Calma! Não é nenhum palavrão. Este é o nome de um dos mais importantes palácios reais de Portugal, transformado em hotel a partir da década de vinte do século passado. Aliás, duas grafias são aceitas, Buçaco ou Bussaco. Nas garrafas de vinho, a primeira. No site do hotel, a segunda (www.almeidahotels.com).
Tecnica e historicamente, estes vinhos podem ser comparados ao mítico Barca Velha, em prestígio e nobreza, embora de regiões distintas. Localizado praticamente na divisa entre Dão e Bairrada, o palácio (foto abaixo) utiliza uvas das duas regiões. Possivelmente, não teve a repercussão comercial do Barca Velha, já que os vinhos eram e são consumidos exclusivamente por hóspedes do hotel, fazendo questão de não vendê-los fora de seus domínios. Segundo a importadora Mistral (www.mistral.com.br), a mesma é a única no mundo que conseguiu a proeza de sua comercialização.
Localizado entre Dão e Bairrada
A história dos vinhos começou com senhor Alexandre de Almeida, homem refinado no ramo da hotelaria, fundador de vários hotéis em Portugal. Na época, concebeu a ideia de elaborar os vinhos nas dependências do palácio, utilizando castas locais da região. Era uma forma de cultivar as tradições locais, mantendo a exclusividade e tipicidade dos vinhos. Dentro deste contexto, brancos e tintos eram elaborados com castas da Bairrada e Dão, regiões que circundavam a área do palácio numa vasta floresta homônima. Para os brancos, predominavam as uvas Encruzado, Bical e Maria Gomes e para os tintos, Baga e Touriga Nacional. A vinificação é tradicional, com boa extração de cor e taninos, além de utilização de grandes tonéis de madeira, nunca nova. Os vinhos após o engarrafamento, são guardados na adega do palácio para um posterior consumo. É necessário este período em ambiente de redução (envelhecimento na garrafa), para que suas reais qualidades sejam apreciadas. Ideia semelhante, percebemos no grande Barca Velha também. No hotel, há safras a partir da década de quarenta. Atualmente, são produzidas cerca de trinta mil garrafas por safra, entre tintos e brancos.
Safra 2001: Um verdadeiro infanticídio
Esta safra consumida há pouco tempo (safra 2001 na foto acima) nos dá uma ideia da longevidade destes vinhos. A cor de rubi intenso e muito vivo, nem de longe mostra sua idade. Os taninos estão bem presentes, emoldurados por toques balsâmicos advindos da madeira. Equilibrado, persistente e muito elegante. Longa vida pela frente.
Michael Broadbent (Decanter) em algumas safras antigas, compara estes vinhos ao Château Lafite. Talvez ele tenha razão, os vinhos são misteriosos e muito elegantes.
Os brancos também seguem o mesmo padrão de longevidade. A fruta com características tropicais e citrinas está sempre envolvida em toques resinosos e minerais. Para quem gosta de brancos de personalidade, é ótima companhia para um belo bacalhau.
Etiquetas: alexandre de almeida, bacalhau, baga, bairrada, barca velha, bical, buçaco, bussaco, dão, encruzado, maria gomes, mistral, Nelson Luiz Pereira, sommelier, touriga nacional, tudo e nada, vinho sem segredo
14 de Novembro de 2013 às 5:50 PM |
Desejo sabre como posso adquirir vinhos do palacio?
jdoliveira@free fr
GostarGostar
14 de Novembro de 2013 às 5:56 PM |
Caro José de Oliveira,
A importadora Mistral é responsável pelos vinhos no Brasil (www.mistral.com.br).
Um abraço,
GostarGostar