Harmonização: Charutos


 

 Grande final de uma bela refeição

Primeiramente, vou pedir licença ao meu amigo Marcello Borges, expert no assunto,  para discorrer sobre o tema.

Sou adepto exclusivamente do charuto gastronômico, aquele apreciado após um bom jantar, por exemplo. Seja solitariamente para ler um bom livro, seja como combustível para uma boa conversa entre amigos, o charuto é um dos melhores digestivos que conheço. Atualmente, seu consumo está restrito a residências, já que a lei antifumo não permite este prazer tão mal compreendido.

Dentro deste contexto, sua apreciação obedece as regras básicas de convivência social. Fora da mesa de refeição, num ambiente de bom fluxo de ar, próximo a janelas, varandas ou sacadas, chega seu momento concomitantemente a um bom expresso.

Pessoalmente, só fumo puros (legítmos cubanos), não por exnobismo, mas por convicção. Acho que não devemos perder tempo com alternativas sem emoção. Você tem três momentos para confirmar a supremacia de um puro: No primeiro terço, você diz, pode ser um puro. No segundo terço, acho que é um puro. Finalmente, no terço final, tenho certeza que é um puro! 

Quanto à harmonização, não há dúvida que os destilados, especialmente os runs envelhecidos, brandies e principalmente o cognac, combinam perfeitamente. É o chamado encontro dos espíritos, o terceiro estado da matéria.

Fortificados: os vinhos ideais

Se você não abre mão dos vinhos ou tem problemas com destilados, sempre há uma boa alternativa. Os vinhos fortificados parecem ser a solução perfeita, sobretudo quando se tratam de Portos e Madeiras. O charuto, além de aroma e sabores potentes, principalmente no terço final, costuma ressecar muito a boca. Portanto, o vinho precisa ser potente, mas além disso, dotado de componentes que apontem para a maciez, ou seja, álcool e uma dose de açúcar residual, combatendo um eventual amargor do tabaco. Para uma melhor afinidade de sabores, prefira Portos no estilo Tawny que enfatizem aromas mais etéros, lembrando frutas secas, toques empireumáticos e baunilha. Os Madeiras nas versões Bual e Malmsey são quase imbatíveis na sintonia de aromas. Procure evitar Portos no estilo Ruby, a menos que o charuto ensinue aromas achocolatados como o Vegas Robaina, por exemplo.

Após as baforadas, para finalizar, chás de boa procedência (pessoalmente prefiro darjeeling ou earl grey) ajudam a limpar o paladar, revigorando o organismo para uma boa noite de sono, ou enfrentar o restante do dia.  

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3 Respostas to “Harmonização: Charutos”

  1. Marcello Borges Says:

    Caro Nelson,

    Finalmente – e me desculpe pela demora – consegui uma brecha no trabalho para poder ler com calma seus posts.

    Fico honrado pela menção ao meu nome, e digo com segurança que seu post sobre harmonização com charutos dá de zero nas minhas ideias. Esse toque de mestre sobre um chá de encerramento dos trabalhos foi genial!

    Um triplo e fraternal abraço do amigo e admirador,
    Marcello Borges

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    • vinhosemsegredo Says:

      Caro Marcello,
      Como sempre, muito gentil. Na verdade, o pouco que sei sobre charutos, aprendi em seu belo livro intulado: ¨O livro do Charuto¨. De apresentação discreta, mas com conteúdo que os divinamente ilustrados não têm.
      Um abraço,
      Nelson

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  2. Patricia Sevecenco Says:

    Amei as dicas de harmonização !
    Sou novata no quesito charutos , mas me apaixonei no primeiro contato !
    Muito Obrigada .
    Patricia Sevecenco

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