Em recente congresso da OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho) realizado em Mendoza (Argentina), no final do ano passado (2014), foram expostas as principais tendências da vitivinicultura mundial.
Aproximadamente são sete milhões e meio de hectares de vinhas plantadas no mundo. Metade desta área está concentrada em cinco países (França, Itália, Espanha, China e Turquia). Evidentemente o trio de ferro tradicional concentra-se no vinho, enquanto China (produção de uvas para consumo in natura) e Turquia (produção de uvas passas) têm outros objetivos. Há forte tendência no decréscimo de área plantada tanto na França, como na Itália e principalmente, Espanha. O acréscimo substancial dá-se atualmente no “continente” chinês, conforme mapa abaixo.
Crescimento expressivo chinês
No que diz respeito à produção mundial de uvas para consumo in natura, atualmente estamos em um número próximo de duzentos e cinquenta milhões de quintais (um quintal = cem quilos). Só a China responde por 34% desta produção, sendo que a Ásia como um todo, perfaz cerca de 62% da produção mundial. O Brasil contribui com 3% desta mesma produção. Já o consumo de uvas in natura concentra-se em cinco países (China, Índia, Turquia, Irã e Egito) com 60% do total mundial.
Agora falando de uvas passas, a produção mundial em torno de treze milhões de quintais, já que o rendimento comparado às uvas frescas é bem menor, é concentrada em países como Estados Unidos, Turquia, Irã e Chile. 65% desta produção é exportada.
Quanto à produção mundial de vinhos, estamos falando em aproximadamente 270 milhões de hectolitros (um hectolitro = cem litros), sendo que só a França e Itália respondem por cerca de um terço desta produção. Aliás, 80% da produção mundial concentra-se em dez países (França, Itália, Espanha, Argentina, Estados Unidos, Chile, África do Sul, Alemanha, Austrália e China). Os decréscimos de produção são constatados em França, Itália, Espanha, principalmente, enquanto os acréscimos são vistos em países como Estados Unidos, Argentina, Chile e China. Já o consumo mundial de vinhos mostra crescimento expressivo nos Estados Unidos, China, Inglaterra e Austrália, conforme gráfico abaixo. Em linhas gerais, a Europa vem perdendo terreno no consumo mundial de vinhos tanto para a Ásia, como para as Américas.
Expressivo crescimento: Estados Unidos e China
Passando para as exportações mundiais de vinho, os volumes de vinho a granel têm aumentado, embora em termos de valores estejam cada vez menos expressivos. Em resumo, de tudo o que é exportado mundialmente em valores, os vinhos a granel respondem por quase 12 % do total, enquanto os vinhos engarrafados dão conta de quase 72%. O restante, aproximadamente 17%, estão no grupo dos espumantes.
A França com aproximadamente 7,8 bilhões de euros lidera as exportações mundiais. A Itália com sólida segunda colocação embolsa cerca de 5 bilhões de euros. Seguem países como Espanha, Austrália e Chile. Veja o gráfico abaixo. O Chile parece querer assumir e solidificar a quarta posição mundial, tornando-se o líder exportador do Novo Mundo.
Liderança sólida do trio de ferro
Do lado da importações mundiais, outro trio de ferro formado por Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, domina este setor não necessariamente nesta ordem, conforme os critérios avaliados. Em valores, a ordem acima prevalece com números de 3,9 bilhões de euros, 3,7 bilhões e 2,6 bilhões, respectivamente. Já em volume, as posições se invertem. Seguindo a fila, França e Rússia vão mais para os volumes, enquanto Canada e Japão preferem os valores. A China fica em sexto lugar nesta briga, tanto em volumes, como em valores.
Um capitulo à parte são os espumantes com expressiva tendência de expansão na produção e consumo. São atualmente de 17 milhões de hectolitros produzidos mundialmente, concentrados em cinco países (França, Itália, Alemanha, Espanha e Rússia), perfazendo 74% da produção mundial. Quanto ao consumo, a Alemanha lidera o ranking, seguida por França, Rússia, Estados Unidos e Itália, conforme gráfico abaixo.
Com relação ao comércio exterior, a França lidera as exportações com 50% (pouco mais de 2,3 milhões de euros) do total mundial de espumantes, seguida pela Itália com 21%. Espanha e Alemanha têm participações mais tímidas em termos de valores. Quanto aos países importadores, mantêm-se o trio de ferro: Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha. Japão e Bélgica também têm sua importância. Metade das importações (pouco mais de 2,2 milhões de euros) é fragmentada em diversos países.
Apesar do consumo, produção e importação de vinhos no Brasil, continuamos bem fora das estatísticas mundiais, quaisquer que sejam os critérios. Afinal, tradição, foco, e apoio governamental, levam décadas para serem conquistados e implantados.
Etiquetas: espumantes, estatisticas vinho, exportação de vinhos, importação de vinhos, Nelson Luiz Pereira, oiv, panorama mundial, sommelier, uvas in natura, uvas passas, vinho sem segredo, vinhos na china
Deixe uma Resposta