Vinho do Porto: Parte IV


O amadurecimento do Vinho do Porto antes do engarrafamento e comercialização é uma das etapas mais importantes. A imensa maioria de garrafas de Porto nos seus mais variados estilos não tem safra. Portanto, trata-se de um vinho loteado, ou seja, mistura de várias safras.

A permanência do vinho em tanques de aço inox visa preservar ao máximo seu caráter frutado, mantendo em condições ideais, temperaturas adequadas através de uma eficiente refrigeração. Pode ser muito adequado quando o vinho é amadurecido no Douro, fugindo de variações de temperaturas ao longo dos meses.

Os balseiros (tonéis de grande capacidade, em torno de trinta mil litros) sempre foram utilizados com o mesmo intuito do aço inox, mantendo ao máximo os componentes de fruta e cor do vinho, devido à baixa oxidação. De fato, tonéis deste tamanho, geram pouca área de contato do vinho com a madeira, em relação ao volume armazenado. É muito utilizado no armazenamento de vinhos destinados ao tipo Vintage e LBV (falaremos dos vários tipos mais adiante).

 Pipas ao fundo e Balseiro: Volumes contrastantes

As pipas com capacidade em torno de 550 litros, promovem o estilo oxidativo em termos de amadurecimento, já que a relação da área de contato do vinho e seu volume, é bem maior do que no caso dos balseiros, por exemplo (veja foto acima). São muito utilizadas no tipo de vinho chamado Tawny (aloirado em inglês) nas suas várias categorias.

É importante salientar que a madeira utilizada no amadurecimento dos Portos não é nova, visando exclusivamente provocar a chamada micro-oxigenação e não, passar aromas de madeira ao vinho.

A decisão de amadurecer o vinho com caráter redutivo (preservação da fruta) ou oxidativo está sobretudo ligada às características  do lote de vinho em questão, que por sua vez, está ligado ao conceito de terroir (escolha das castas, localização e altitude da vinha, rendimento, densidade de plantio, etc ..).

Vinhas que geram vinhos de boa acidez e discreta quantidade de polifenóis (componentes de cor e taninos)  são mais propícias ao estilo Tawny, de caráter oxidativo. Já vinhas que geram vinhos de boa estrutura tânica e ricos em cor,  são mais adequadas ao estilo Ruby, de caráter frutado. Dentro de cada estilo, os vinhos de maior intensidade e potencial, serão destinados aos tipos mais nobres e prestigiados em suas respectivas categorias (Vintages para o estilo frutado e Colheitas para o estilo oxidativo).

Concluindo, a destinação de um lote de Vinho do Porto recém nascido não é aleatória, nem arbitrária, e sim fruto do respeito às condições de terroir, manifestadas no vinho elaborado, preservando sua tipicidade, e portanto, sua vocação.

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