A versatilidade do Porto Tawny


Por diversas vezes, falamos sobre Vinho do Porto nos seus mais variados temas e histórias. Voltando ao tipo Tawny, sabemos que a escala começa no Tawny básico, passando ao tipo Reserva, em seguida aos com declaração de idade (10, 20, 30 e 40 anos) e finalmente, ao excepcional e pouco conhecido Porto Colheita. Neste último, a data da safra e a data de engarrafamento devem constar obrigatoriamente no rótulo. Evidentemente, quanto maior for o espaçamento entre a colheita e o momento de engarrafa-lo, maior sua complexidade devido ao longo tempo da benéfica micro-oxigenação.

Os Portos com declaração de idade partem de um conceito um tanto subjetivo. Um 10 anos por exemplo, fala-se numa idade média no valor mencionado no rótulo, ou seja, um 10 anos apresenta diversos Tawnies com idades variadas onde a média perfaz 10 anos. Entretanto, sabemos que esta média não é exatamente aritmética. No fundo é uma média proporcional onde o que realmente vale é o exame sensorial. Traduzindo, a mescla de idades que os mestres de adega, com larga experiência gustativa neste tipo de vinho fazem, vai dar origem a um determinado Porto, o qual submetido à uma análise sensorial (visual, olfativo e gustativo), apresenta características de um Porto com a idade determinada no rótulo. Portanto, por trás de uma declaração de idade, existe muito mais sensibilidade do que uma exatidão cartesiana.

Porto Tawny 10 e 40 anos lado a lado

Deixando um pouco a teoria, a foto acima mostra a versatilidade deste tipo de Porto. Como exemplo, um Porto 10 anos. Embora tenha seus toques oxidativos, a força da fruta vermelha, madura, ainda se faz presente. Isso o torna mais intenso e menos sutil. Essas características vão de encontro com as frutas passificadas como é o caso das tâmaras, mas poderiam ser figos também. Já o marron-glacé, as famosas castanhas cozidas e finamente glaceadas, puxam mais para frutas secas e caramelo. Portanto, os toques bem mais terciários e oxidativos de um Porto 40 anos, caminham de mãos dadas neste tipo de harmonização.

A título de experiência, a famosa Tarte Tatin, ou seja, a torta de maçãs carameladas, pode acompanhar muito bem um Porto 20 anos. Pode ser uma ótima surpresa e alternativa aos belos doces do Loire ou da Álsacia, parceiros clássicos para este tipo de sobremesa.

Tarte Tatin: Clássico francês

Para completar o quadro, um Porto 30 anos com Tiramisù, conforme foto abaixo:

Clássico sem releituras

No fundo, no fundo, mesmo nas chamadas harmonizações clássicas, a sutileza dos elementos envolvidos dão a precisão mágica nas harmonizações, ou seja, nem todo cordeiro combina com Bordeaux; nem todo queijo de cabra combina com Sauvignon Blanc, e assim por diante. É preciso pesquisar bem tanto a comida (receita, ingredientes, técnicas de preparo, etc …) como a bebida, no caso vinhos (safra, estilo do produtor, momento de evolução em garrafa, etc …), para que tudo se encaixe perfeitamente. E é esta perfeição que faz a magia tão difícil de ser alcançada.

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