O primeiro grande Bordeaux a gente nunca esquece! A safra é mítica, uma das melhores de todos os tempos, mas o château em si, nem tanto. Mesmo neste ano, sua nota é pouco expressiva. Contudo, a emoção da primeira vez, o momento certo em abrí-lo, a falta de experiência, o fato de ser surpreendido, além de outros fatores imponderáveis e inerentes aos mistérios do vinho, eternizam este grande momento.
Talvez o fato de na época (lá se vão quase vinte anos) ter lido algo sobre Alexis Lichine, falecido em 1989, e até então, proprietário deste château, tenha contribuído para meu encantamento.
Ele foi uma das maiores personalidades de Bordeaux, difundindo como ninguém os vinhos franceses nos Estados Unidos. Muito bem relacionado, foi durante longa data fornecedor exclusivo dos vinhos presidenciais na Casa Branca. De origem russa, sua família refugiou-se em França no começo do século passado, devido à revolução em seu país de origem. Posteriormente, estudou na América e começou trabalhar na comercialização e importação de vinhos. Anos depois, volta à França com grande prestígio e adquire algumas propriedades entre as quais, Château Prieuré-Lichine e Château Lascombes, ambas em Margaux.
Grande conhecedor de vinhos, publicou duas obras importantes: Wines of France e Enciclopédia de Vinhos e Álcoois. Apesar de bem relacionado e com enorme carisma nos negócios, Lichine teve sua vida pessoal totalmente reservada. Casado por três vezes, adoeceu no ínicio de 1989, isolando-se no Médoc. Russo, francês e americano, este foi Alexis Lichine, cidadão do vinho.
Informações extraídas de um dos muitos livros do grande médico, historiador e enófilo Sérgio de Paula Santos, também falecido recentemente. Que do outro lado, a imortal Pensão Humaíta o acolha!
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