Prato saboroso da cozinha mineira, embora suas origens possam não ser necessariamente de Minas Gerais. De qualquer modo, a costela de boi é o ingrediente principal, agregando gordura e muito sabor ao prato. Em termos de harmonização, há certa semelhança com a rabada. Apesar de serem carnes de partes diferentes do animal, as duas são muito saborosas, gordurosas e intensas. Outro ingrediente que deve ser levado em conta na harmonização é a mandioca que faz parte deste ensopado. Como ela tem um caráter adocicado, precisamos de vinhos jovens, com muita fruta. Neste sentido, teremos também uma certa acidez ou frescor, além de taninos mais presentes, no caso de tintos. Acidez e tanicidade são componentes que irão combater o lado gorduroso do prato. Com seu sabor marcante e intenso, precisamos de vinhos com bom impacto aromático e corpo adequado. Trata-se de um prato relativamente simples, sem grandes sofisticações. Portanto, tipologicamente os vinhos a serem escolhidos também devem apresentar um lado mais frugal. Lembre-se que ingredientes como alho, pimenta, e ervas mais intensas podem fazer parte do prato. Então, não vamos arriscar preciosidades em nossa adega.
Pensando na colonização portuguesa que deu origem a muitos pratos de nossa cozinha, opções do Douro ou Alentejo são minhas primeiras escolhas. Os dois têm força aromática suficiente para o prato, com os vinhos durienses apresentando componentes de acidez e taninos um pouco mais acentuados. Entretanto, os alentejanos têm aquela fruta bastante presente e extremamente benvinda ao nosso prato. É só calibrar a acidez e taninos num vinho jovem e a questão está resolvida.
Do Novo Mundo, penso que um bom Shiraz, um bom Malbec, ou um bom Merlot, todos jovens, frutados e de bom corpo, podem ser belas opções. Um toque de madeira sem exageros, não deve afetar a harmonização. Países com Austrália, Argentina e Brasil respectivamente, são boas escolhas para as uvas citadas. No caso do Brasil, a uva Merlot tem mostrado resultados satisfatórios, principalmente em vinhos topo de gama das principais vinícolas. Acho que é a uva tinta de melhor desempenho em solo gaúcho, embora com preços pouco competitivos.
Como sugestão, o alentejano Altas Quintas Colheita do enólogo Paulo Laureano está disponível na importadora Decanter (www.decanter.com.br). Tem um estilo mais viril, fugindo um pouco do padrão clássico do Alentejo. O terroir diferenciado de Portalegre com a influência da serra de São Mamede molda vinhos mais frescos e estruturados, culminando no grande Mouchão, já abordado neste blog em artigo especial.
Etiquetas: alentejo, altas quintas, costela de boi, decanter, douro, Harmonização, malbec, mandioca, merlot, Nelson Luiz Pereira, paulo laureano, portalegre, shiraz, sommelier, tudo e nada, vaca atolada, vinho sem segredo
21 de Setembro de 2012 às 2:43 PM |
Excelente parecer enogastronômico!!!.
Experimentarei esse parato com um Catena MALBEC 2009.
GostarGostar
21 de Setembro de 2012 às 3:57 PM |
Fico feliz Eider! É bom comprovarmos na prática as indicações sugeridas.
Um abraço,
Nelson
GostarGostar