Deixando o Rhône Setentrional a caminho da Provença, chegamos ao chamado Rhône do Sul, onde tudo muda. Clima, solos e principalmente relevo são fatores decisivos para esta mudança. Aqui não mais a Syrah, e sim a Grenache passa ser a grande casta. Contudo, os vinhos costumam ser de corte, com predomínio da Grenache e participações coadjuvantes da Mourvèdre, Cinsault e Syrah, entre outras.
Rhône Sul: Topografia menos acidentada
A apelação mais popular e uma das maiores de toda a França é Côtes-du-Rhône, competindo em números com apelações como Bordeaux genérico e Beaujolais. Num grau de hierarquia superior, temos a apelação um pouco mais restritiva chamada Côtes-du-Rhône Villages. Enquanto a primeira pode ser elaborada em todo o Vale do Rhône, embora seja amplamente difundida no Rhône do Sul, Côtes-du-Rhône Villages é exclusivamente do Rhône Meridional. Todas as duas baseiam-se no famoso corte do Ródano com a Grenache sendo majoritária, e as castas Mourvèdre, Cinsault e Syrah, principalmente, como coadjuvantes. Falaremos com mais detalhes num próximo post.
Apelações como Gigondas, Vacqueyras, Rasteau e Beaumes de Venise, serão abordadas oportunamente com algumas outras não tão conhecidas. Aqui estamos bem próximos do terroir provençal, sendo muitas vezes, confuso para impor limites.
Galets: solo típico da apelação Châteauneuf-du-Pape
O grande destaque do Rhône Meridional é a famosa apelação Châteauneuf-du-Pape com seus típicos solos de galets (pedras arredondas, conforme foto acima). Não é em toda a apelação, mais este solo pedregoso tem capacidade de escoar água com grande eficiência, além de reter calor para as uvas no período de amadurecimento. O vento mistral funciona como um ar condicionado refrescando as vinhas, e secando-as se for o caso, de uma boa chuvarada.
As castas que podem participar de sua composição muitas vezes são citadas como “A sinfonia das treze cepas”. Contudo, na prática temos a Grenache como espinha dorsal, fornecendo muita fruta, força alcoólica e maciez. A Mourvèdre fornecendo taninos e estrutura, enquanto a Syrah contribui com sua elegância. Tintas como Cinsault, Muscardin, Counoise, Picpoul, Terret Noir, Vaccarèse, e brancas como Clairette, Roussanne, Picardan e Bourboulenc, além das três principais, primeiramente citadas, formam o famoso grupo das treze uvas. Poucos châteaux obedecem este corte e quando o fazem, muitas delas apresentam porporções ínfimas.
Châteauneuf-du-Pape
Pouco mais de 3100 hectares de vinhas com redimentos próximos de 27 hectolitros por hectare. Os solos são constituídos pelas famosas pedras e proporções variáveis de argila e areia. São solos sedimentares formados a partir do leito do rio Rhône em outras eras geológicas.
Além do famoso tinto, temos uma pequena produção do Châteauneuf-du-Pape branco. Não são tão atrativos como os tintos, além de não envelhecerem bem, salvo raras exceções. Produtores como La Nerthe (importadora Grand Cru – www.grandcru.com.br), Château de Beaucastel (www.worldwine.com.br), Château Rayas (www.mistral.com.br), Domaine de Marcoux (www.cellar-af.com.br), são nomes altamente confiáveis.
Evite comprar vinhos desta apelação sem a devida referência do produtor. Há muitos comerciantes e produtores sem escrúpulos, que se aproveitam da fama deste vinho para lançarem no mercados verdadeiras zurrapas, com álcool desequilibrado e bastante diluídos.
Etiquetas: beaucastel, côtes-du rhône villages, cellar, chateauneuf-du-pape, galet, gigondas, grand cru, grenache, la nerthe, mistral, mourvèdre, Nelson Luiz Pereira, rayas, rhône, sommelier, syrah, tudo e nada, vacqueyras, vinho sem segredo, world wine
18 de Maio de 2012 às 3:21 AM |
[…] original: Vale do Rhône: Parte V de vinhosemsegredo publicado [dia May 17, 2012 at 03:00PM] em Vinho Sem Segredo. Republicado por […]
GostarGostar