Prato substancioso da cozinha interiorana de São Paulo, Goiás e Minas Gerais, implantado pelos bandeirantes no desbravamento destas terras em busca de riquezas. Ingredientes que podiam ser levados nas viagens a cavalo sem grandes preocupações e cuidados.
Recompensa após longa jornada
Baseado em feijão (não o preto), farinha de mandioca, lombo de porco, torresmo, linguiça e muito tempero (ervas, cebola, alho, …), é um prato para o trabalho duro. Acompanhamentos como arroz branco e ovos são bem tradicionais.
Para a harmonização, vinhos de bom corpo, boa acidez e passagem por madeira, são belos parceiros para este tipo de prato. Bom corpo porque o prato tem volume e sabor marcante, acidez para combater a gordura dos ingredientes, e sabores amadeirados para fazer eco aos toques defumados da carne de porco. Estamos falando de tintos, mas se a opção for branco, o clássico Chardonnay com amadurecimento em barrica pode fazer frente ao prato. Evidentemente, não um fino borgonha. Qualquer bom Chardonnay do Novo Mundo cumpre bem a missão.
Voltando aos tintos, penso num bom Barbera Barricato, com acidez e toques empireumáticos adequados. Um Shiraz do Novo Mundo não muito dominador, com seus toques defumados e de especiarias, além da rica fruta. E por que não um Tempranillo de Ribera del Duero? ou melhor ainda de Toro, com a rusticidade na medida certa para este prato campestre. Vinhos vigorosos, sem grandes sofisticações, de bom frescor e adequadamente marcados pela madeira, são as armas adequadas para este substancioso prato. Para ficar bem brasileiro, os bons Merlots da serra gaúcha podem impressionar a contento estrangeiros que queiram conhecer nossa enogastronomia.
Etiquetas: barbera barricato, chardonnay, cozinha brasileira, cozinha regional, feijão-tropeiro, Harmonização, merlot, Nelson Luiz Pereira, ribera del duero, shiraz, sommelier, tempranillo, toro, tudo e nada, vinho sem segredo
15 de Junho de 2013 às 8:05 PM |
Será que não existem bons vinhos portugueses da região do Douro com uvas tempranilho para acompanhar este prato dos bandeirantes, que foram gerados pelos português quando não eram eles mesmos portugueses?
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16 de Junho de 2013 às 11:21 AM |
Caro Fernando,
Sem dúvida, a Tempranillo na região do Douro é conhecida como Tinta Roriz. Normalmente, os vinhos do Douro são vinhos de corte, mas adequam-se bem ao prato. Por que não um Meandro (quinta Vale do Meão) ou um quinta do Noval?
Abraços,
Nelson
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