Muito se fala sobre o Vinho do Porto; seus estilos, categorias, as grandes marcas, métodos de vinificação e amadurecimento, entre outros tópicos. Contudo, um fato de relevante importância é pouco mencionado nas publicações, as melhores vinhas. São delas que resultaram as melhores uvas que darão origem a todo o processo de elaboração. Como dizem: os grandes vinhos nascem no vinhedo. É neste contexto que alicerçamos nosso artigo com base no IVDP (Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto – http://www.ivdp.pt). Abaixo, mapa das sub-regiões do Douro.
Cima Corgo: Terroir de destaque
Sabemos que fatores naturais de terroir como clima e solo além do fator humano, podem ser individualizados conforme a região de estudo. No caso do Douro, os parâmetros de avaliação dividem-se em edafoclimáticos (solo e clima) e culturais. Portanto, fatores como localização da vinha, altitude, declive, rocha-mãe (subsolo), elementos grosseiros (antrossolos: solos removidos pelo homem na fragmentação do xisto), exposição (solar), e abrigo (ventos), são criteriosamente avaliados e pontuados. Some-se a essa pontuação os fatores culturais como rendimento da vinha (hectolitros/hectare), encepamento (conjunto de uvas), densidade de plantio (pés/hectare), sistema de condução (terraços, vinhas ao alto) e idade das vinhas. Baseado em todos esses dados planilhados, chega-se a determinadas faixas de pontuação e posteriormente, à chamada classificação por letras de A até F, conforme tabela abaixo.
Classe
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Pontuação
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A
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>1200 |
B
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entre 1001 e 1200 pontos |
C
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entre 801 e 1000 pontos |
D
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entre 601 e 800 pontos |
E
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entre 401 e 600 pontos |
F
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entre 201 e 400 pontos |
Evidentemente, não vamos entrar no mérito dos valores numéricos desta avaliação. Basta sabermos que as vinhas mais prestigiadas são as de classificação A e B, algumas vezes mencionadas em fichas técnicas e sites de determinadas Casas do Porto. Só para lembrarmos do último artigo deste blog (Porto Cinco Estrelas), as Casas mencionadas no mesmo enquadram-se nesta seleta classificação.
melhores vinhas: junto ao rio
No mapa acima, percebemos que a faixa laranja limita a grosso modo as vinhas de classificação A e B, normalmente junto ao rio. Essas delimitações exclusivas são encontradas somente no Cima Corgo e Douro Superior. À medida que nos afastamos da área laranja, os fatores de terroir acima citados vão perdendo pontuação.
Quinta de La Rosa: Classificação A
A sub-região do Cima Corgo com vinhas mais próximas ao rio torna-se o terroir adequado para uvas de grande qualidade. O declive perfeito, o fator moderador do rio, a insolação adequada, o perfeito abrigo de ventos mais agressivos, a idade média avançada das vinhas e densidades altas de plantio, são alguns fatores primordiais para os melhores vinhedos. É dessas condições que saem as uvas para os melhores Vintages, grandes Colheitas e os belos Portos com declaração de idade.
Os critérios na elaboração dos Vintages são uvas de maturação plena em anos excepcionais, ricas em polifenóis, sobretudo taninos, fator fundamental para longa guarda em garrafa. Já para os Colheitas, o item mais relevante é acidez, pois os taninos serão praticamente todos polimerizados na longa guarda em pipas, tornando os vinhos límpidos, normalmente sem nenhum depósito.
Em suma, são estes fatores que fazem a diferença entre um Porto alcoólico, sem frescor, e com o chamado meio de boca vazio; de um Porto equilibrado, aromático, e com a persistência dos grandes vinhos.
Porto diferenciando com vinhas de mais de 60 anos cultivadas em socalcos (terraços). São mais de trinta variedades de uvas plantadas todas juntas. O vinho amadurece em tonéis de nove mil litros, evitando uma micro-oxigenação excessiva entre dois e quatro anos, dependendo do lote.
E para um bom serviço, os Portos são melhores apreciados em temperaturas ao redor dos 14°C, onde o álcool fica mais contido e os sabores mais frescos. Como exceção, temos os Vintages, ricos em taninos, sobretudo os mais jovens, e aromas mais densos. Esses vão melhores em temperaturas entre 18 e 20°C com decantação obrigatória.
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