavas

Esta é a grande denominação de origem espanhola com espumantes elaborados pelo Método Tradicional (Champenoise). São na sua maioria compostos de três uvas brancas (Xarel-lo, Macabeo e Parellada). Portanto, um Blanc de Blancs. Os com menor tempo sur lies (contato com as leveduras) são indicados para os aperitivos e entradas leves. Já o tipo Reserva e Gran Reserva são mais gastronômicos e complexos. Existem inúmeros Cavas no mercado, mas dois se destacam. São eles: Gramona da Casa Flora (www.casaflora.com.br) e Raventós da importadora Decanter, conforme foto abaixo:

Um Grand Reserva de safra

Champagnes

Se você está podendo, o céu é o limite. Saindo um pouco do binômio Moët e Veuve Clicquot, os tipos e estilos são bastante versáteis com uma gama enorme de preços. Mesmo as melhores ofertas, não são vinhos baratos. Para as cuvées básicas, maisons tradicionais como Louis Roederer (www.francosuissa.com.br), Deutz (www.casaflora.com.br) e Tattinger (www.adegaexpand.com.br) são as minhas preferidas e relativamente fáceis de encontrar. São champagnes delicados, elegantes e altamente confiáveis. Além das respectivas importadoras, são encontrados em lojas de bebidas finas.

Grande Réserve: Personalidade e profundidade

Champagnes mais exóticos, para paladares mais específicos e de certo modo, gerando opiniões variadas, temos o champagne Gosset, indicado mais à mesa, para a gastronomia. Outro champagne pouco conhecido, de paladar diferenciado, é Egly-Ouriet, importado pela World Wine (www.worldwine.com.br).

Ferrari Perlé: linha safrada

Fazendo um parêntese, apesar de conceitualmente não ser champagne, o italiano Ferrari, da vinícola homônima de Trento, norte do país, apresenta padrões altíssimos em refinamento. Trata-se de um Blanc de Blancs na maioria de seu rico portfólio. Elegante, delicado e muito consistente (www.decanter.com.br).

Finalmente, champagnes de sonho, onde o valor é o que menos importa. Krug, Bollinger, Salon e as principais cuvées de luxo, estão incluídos neste restrito nicho. São sofisticados, para paladares exigentes, sendo os datados (vintages), de longo envelhecimento em adega. Mesmo no exterior não são baratos, mas são mais acessíveis, visto que em nosso mercado os preços são estratosféricos.

Seja como for, qualquer um dos espumantes ou champagnes escolhidos darão um toque especial em seu evento, sempre dentro de um contexto apropriado. A linha entre o esnobismo, falta de bom senso; e o bom gosto, o cuidado em receber, é sempre muito tênue. Saúde a todos!

Novidades no sul do Brasil

17 de Novembro de 2014

Confesso a vocês que não sou muito otimista com os vinhos brasileiros, sobretudo quanto à sua relação qualidade/preço. Isso é facilmente comprovado pelos poucos artigos descritos neste blog. Entretanto, quando há boas novidades, é um dever divulga-los. Além de se fazer justiça, é sempre um incentivo aos produtores em busca incessante pela qualidade e esmero em seus vinhos. Numa viagem recente, segue abaixo relato do que melhor tivemos a oportunidade de degustar.

Só para começar, dois Alvarinhos surpreendentes do sul do país. É! É isso mesmo, Alvarinho. Aquela casta do Minho português, das Rias Baixas espanhola. Não só cumpriram o desafio desta temperamental casta, como marcaram personalidade em seus vinhos. O primeiro, foto abaixo, é da vinícola Hermann, do mesmo Adolar, proprietário da destacada importadora Decanter (www.decanter.com.br). Branco elegante, delicado, com toques florais e de frutas brancas.

Bela expressão do varietal

O vinho abaixo, Alvarinho da vinícola Miolo, é elaborado na Campanha, região mais meridional do sul do país, fazendo divisa com terras uruguaias. Apresenta passagem por barrica, um procedimento sempre ousado para vinhos brancos, mas com grande êxito. A madeira só valorizou o vinho, acrescentando elegância e finesse.

Toque elegante de madeira

O vinho abaixo é outra grata surpresa. Um Alicante Bouschet da serra gaúcha elaborado pela competente vinícola Pizzato. Esta é a casta majoritária do grande Mouchão, um alentejano de primeira linha que pessoalmente, é o melhor e mais diferenciado da região. Um tinto de cor extremamente profunda a despeito de seus seis anos de idade (safra 2008). Os aromas concentrados de frutas escuras somam-se a toques de ervas e mentol muito bem casados. A estrutura tânica é notável  e sua persistência aromática bastante expansiva. Trata-se de um vinho de guarda para pelo menos mais oito anos. Vale a pena provar!

Casta exótica surpreendente

O vinho abaixo às cegas passaria facilmente por qualquer ícone chileno ou argentino. Sua cor é impenetrável  e seus aromas esbanjam frutas, especiarias e um refinado toque de madeira francesa. O corpo é impactante com um equilíbrio notável. Seus taninos ainda muito presentes, mas extremamente finos, se amoldarão certamente ao longo dos anos. Um vinho para colocar sem medo às cegas com tintos potentes do Novo Mundo. Este tinto é elaborado na Campanha (divisa com o Uruguai) com seis castas (Cabernet Sauvignon, Tempranillo, Petit Verdot, Merlot, Tannat e Touriga Nacional(,

Encara qualquer ícone do Mercosul

Por fim, uma vertical completa de um dos melhores tintos gaúchos dos últimos tempos, o famoso Lote 43 da vinícola Miolo. Algumas impressões ficaram bem nítidas na degustação. Primeiramente, a boa concentração dos vinhos, bem equilibrados e bem casados com a madeira. A primeira safra histórica é a de 1999. Um tinto de quinze anos que ainda apresenta-se inteiro e com aromas muito elegantes. Deve ter mais uns cinco anos neste platô de evolução antes de sua fase final.

Linhagem autêntica de um clássico

Falar sobre um vinho brasileiro que se destaca no mercado e é sempre lembrado como um dos melhores do sul do país, pode significar uma questão de marketing, de comodismo ou ainda, de interesses escusos. Não é o caso do vinho acima. O Lote 43 desde sua primeira safra heroica nos idos de 1999, primou por concentração e qualidade em todas as etapas de elaboração. Sou suspeito em falar desta safra pioneira, pois já degustei-o em várias oportunidades e em todas elas, sempre com muita classe, personalidade e consistência. Quem diria que um tinto nacional de quinze anos de guarda estaria em perfeito estado? Naturalmente, com as marcas da idade, aromas terciários, taninos polimerizados, mas ainda proporcionando grande prazer. Evidentemente, as demais safras a despeito de julgamentos técnicos, pesa o gosto pessoal e algumas peculiaridades respectivas de cada amostra. Por isso, os anos de 2002, 2004, 2008 e os recentes, 2011 e 2012, apresentam um belo padrão de tipicidade e consistência. Contudo, devo destacar a singular safra de 2005. Vários exemplares desta safra já me impressionaram favoravelmente, mas o Lote 43 2005 é um “tour de force” neste batalhão. Um tinto potente, de grande estrato, cores profundas, não denotando a idade. Seus aromas são intensos e marcantes, além de uma boca muito bem equilibrada e agradavelmente quente. Um vinho para inverno, belos assados e molhos densos. Seus taninos apesar da abundância, são finos e agradavelmente firmes. Persistência longa e expansiva. Muitos anos pela frente e para os mais apressados, uma decantação obrigatória de pelo menos uma hora. O 99 pode descansar em paz quando chegar a sua hora, pois tem um sucessor à altura.

Lembrete: Vinho Sem Segredo na Radio Bandeirantes às terças e quintas-feiras. Pela manhã, no programa Manhã Bandeirantes e à tarde, no Jornal em Três Tempos.


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