Nesta harmonização, além do tenro lombo de cordeiro, temos a crosta de pistache, o molho de carne reduzido e o delicado ravioli de batata. Neste contexto, os componentes decisivos para a escolha do vinho são o molho reduzido e a crosta de pistache, sendo que o ravioli e o próprio cordeiro influenciarão na textura do mesmo, conforme foto abaixo.
Pode parecer estranho um ravioli com recheio de batata, mas a ideia é servi-lo como guarnição, despertando certa originalidade e surpresa. Na verdade, o recheio leva além das batatas, um pouco de parmesão ralado, mix de ervas e um toque de pimenta do reino.
Para a crosta de pistache, temos salsinha, um pouco de alho, creme de leite fresco, manteiga e evidentemente, pistache triturado. Além do sabor, a crocância faz um contraponto interessante com os demais elementos de maciez do prato.
O molho de carne deve ser concentrado e reduzido com a evaporação de um cálice de vinho branco, finalizando sua textura com um pouco de manteiga.
Por fim, o cordeiro após devidamente selado com um toque de alecrim, é coberto pela crosta de pistache previamente gelada e em seguida, levado ao forno. É importante que o cordeiro seja mal passado, conforme foto acima e apenas devidamente selado, mantendo a devida suculência.
Em resumo, o prato tem personalidade e ao mesmo tempo elegância e textura delicada. O vinho deve acompanhar esta linha mestra, com aromas elegantes, textura macia e taninos bem moldados. A crocância e a suculência da carne equilibraram bem este lado tânico. Um vinho saindo de seu estágio mais jovem e começando a ganhar aromas terciários pode encontrar o ponto ideal entre a tanicidade comedida e maciez esperada. Toques herbáceos e de alguma evolução encontrarão eco nas ervas do prato e no sabores do pistache. Neste sentido, um bordeaux de margem direita com boa presença de Cabernet Franc, parece ser a solução ideal. A complementação da Merlot lhe dará a maciez necessária. As apelações de Saint-Emilion e seus satélites cumprem bem este papel não esquecendo de apelações menos badaladas como Fronsac e Canon-Fronsac.
Como sugestão, a importadora Decanter (www.decanter.com.br) oferece o belo Chateau Tour de Pas St Georges, da apelação homônima, da grande safra de 2005. Encontra-se num bom estágio de evolução, justamente naquela transição acima descrita. É uma das referências da apelação St-Georges St-Emilion.
A propósito, nesta quarta-feira dia 05 de setembro, teremos uma degustação na ABS-SP com o tema cortes da margem direita de Bordeaux. Evidentemente, outras dicas para a harmonização acima.
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