Nesta última quarta-feira (31/07/13) tivemos na ABS-SP mais um painel sobre queijos e vinhos com as mesmas dúvidas e certezas de sempre. A novidade foi uma explanação interessante sobre queijos nacionais com procedência de origem. A maioria foram os de Minas Gerais (Triângulo Mineiro), um de Pernambuco, um de São Paulo (próximo a cidade de Joanópolis) e um do Rio Grande do Sul. Quase todos elaborados a partir de leite cru, ou seja, não pasteurizados. Maiores informações, através do site http://www.alimentosustentavel.com.br ou na loja chamada A Queijaria (Rua Aspicuelta, 35 – Vila Madalena – fone: 3812-6449).
Queijo da Canastra Real
Nesta harmonização tivemos quatro vinhos selecionados: dois brancos de mesa, um branco doce e um tinto à base de Pinot Noir. A seguir, vamos comentar cada um dos vinhos com a prova dos queijos:
Os vinhos da noite
Soalheiro Alvarinho 2012
Um branco da sub-região de Melgaço com a casta Alvarinho. Vinho jovem, com boa acidez e mineralidade, sem passagem por madeira. Com os três primeiros queijos de sabor relativamente suave (queijo serrano, salitre e Gonzagão), o vinho se comportou bem com destaque para o Salitre. O sal do queijo com a acidez do vinho complementaram-se bem. Embora a mineralidade do vinho vá de encontro com os toques defumados do queijo Parmesão Defumado, a intensidade de sabor do mesmo sobrepujou o vinho. Os demais queijos, Serra da Canastra, Serro e Azul do Bosque (uma espécie de Roquefort de sabor mais leve), aniquilaram o vinho.
Zind-Humbrecht Herrenweg de Turckheim Pinot Gris 2003
Este é um belo alsaciano do grande produtor Zind-Humbrecht do vinhedo Herrenweg. O vinho estava com aromas evoluídos (safra 2003), mas sem toques oxidativos. Um vinho encorpado (14,5° de álcool), macio, acidez discreta, leve açúcar residual e um certo amargor final. Com estas características, os três primeiros queijos não foram bem, Serrano, Serra da Canastra e Salitre. Especialmente o Salitre, foi bem desagradável. O sal do queijo enfatizou o amargor do vinho. Com o Gonzagão, a harmonização começou a ficar mais interessante, embora o vinho ganhasse em potência. O ponto alto foi o Parmesão Defumado. A intensidade de sabor de ambos estava sintonizada, além do defumado do queijo casar bem com os aromas do vinho. Quanto aos queijos Serro e Azul do Bosque, o vinho não tinha força de sabor para ambos.
Queijo Serro
Daisy Rock Pinot Noir 2008
Este é um tinto de Marlborough (Nova Zelândia) da vinícola Daisy Rock. Um tinto de corpo médio, acidez equilibrada, taninos bem domados e aromas de evolução (sous-bois, animal e balsâmico). Com os três primeiros queijos, Serrano, Serra da Canastra e Salitre, não houve conflito. A intensidade do Salitre e o sal incomodaram um pouco o vinho. Quanto ao Gonzagão, também não houve conflito, embora a intensidade do queijo sobrepujasse um pouco o vinho. Os três queijos mais potentes, Parmesão Defumado, Serro e Azul do Bosque, praticamente aniquilaram o vinho.
Domaine Bordenave-Coustarret Jurançon Moelleux 2008
Este é um branco doce do sudoeste francês, da apelação Jurançon. Vinho de bom corpo, macio com certa untuosidade, aromas potentes, acidez equilibrada e doçura evidente, mas sem exageros. Evidentemente, os três primeiros queijos, Serrano, Serra da Canastra e Salitre, não foram páreo para este vinho. O Salitre saiu-se melhor por conta do sal contrastando com o açúcar do vinho. Quanto ao Gonzagão, houve uma certa harmonia, embora o vinho ganhe em intensidade. Já o Parmesão Defumado, a sintonia de aromas e intensidade foram muito boas. O que destoou foi a incompatibilidade de texturas, ou seja, vinho muito macio e queijo muito crocante. Agora a harmonia praticamente perfeita foi com o queijo Azul do Bosque. Textura, contraste de sal e açúcar e intensidade de sabores foram os pontos altos da harmonização. Realmente um clássico, queijos azuis com vinhos brancos doces e untuosos.
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