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Atualidades: Consumo de vinho

11 de Setembro de 2014

Não é de hoje que Luxemburgo, pequeno país encravado no centro da Europa, lidera o ranking do consumo de vinho per capita mundial. É bem verdade que este consumo vem caindo ano a ano, uma tendência global. Entretanto, há países tradicionais como Itália e Espanha, onde esta queda é bem acentuada, sobretudo na Espanha, fora da lista abaixo dos quinze primeiros.

O leste europeu tem relevância

A queda é mais acentuada ao longo dos anos na França, Itália, e menos em Luxemburgo. Já países como Áustria, Suíça, e Bélgica, o consumo é relativamente estável. Por fim, no leste europeu, Croácia e Eslovênia, entre outros estão aumentando gradativamente seu consumo de forma consistente, efeito indireto nas mudanças políticas nesta região.

O consumo na Espanha despencou

O trio de ferro acima em termos de produção mundial vem mostrando sinais constantes de declínio no consumo interno há alguns anos. Apesar da forte tradição vinícola nestes países, a ênfase na exportação, a diminuição de vinhos baratos e de baixa qualidade em detrimento de vinhos mais bem elaborados e consequentemente mais caros, são alguns dos fatores nesta queda de consumo. Além disso, a própria situação econômica da Europa e a diversidade de bebidas alcoólicas e não alcoólicas, formam novos hábitos hoje em dia e agregam esses valores nas gerações futuras. Mesmo a oferta de vinhos dos países do chamado Novo Mundo não provoca o efeito desejado. Muitas vezes esses vinhos são consumidos apenas como curiosidade. A Espanha talvez por ser um país mais quente  na média, comparado aos outros dois (França e Itália), é mais um motivo para esta queda acentuada. Embora, não haja efetivamente, uma relação lógica entre temperatura e consumo de vinhos, o fator psicológico fala mais alto.

Os maiores importadores estão animados

Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, incrementam seu consumo desde de 1997 de forma estável. Um pouco mais enfático no Reino Unido e relativamente discretos nos demais. Vale ressaltar o aumento nos Estados Unidos. Aparentemente, um aumento discreto, porém a enorme população do país gera números absolutos bem relevantes. Exceto o Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos além de produzirem vinhos, são grandes importadores da bebida.

Só para encerrar, nosso Brasil continua emperrado nos dois litros anuais per capita, atrás de Peru, Paraguai, Bósnia, Letônia, entre outros países surpreendentes. Isso tudo com um agravante. Concentração no sudeste. Bem de acordo com todas as desigualdades e contrastes do país.

Lembrete: Vinho Sem Segredo na Radio Bandeirantes (FM 90,9) às terças e quintas-feiras. Pela manhã, no programa Manhã Bandeirantes e à tarde, no Jornal em Três Tempos.

Exportações Francesas: Vinhos e Destilados

16 de Setembro de 2013

Os últimos números das exportações francesas de vinhos e destilados referentes ao ano de 2012, segundo a Federação de Exportações de Vinhos e Destilados da França, serão analisados conforme dados abaixo descritos:

FEVS EXPORTAÇÃO2º item das exportações francesas

De acordo com o quadro acima, pouca gente sabe que o setor aeronáutico é o primeiro item na pauta de exportações francesas. O prazer vem logo em seguida, com vinhos, destilados e perfumes. No setor de vinhos, Champagne e Bordeaux são fundamentais para as respectivas cifras, como veremos mais à frente. No setor de destilados, Cognac reina absoluto com grande prestígio para mercados influentes.

FEVS VIN SPIRITUEUXVinhos: Dois terços das exportações

Neste mercado de vinhos e destilados, o primeiro fica com praticamente 70% dos valores, com cifras acima de sete bilhões de euros. Os detalhes destes dois grandes grupos, veremos nos quadros abaixo:

FEVS EXPORTAÇÃO VALORESChampagne, Bordeaux e Cognac: itens de peso

O trio de ferro, Champagne, Bordeaux e Cognac, tem grande impacto nos valores exportados. A Borgonha vem logo em seguida com valores bem menos expressivos. De fato, a produção na região borgonhesa é bem  menor em comparação a Bordeaux, por exemplo.

FEVS EXPORTAÇÃO VINHOSChampagne e Bordeaux: 60% das exportações

Especificamente, com relação aos vinhos, a participação de Beaujoalais e do Rhône é bastante inexpressiva. São vinhos muito consumidos na França no seu dia a dia. São fáceis de beber e com preços habitualmente atrativos. Vejam que os franceses fazem questão de separar Beaujolais da Borgonha, embora muitos livros sobre vinhos tentem mostrar o contrário. Bordeaux e Champagne perfazem 60% das exportações vinícolas em valores. Não é à toa que estas apelações são conhecidas e prestigiadas no mundo inteiro, tanto para os vinhos mais sofisticados, como para vinhos mais rotineiros.

FEVS EXPORTAÇÃO DESTILADOSCognac: absoluto nas exportações

Se você tirar Cognac das exportações francesas de destilados, os valores ficam bem menos expressivos. Este famoso destilado francês abocanha quase 70% dos valores exportados. Vejam que Armagnac, seu grande rival em qualidade, possui produção praticamente artesanal, com pouca expressão no cenário internacional, embora na França tenha grande prestígio.

FEVS PAÍSES VINHOSO trio de ferro das importações em destaque

Os principais mercados de vinhos estão concentrados na famosa trilogia, ou seja, Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha. A China, embalada num forte crescimento, deve em pouco tempo ocupar o quarto lugar dentre os maiores importadores de vinho.

FEVS PAÍSES DESTILADOSSingapura e China em destaque

No setor de destilados, Estados Unidos reina com folga. Os asiáticos, Singapura e China, vêm logo em seguida, com forte crescimento. Os demais países mostrados no gráfico acima formam uma escadinha que sugere troca de posições a qualquer momento.

Os dados acima referem-se à última conferência da federação realizada em fevereiro de 2013. Apesar de ser difícil chegar ao primeiro lugar na pauta de exportações francesas, este país continua disputando ano a ano os postos de maior produtor e exportador mundiais de vinhos.

Produção Mundial de Rosés

25 de Julho de 2013

Os números mais recentes sobre a produção e consumo mundial de vinhos rosés (dados de 2011) apontam a França como maior produtor, maior consumidor e maior importador deste tipo de vinho, conforme dados abaixo:

França e Itália na liderança

A produção mundial de Rosés representa menos de dez porcento do total de vinhos produzidos. Embora França e Itália liderem esta produção, seus objetivos são diferentes. Enquanto a Itália visa um mercado de exportação, a França consome praticamente todo seu rosé e ainda importa boa parte, sendo a exportação bem mais tímida que a de seu concorrente direto. Os dados abaixo dão um panorama geral deste consumo mundial.

Estados Unidos e França na liderança

Estados Unidos e França apresentam padrão semelhante de produção e consumo dos rosés, guardadas as devidas proporções.

Nossos vizinhos, Argentina e Uruguai, consomem praticamente tudo que produzem, não dando muito espaço para exportação.

Países do Rosé

Rússia é um mercado em crescimento, consumindo quase o dobro de sua produção. Potencialmente, é o alvo número um dos países exportadores.

Quanto aos dois grandes países exportadores do chamado Novo Mundo, Austrália e Chile, suas produções são modestas face ao total de rosés, não chegando a meio milhão de hectolitros anuais a soma destes países. Quem sabe um mercado ainda a ser explorado.

OIV: Tendências e Atualizações Mundiais

8 de Julho de 2013

Já é de praxe neste blog, informarmos as tendências e atualizações mais recentes no mundo do vinho através da OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho). Este último congresso ocorreu em Bucareste no mês de junho deste ano. Algumas das últimas previsões se confirmam com destaque para a China, a estabilização do Velho Mundo, e certo crescimento no chamado Novo Mundo, particularmente nas Américas e Ásia.

A primeira constatação é que a área mundial de vinhedos vem caindo ano a ano de maneira discreta, chegando aos sete milhões quinhentos e vinte e oito mil hectares em 2012. Neste número há uma clara tendência de decréscimo nos vinhedos europeus, e acréscimo nos vinhedos asiáticos e americanos (principalmente América do Sul).

Quanto à produção total de uvas para diversas finalidades, não só a produção de vinhos, há uma certa estabilização, sendo que em 2012 este número deve ficar em seiscentos e noventa milhões de quintais (um quintal aproximadamente cem quilos). A China lidera com folga este ranking, seguida pela Itália e Estados Unidos.

OIV 2013 PRODUÇÃO VINHOSProdução Mundial de Vinhos

Na produção mundial de vinhos (vide gráfico acima), os três gigantes europeus seguem na liderança, porém sempre em tendência de queda. Já os Estados Unidos solidifica cada vez mais a quarta posição. O mesmo não acontece com a Argentina que manteve por longo tempo a quinta posição. Agora, China, Austrália e Chile, disputam a mesma com vantagem para os chineses que apresentam números de forte crescimento, a despeito da qualidade. A produção mundial deve ficar em duzentos e cinquenta e dois milhões de hectolitros que em outros tempos já superou a marca de trezentos milhões de hectolitros.

OIV 2013 CONSUMO  VINHOSConsumo Mundial de Vinhos

Quanto ao consumo mundial de vinhos (vide gráfico acima), a França ainda lidera, ameaçada fortemente pelos Estados Unidos. Alemanha e Reino Unido mantêm-se relativamente estáveis, enquanto a China dá um salto expressivo. Rússia e Canadá também destacam-se neste crescimento. A Itália e Espanha, grandes produtores, amargam forte decréscimo no consumo entre seus habitantes.

OIV 2013 IMPORTAÇÃO VINHOSPrincipais países importadores

Quanto à importação mundial, o quadro acima é bastante elucidativo nos tipos de vinhos que são comercializados. Vejam que a França não tem nenhum problema em importar vinhos em embalagens maiores. É mais barato e muitas destas embalagens tem um sistema a vácuo que preservar o vinho até as últimas taças a serem consumidas. Evidentemente, trata-se de vinhos para o dia a dia, sem maiores rituais. A importação de espumantes expressiva no Japão vai de encontro com sua gastronomia bastante típica. China e Canadá por exemplo, concentram-se em importações de vinhos engarrafados. O trio de ferro da importação permanece no topo (Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha).

OIV 2013 PRODUCÃO COMPARATIVA

Comparativo entre 2000 e 2012

Voltando à produção mundial de vinhos, o comparativo acima mostra que o bolo gradativamente está sendo fatiado com menor predominância do chamado Velho Mundo, embora sua liderança ainda seja expressiva. Além do crescimento chinês, o Chile continua expandindo seus vinhedos de norte a sul. A multiplicação de seus vales, buscando ao mesmo tempo uma identidade de terroir é notável. O vinhedo australiano também tem se expandido. A exemplo do Chile, a Austrália motiva-se neste crescimento, pois esses dois países travam uma batalha de gigantes no competitivo mundo dos maiores exportadores de vinho do chamado Novo Mundo.

Consumo Mundial de Vinhos

22 de Abril de 2013

Segundo dados recentes, parece que o consumo mundial de vinhos tende a estabilizar em torno dos duzentos e cinquenta milhões de hectolitros anuais, conforme tabela abaixo.

França e Estados Unidos: disputa acirrada

A França continua puxando a fila, mas os Estados Unidos parece que tomou conta do segundo lugar, embora seja um país de dimensões continentais. Itália e Espanha continuam descendo a ladeira, enquanto os demais apresentam certa estabilização. A China ainda consome pouco em termos absolutos, mas qualquer centésima porcentagem de sua população que resolver tomar vinho é sempre um potencial altamente considerável.

França e Portugal: mantendo as tradições

O consumo per capita conforme tabela acima, mostra França e Portugal com bastante força, mesmo que em algumas décadas atrás, estes números giravam em torno de cem litros anuais por habitante. Itália e Argentina ainda mantêm bons números de consumo, os quais já foram bem melhores num passado não muito distante. A China é um gigante por enquanto adormecido. Entretanto, se seus atuais 1,3 litros/habitante passarem a somente 3,0 litros/habitante, este país será com folga o maior consumidor mundial de vinhos. Nosso Brasil, não é de hoje, luta para ultrapassar a marca de dois litros anuais por habitante. E dá-lhe cerveja pessoal!

Estados Unidos: Importador ou Exportador?

8 de Abril de 2013

Aqui no Brasil, sempre ouvimos falar que os Estados Unidos consomem todo vinho que produz, além de ser um dos maiores importadores mundiais de bebidas, não só vinho. Juntamente com o Reino Unido e Alemanha, forma o chamado trio de ferro da importação mundial. De fato, este país é o quarto maior produtor de vinhos do mundo e também grande importador da bebida, mas exporta de forma significativa e evidentemente, não é para o Brasil. Por isso, temos a falsa ideia de que as exportações americanas são quase insignificantes. Para mudar esta visão, dê uma olhada nas tabelas abaixo:

Exportações mundiais em bilhões de euros

Sabemos que os três grandes países europeus (França, Itália e Espanha) são os maiores exportadores mundiais, seguidos por Austrália e Chile. Contudo, vejam os Estados Unidos em sexto lugar com bastante consistência de crescimento ano após ano. E para onde vai este vinho? Como já dissemos, não é para o Brasil. Seus grandes clientes são Europa e Canadá, principalmente, seguidos por Hong Kong e Japão, conforme tabela abaixo:

Valores em milhões de dólares

Um aspecto comparativo importante a ser considerado entre Europa e Canadá é a grande diferença do preço médio por garrafa. Os canadenses buscam rótulos mais sofisticados, de melhor qualidade, e portanto mais caros. Para valores semelhantes de exportação, os europeus compraram cerca de 228 millhões de litros em 2012, enquanto os canadenses apenas 76 milhões de litros. Num grau maior de sofisticação está Hong Kong, com apenas 17 milhões de litros. Japão e China mantêm valores médios intermediários entre Europa e Canadá.

Brasil no fim da fila

Países como Colômbia e República Dominicana estão a frente do Brasil, sem dizer que o pouco que vem para cá é extremamente caro. Para quem quiser se aventurar nos vinhos californianos, a importadora Smart Buy Wines tem boas ofertas, sendo uma das únicas especializadas no assunto (www.smartbuy.com.br). 

Napa Valley: Parte I

18 de Outubro de 2012

Pouco se fala dos vinhos americanos no Brasil. Evidentemente, as notícias, as divulgações, giram em torno de um interesse comercial. Como os americanos consomem praticamente todo seu vinho produzido, além de grande importador da Europa, a pouca oferta exportada é cara e portanto, presa fácil para seus concorrentes do chamado Novo Mundo. É o que acaba acontecendo em nosso mercado.

Quarta potência no mundo do vinho, os Estados Unidos no conjunto da obra são a melhor resposta aos chamados vinhos do Velho Mundo, mudando definitivamente a face do mercado internacional, a partir da histórica Degustação de Paris em   1976.

Especificamente Napa Valley, tema de nosso artigo, responde por 20% dos valores comercializados da Califórnia, apesar de sua produção girar em torno de apenas 4%. Sabemos que mais de 90% do vinho americano concentra-se neste estado da costa oeste.

Napa Valley é uma das áreas nobres da Califórnia, muito bem situada em termos de clima e solos. Se há um lugar no mundo onde a Cabernet Sauvignon possa fazer frente ao terroir sagrado do Médoc (a chamada margem esquerda de Bordeaux. Favor verificar artigos específicos sobre Bordeaux em cinco partes), esse lugar é Napa Valley, especificamente em comunas famosas como Rutherford, Oakville e Stag´s Leap, conforme mapa abaixo:

16 AVAs formam o famoso Napa

As contíguas AVAs  (Área Viticultural Americana) desde Santa Helena a norte até Stag´s Leap mais ao sul, funcionam como as famosas comunas do Medóc (Pauillac, St Julien, St Estèphe e Margaux). Neste local, os vinhedos desenvolvem-se entre as cadeias de montanhas Mayacamas a oeste e Vaca Range, a leste. O clima tende a ser mais quente ao norte, próximo a Calistoga, e mais frio ao sul, próximo à cidade de Napa. Os nevoeiros frios pelas manhãs entram pelo sul através da baía de San Pablo e vão perdendo força, à medida que caminham para o norte.

Os solos do Napa são extremamente complexos e diversificados. São de origem vulcânica, sedimentar e também aluvial. Argila, areia, pedras e marga são seus principais componentes. Em linhas gerais, no fundo do vale, próximo ao rio Napa, os solos são aluviais, argilosos e relativamente profundos. Já os solos nas encostas, são mais diversificados, mais pedregosos, pobres e pouco profundos.

As AVAs de Santa Helena, Rutherford, Oakville e Stag´s Leap, serão abordadas em detalhes no próximo post, mostrando suas requintadas vinícolas e terroirs diferenciados.


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