O fascínio pelos vinhos bordaleses é explorado pelo mercado muitas vezes de forma indevida. Seja pela falta de conhecimento da grande maioria do pessoal de vendas nas importadoras, seja pela pressão em cumprir suas respectivas metas, o fato é que este tema é muito pouco esclarecido para o consumidor.
A idéia da maioria dos grandes châteaux em Bordeaux possuírem um segundo vinho decorre da própria sistemática de elaboração do vinho principal ou “Grand Vin”, como eles costumam chamar.
Com vinhedos relativamente extensos, é quase impossível e inaceitável termos uvas de padrão elevadíssimo em toda a área para a elaboração do grande vinho. O vinhedo é dividido em setores para o plantio de diversas castas (Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e eventualmente, Petit Verdot e Malbec), que por sua vez é dividida em idade de vinhas. Não nos esqueçamos que há um escalonamento muito bem planejado na renovação do vinhedo, preservando ao máximo as preciosas vinhas velhas (vieilles vignes). Portanto, cada setor do vinhedo é colhido e vinificado separadamente, proporcionando vários lotes de cada uma das variedades de uva.
O mais consistente na categoria
Aí vem o pulo do gato! A equipe de enólogos muito bem treinada e chefiada por alguém de larga experiência no respectivo château, vai analisar amostra por amostra e definir o blend final para o grande vinho. As amostras que não tiveram categoria suficiente, provavelmente todas ou quase todas, farão parte do chamado segundo vinho do Château. Para falar um português claro, o segundo vinho costuma ser o refugo do vinho principal. Salvo raras exceções, como o rótulo acima, costumam decepcionar. Os problemas óbvios são idade jovem das vinhas, parcelas de vinhas não tão bem posicionadas, maturação de uvas inadequadas e problemas na vinificação.
Outra pedida segura do maior dos Léovilles (Las Cases)
Portanto, veja com muitas ressalvas, as indicações e ofertas dos chamados segundos de Bordeaux para não levar gato por lebre. Nestes casos, para minimizar os problemas crônicos acima citados, procure os mesmos pelas grandes safras. O risco será certamente menor. Na dúvida, escolha o vinho principal de um château talvez não tão prestigiado, mas de preço equivalente.
Um último conselho: não envelheça segundos vinhos da maioria dos châteaux. Eles não foram projetados para longa guarda. Na melhor das hipóteses, dez anos.
Etiquetas: bordeaux, clos du marquis, grand vin, les forts de latour, Nelson Luiz Pereira, second vin, sommelier, tudo e nada, vinho sem segredo
8 de Julho de 2010 às 1:16 PM |
Parabéns pela postagem. Dicas válidas e verdadeiras.
Grato.
Rômulo Lôbo.
http://www.golesedicas.blogspot.com
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8 de Julho de 2010 às 3:44 PM |
Caro Rômulo,
Obrigado pelo apoio.
Um abraço,
Nelson
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14 de Setembro de 2010 às 2:14 PM |
Ótimas informações. Parabéns.
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14 de Setembro de 2010 às 4:30 PM |
Caro Lauro,
Obrigado pela atenção.
Um abraço,
Nelson
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21 de Julho de 2012 às 8:50 AM |
Eu ja bebi um gran vin bordeaux delicioso chamadao Moueix, com um mapa desenhado na garrafa ( tenho fotos ) mis en bouteille por Moueux et Fils. Nao consigo encontrar este vinho. onde encontra-lo?
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21 de Julho de 2012 às 8:34 PM |
Caro João,
Pode ser que tenha na Grand Cru (www.grandcru.com.br) ou na World Wine (www.worldwine.com.br).
Um abraço,
Nelson
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