A despeito de todas as polêmicas que envolvem a revista americana Wine Spectator, a lista dos cem melhores vinhos do ano (top 100) é sempre esperada, comentada e divulgada. Neste ano de 2012 que já vai dando adeus, pincei alguns vinhos interessantes, muitos deles já comentados neste mesmo blog, e que valem a pena serem provados pelo menos uma vez.
Château Guiraud Sauternes 2009 – 96 pontos – 5º lugar
Este Sauternes pertence à famosa classificação de 1855 dos grandes vinhos de Bordeaux. Basicamente, o que o diferencia dos demais é alta proporção de Sauvignon Blanc no corte. Normalmente, os grandes Sauternes trabalham com 80% de Sémillon e 20% de Sauvignon Blanc. Às vezes, uma pitada de Muscadelle, a terceira uva branca da região. No caso de Guiraud, a proporção de Sauvignon Blanc em torno de 35% confere mais leveza, menos untuosidade e maior frescor ao conjunto. Estrategicamente ao longo de uma refeição, pode-se tornar menos dominante e mais amigável na sequência dos vinhos.
Achaval-Ferrer Malbec Mendoza Finca Bella Vista 2010 – 95 pontos – 10º lugar
Este é um produtor irretocável quando falamos em vinhos argentinos na região de Mendoza. Seus focos principais são a concentração e a pureza da fruta. Neste caso, Finca Bella Vista é um de seus topo de gama. Aqui precisamos de três parreiras para a elaboração de uma garrafa. Em outras palavras, estamos falando em 400 gramas de uva por parreira ou 14 hectolitros por hectare. Traduzindo, é muita concentração. Este vinhedo localiza-se em Perdriel, Luján de Cuyo, a 950 metros de altitude, de parreiras centenárias plantadas em 1910. Deve ser obrigatoriamente decantado em qualquer idade, pois não é filtrado. Quando novo, pelo menos duas horas de decantação. Ver matéria específica deste produtor neste mesmo blog sob o título ” Bodega Achaval Ferrer”.
Fontodi Colli della Toscana Centrale Flaccianello 2009 – 96 pontos – 25º lugar
Atualmente, é difícil encontrar um toscano 100% Sangiovese capaz de ombriar-se ao grande Flaccianello. Com pontuações altíssimas principalmente na última década, este exemplar da reputada vinícola Fontodi esbanja raça, terroir e personalidade. Não se incomode com a legislação italiana, é apenas um IGT. Com vinhedos localizados na sub-região de Greve in Chianti, seu solo é rico em galestro (espécie de argila laminar), conferindo corpo e estrutura para este belo Sangiovese. Capaz de envelhecer por longos anos em adega, faz frente aos nobres Brunellos, apesar de sua localização no Chianti Classico.
Hamilton Russell Chardonnay Hemel-en-Aarde Valley 2010 – 93 pontos – 32º lugar
Tradicional e antigo produtor sul-africano, Hamilton Russell sempre foi um apaixonado pela Borgonha. No frio terroir de Walker Bay, litoral bem ao sul deste país, com toda a influência da gélida corrente marítima de Benguela, plantou cepas Chardonnay e Pinot Noir, tentando reproduzir sua “Borgonha local”. Utilizando clones bem selecionados e todo savoir-faire borgonhês, seus vinhos são sempre diferenciados e de muita personalidade. Ver artigos específicos neste mesmo blog em cinco partes sob o título “África do Sul”, publicados recentemente.
Descendientes de J. Palacios Bierzo Pétalos 2010 – 91 pontos – 57º lugar
Pessoalmente, Bierzo é a região vinícola espanhola mais excitante na atualidade. Localizada na porção noroeste da Espanha, é uma região montanhosa com um solo particular denominado de “pizarras”, semelhante ao xisto. Assim como o Priorato, Bierzo é um patrimônio inestimável de vinhas antigas da cepa local “Mencia”. Com vinhedos revitalizados, seus vinhos costumam ter concentração, equilíbrio e muita estrutura. A madeira costuma lapidar estes tesouros com vinhos vibrantes, minerais e taninos bem moldados. Vale a pena prová-los por preços ainda bastante razoáveis.
Emilio Lustau Amontillado Jerez Dry Los Arcos Solera Reserva NV – 90 pontos – 82º lugar
Os esquecidos e injustiçados vinhos de Jerez serão sempre imortalizados por produtores como Emilio Lustau. Suas soleras são muito famosas e fazem jus a belos vinhos como este exemplar. Amontillado é uma das nobres categorias de Jerez elaborado com a uva Palomino onde em seu processo de elaboração e criação teve certo contato com a chamada “flor”. Para entender melhor este processo, veja artigos em seis partes sobre Jerez neste mesmo blog. Esta cuvée Los Arcos mescla toques frutados (maçãs), de maresia (salinidade) e de leve oxidação, num conjunto raro e harmonioso. Excelente pedida para entradas picantes e de personalidade com alice, azeitonas e marinadas mais fortes.
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