Prosseguindo nas principais regiões vinícolas deste país continental, veremos agora a famosa região de Victoria. É a mais meridional do continente com clima relativamente frio, conforme mapa abaixo. Dentre as várias sub-regiões, Yarra Valley é a mais importante e famosa. O estado de Victoria sofreu grande atraso no início do século passado devido a infestação da filoxera. Até hoje, são tomados cuidados extremos para controlar a praga e assim, o progresso de sua viticultura está garantido. Normalmente, as regiões mais ao norte costumam ser mais quentes, enquanto as regiões ao sul devido a presença do oceano frio próximo à Tasmânia, são mais frias. Veremos a seguir, algumas destas regiões, conforme mapa abaixo.
Victoria: fontes de bons vinhos Pinot Noir
Começando pelo nordeste de Victoria em torno de dos vales King e Alpinos, esta região é fonte de vinhos em massa, de grande produção, graças à irrigação do rio Murray. Já nos vales acima citados, a altitude faz a diferença (em torno de oitocentos metros). King Valley fornece Chardonnay e Pinot Noir agradáveis e equilibrados, enquando nos Vales Alpinos temos um Shiraz mais apimentado ou condimentado.
A região dos Pirineus (Pyrenees) também apresenta este estilo de Shiraz mais apimentado, além do cultivo de Cabernet Sauvignon. As regiões de Bendigo e Heathcote fornecem vinhos vigorosos à base de Cabernet Sauvignon, Shiraz e Chardonnay. A região de Goulburn Valley prestigia as castas do Rhône com cultivo da Shiraz, Viognier, Marsanne, Roussanne e Mourvèdre. Principalmente os tintos, apresentam forte caráter mineral com traços terrosos.
Passemos agora à produtiva região do noroeste de Victoria com vinhos intensos entre brancos e tintos. Novamente, a irrigação do rio Murray está por trás deste cenário. Shiraz, Cabernet Sauvignon e a exótica Durif (a Petite Shiraz californiana) moldam vinhos densos e encorpados. Outra especialidade local são os vinhos intensamente doces elaborados com Muscat Blanc à Petits Grains e Tokay (a Muscadelle bordalesa). São vinhos fortificados que podem envelhecer bem e muitas vezes elaborados pelo método solera (típico de Jerez). Definitivamente, são um dos ícones australianos em tipicidade e autenticidade.
Caminhando agora para a porção mais ao sul de Victoria, encontramos Gippsland. Aqui encontramos boa fonte de Pinot Noir e Chardonnay de clima frio, além de Cabernet Sauvignon e Shiraz em torno de Moe com clima mais quente e seco. Geelong, a oeste de Gippsland, será sempre lembrada como porta de entrada da filoxera no estado. Em áreas mais quentes cultiva-se Shiraz, enquanto nas mais frias predominam Chardonnay e Pinot Noir.
Finalmente, chegamos às regiões de Yarra Valley e Península de Mornington. Mornington recebe toda a influência fria do litoral através do estreito de Bass, separando o continente da Tasmânia. Nesta fria região temos Pinot Noir e Chardonnay de classe internacional sendo um dos melhores de toda a Austrália. Regiões mais ao norte de Yarra Valley tendem a ser mais quente com bom cultivo de Cabernet Sauvignon e Shiraz elegante. Já nas área mais frias, Pinot Noir e Chardonnay roubam o cenário. A região também é referência em espumantes de qualidade.
Embora a Tasmânia esteja fora do continente, costuma ser englobada com o estado de Victoria. É desafiador cultivar vinhas nesta gélida região. O risco de geadas e ventos fortes é constante. Daí o cultivo de cepas brancas como Chardonnay, Riesling e Pinot Gris. A Pinot Noir é a única exceção tinta. A fama de brancos aromáticos e belos espumantes é crescente.
Após Victoria, nossa próxima parada é Austrália Ocidental com Margaret River.
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