No centro do Loire, as apelações Sancerre e Pouilly-Fumé se destacam num clima mais continental com a uva Sauvignon Blanc. Os dois vinhos são muito frescos e minerais, mas Pouilly-Fumé costuma ser mais incisivo sobretudo por boa parte da área possuir solos de Sílex e do tipo Kimmeridgiano, o mesmo solo de Chablis.
Em recente degustação na importadora Clarets (www.clarets.com.br), pudemos constatar que essas diferenças entre as duas apelações podem ser bem mais sutis. Quatro vinhos do Domaine Vacheron foram degustados. Um produtor biodinâmico e detalhista que é um dos destaques da região. São vinhas antigas na sua maioria, tratada com baixíssimos rendimentos. São 34 hectares de Sauvignon Blanc e 11 hectares de Pinot Noir.
Sílex (solo pedregoso)
O branco de entrada degustado já mostra a que veio. As vinhas tem idades entre 30 e 60 anos em solos calcários e de sílex (pedras de argila calcinadas). A vinificação ocorre com leveduras naturais e sem contato com madeira. O vinho é de grande pureza com toques cítricos de grapefruit e minerais. Em boca, uma bela acidez cortante, bom meio de boca, e final refrescante e limpo. Concorre facilmente com bons Chablis e por consequência acompanham muito bem ostras frescas. Por menos de 200 reais, é uma pedida irrecusável.
Taças Zalto numa bela recepção
Neste segundo branco do vinhedo Les Romains, é um solo totalmente de sílex (flint) com parreiras de idade superiores a 60 anos. A vinificação ocorre em tanques, mas o amadurecimento em barricas de carvalho inertes (antigas). O resultado é um vinho de aromas defumados, minerais e também cítricos, sem interferência nociva da madeira. Em boca, é mais encorpado que o anterior, com mais textura. A acidez permanece alta e vibrante. O vinho tem ótima persistência com toques finos de casca de laranja. Um belo upgrade!
O último branco, uma exclusividade do Domaine, é um vinhedo de apenas 0,4 hectare, produzindo só duas barricas por safra. É relativamente jovem, plantado em pé-franco. O solo é totalmente de sílex localizado em uma pequena porção não classificada pela apelação Sancerre. Portanto, trata-se de um “Vin de France”.
Com o mesmo tratamento do vinho anterior (Les Romains), é amadurecido em barricas de carvalho inerte (barricas de cinco anos). É um branco de corpo, textura mais espessa, sem perder o frescor. Foi decantado previamente, pois seus aromas demoram a abrir na taça. Tem o lado cítrico, mineral, e um intrigante defumado. Persistência notável e uma certa adstringência final. Um branco extremamente gastronômico e bom parceiro para pratos bem elaborados com Haddock ou bacalhau.
o par de entrada do Domaine
Para fechar o painel, um tinto Sancerre, par do nosso primeiro branco. Conforme a apelação, é 100% Pinot Noir. As vinhas tem entre 30 e 50 anos. O vinho amadurece em carvalho inerte (barricas e tonéis). Muito agradável em boca com bela acidez, taninos na medida certa, sem extração excessiva. Os aromas são elegantes com toques terrosos, florais e de cerejas escuras. Bom parceiro para pratos leves de verão como rosbife e embutidos finos. Por menos de 200 reais, um Pinot Noir autêntico e sem subterfúgios.
Agradecimentos a todo o pessoal da Clarets, especialmente a Guilherme Lemes e Keren Marchioro. Pouco a pouco, eles vão formando um portfólio invejável com vinhos criteriosamente selecionados e a preços bem competitivos. Vinho Sem Segredo se sente horando em acompanhar de perto este sucesso. Abraço a todos!
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