Moscatos e Passitos são algumas especialidades da enologia italiana. Um dos mais famosos e pouco conhecido no Brasil, são os Moscatos e Passitos di Pantelleria (ilha de origem vulcânica pertencente à Sicilia, contudo mais próxima da Tunísia, norte da África).
O clima da ilha é dominada por ventos como Maestrale (tem origem no Mistral da Provence) e sobretudo o Scirocco (vento quente que sopra do norte da África). O incansável Scirocco é que vai determinar a elaboração em determinados anos do Moscato di Pantelleria e o Passito di Pantelleria.
Pantelleria: mais próxima do continente africano
Segundo Marco de Bartoli, proprietário da Azienda Bukkuram, quando o inverno é frio (frio em Pantelleria quer dizer sem chuva antes da colheita) e o scirocco sopra depois da colheita, as uvas são postas a secar sobre o solo de pedras da ilha, tendo assim um appassimento perfeito. Nesta situação é elaborado o Passito, um vinho mais rico e concentrado. Já, se o Scirocco soprar antes da colheita com eventuais chuvas, o apassimento não será tão adequado. Neste caso, a tendência é fazer o Moscato di Pantelleria, um vinho agradável, equilibrado, porém sem a concentração do Passito. Vale salientar, que o rendimento destes vinhos são muito baixos. Cada quilo de uva de uva pode gerar no máximo 300 ml de vinho.
De todo modo, são vinhos muito interessantes que vale a pena serem provados. Cada qual em seu momento e devidamente harmonizado.
Donnafugata: Produtor de destaque
O processo de elaboração dos dois tipos tem suas peculiaridades conforme critérios de cada produtor, mas em linhas gerais, uma parte das uvas é colhida e vinificada normalmente. Outra parte delas, é colhida e posta para secar por trinta, quarenta dias, ou mais. Posteriormente, as uvas passificadas são adicionadas ao vinho da primeira parte do processo, dando continuidade à fermentação. Devido a elevados teores de álcool e açúcares, a fermentação é naturalmente interrompida, ficando um açúcar residual natural. Os rendimentos, as porcentagens de uvas passificadas e os índices de açúcar e álcool decorrentes de todo o processo, vão determinar as denominações Moscato ou Passito. Posteriormente, eles podem passar por um amadurecimento em madeira (normalmente madeira inerte) por um tempo determinado, de acordo com o produtor (um a dois anos em média).
A uva em questão é a Moscatel di Alexandria, localmente chamada Zibibbo (em árabe quer dizer uva passa), com a pele espessa, resistente à passificação. É a mesma uva que elabora os famosos Moscatéis de Setúbal.
Um bela harmonização sugerida por Philippe Faure-Brac (melhor sommelier do mundo em 1992) é um Moscato di Pantelleria com pão tipo italiano recheado de damasco, acompanhando um queijo italiano gorgonzola dolce. Eu digo italiano, porque existem muitos no mercado tipo gorgonzola, mas a cremosidade e concentração do italiano não têm paralelos.
Além do produtor Donnafugata da importadora World Wine (www.worldwine.com.br), temos outro belo exemplar de passito na Enoteca Fasano do produtor Benanti (www.enotecafasano.com.br).
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5 de Maio de 2011 às 3:18 PM |
aqui em Itatiba – Estado de S.Paulo – proximo de S.Paulo e Campinas, aonde eu compro o vinho Zibibbo
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5 de Maio de 2011 às 10:11 PM |
Caro José Wagner,
Procure na sua região quem trabalha com a importadora Mistral ou Vinci e certamente será providenciado este vinho. Só esclarecendo: Zibibbo é a uva e não o vinho.
Um abraço,
Nelson
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