Após alguns artigos esmiuçando as principais regiões e leis dos vinhos austríacos, vamos explorar agora as denominações mais nobres do país com as chamadas DACs (Districtus Austriae Controllatus), conforme mapa abaixo:
Nove regiões no leste do país
Weinviertel DAC
Começando no extremo norte do mapa, Weinviertel conta com uma área de 13.356 hectares. Aqui cultiva-se Grüner Veltliner no estilo Classic e Reserve. O primeiro mais leve, fresco e sem madeira. O segundo mais encorpado e eventualmente com notas amadeiradas. Vale a pena salientar que a área cultivada com a uva acima de 6.200 hectares representa mais da metade produzida em toda Áustria desta nobre cepa.
Weinviertel, área relativamente extensa, pode ser dividida em três partes. A primeira, mais a noroeste, apresenta um solo mais rochoso. Já o setor nordeste, mostra um solo mais calcário, responsável pela mineralidade dos vinhos. Por último, a parte sudeste, próximo ao vale da Panônia, mostra um clima mais quente, propício a vinhos mais encorpados.
Traisental DAC
Região de 790 hectares de vinhas, sobretudo Gruner Veltliner e uma pequena porcentagem de Riesling. Situa-se ao sul do rio Danúbio, abaixo de regiões famosas como Kamptal, Kremstal e Wachau. Os vinhedos basicamente situam-se em terraços misturando solos calcários, argilosos, arenosos e pedregosos, com grande amplitude térmica (diferença de temperaturas entre dia e noite). Os vinhos à base de Grüner Veltliner são frescos e aromáticos (toques apimentados). Já os Rieslings, são intensos, encorpados e com toques minerais.
Viena: Vinhedos ao redor da cidade
Wiener Gemischter Satz DAC
A cidade de Viena com suas zonas de vinhedos (612 hectares) protagoniza esta DAC com um blend (mistura) de uvas que remonta a idade média denominado Gemischter Satz. Uvas como Chardonnay, Riesling e Weissburgunder (Pinot Blanc) fazem parte deste blend. A proporção da uva principal não deve estar acima de 50% e a de menor proporção com pelo menos 10%.
Regras como a indicação de um single vineyard (cru) não precisam necessariamente ser designado como Trocken (dry). Já sem a menção single vineyard, a designação Trocken (dry) é obrigatória.
Em termos de sub-regiões, na parte oeste de Viena os solos são predominantemente calcários. Bom para o cultivo das uvas Grüner Veltliner e Riesling. No setor sul da cidade, solos também calcários são complementados por terras escuras (argilas), gerando vinhos mais ricos e encorpados.
Leithaberg DAC
Com 3576 hectares de vinhas, Leithaberg é uma das regiões mais antigas da Áustria. Há influência do clima quente do lago Neusiedl favorecendo a maturação das uvas. Por outro lado, as montanhas amenizam estas temperaturas, sobretudo à noite, proporcionando acidez e finesse aos vinhos. Os solos são compostos basicamente de calcário e ardósia.
Os vinhos podem ser varietais ou blends, entre tintos e brancos. As uvas brancas são Weissburgunder (Pinot Blanc), Chardonnay, Neuburger e Grüner Veltliner. Com relação às tintas, temos Blaufränkisch (85% no mínimo) e no máximo 15% das uvas (St, Laurent, Zweigelt e Pinot Noir). Os vinhos brancos devem ser delicados , aromáticos e minerais com pouca madeira e preferencialmente nenhuma. Já os tintos, devem passar em madeira. Costumam ser estruturados e tânicos.
Mittelburgenland DAC
Região ao lado da Hungria (2.117 hectares de vinhas) e com forte influência da planície da Panônia, o clima é ideal para a maturação da tardia uva clássica austríaca Blaufränkisch. Este clima relativamente quente é garantido pela proteção das cadeias de montanhas ao norte, sul e oeste. O solo mistura argila, areia e pedras com bancos importantes de coral.
As versões rotuladas como clássicas apresentam vinhos encorpados, frutados e com aromas de especiarias. A maturação pode ser aço inox, ou madeira usada, e portanto inerte. Já a versão Reserve, admite tonéis ou barricas de madeira, consoante à estrutura dos vinhos desta categoria.
Eisenberg DAC
Outra região ao sul de Mittelburgenland com 498 hectares de vinhas baseada na uva tinta Blaunfränkisch. Não tem a mesma notoriedade de Mittelburgenland, mas seus tintos apresentam estilo semelhante. Há toques de tipicidade nesses tintos como mineralidade (nuances terrosas) e notas de especiarias. Muitos apontam os solos de ardósia e silte com presença de ferro os principais fatores para as características citadas.
Lembrete: Vinho Sem Segredo na Radio Bandeirantes (FM 90,9) às terças e quintas-feiras. Pela manhã, no programa Manhã Bandeirantes e à tarde, no Jornal em Três Tempos.
Etiquetas: blaufränkisch, districtus austriae, eisenberg, grüner veltliner, jornal em três tempos, leithaberg, mittelburgenland, Nelson Luiz Pereira, radio bandeirantes, riesling, sommelier, st Laurent, traisental, vinho sem segredo, weinviertel, wiener gemischter satz, zweigelt
Deixe uma Resposta