O que é exclusividade na Borgonha?: Romanée-Conti?, La Tâche?, Montrachet?, Chambertin?. De fato, são nomes mágicos, para poucos privilegiados, e de preços nas alturas!
Contudo, exclusividade pode ser algo relativo e quase imensurável dentro de certos parâmetros. Voltando ao mito Romanée-Conti, estamos falando de aproximadamente seis mil garrafas por ano, dependendo da safra. Que tal falarmos agora em números com menos de mil garrafas, ou seja, algumas centenas?. Pois bem, isso é Domaine D´Auvenay, o lote mais exclusivo dos já exclusivíssimos vinhos com a marca Leroy.
uma barrica de vinho
O contra rótulo acima é o cúmulo da exclusividade. Criots-Bâtard-Montrachet é por si só o Grand Cru de brancos mais diminuto da Borgonha, pouco mais de um hectare e meio. O vinhedo deste Domaine é tão pequeno e aliado aos baixos rendimentos, que só é possível fazer uma barrica de vinho, ou seja, em torno de 300 garrafas por ano.
Madame Leroy e Paul Bocuse em outros tempos
Domaine d´Auvenay localiza-se em Saint-Romain, residência de Madame Leroy (nome de registro: Marcelle). A propriedade foi palco de inúmeras degustações desde Henri Leroy, pai de Lalou Bize-Leroy falecido em 1980, onde no pós-guerra já fazia degustações memoráveis com seus vinhos, tendo como personalidades da enogastronomia, Paul Bocuse, por exemplo.
Domaine d´Auvenay trabalha com vinhedos exclusivos que somam algo perto de quatro hectares entre brancos e tintos, totalizando aproximadamente oito mil garrafas. Os rótulos estão distribuídos em apelações de prestígio nas categorias Grand Cru, Premier Cru e alguns comunais.
Na distribuição das uvas, temos: 13% Pinot Noir, 77% Chardonnay, e 10% Aligoté.
um tinto para poucos
Os vinhedos são conduzidos de forma biodinâmica com todo rigor que Madame exige. Os rendimentos são baixíssimos, em torno de 20 hl/ha. A vinificação pouco intervencionista, trabalha com leveduras naturais, sem desengaçe, pigeages programadas e posteriormente, amadurecimento em barricas novas. Os vinhos são engarrafados sem filtração.
O domaine foi criado em 1988 após algumas aquisições de pequenas parcelas de vinhedos nos mais famosos climats. Recentemente, só para ter ideia de algumas cifras, foi adquirido 0,3 hectare em Bãtard-Montrachet, Grand Cru de enorme prestígio, por 25 milhões de euros o hectare. Negócio de gente grande.
Os vinhos do Domaine tem forte penetração no mercado japonês com alguns rótulos de parcelas exclusivas só para este país. O grupo de luxo Takashimaya é acionista dos vinhos Leroy, contando evidentemente com alguns privilégios.
Se fosse possível encomendar uma caixa de doze garrafas sortidas (assortment), a tabela abaixo pode ser uma sugestão com alguns dados técnicos de cada vinhedo.
vinhedos | Área (ha) | rendimento | vinhas | Nº gf | Preço/gf |
Mazis-chambertin Grand Cru | 0,26 | 18 hl/ha | 78 anos | 550 | 3500 € |
Bonnes Mares Grand Cru | 0,26 | 23 hl/ha | 50 anos | 780 | 3500 € |
Chevalier montrachet Grand Cru | 0,15 | 25 hl/ha | 40 anos | 500 | 3500 € |
Criots Batard Montrachet Grand Cru | 0,11 | 20 hl/ha | 67 anos | 300 ( ?) | 4000 € |
Puligny Montrachet Premier Cru Folatieres | 0,26 | 23 hl/ha | 62 anos | 800 | 900 € |
Puligny Montrachet en La Richarde | 0,21 | 23 hl/ha | 62 anos | 650 | 900 € |
Meursault Premier Cru Les Gouttes | 0.19 | 27 hl/ha | 47 anos | 700 | 1000 € |
Meursault Les Narvaux | 0,67 | 20 hl/ha | 72 anos | 1800 | 800 € |
Auxey Duresses Les Clous | 0,29 | 29 hl/ha | 24 anos | 1100 | 520 € |
Auxey Duresses Les Boutonniers | 0,25 | 21 hl/ha | 82 anos | 700 | 490 € |
Auxey Duresses La Macabrée | 0,62 | 20 hl/ha | 62 anos | 1650 | 400 € |
Bourgogne Aligoté | 0,30 | 27 hl/ha |
50 anos |
1100 |
210 € |
Os preços podem variar substancialmente, de acordo com a safra, o local de venda, as ofertas lançadas em cada leilão, e assim por diante. Além dos vinhos desta tabela, existem outras pequenas parcelas sendo algumas delas, lançadas só em determinados anos e outros rótulos para mercados exclusivos.
Domaine d´Auvenay
Residência escondida em Saint-Romain, vilarejo próximo a Auxey-Duresses, palco do 60º aniversário da Maison Leroy onde foram provados vários rótulos da safra 1955, ano em que Lalou Bize-Leroy tomou frente do negócio. Entre outras preciosidades, estavam Musigny, Clos de Vougeot, Chambertin, Grands-Échezeaux.
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