As tonalidades de cores onde se define um vinho rosé são inúmeras. Desde um vin gris quase branco, até um clairet, vinho bordalês da Idade Média quase tinto, os rosés têm cores das mais surpreendentes.
nuances variadas
Provavelmente, os primeiros vinhos do mundo eram rosés por uma questão de lógica. As uvas brancas e tintas podiam ser misturadas na fermentação, e não havia um controle preciso da maceração das cascas. Portanto, não havia o vinho branco como conhecemos, calcado em extrema tecnologia, e nem o vinho tinto de cores acentuadas, fruto de uma extração e macerações prolongadas. O esquema abaixo mostra a lenta e progressiva evolução do vinho.
evolução do vinho
Vin Gris
Trata-se de um rosé bem pálido, fruto de uma maceração bem curta, geralmente com as uvas Pinot Noir e/ou Gamay como no Gris-de-Toul, apelação francesa de Lorraine, ao lado da Alsácia.
No sul da França há também o Gris de gris, elaborado com as uvas Grenache Gris ou Pinot Gris. Vinhos delicados, de cores pálidas.
Vin Gris: cores pálidas
Oeil-de-Perdrix
Especialidade suíça da região de Neuchâtel elaborada com Pinot Noir por pressurage direct, extração bem delicada. Este estilo se difundiu na Alemanha e também na Bourgogne. Lembro-me muito bem de um Oeil-de Perdrix do Domaine Dujac, inesquecível.
rosé delicado
O estilo White Zinfandel é a versão americana para este tipo de rosé. Na sua maioria, medíocre.
Tavel
Produto de longa maceração a frio entre 6 e 48 horas. Desta maceração em tanques, resulta o chamado jus de saignée ou jus de goutte que é drenado no processo. Em seguida, as uvas são prensadas dando origem ao jus de presse. A junção deste dois caldos (jus) é que dá origem ao Tavel que em seguida vai ser fermentado. O resultado é um rosé notadamente vivo e colorido. Rosé de corpo e muito gastronômico.
cores mais acentuadas que um Tavel
Clairet
Uma especialidade bordalesa que fica no limite entre um rosé e tinto pálido. Era o Bordeaux da Idade Média apreciado pelos ingleses, já que na época os tintos finos tinham uma cor mais atenuada, semelhante aos melhores Bourgognes. O termo inglês se diz Claret. A diferença técnica é o tempo de maceração. Duas a três horas para um Rosé, e três a quatro dias para um Clairet pelo método saignée.
quase um tinto leve
São pouco mais de 500 hectares da apelação Bordeaux-Clairet cultivados com as tradicionais cepas bordalesas. Vale pelo menos como curiosidade para sentir o gosto de outros tempos dentro de uma tecnologia moderna.
Tibouren
Cepa característica da Provença trazida pelos Romanos. Adaptou-se muito bem a vinhos rosés, fornecendo pouca cor, aromas interessantes para este tipo de vinho, e bom potencial de álcool. Geralmente é mesclado no corte provençal com outra uvas como Grenache, Cinsault, Syrah, entre outras. Destaque para o Clos Cibonne, vinícola provençal que tem na Tibouren, sua uva principal no corte.
cerca de 10% dos vinhos tranquilos são rosés
Em uma mesa eclética com várias opções de pratos, o rosé mostra-se muito versátil e gastronômico, adaptando-se a múltiplos sabores.
O vinho é fascinante entre outras coisas por isso. Apenas na tonalidade de cores, fruto de extração mais ou menos extensiva, proporciona estilos sutis e altamente gastronômicos, calcados na história e desenvolvimentos de regiões específicas.
Portanto, antes de julgar a cor de um rosé, atente para sua origem. Um pré-julgamento pode resultar em conclusões equivocadas. Na taça, está sempre a resposta. In vino Veritas!
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22 de Fevereiro de 2018 às 8:43 AM |
Nelson, quais destes rosés podem ser degustados mais envelhecidos? De maneira geral, os rosés devem ser consumidos mas novos, até uns 3 anos, não é mesmo?
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22 de Fevereiro de 2018 às 9:09 AM |
Melhor consumi-los jovens, aproveitando seu frescor. O Tavel é um caso especial. Alguns gostam de envelhece-lo, mas vai muito de gosto pessoal.
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