Finalmente, temos o vinho do ano 2015. Falaremos dele em especial, mas também do segundo lugar. Um americano de 96 pontos. Encerrando esta série, é bom esclarecer que não se trata de promover esta revista americana mas sim, de comentar seus vinhos selecionados e divulgados mundo afora. Não estou entrando no critério de pontuação e escolhas dos vinhos que podem eventualmente envolver interesses comerciais. Entretanto, dois fatores devem ser refletidos e analisados antes das críticas. O primeiro, é uma certa tendência na escolha de vinhos americanos. O outro é não levar em conta vinhos de consagração mundial e neste caso, estamos falando sobretudo dos franceses.
Quanto aos vinhos americanos, pessoalmente acho que há uma certa injustiça nas críticas. Em se tratando de Novo Mundo, os Estados Unidos estão a quilômetros de vantagem dos demais países. Talvez por ser o único país de destaque do Novo Mundo no hemisfério norte, hemisfério europeu. Talvez também pela competência de seu povo em fazer bem feito tudo que se propõe. Em resumo, é um grande produtor de vinhos, grande exportador e grande importador também. É de longe, o que possui o maior arsenal de alta qualidade para bater de frente com os ícones europeus. É pena que aqui no Brasil não tenhamos acesso a esses vinhos. Os vinhos são muito disputados e os preços acabam sendo proibitivos.
Quanto ao segundo fator, ficaria enfadonho todo ano publicar uma lista com nomes como Petrus, Romanée-Conti, Chateau Margaux, Chateau Latour, Champagne Krug, Champagne Cristal, Montrachet, e assim por diante. É claro que esses vinhos são monstros sagrados da enologia mundial, e nem precisam de exposição e marketing. Portanto, é bacana termos novidades, regiões pouco divulgadas, e vinhos muitas vezes de preços razoavelmente acessíveis para serem mostrados. A diversidade no mundo do vinho também é um grande trunfo.
2º lugar – Quilceda Creek Cabernet Sauvignon Columbia Valley 2012 – 96 pontos
Quilceda Creek é outra vinícola boutique dos Estados Unidos, desta vez do estado de Washington. Pertence à grande AVA Columbia Valley. Este Cabernet provem quase exclusivamente do vinhedo Galitzine de baixos rendimentos, pertencente à exclusiva AVA Red Mountain. O vinho amadurece em barricas de carvalho francês novas por vinte meses.
Trata-se de um Cabernet potente com mais de 15 graus de álcool perfeitamente integrado ao seu monumental extrato. Apresenta camadas de frutas escuras, fino tostado, especiarias e taninos muito bem trabalhados. Em seu estilo, é um dos melhores americanos. Devidamente decantado, pode ser tomado jovem, mas pode envelhecer por vários anos em adega.
1º lugar – Peter Michael Cabernet Sauvignon Oakville au Paradis 2012 – 96 pontos
Finalmente, o vinho do ano. Mais um americano, mais um Cabernet. Este vem de Oakville, comuna famosa do Napa Valley, um dos melhores terroirs para Cabernet Sauvignon. Só para se ter uma ideia, vem daí vinhedos históricos com To Kalon vineyard e Martha´s vineyard. Vinícolas como Mondavi, Harlan Estate, Joseph Phelps, Screaming Eagle e Silver Oak, fazem parte desta constelação.
Embora Peter Michael Winery tenha como base Sonoma, mais especificamente a AVA Knights Valley, em 1984 foram plantados pouco mais de 14 acres em Oakville com Cabernet Sauvignon e um pouco de Cabernet Franc. O vinhedo Au Paradis localiza-se na parte leste do vale com refrescante influência da baia de San Pablo.
O vinho do ano safra 2012 é composto de 76% Cabernet Sauvignon e 24% Cabernet Franc. Seu amadurecimento dá-se em barricas de carvalho francês novas por 18 meses. Apresenta explosão de frutas, textura macia, embora com taninos presentes. Percebe-se a mineralidade com longo final.
Portanto, os dois primeiros lugares ficaram com Cabernets americanos de regiões distintas, Washington e Napa Valley. Apesar do estilo potente, mostram muito equilíbrio e longa vida pela frente nesta bela safra de 2012.
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