Exercer a sommellerie no Brasil não é tarefa fácil por uma série de motivos. Talvez o âmago da questão esteja na falta de tradição do vinho à mesa. Afinal, somos o país da cerveja.
O Brasil nas últimas décadas progrediu muito neste assunto e continua progredindo em ritmo acelerado. A globalização, intercâmbio de culturas e o aumento do poder aquisitivo de determinadas camadas da população, principalmente nas grandes capitais, contribuem decisivamente para este progresso.
Temos um mercado de vinhos aquecido, bem abastecido por vários perfis de importadoras, a ponto de termos à disposição grandes vinhos dos mais variados estilos, marcas e países.
Do lado nacional, o vinho brasileiro evoluiu e continua evoluindo muito, na medida do possível, embora pessoalmente, ainda muito caro, principalmente em padrões mais sofisticados.
Manoel Beato: referência em sommellerie
As pessoas que frequentam restaurantes, boa parte delas não sabem avaliar o trabalho de um sommelier, a despeito de terem acesso a bons vinhos. Existem os chamados bebedores de rótulos e aqueles que querem mostrar conhecimentos, muitas vezes humilhando o profissional e se preocupando com detalhes tecnicamente pouco significativos. O que vale na prática, é muito mais a simpatia e a facilidade em vender vinhos, do que propriamente o conhecimento técnico do profissional.
Do lado da restauração vemos situação semelhante. Os donos costumam achar que conhecem em detalhes o assunto e passam a dar ordens equivocadas sobre serviço de vinho. O sommelier muitas vezes, é designado pelo dono, gerente ou maître, sem qualquer critério técnico, e muito menos, uma formação profissional adequada. Aliás, esta profissão ainda não é regulamentada no país, e pelo andar da carruagem, não vislumbramos a curto prazo mudanças. Guardada as devidas proporções, é mais ou menos como uma pessoa que não é médico, exercer a medicina. Como no caso da sommellerie, a vida não está em jogo, no máximo, uma grande garrafa de vinho, não há esforço para mudanças.
Do exposto acima, o círculo vicioso está montado. Clientes satisfeitos e ao mesmo tempo despreparados para exigir um serviço mais profissional, donos de restaurantes satisfeitos com a sommellerie sob suas ordens, e sommeliers desmotivados e muitas vezes sem tempo, para buscarem aperfeiçoamento, além de suas chefias frequentemente não colaborarem nem financeiramente, nem em disponibilidade de tempo para tal finalidade.
Evidentemente, nem tudo está perdido. Existem clientes conscientes e conhecedores do assunto, restaurateurs que se preocupam em verdadeiramente melhorar o conhecimento de seus funcionários, e sommeliers que procuram constantemente aprofundar seus conhecimentos, executando um trabalho cada vez mais preciso no salão.
Finalizando, os poucos sommeliers que se destacam em nosso país, conseguem esta façanha quase exclusivamente por esforço próprio, e nesta incessante busca pelo conhecimento, tornam-se cada vez melhores. Salvo raras exceções, os melhores não estão no salão, seu verdadeiro palco, por razões de jornadas maçantes e sálarios insatisfatórios. Neste contexto, não podemos deixar de citar o grande Guilherme Corrêa, consultor da bem administrada importadora Decanter, além de melhor sommelier do Brasil, representando-nos em concursos internacionais.
Etiquetas: decanter, guilherme corrêa, Harmonização, manoel beato, Nelson Luiz Pereira, sommelier, Sommellerie, tudo e nada, vinho sem segredo
27 de Outubro de 2010 às 12:19 PM |
o que vc escreveo è uma grande verdade e se falando do brasil è mais complicado porque todo brasileiro que visita uma vinicula vira profeso,enochoto .
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27 de Outubro de 2010 às 1:12 PM |
Caro Francisco,
Precisamos sempre separar o joio do trigo.
Um abraço,
Nelson
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25 de Maio de 2012 às 3:39 PM |
BOM MANOEL, PARABENS PELA MATERIA,CONCORDO CONTIGO, NOS AINDA ESTAMOS ENGATINHANDO , POREM COMO VOÇE MESMO DISSE, TEMOS QUE NOS ESFORÇAR PARA NOS QUALIFICAR NO MERCADO DE TRABALHO, EXEMPLO DISSO E VOCE QUE SE ESFORÇOU E AGORA É UM DOS GRANDES EXEMPLOS DE PROFFISSIONAL DO VINHO NO PAIS.SOU DE UMA GERAÇÃO MAIS RECENTE E ESTOU TENDO O PRAZER DE TER GRANDES MESTRES , COMO HUMBERTO LEITE, ARTHUR AZEVEDO , LUIZ BORGES, PERICLES GOMES, NELSON OTAVIO PIVA ENTRE OUTROS QUE ME INSPIRAM A SER UM BOM PROFFISIONAL.
AINDA NÃO TIVE O PRAZER DE CONHEÇE-LO ,MAS NÃO FALTARA A OPORTUNIDADE.
UMabraço.
Fernando Santander
Consultor em vinhos
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26 de Maio de 2012 às 8:29 PM |
Caro Fernando,
Qeu bom que você gostou, mas meu nome é Nelson.
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